segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Atirando pedras


31 de outubro de 2011

Por João Bosco Leal

Soprando sua mão espalmada repleta de plumas, um sábio mostra a seu pupilo um ensinamento secular, que palavras ditas são como papéis picados, que esparramados pelo vento, jamais poderão ser totalmente recolhidos.


Em uma leitura, soube da história de um pescador que chegando ao rio pela madrugada, ainda escuro, encontrou um saco contendo pedras e ficou atirando, uma a uma, na água até que o dia clareasse e quando ia jogar a última delas, já com os primeiros raios solares, percebeu que era uma pedra preciosa.


Imagino o arrependimento do pescador, que atirou dezenas de pedras no rio, por uma atitude impensada, jogando-as antes mesmo de observar se possuíam alguma importância, se eram preciosas ou se com o polimento dos séculos, ficaram belas o suficiente para servir como objeto de decoração, ou apoio de livros.


Durante a vida, não observamos as pedras que atiramos ou nas quais tropeçamos, dizemos palavras, fazemos brincadeiras ou tomamos atitudes, que desagradam ou ofendem as pessoas, algumas desconhecidas, outras muito próximas, queridas e só nos lembramos que não há como recolhê-las ou apagá-las, após o arrependimento.


A necessidade, cada vez mais comum, de residirmos em apartamentos ou condomínios fechados, faz com que o cidadão urbano perceba, mais rapidamente, que não está só, em uma propriedade rural, longe de tudo e de todos, onde suas atitudes e decisões não influirão na vida do vizinho bastante distante.


Atitudes mínimas, corriqueiras, como fazer barulho durante a noite ou estacionar de qualquer forma na garagem do prédio, podem irritar, criar constrangimentos, ou até mesmo prejudicar outras pessoas que compartilham do mesmo espaço residencial.


Só a maturidade e essa convivência em sociedade, partilhando espaços comuns e cada vez mais concentrados, são capazes de nos mostrar a necessidade de seguir um antigo ditado: ‘fomos criados para ouvir mais do que falar e por isso possuímos dois ouvidos e só uma boca’.


Não há como ignorar as ocorrências diárias, mas sempre dizemos coisas ou tomamos atitudes sem pensar nas consequências, se prejudicaremos ou ofenderemos alguém, ou nos igualamos às pessoas que nos ofenderam, possibilitando, dessa maneira, que continuem a nos ofender e que as revidemos.


Ouvimos muitas pessoas dizer que não levam troco para casa, que não assinam recibo ou algo parecido, mas se esse comportamento for generalizado, coletivo, certamente retornaremos à idade da pedra, com brigas constantes onde só sobreviverão os mais fortes e violentos.


Para melhor conviver em sociedade, precisamos aprender a calar e pensar, antes de dizer algo ou de tomar atitudes, pois cada ação provoca uma reação e nossa vida é repleta de ações, passos, caminhadas, trilhas e rodovias, cabendo a cada um a escolha das suas e das consequentes reações.


Resposta ou atitudes precipitadas normalmente causam reações também intempestivas, que poderão nos agredir, mesmo quando essa não era a intenção do outro, que simplesmente reagiu à nossa ação de imediato, sem pensar e provavelmente não reagiria daquela forma se tivesse pensado mais.


O silêncio é a melhor resposta para todos os assuntos, em qualquer situação. Mais tarde, pensando com calma sobre o fato, certamente veremos que poderíamos, ou deveríamos, ter respondido ou agido de outra forma.


Quando falarmos ou atirarmos pedras, precisamos observar o que irão atingir, pois como as palavras, mesmo quando atiradas na água as pedras podem provocar algo que não deveria.


Para não nos arrependermos do que fizemos, devemos analisar, antecipadamente, as palavras que diremos e as pedras que atiraremos.


MATÉRIA ENVIADA PELO AUTOR, PARA PUBLICAÇÃO, SOB SUA RESPONSABILIDADE – VEJA-A NO SEU SITE, CLICANDO AQUI.

domingo, 30 de outubro de 2011

O Karate e as Artes Marciais



Luiz Carlos Nogueira

nogueirablog@gmail.com





Certa vez eu disse para um amigo, que foi uma pena que não tivéssemos tido oportunidade de praticarmos o Karate, porque na nossa época ainda não havia a disseminação dessa arte marcial, principalmente nas cidades pequenas como as que morávamos, pois teríamos tido mais chance de nos tornarmos mais disciplinados para termos iniciado uma vida mais espiritualizada, mais cedo.

Pois bem, esse meu amigo se espantou com o que eu lhe disse e indagou-me: “mais que diabo é isso rapaz? Espiritualizar-se na briga?

Era o que praticamente todas as pessoas pensavam a respeito das artes marciais. Tive pois, que lhe explicar o que eu já havia pesquisado, porque eu também achava que aprender a lutar era uma forma de se fazer respeitado e até temido, de forma que ninguém se arriscaria a nos molestar.

Eu também estava errado. Descobri por exemplo, que o Karate (Caratê em português) é uma arte que foi desenvolvida pelo mestre Gichin Funakoshi, aliás deve-se dizer que ele foi o seu fundador. Assim, para melhor compreensão, a etimologia da palavra Karate significa: Kara = vazio; Te = mão. Ou seja = mão vazia. É como Funakoshi explicava, porque todo o carateca bem formado por um verdadeiro mestre, se recusa a recorrer às armas além das mãos e dos pés, até porque o objetivo do estudante de Karate não é somente de aperfeiçoar essa arte, mas também e principalmente de purificar o seu coração e mente, ou melhor dizendo, do seu espírito, de todo o desejo terreno e de toda a vaidade. Assim, todas as artes marciais, não obstante as suas diversidades, têm também esse mesmo objetivo.

O que as artes marciais não são e não devem ser vistas, é como apologistas da violência, pois o seu combate deve ser contra o ódio, para disseminar o amor. Contra a preguiça, para incentivar as ações produtivas As técnicas ensinadas pelas diversas escolas de artes marciais, possibilitam o confronto com alguém não só para se defender, mas também para sair em defesa de outrem (o mais fraco) que esteja sofrendo agressões físicas, assalto, etc.

Segundo conta a lenda, um monge budista da Índia, chamado Bodhidarma, teria ido (século VI), para o mosteiro de Shaolin, na China, onde se colocou em meditação por cerca de 9 anos. Ao final desse tempo teria criado o Chan, uma nova forma de budismo que no Japão se dá o nome de Zen. Então, naquela época, Bodhidarma teria encontrado os monges daquele mosteiro, muito debilitados, de sorte que lhes ensinou uma série de movimentos para restaurar-lhes a saúde física, o que hoje se denomina de Kung Fu, que teria sido a semente do Caratê, por isso no ano de 630, o imperador Tai Tsung pediu a àqueles monges para expulsarem os mongóis, autorizando-lhes a formarem em torno de uns 500 monges guerreiros, crescendo assim a fama daquele mosteiro. Assim é que dessa escola chinesa, saiu o caratê que começou a ser ensinado na ilhas Ryu Kyu situada ao sul do Japão.

Na verdade a essência das artes marciais tem por base ensinar o adepto a defender sua integridade física, do inimigo, sem o uso de armas, tendo em primeiro lugar que fortalecer sua mente. Somente depois ele deve compreender que a rigidez do seu corpo deve dar lugar à flexibilidade e quando frente ao perigo, deve manter seu autodomínio e não se apavorar. Para isso é que recebe o treinamento para desenvolver seu corpo e espírito. Para concluir, pode-se dizer que o Cartê, assim como todas as artes marciais devem ser tomadas como um caminho iniciático, cujo objetivo do adepto é trabalhar sobre si mesmo abstendo-se das coisas violentas e frustrantes da vida, para construir-se a si próprio, de forma física, mental e espiritual.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

CURSO VIRTUAL DE PREVENÇÃO DO USO DE DROGAS – GRÁTIS

Este curso virtual é grátis e oferecido aos pais, que podem obter informações úteis para o trato com os adolescentes, por conter orientações práticas para a prevenção do uso das drogas.


Para esse fim, os interessados poderão acessar o site PAIS CONECTADOS, através deste link:


http://www.paisconectados.org/paisconectados.html

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

AS GLÂNDULAS ENDÓCRINAS E NOSSA SAÚDE



Luiz Carlos Nogueira

nogueirablog@gmail.com



Este é o titulo do livro do Dr. Paul Dupont, que trata da influência das principais glândulas endócrinas sobre nossa saúde. Foi escrito com fundamento nas mais recentes pesquisas a respeito, para explicar como podemos agir para equilibrá-las ou reequilibrá-las quando sentimos que estamos vivendo num processo desarmônico. O Dr. Dupont é adepto das terapias naturistas e recomenda para este (re)equilíbrio elementos de Dietética, da Homeopatia, da Fitoterapia e da Aromaterapia, além de indicar-nos de forma clara, simples e precisas, quais as posturas mentais e espirituais, que necessitamos adotar para esse objetivo, ou seja, para promovermos o bom funcionamento dessas glândulas, e assim gozarmos de boa saúde física, psíquica e espiritual.


O Dr. Paul explica que todas as secreções das nossas glândulas dependem da nossa atitude mental, e que uma atitude negativa em razão de acontecimentos a que estamos sujeitos, bem como com relação às pessoas que nos cercam, excita-nos as glândulas que acabam por se esgotar, resultando disso, cedo ou tarde, numa hiperatividade ou numa hipoatividade glandular. E quando uma doença se instala em nosso organismo, resultante de um desequilíbrio endócrino, há uma dificuldade para se descobrir a causa que lhe deu origem, obrigando-nos a descobrir quais foram os nosso erros, já que o mais difícil para nós é nos conhecermos a nós mesmos, refletindo sobre as nossas imperfeições.


Diz ele, que uma análise psicológica pode ajudar-nos a nos descobrirmos, tornando possível encontrarmos o caminho que nos ajudará a restabelecermos o equilíbrio das nossas glândulas, desde que façamos um trabalho interior e pessoal que nenhum terapeuta pode fazer em nosso lugar. Para isso precisamos fazer uma ligação entre as idéias negativas que temos e nossa saúde, pois só assim poderemos descobrir quais são os pensamentos que nos fazem doentes, para corrigi-los tomando decisões acertadas para que não haja um agravamento do nosso sistema endócrino, pela demora em identificarmos a natureza e a intensidade do estresse.


Não raro sofremos uma invasão de idéias que se transformam em venenos, porque damos a elas, mais valor do que realmente têm. Portanto, para remediarmos as causas psíquicas dos distúrbios, não são suficientes as reflexões, se não tomarmos uma decisão e atitude para anulá-las.


Portanto, é um livro indicado para todas as pessoas, para que possam tirar dele o melhor proveito.


LINKS PARA CONTATO COM A ORDEM ROSACRUZ AMORC:

http://www.amorc.org.br/#

http://www.amorc.org.br/beneficios.htm

http://shopping.matrix.com.br/amorc/

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Bispo recusa comenda e impõe constrangimento ao Senado Federal


18/01/2011


Bispo recusa comenda e impõe constrangimento ao Senado Federal


ACIMA DA VAIDADE HUMANA, A DECÊNCIA!


Bispo recusa comenda


Num plenário esvaziado, apenas com alguns parlamentares, parentes e amigos do homenageado, o bispo cearense de Limoeiro do Norte, dom Manuel Edmilson Cruz impôs um espetacular constrangimento ao Senado Federal, ontem.


Dom Manuel chegou a receber a placa de referência da Comenda dos Direitos Humanos Dom Hélder Câmara, das mãos do senador Inácio Arruda (PCdoB/CE). Mas, ao discursar, ele recusou a homenagem em protesto ao reajuste de 61,8% concedidos pelos próprios deputados e senadores aos seus salários.


“A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi dom Hélder Câmara. Desfigura-a, porém. De seguro, sem ressentimentos e agindo por amor e com respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la”.


O público aplaudiu a decisão. O bispo destacou que a realidade da população mais carente, obrigada a enfrentar filas nos hospitais da rede pública, contrasta com a confortável situação salarial dos parlamentares. E acrescentou que o aumento “é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão contribuinte para bem de todos com o suor de seu rosto e a dignidade de seu trabalho”.


Parabéns Dom Manuel!


Fonte: Folha de Tucuruí – Link para acessá-la: http://folhadetucurui.blogspot.com/2011/01/bispo-recusa-comenda-e-impoe.html


Folha Celular: http://folhadetucurui.blogspot.com/?m=1


“Seja sempre uma pessoa honesta e decente, com isso você pode até não salvar o mundo, mas com certeza contribuirá decisivamente para que haja um canalha a menos no Brasil.”

terça-feira, 25 de outubro de 2011

FANTASMAS ? CASA MAL-ASSOMBRADA ?





Luiz Carlos Nogueira

nogueirablog@gmail.com



No meu tempo de criança era muito comum se ouvir longas histórias de fantasmas ou assombrações, nas quais se incluíam outras personagens que eram do folclore mato-grossense (naquela época os Estado de Mato Grosso ainda não havia sido dividido), tais como: o pé-de-garrafa, o pé-de-pilão, o neguinho do pastoreio, o pai-do-mato, a minha paquera (paqüéra como era grafada, acentuada e pronunciada antigamente) que se trata, segundo a lenda regional, de uma cabeça monstruosa e que não possuía corpo, mas só as vísceras. Portanto, quando saia sempre à caça de crianças para se alimentar, descia dos morros aos gritos: “minha paqüéra, ai minha paqüéra!!!”, porque sentia dores ao se arrastar


Essas histórias geralmente eram contadas à noite, quando a família se reunia para conversar, porque ainda não existia televisão, pois em muitas cidades a energia elétrica era produzida pelas usinas termelétricas e o seu fornecimento era racionado, devido ao alto custo do petróleo ou do carvão ou do gás que eram usados para o seu funcionamento. As usinas cessavam de fornecer energia, geralmente por volta das 22 horas, no máximo. Assim a “gurizada” costumava a se recolher e dormir mais cedo, não sem medo em razão do que ouviam.


Assim o nosso imaginário era povoado por essas criaturas, além dos fantasmas (almas-penadas). E não era raro quando saíamos à noite, sentirmos algum arrepio por lembrar-nos dessa “turma esquisita” que se movia nas sombras. Qualquer coisa que se mexia na escuridão era motivo de alerta.


Recordo-me quando eu ainda era bastante jovem e devia ter por volta de uns 14 ou 16 anos de idade. Nessa época, morávamos um pouco afastado do centro da cidade. Para irmos até à cidade, eu e o meu pai usávamos bicicleta. Eu ia à pé quando tinha alguma festa ou algum outro evento para diversão. A estrada não era calçada (paralelepípedo, lajotas ou asfalto), mas dado à constituição do terreno, o chão era muito firme que possibilitava ouvir o som dos nossos próprios passos.


Nessa época as Casas Pernambucanas usavam pintar uma faixa de branco nas partes de cima dos coqueiros ou das rochas, para escrever o seu nome comercial, como uma forma de propaganda.


Pois bem, certo dia sai a passeio, indo à pé para a cidade. Ao passar pelos coqueiros, a Casas Pernambucanas ainda não havia pintado nenhum deles – o que fez mais tarde. De sorte que vi os coqueiros de forma natural.


Ao retornar para minha casa, por volta das 22 horas, eu caminhava distraído, não obstante o céu estivesse estrelado, a noite estava escura, porque não era época do céu enluarado. Observando aquelas luzinhas que mais pareciam lâmpadas suspensas do zimbório do nosso orbe, de repente meus olhos ao passearem pelos coqueiros, me fizeram arrepiar dos pés à cabeça, pois algo se mexia nas sombras, lá no alto. Quanto mais eu tentava ver o que de fato estava acontecendo, mais me pareciam seres estranhos à espreita de uma vítima. Vampiros!!??? Lobisomens trepados nas árvores!!!???? Que diabos seriam aqueles seres noturnos???


Apavorei-me e pensei em correr, mas eu sabia que o vizinho da nossa propriedade tinha muitos cachorros, bem do tipo daqueles cães do Drácula. Eles poderiam ouvir o som dos meus pés socando o chão numa corrida desabalada, e saírem à minha caça. Santo Deus! Pensei. Correr ou não correr? Era aquela situação em que se você ficar o bicho come e se correr o bicho pega.


Seja o que Deus quiser, pensei. Saí correndo como aquele cão do desenho animado, o Scooby Doo ou o Papa-Léguas. Ah!! Como eu corri naquela noite, cheguei ao portão da minha casa, quase sem poder respirar. Falar também, nem era possível. Meus pulmões quase não foram suficientes para receberem todo o ar que eu precisava. Não sei como abri o portão e a porta da minha casa. Felizmente os cachorros do vizinho não tiveram tempo para saírem ao meu encalço.


No dia seguinte quando saí de casa para ir ao ginásio (é isso aí mesmo, naquela época começávamos estudar no que era chamado ensino primário – 4 anos. Depois estudávamos um ano para fazermos o exame de admissão do ginásio. Uma vez aprovados, estudávamos mais 4 anos de ginásio, para podermos fazer exames vestibulares para as faculdades), ao passar por aquele trecho onde eu havia passado um susto enorme, vi com misto de raiva e indignação, aquilo que foi o motivo do meu apuro.


Isto é para ver que os nossos sentidos podem nos enganar de forma até brutal. Lembrei-me disso porque não faz muitos dias, ao tirar o meu automóvel da garagem para ir buscar minha mulher que estava numa reunião, ao olhar para trás vi duas mulheres paradas próximas de uma lixeira do lado oposto da rua da minha casa. Vi uma delas perfeitamente: era morena, cabelos curtos e vestia uma camiseta preta e calças compridas de um azul claro e apagado. Quanto a outra do seu lado, eu não pude prestar a atenção como trajava. Mas, para mim eram duas mulheres, paradas como se estivessem conversando. Estranhei a atitude delas, porque me parecia estranho que estivessem ali como que observando a movimentação das pessoas naquelas imediações.


Dei marcha à ré e coloquei o carro de forma que os faróis pudessem iluminar aquelas duas mulheres em atitude estranha. Eis que para a minha surpresa no lugar onde parecia estarem, havia de fato uma lixeira e umas flores. Esse conjunto de coisas, a luz que vinham das residências e o escuro da noite, produziram uma ilusão de ótica.


Então é assim que muitas vezes se veem fantasmas e coisas do mesmo gênero.


Quanto à casa mal-assombrada, eu diria que era sim bem-assombrada, se não fosse pela descoberta do que causava tanta confusão e desassossego para os seus moradores, vizinhos, etc.


Vou narrar-lhes o que se passou.


Não vou dizer em qual cidade isso aconteceu, assim como os nomes dos seus moradores, para preservar as identidades das pessoas das quais não tenho a permissão para citá-las.


A casa onde o fato ocorreu, é de uma construção muito antiga. Só não é muito alta como antigamente era de costume construir, talvez porque as casas altas num lugar onde faz muito calor ficavam, por isso, mais ventiladas.


Mas essa casa que foi bem-assombrada, como disse, não é muito alta. Não sei se ainda é assim, pelo menos tinha forro de estuque (tela encoberta de massa de gesso, acho que também tinha pó de mármore, cal e areia, que era esticada no teto das casas, para forrá-las). Esse tipo de forro não permitia andar por cima dele, por ser muito frágil. Depois de forradas com estuque, as casas recebiam as instalações elétricas, antes de cobri-las de telhas. E assim permaneciam por longos anos. Ninguém se preocupava em trocar a fiação que ia descascando devido o tempo e o calor.


Uma determinada noite, alguém tocou a campainha. O morador da casa tinha acabado de colocar seu pijama e ido se deitar para dormir. Um pouco assustado, porque ninguém costumava ir às casas dos amigos tarde da noite, abriu a porta e nada. Não havia ninguém.


Passado alguns minutos, quando ele já ia pegando no sono, a campainha tocou novamente. Já irritado seu Nenê (esse é um apelido que lhe dei só para facilitar a narrativa) foi abrir a porta. Ninguém estava lá.


Seu Nenê voltou para a cama e quando mal havia se deitado, novamente Trrrrriiiiiiimmm!!!!


Novamente seu Nenê foi até à porta, mas antes de abrir “deu em berro”: quem está aí???? Aí a campainha soou duas vezes rápidas: trrimm, trrimm!! Seu Nenê abriu rapidamente a porta pensando: agora é que eu pego esse maldito!!! Ninguém estava lá. Aí seu Nenê ficou todo arrepiado, benzeu o corpo e ficou amofinado. Muito assustado, chamou a mulher e foram rezar juntos. A coisa parou.


No dia seguinte, bem na hora do almoço, aquele som da campainha fez o casal quase engasgar. Para o espanto deles, logo em seguida que abriram a porta, não encontraram ninguém tocando a dita campainha.


Aí foi aquele desespero, chamaram um padre, chamaram um pastor, chamaram um pai de santo, contrataram um vigia que saiu correndo quando a campainha soou sem que houvesse alguém pressionando o botão. A casa do seu Nenê virou um “bafafá”. Foi aí que alguém teve a ideia de contratar um detetive que dizia também ser conhecedor de ciências ocultas.


O “cara” não pensou duas vezes, chamou um técnico e mandou instalar câmeras de circuito interno de televisão em toda a casa, desde o telhado.


Resultado, o mistério foi resolvido — não havia nenhum fantasma do tipo que arrasta correntes nos filmes de terror, do tipo “Zé do Caixão” (José Mojica Marins).

Era um casal de ratos que havia feito o seu ninho num dos cantos do forro da casa, bem em cima de uma das dobras dos fios da campainha. Quando um deles pisava em cima, onde começava a dobra dos fios, eles balançavam triscando um no outro, justamente na parte onde já estavam descascados, fazendo soar a campainha.


Este não é como um dos contos extraordinários de Edgar Allan Poe — são casos verídicos que ocorreram e que resolvi registrar, para mostrar que muitos dos mistérios ou acontecimentos ditos espirituais ou paranormais, podem ser explicados à luz da razão. Isto não quer significar que as coisas espirituais não existam, nem que eu esteja lançando um ceticismo avassalador às pessoas. Mas nem tudo pode ser levado ao exagero como se fosse um dos filmes com o Freddy Krueger.