segunda-feira, 18 de junho de 2012

A eletricidade é matéria? Um bom assunto para discussão.








Luiz Carlos Nogueira








“[...]
Em 1882, o Presidente da Sociedade Teosófica, Coronel Olcott, foi criticado por sustentar em uma de suas conferências que a Eletricidade é matéria. É, no entanto, o que ensina a Doutrina Oculta. Podem-se dar à Eletricidade os nomes mais cômodos de "Força" ou "Energia", enquanto a ciência européia não souber algo mais a seu respeito; mas na realidade outra coisa não é senão matéria, tal como o Éter, por ser também atômica, a despeito de vários graus a distanciarem deste último. Parece ridículo pretender que uma coisa, por ser imponderável para a ciência, não possa ter o nome de matéria. A Eletricidade é "imaterial" no sentido de que as suas moléculas não são suscetíveis de percepção ou de experiência; sem embargo, pode ser atômica (e os ocultistas o afirmam), sendo, portanto, matéria. Conceda-se, porém, que seja anticientífico tratá-la em termos semelhantes; uma vez que a ciência a considera como fonte de Energia, ou simplesmente a chama Força e Energia, como é possível pensar em Força ou Energia sem lhe acrescentar a idéia de Matéria?

O matemático Maxwell, uma das maiores autoridades em assuntos de eletricidade e fenômenos elétricos, disse há alguns anos que a eletricidade é matéria, e não simplesmente movimento. [...]”

Este texto foi extraído do livro A Doutrina Secreta, Vol. I, Cosmogênese, de Helena Petrovna Blavatsky, traduzido por Raymundo Mendes Sobral, para a Editora Pensamento, São Paulo, Copyright ©1973 pela Sociedade Teosófica no Brasil, pág. 161, para suscitar discussão desapaixonada ou pesquisas nas fontes científicas sérias, como forma de aumentarmos nossos conhecimentos.


sábado, 16 de junho de 2012

ASSIM MESMO - Madre Teresa de Calcutá


de:




Ycaro Afonso ycaroafonso@gmail.com
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 lcarlosnogueira@gmail.com

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 15 de junho de 2012 17:42
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 ASSIM MESMO
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ASSIM MESMO

As pessoas são irracionais, ilógicas e egocêntricas.
Ame-as MESMO ASSIM. 

Se você tem sucesso em suas realizações, ganhará falsos amigos e verdadeiros inimigos.
Tenha sucesso MESMO ASSIM. 

O bem que você faz será esquecido amanhã.
Faça o bem MESMO ASSIM. 

A honestidade e a franqueza o tornam vulnerável.
Seja honesto MESMO ASSIM. 

Aquilo que você levou anos para construir pode ser destruído de um dia para o outro.
Construa MESMO ASSIM.

Algumas pessoas têm verdadeiramente necessidade de ajuda, mas algumas delas podem atacá-lo se você as ajudar.
Ajude-as MESMO ASSIM. 


Se você der ao mundo e aos outros o melhor de si mesmo, você corre o risco de se machucar.
Dê o que você tem de melhor MESMO ASSIM.

Lembre-se que, no final de tudo será você ... e Deus
E não você ... e as pessoas! 

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Céu e Inferno são lugares ou estados de consciência? Como interpretar o dilema da filosofia oriental do agir e do não-agir?










Luiz Carlos Nogueira










Há pouco tempo escrevi um artigo no meu blog, sob o título de: “Qual é a vantagem ser caridoso?”, para expor o meu ponto de vista sobre essa questão formulada por um amigo.

Depois disso, um leitor me escreveu perguntando como eu interpretava se o céu ou o inferno são lugares extra-humanos ou se são estados de consciência.

Fiquei ruminando na idéia essa questão por um longo tempo, e finalmente agora comecei a pensar na possibilidade de que esse leitor possa estar certo de alguma forma, ou seja, o céu pode ser um estado de consciência de quem é bom somente por ser bom, e o inferno pode ser também um estado de consciência de quem vive praticando o mal. Por que não?

Concordo ser mais plausível pensar dessa forma, do que imaginar um lugar fora de nós (Céu ou inferno), onde graças a Deus ainda não fomos para nenhum deles. Por outro lado, vemos aqui no nosso planeta mesmo, situações infernais como as dos povos que sofrem com a fome, as doenças e os abusos dos mais fortes, até à morte prematura. Para essas pessoas o inferno é ali mesmo onde estão. E quem são os diabos que exploram essas pessoas e fazem-nas criaturas mais infelizes e sem esperança? — São aqueles que vivem no céu da abastança material? 

Não é por acaso a prática das boas obras que os teólogos pregam aos seus fiéis, para eles merecerem o céu? Esse céu que eles se referem seria um céu externo que está fora do homem? Como pode numa mesma esfera de habitação existir céu é inferno ao mesmo tempo? Os que vivem no fausto estariam no suposto céu sustentado pelos infelizes que eu menciono, daqui da Terra?

Por que então Jesus ensinava que: “O Reino de Deus está dentro de vós” (Lucas, 17:21)? Ao que parece, os verdadeiros cristãos que compreenderam isto que o Cristo disse, procuram ser bons e praticar o bem, independentemente de recompensa ou de acreditar ou não na existência de um céu e um inferno fora do seu estado interno, pois a mente de quem é bom certamente repousa nessa bem-aventurança. Ou não?

Já a filosofia oriental, se não estou errado, parece colocar-nos num dilema, porque ela afirma que toda atividade humana se impregna de culpa ou Karma, porquanto, o que nos comanda é o Ego, que é ilusório. e por conseguinte, tudo o que ele faz é negativo e contaminado de culpa e maldade, de forma que a maioria daqueles que para conviver com essa filosofia, ou seja — se agir acumulará culpas, se não agir evitará as culpas, acabaram optando pela inatividade, apenas entregando-se à meditação passiva.

Ora, na verdade não é bem assim que haveremos de interpretar essa filosofia dos orientais, se bem analisado, o Bhagavad Gita (traduzido para o português pelo Dr. Ramananda Prasad, para a American/International Gita Society, com prefácio de Sriman Ojasvi dasa vvasa –Prof. Dr. Olavo Orlando Desimon- Presidente da Sociedade da Vida Divina, Brasil) não adota ou ensina nenhuma dessas duas alternativas, mas aponta o caminho do reto-agir, ou seja, uma terceira via que é da ação sem culpa ou karma.

A questão é saber distinguir o sábio do ignorante — assim: 

“O ignorante trabalha com apego aos frutos do resultado do trabalho, por si próprio, e o sábio trabalha sem apego, pelo bem-estar do mundo. O sábio não se preocupa, mas, inspira os outros pela realização eficiente de todos os trabalhos, sem egoísmo e apego; a mente do ignorante está apegada aos frutos do trabalho.

Fazer as obrigações sem um motivo egoísta pessoal é um estado exaltado, que é dado somente para alguém esclarecido. Isto, talvez, esteja além da compreensão das pessoas comuns.

A marca do gênio descansa na habilidade de reconhecer as idéias opostas e paradoxos, assim como em viver no mundo com desapego. A maioria das pessoas trabalha arduamente quando possuem uma força motivante, como o desfrute dos frutos do trabalho. Tais pessoas não devem ser desencorajadas ou condenadas. Elas devem ser lentamente introduzidas nos estágios iniciais do serviço desapegado. O excessivo apego por posses, não a possessão em si mesma, torna-se a origem da miséria.

Assim como devemos rezar e adorar com atenção sincera, similarmente, deve-se realizar as obrigações materiais com plena atenção, mesmo quando conhecemos muito bem que o trabalho e seus negócios são transitórios. Deve-se viver pensando somente em Deus, e não negligenciar as obrigações no mundo. Yogananda disse: “Ser sério na meditação do mesmo modo como no conseguir dinheiro. Não deve-se viver uma vida injusta”. A importância do controle dos sentidos e o caminho para combater o ego é entregue abaixo:

TODOS OS TRABALHOS SÃO TRABALHOS DA NATUREZA

As forças da natureza fazem todo o trabalho, mas devido a ilusão uma pessoa ignorante
supõem-se a si mesma como executora. Indiretamente, Deus é o executor de tudo. O poder e a vontade de Deus fazem tudo. Ninguém está livre, mesmo para matar a si próprio. Não se pode sentir a presença de Deus como sentimento o tempo todo de “Eu sou o executor” (a causa da ação). Se se concretiza que não somos causadores de nenhuma ação – pela graça de Deus – mas, que somos apenas instrumentos, tornamo-nos livres. Um cativeiro kármico é criado se nós nos consideramos nós mesmos os executores e desfrutadores.

O mesmo trabalho que é feito por um mestre realizado e uma pessoa comum produz resultados diferentes. O trabalho que é realizado por um mestre auto-realizado torna-se espiritualizado e não produz cativeiro kármico, porque uma pessoa auto-realizada não considera a si mesma o executor ou o desfrutador. O trabalho que é feito por uma pessoa comum produz cativeiro kármico.

Aquele que conhece a verdade sobre as regras das forças da natureza, em receber o trabalho feito, não se torna apegado ao trabalho. Tal pessoa percebe que isso se deve às forças da natureza, adquiridas pelo trabalho dele, pelo uso dos seus órgãos e instrumentos.

Aqueles que estão iludidos pelo poder ilusório (Maya) da natureza, tornam-se apegados ao trabalho, feito pelas forças da natureza. O sábio não de perturba, como a mente do ignorante cujo conhecimento é imperfeito.

A pessoa esclarecida não tenta dissuadir ou difamar uma pessoa ignorante da realização das ações egoístas, feita por ele, iludido pelas forças da natureza; porque o fazer o trabalho – e não a renúncia do trabalho no estágio inicial – no final das contas irá conduzi-los a entender a verdade de que ´nós não somos os executores’, mas apenas instrumentos divinos. O trabalhar com apego, também, possui um lugar no desenvolvimento da sociedade e na vida da pessoa comum. As pessoas podem facilmente transcender os desejos egoístas por um trabalho por uma nobre meta a sua escolha.

Faça as suas obrigações prescritas, dedicando todo o trabalho para Deus num estado espiritual da mente, livre do desejo, apego e tristeza mental.

Aqueles que sempre praticam este ensinamento Meu – com fé e livres de críticas - tornam-se livre do cativeiro do Karma. Mas aqueles que encontram defeito nestes ensinamentos, e que não praticam isto, são considerados ignorantes, confusos e estúpidos.

Todos os seres seguem sua natureza. Mesmo o sábio atua de acordo com a sua própria natureza. Se nós somos a garantia de nossa natureza, qual, então, é o mérito do sentido da contenção?

Enquanto nós não conseguimos e não suprimimos nossas naturezas, nos não devemos nos tornar vítimas, mas especialmente controladores e mestres dos sentidos, pela faculdade descriminativa da vida humana para aprimoramento gradual. A maior via de controle dos sentidos é o engajar de todos os nossos sentidos no serviço a Deus.


O MAIOR OBSTÁCULO NO CAMINHO DA PERFEIÇÃO

O apegos e aversões pelos objetos dos sentidos permanecem nos sentidos. Não se deve ficar sobre o controle destes dois, porque eles são os dois maiores obstáculos, sem dúvida, de alguém no caminho da auto-realização.

“Apegos” podem ser definidos como um forte desejo para experimentar os prazeres sensuais repetidamente. “Aversão”, é uma forte antipatia pelo que é desagradável. O caminho da paz da mente, conforto e felicidade, é a base de todo o esforço humano, incluindo a aquisição e propagação do conhecimento. Desejo – como qualquer outro poder dado pelo Senhor – não é o problema. Nós podemos ter desejos com o estado de espírito adequado que nos dará o controle sobre os apegos e aversões. Se nós podemos controlar nossos desejos a maioria das coisas que possuímos tornam-se dispensáveis; nada mais do que o essencial. Com uma atitude correta nós podemos obter o controle sobre todos nossos apegos e aversões. A única coisa necessária é ter um estado de espírito que torne mais coisas sem necessidade. Aqueles que possuem conhecimento, desapego e devoção, não possuem qualquer gosto ou desgosto por qualquer objeto mundano, pessoa, lugar, ou trabalho. Gostos e desgostos pessoais perturbam a tranqüilidade da mente e tornam-se obstáculos no caminho do progresso espiritual.

Deve-se atuar com o sentimento de responsabilidade sem ser governado pelo gosto e desgosto pessoal. O serviço sem egoísmo é a única austeridade e penitência nesta era, pelo qual qualquer um pode alcançar Deus enquanto vive e trabalha na sociedade moderna, sem a necessidade de ir para montanhas e florestas.

Todos se beneficiam se o trabalho é feito para o Senhor, do mesmo modo como todas as partes de uma árvore recebem água quando ela é colocada nas raízes, no local onde ela vive. Apegos e aversões são destruídos numa pessoa nobre, no princípio do autoconhecimento e desapego. Os amores e desafetos pessoais (gostos e desgostos) são os dois maiores obstáculos no caminho da perfeição. Aquele que há conquistado os apegos e as aversões torna-se uma pessoa livre, e alcança a salvação, por fazer suas obrigações naturais, conforme abaixo:

O trabalho natural inferior é melhor que o trabalho superior não natural. Mesmo a morte na realização da obrigação (natural) é proveitosa. Trabalho não natural produz elevada tensão.

Aquele que realiza a sua obrigação ordenado pela natureza (própria) é liberado dos laços do Karma e lentamente eleva-se do plano mundano. Aquele que assume uma responsabilidade de um trabalho que não foi prescrito para ele certamente é um convite para o fracasso. Deve-se envolver no trabalho melhor adaptado para a própria natureza ou tendências inatas. Não há ocupação perfeita. Cada ocupação neste mundo possui alguma falha. Devemos nos manter independentes da preocupação sobre as falhas das obrigações na vida. Deve-se cuidadosamente estudar a natureza pessoal para determinar uma ocupação apropriada. O trabalho conforme a própria natureza não produz tensão e é feito criativamente. O caminhar árduo, voluntariamente, feito contra as tendências naturais de cada um não é somente mais estressante mas, também, menos produtivo, e ele não fornece a oportunidade e tempo livre para o crescimento e desenvolvimento espiritual. Por outro lado, se alguém segue o caminho fácil ou o caminho representativo, não será capaz de ganhar o suficiente para satisfazer as necessidades básicas da (família) vida. Portanto, leve uma vida simples, pela limitação luxuriosa desnecessária, e desenvolva um hobby do serviço desapegado para equilibrar a balança material e espiritual necessário na vida.

LUXÚRIA, A ORIGEM DO PECADO

Arjuna disse: Ó Krishna, o que impele alguém a cometer pecados ou ações egoístas, mesmo contra a sua vontade, sendo forçada de novo a querê-los?

O Senhor Krishna disse: é a luxúria, nascida dentre a paixão, que se transforma em ira quando insatisfeita. A luxúria é insaciável, e é um grande demônio. Conheça-a como o inimigo.

O modo da paixão é a ausência do equilíbrio mental conduzido pela vigorosa atividade para alcançar os frutos do desejo. Luxúria, o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material, é o produto do modo da paixão. A luxúria torna-se ira se não satisfeita.

Quando o alcançar dos frutos é impedido ou interrompido, o intenso desejo por sua realização transforma-se em ira feroz. Por conseguinte, o Senhor nos disse que a luxúria e a ira são dois poderosos inimigos que podem conduzir alguém a cometer pecados e retirar do caminho da auto-realização, a suprema meta da vida humana. Atualmente, os desejos materiais compelem uma pessoa para ocupar-se em atividades pecaminosas.

Controle o seu querer, porque seja o que for o que você quiser exigirá de você. O senhor Buddha disse: “O desejo egoísta é a raiz de todos os males e misérias”.

Como o fogo é encoberto pela fumaça, um espelho é encoberto pelo pó, e como um embrião está encoberto pelo ventre, de forma similar, o autoconhecimento é encoberto pelos diferentes degraus da luxúria insaciável, a inimiga eterna do sábio.

A luxúria e o autoconhecimento são eternos inimigos. A luxúria somente pode ser destruída pelo autoconhecimento. Onde mora a luxúria, e como alguém deve controlar os sentidos para subjugar a luxúria, é dado abaixo:

Os sentidos, a mente e a inteligência diz-se que são o lugares da luxúria. A luxúria ilude uma pessoa controlando-lhe os sentidos, a mente, a inteligência, e velando o autoconhecimento.

Portanto, pelo controle dos sentidos, primeiro mate todos os maldosos desejos materiais (ou luxúria), que destrói o autoconhecimento e a auto-realização.

O poderoso inimigo, a luxúria, escraviza a inteligência por usar a mente como seu amigo e os sentidos e os objetos dos sentidos como seus soldados. Estes soldados mantém a  alma individual iludida, e obscurecem a Verdade Absoluta, como uma parte do drama da vida. O sucesso ou o fracasso na nossa função, na ação, depende de como nós cuidamos nossas funções individuais e alcançamos nosso destino.

Todos os desejos não podem – e não precisam – ser eliminados, mas desejos egoístas, e motivos pessoais egoístas, precisam ser eliminados para o progresso espiritual. Todas as nossas ações – pelos pensamentos, palavras e obras – incluindo os desejos, devem ser direcionados para glorificar a Deus, e para o bem da humanidade. As escrituras dizem: “O mortal quando se libera do cativeiro dos desejos egoístas torna-se imortal, e alcança a liberação, mesmo nesta vida.

COMO CONTROLAR A LUXÚRIA

Os sentidos são superiores ao corpo; a mente é superior aos sentidos; a inteligência é superior à mente, e o Ser é superior ao intelecto.

Assim, conhecendo o Ser como o mais alto, e controlando a mente pela inteligência, que é purificada pela prática espiritual, deve-se matar este poderoso inimigo, luxúria, Ó Arjuna, com a espada do conhecimento verdadeiro do Ser.

O descontrole dos desejos material irão ruir a linda jornada espiritual da vida. As escrituras fornecem as vias e os meios para afastar os desejos nascidos na mente, sobre próprio controle. O corpo pode ser comparado a uma carruagem sob a qual a alma individual – como passageiro, proprietário e desfrutador – é conduzida numa jornada espiritual em direção a Morada Suprema do Senhor. Responsabilidade e autoconhecimento são as duas rodas da carruagem, e, a devoção, o seu eixo. O serviço sem egoísmo é a estrada; as qualidades divinas são os marcos. As escrituras são as luzes orientadoras que dissipam a escuridão e a ignorância. Os cinco sentidos são os cavalos desta carruagem. Os objetos dos sentidos são a grama verde na margem da estrada; apegos e aversões são os obstáculos; e a luxúria, a ira e a ambição são os assaltantes. Amigos e parentes são companheiros de viagem a quem nós, temporariamente, encontramos durante a viagem. A Inteligência é o condutor desta carruagem. Se a inteligência, o cocheiro da carruagem, não é tornada pura e forte pelo autoconhecimento e deseja poder, então, fortes desejos sensuais e de prazeres materiais – ou os sentidos – irão controlar a mente no lugar da inteligência controlá-la. A mente e os sentidos irão atacar e tomar o controle da inteligência, o fraco cocheiro, e conduzirão o passageiro fora da meta da salvação, dentro da trincheira da transmigração.

Se a inteligência é bem treinada e purificada pelo fogo do autoconhecimento e discernimento, ela estará apta para controlar os cavalos dos sentidos, através da ajuda da prática espiritual e do desapego, as duas rédeas da mente, e o chicote da conduta moral e das práticas espirituais. O cocheiro deve manter as rédeas o tempo todo sob seu controle; de outra maneira, os cavalos dos sentidos irão conduzi-lo para dentro da trincheira da transmigração (reencarnação). Um único momento de descuido conduz a queda do caminho. Finalmente, deve-se cruzar o caminho do rio da ilusão (Maya) e, pelo uso da ponte da meditação, e do repetir silencioso do canto dos nomes do Senhor, ou um maha mantra*, tranqüilizam as ondas da mente, alcançando a costa do êxtase.

Aqueles que não podem controlar os sentidos não estarão aptos para alcançar a auto-realização, a meta do nascimento humano.

Não se deve estragar a si mesmo através dos enganos temporários dos prazeres dos sentidos. Aquele que controla os sentidos pode controlar o mundo todo, e alcançar o sucesso em todos os esforços. A paixão não pode ser completamente eliminada, mas é subjugada pelo autoconhecimento. A inteligência torna-se poluída durante os anos da juventude, assim como a água clara de um rio torna-se turva durante a estação das chuvas. Mantenha boas companhias, e coloque uma meta elevada na vida, prevenindo a mente e a inteligência de serem tentadas pelas distrações dos prazeres sensuais.”

* Nota do tradutor para o Português: É dito que nesta era de kali-yuga, o maha mantra  mais adequado é o cantar, segundo o Kali-shantarana upanishad, verso 2: Hare Rama Hare Rama, Rama Rama Hare Hare/ Hare Krishna Hare Krishna, Krishna Krishna Hare Hare.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Virou moda...














 

Por  Anna Paula Paiva  11 de Junho de 2012 10:39












Modismo simplesmente? As pessoas perderam o senso crítico, ou talvez isso nunca tenha existido. A todo momento somos bombardeados por músicas com conotações sexuais e incentivo ao alcoolismo, programas de TV que hipnotizam a massa e perdem a função de entreter e informar, fazendo o ser humano parar de raciocinar. Sem falar claro, da instituição Família, no sentido real e amplo da palavra, encontrado no seio de poucos lares.


As consequências? São estas que vemos diariamente “manchetando” os noticiários brasileiros... violência, imprudência, exageros de toda espécie e ... mortes.
A vida está banalizada! Falta amor, falta fé, falta respeito pelo próximo e principalmente por si mesmo.


Respeitemos a dádiva da Vida, esta sublime oportunidade que nos foi concedida e a tornemos um mecanismo de ascensão espiritual. Não nos deixemos influenciar pelo modismo que contagia. 

Sigamos confiante, respeitando e seguindo os ensinamentos de Cristo.

Lembrando sempre que o pior castigo é o arrependimento martelando em nossa consciência. 

Esteja bem e faça o bem ao seu próximo para que logre a paz consigo mesmo.




quarta-feira, 6 de junho de 2012

MISTÉRIOS DA REENCARNAÇÃO – Por Edson Paulucci


de: Edson Paulucci edson.paulucci@gmail.com
para: Luiz Carlos Nogueira <lcarlosnogueira@gmail.com>
data: 5 de junho de 2012 19:16
assunto: PROBLEMAS COM A REENCARNAÇÃO
enviado por: gmail.com
assinado por: gmail.com

Meu caro. Já publiquei.
Segue uma cópia pra ti.
TFA

MISTÉRIOS DA REENCARNAÇÃO 

Faz tempo que venho me policiando e na dúvida entre escrever ou não sobre o tema, resolvi expor o meu pensamento a respeito.

Acredito que o ser humano é movido cem por cento por racionalizações.

Afinal, ele é um ser racional, não é?

Desse modo, diante de toda e qualquer adversidade que se lhe apareça pela frente, a racionalização vai se evidenciar.

Ao sofrer um acidente de carro, por exemplo, dirá que não vinha em alta velocidade ou que o freio não funcionou ou ainda que o outro veículo fez manobras proibidas à sua frente. Jamais assumirá a culpa. Asumirá, sim, todas as desculpas possíveis.

Assim imagino que seja o ser humano diante dos mistérios da vida e da morte.

Diante da divindade à qual se diz obediente ou temente, diante da imensidão do universo – que não começa e nem termina em lugar algum, diante, enfim, daquilo em que não pode culpar.

Então, racionaliza. Sem dúvida que precisa argumentos. Não os tendo à mão, é só inventar e pronto. A vida? Ah! foi Deus quem criou. A morte? Idem.

Deus? É o criador de tudo. É muito bom e justo. Quem não obedecer seus mandamentos irá para o fogo do inferno! Quem for ruim, vai voltar para pagar os pecados. Vida após a morte? Claro que tem. Existe o Inferno e o Paraíso. Passados centenas de anos, o cara vai reencarnar para terminar de pagar suas contas....e por aí vai a fábrica de racionalizações.

“Em outras palavras, eu vou morrer, MAS, eu volto. Se vou preso por um crime, tudo bem, MAS, o tempo passa rápido e logo estarei solto.”

Assim é o ser humano racional.

Sempre me ocorre pensar nos sete bilhões de seres humanos que atualmente habitam o planeta e nos outros tantos bilhões que já sucumbiram. Então, quantos destes já encarnaram e reencarnaram? Quais os critérios para tal?

Existe algo como uma bolsa de valores espirituais para priorizar alguns bilhões de almas em detrimento de outras tantas?

Vai ver que é por falta destas verdades que os animais não reencarnam.

Ou simplesmente porque não são racionais. 


terça-feira, 5 de junho de 2012

UM ENSAIO SOBRE MATÉRIA E ENERGIA



 



(*) Alexandre Fontes da Fonseca
Volta Redonda, RJ




No cap. 9 da obra “E a Vida Continua”, de André Luiz, o irmão Cláudio diz: “Qualquer aprendiz de ciência elementar, no Planeta, não desconhece que a chamada matéria densa não é senão a energia radiante condensada. Em última análise, chegaremos a saber que a matéria é luz coagulada, substância divina, que nos sugere a onipresença de Deus.” [1] (Grifos em itálico originais). No cap. 1º. de “Evolução em Dois Mundos”, André Luiz diz que: “... na essência, toda a matéria é energia tornada visível e que toda a energia, originariamente, é força divina de que nos apropriamos para interpor os nossos propósitos aos propósitos da Criação, ...” [2].


É comum, no movimento espírita, ouvirmos a idéia de que matéria pode ser transformada em energia e vice-versa. Nós mesmos, outrora, afirmamos isso [3], mas um estudo mais rigoroso sobre como a Física interpreta os fenômenos de desmaterialização, de aniquilamento de pares de partículas-antipartículas, ou reações de fissão ou fusão nucleares revelam o equívoco desta idéia. O objetivo desta matéria, portanto, é esclarecer como a Física entende matéria, energia e tais fenômenos de transformação. Após, discutiremos como essas idéias se relacionam com o que ensina o Espiritismo.


A palavra energia é tão antiga quanto Aristóteles, e seu conceito moderno emergiu de estudos de Leibniz [4]. Nas palavras de um dos maiores físicos do século passado, o conceito de energia pode ser entendido como:

“Existe um fato, ou se desejar, uma lei que governa todos os fenômenos naturais conhecidos até o presente. Não existe exceção a esta lei; ela é exata até onde se sabe. Esta lei é chamada de conservação de energia; ela diz que existe uma certa quantidade que chamaremos energia, que não se altera perante as diversas alterações a que a natureza está sujeita. Esta é uma idéia completamente abstrata porque ela é um princípio matemático que diz que existe uma quantidade numérica que não se altera quando alguma coisa acontece. A energia não é uma descrição de um mecanismo ou de algo concreto; é apenas um fato estranho que calculamos um número, e quando terminamos de observar a natureza realizando seus truques e calculamos o número de novo, ele é o mesmo.” Richard Feynman [4] (tradução nossa).

A definição mais comum de matéria é a de qualquer coisa que tenha massa e ocupe volume de espaço [5]. Segundo a Física Moderna, a ocupação de espaço por parte da matéria decorre do fato dos elétrons, que possuem uma propriedade magnética intrínseca chamada spin de valor semi-inteiro igual a 1/2, não poderem ocupar as mesmas regiões espaciais em torno do núcleo de um átomo. Isso causa a sensação de repulsa entre dois objetos. Partículas que possuem spin de valor semi-inteiro (1/2, 3/2, 5/2, etc.) são chamadas de férmions, e os constituintes da matéria ordinária que conhecemos, como os prótons, neutrons e elétrons, são férmions. A teoria quântica demonstra que os férmions não podem ocupar os mesmos estados quânticos num sistema, incluindo-se a posição no espaço, explicando, assim, a concepção de que “dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar”.


Entretanto, na natureza existe, também, outro tipo de partículas chamadas bósons. Elas tem a propriedade de possuir spin de valor inteiro (0, 1, 2, etc.). Ao contrário dos férmions, e por mais incrível que possa parecer, os bósons podem ocupar o mesmo estado quântico, incluindo ocupar a mesma região do espaço. Por causa dessas propriedades, os bósons são considerados pela Física como as partículas “que carregam a força”. O fóton, por exemplo, que é um “quantum” de radiação eletromagnética, é o bóson que “carrega” a força eletromagnética. Vários fótons de diferentes radiações eletromagnéticas podem ocupar o mesmo espaço, a prova disso é o fato de termos num mesmo ambiente ondas de rádio, TV, celular, etc., sem que uma interfira na outra. 


A teoria da Física que, nos dias de hoje, estuda as propriedades de todos os tipos de partículas é chamada Modelo Padrão[5]. Segundo o Modelo Padrão, a matéria dita ordinária (isto é, a matéria que conhecemos) é composta por partículas elementares, isto é, partículas que não possuem estrutura interna e, por isso, são chamadas de elementares. Por exemplo, os prótons não são partículas elementares pois são formados por três quarks. Estes, por sua vez, não seriam formados por outras partículas sendo, portanto, elementares. Os chamados léptons, a cuja classe pertence o elétron, também são partículas elementares. O Modelo Padrão foi desenvolvido em 1970 e tem grande aceitação entre os físicos. Sua única limitação, atualmente, é não descrever ainda a força de interação gravitacional devido às massas das partículas. Acredita-se, que a descoberta do chamado bóson de Higgs possa esclarecer esse ponto dentro do contexto desta teoria[5].


Segundo o Modelo Padrão e, portanto, de acordo com o conhecimento da Física atual, a matéria ordinária é tudo que é formado de férmions elementares, isto é, de quarks e léptons que possuem spin de valor semi-inteiro. Como os elétrons são léptons e os prótons e neutrons são formados por quarks, todos os átomos conhecidos que formam a matéria que conhecemos são formados de quarks e léptons, e portanto, de férmions.


Mas, e os fótons e outros bósons que a Física de Partículas já descobriu? Não seriam matéria? O que seriam? O Modelo Padrão simplesmente não as chama de matéria, mas apenas de bósons. São, de fato, partículas reais, que fazem parte da natureza física que conhecemos, mas apenas não são consideradas matéria ordinária. Poder-se-ia inventar um nome para elas, mas comumente os físicos as chamam de “partículas mediadoras”, pois elas são responsáveis por carregar e transmitir a mensagem da força entre os férmions. Dentro do sentido que empregamos a palavra matéria no Espiritismo, os bósons podem ser considerados como “matéria”, porém com propriedades distintas dos objetos materiais que conhecemos.


Cabe aqui uma questão oportuna. O que seria a chamada antimatéria ? Antimatéria é matéria formada por antipartículas dos férmions. O que são “antipartículas”? Antipartículas são as mesmas partículas com uma única diferença: possuem carga elétrica de sinal inverso ao da respectiva partícula. Por exemplo, um antielétron, também chamado de pósitron, é um elétron com carga elétrica positiva. Um antipróton é um próton negativo. Portanto, em essência, antimatéria é o mesmo que matéria, isto é, tem todas as mesmas propriedades da matéria, pode formar corpos idênticos aos que conhecemos e estão sujeitos às mesmas leis da matéria. Sabe-se que quando uma partícula e uma antipartícula se tornam muito próximas, elas sofrem uma reação chamada de aniquilação. Nesta reação, as partículas são ditas desmaterializadas e dois fótons são produzidos. A reação inversa também é possível. Antigamente se acreditava que os fluidos espirituais fossem formados de antimatéria. Com base no que foi exposto acima, podemos perceber o equívoco dessa idéia, como já demonstrado pelo amigo Ademir Xavier [6].


Outra pergunta importante: o que é a luz? A luz não é algo real, que vemos e sentimos de diversas formas? A luz é, de fato, algo real. Ela é radiação eletromagnética de determinada frequência. A radiação eletromagnética, por sua vez, é uma oscilação sincronizada dos campos elétrico e magnético que se propagam no vácuo, isto é, no espaço vazio. A luz, como todo sistema físico, possui comportamento regido pela conhecida dualidade onda-partícula da Mecânica Quântica que diz que dependendo da forma como observamos ou preparamos um experimento com a luz, o comportamento do sistema será do tipo ondulatório ou do tipo corpuscular. O fóton, que como dissemos é a menor unidade de radiação eletromagnética, é observado em fenômenos onde o aspecto corpuscular da luz ocorre. E é isso o que a Física diz, que a luz é uma radiação eletromagnética que em determinadas condições, se comporta como se fosse formada por um feixe de partículas chamadas de fótons. A Física não chama a luz ou os fótons de matéria pois a luz não ocupa espaço nem possui massa. Além disso, os fótons são bósons e a matéria ordinária é considerada pela Física como sendo formada de férmions. Dentro da consideração que fizemos anteriormente do conceito de matéria no Espiritismo, a luz pode ser também considerada como “matéria”.


Como se isso não bastasse, a Ciência descobriu a existência de outros tipos de matéria que não são formadas nem por férmions nem por bósons. As chamadas matéria e energia escuras são exemplos de matéria cujas propriedades escapam ao que expomos até aqui. Antes, porém, que nos sintamos tentados a associar essas matérias diferentes ao conceito de fluido universal (FU) ou fluidos espirituais, é preciso lembrar que as propriedades de ambas ainda não satisfazem àquilo que se espera do FU, conforme estudos já publicados na revista FidelidadESPÍRITA [7]. De modo análogo, independente do que a Física venha a descobrir como sendo a constituição íntima dessas matérias diferentes, dentro do conceito de matéria do Espiritismo, elas podem ser consideradas como “matéria”.


Antes de analisarmos a questão sobre a possibilidade de podermos transformar matéria em energia, vamos ver o que a Física entende por massa. Massa é normalmente entendida como sendo a medida da inércia, isto é, da dificuldade de alterar-se a dinâmica de um objeto. Einstein, com sua famosa equação, E=mc2, demonstra a relação entre a energia E e a massa m de um objeto, onde c é a velocidade da luz. Porém, de que energia e de que massa a teoria de Einstein está falando? Entender isso é extremamente importante para descobrirmos se energia pode se transformar em matéria e, posteriormente, analisarmos se podemos chamar os fluidos espirituais de energias. Os artigos das referências 8 e 9 apresentam uma discussão história muito rica sobre o assunto. Vamos aqui apresentar apenas as conclusões desse estudo.


Einstein demonstrou que se um corpo de massa m perder ou ganhar energia no valor E, a sua massa total diminui ou aumenta na proporção m=E/c2. Daí a equação E=mc2. Assim, Einstein mostra que existe uma correlação direta entre a energia, dita de repouso de um corpo e a medida de sua inércia, de sua massa de repouso. Notem que usamos o adjetivo “repouso”, pois existe uma confusão entre os físicos a respeito da possibilidade da massa de um corpo poder aumentar em função da sua velocidade. O prof. Valadares mostra [8,9] que essa é uma interpretação errada da Teoria da Relatividade de Einstein e que, na verdade, não importa quão veloz é uma partícula, sua massa é sempre a mesma. Por exemplo, um próton se deslocando a velocidades muito altas, próximas da velocidade da luz, terá massa idêntica a de um próton em repouso. Einstein demonstrou que no processo de conservação da energia total de um sistema, cada partícula possui uma energia intrínseca chamada “energia de repouso”, dada pela equação E=mc2. Uma consequência dessa teoria é que a massa de um corpo não é necessariamente igual à soma das massas das partículas que o compõem (grifamos para enfatizar). Em um dado processo, o que se conservam, segundo a Física, é o chamado momento (ou quantidade de movimento) e a energia total do sistema. A massa total só se conserva se a definimos de modo diferente do usual, o que deixamos para o leitor mais interessado verificar nos artigos das referências 8 e 9.


Diante do que foi exposto acima, pode energia se transformar em matéria, ou vice-versa? Para responder isso, considere como exemplo uma reação de desmaterialização ou aniquilamento ocorrida com um sistema formado por um elétron e um pósitron, isolados do resto do universo, como sugere o prof. Valadares [8]. Nesse processo, o momento e a energia total se conservam. Em outras palavras, antes da desmaterialização, o par elétron-pósitron possui determinado valor para a energia, momento e massa totais. Após a desmaterialização, dois fótons são produzidos e a energia, momento e massa totais permanecem com o mesmo valor, cada. Que a energia e o momento se conservam, isso entendemos perfeitamente. Mas como a massa total se conserva, se o elétron e o pósitron foram destruídos e no lugar dois fótons, que possuem massa de repouso nula, surgiram? É aí que precisamos prestar maior atenção para entender como a Física interpreta o fenômeno de reação de desmaterialização e verificar se houve ou não transformação de matéria em energia.


O argumento chave para entender o que acontece é: “se a energia total se conservou, isto é, se ela permaneceu a mesma, então nem se ganhou nem se perdeu energia”. Portanto, se tivesse ocorrido a transformação de matéria em energia, teríamos um aumento na energia total do sistema isolado. Como isso não ocorre no fenômeno de desmaterialização, não houve conversão nem de matéria, nem de coisa alguma em energia! Apesar de sutil, é um erro dizer que matéria pode ser transformada em energia, e vice-versa. O que de fato houve foi uma transformação de duas partículas, o elétron e o pósitron, em outro tipo de partícula: fótons. Em outras palavras, objetos reais e concretos como o elétron e o pósitron, de acordo com a Física, só podem se transformar em outros objetos reais e concretos, como os fótons. Objetos reais não podem se transformar em entes abstratos como a energia. Como lemos na explicação de Feynman, energia é um conceito puramente abstrato. Energia, por sua vez, pode ser transformada em outros tipos de energia ou transferida de um sistema físico a outro, mas energia não pode ser transformada em matéria. Nesse cálculo desse “número” a que chamamos energia, a fórmula E=mc2 precisa ser levado em conta para que a lei de conservação da energia seja verificada no fenômeno de aniquilamento de par de partícula-antipartícula.


O mesmo raciocínio é válido com relação à massa, porém com a observação de que a soma das massas de um sistema não necessita ser igual à massa total do sistema, como mencionado anteriormente. Esse é o caso dos fótons que são criados na reação de desmaterialização. Cada fóton, separadamente, possui massa de repouso nula, mas o sistema formado por dois fótons possui massa total igual à massa de dois elétrons. A explicação formal para isso se encontra nos artigos das referências 8 e 9 e não estenderemos aqui por razões de espaço.

Retornemos às frases contidas nas duas obras de André Luiz citadas no primeiro parágrafo deste artigo, numerando-as: 1) “matéria densa não é senão a energia radiante condensada”, 2) “matéria é luz coagulada”; e 3) “na essência, toda a matéria é energia tornada visível”. Essas frases tem relação com os conceitos de matéria, massa e energia de repouso de uma partícula, bem como com a interpretação de processos de aniquilamento ou desmaterialização.


Sendo rigorosos com relação à Física, nenhuma das três frases acima está rigorosamente correta. As frases 1) e 3) estão em conflito com o que a Física, hoje, diz pelas razões explicadas nos parágrafos anteriores. A frase 2) parece correta em vista do fenômeno de aniquilamento de um par partícula-antipartícula, onde partículas com massa de repouso não nula se transformam em fótons, que são quanta de luz. Apesar da frase 2) ser a que melhor se aproxima do entendimento atual dos físicos, não é correto deduzir que a “matéria é luz coagulada”. O fato da matéria poder se transformar em fótons não significa que as partículas sejam fótons “coagulados” ou “condensados” antes do fenômeno de transformação. A matéria, de acordo com o Modelo Padrão da Física de Partículas, é todo sistema físico formado por partículas elementares. Essas partículas são elementares porque não possuem estrutura interna, o que equivale a dizer que elas não são internamente fótons, “luz coagulada”, ou qualquer outra coisa. Elas já são os tijolos básicos da matéria. Elas possuem características individuais próprias como massa, carga elétrica, energia de repouso e outras propriedades físicas fixas. No caso da relação entre massa e energia (que é a que sugere que matéria pode ser transformada em energia, e vice-versa), o que podemos dizer, nas palavras do próprio Einstein, é que “A massa de um corpo é uma medida do seu conteúdo energético”[8]. Uma partícula, então, contém energia na medida proporcional à sua quantidade de massa, mas ela, a partícula, em si não é energia.

           
Por outro lado, em vista da sutileza da interpretação atual da Física dos conceitos de matéria, massa, energia e dos fenômenos como o de aniquilamento, e sabendo que na época em que as frases 1), 2) e 3) foram publicadas pela primeira vez, os físicos não tinham a compreensão de agora (o Modelo Padrão foi desenvolvido em 1970, enquanto as obras de André Luiz foram escritas e primeiramente publicadas nas décadas de 40 e 50), precisamos reconhecer que essas frases estavam corretas no contexto do conhecimento científico da época, exprimindo a idéia do fenômeno de desmaterialização ou de aniquilamento de um par partícula-antipartícula, mas acima de tudo enfatizando que a Ciência já reconhecia que a matéria não é algo rígido, duro e perpétuo como nossos cinco sentidos poderiam sugerir. Se a forma dessas frases não está correta perante o que ensina a Física de hoje, a mensagem que seus autores pretenderam transmitir de que a matéria não é algo absolutamente rígido é atual e confirmada por essa mesma ciência. Além disso, é preciso ter em mente, como aliás nos lembra André Luiz no prefácio da obra Mecanismos da Mediunidade [10], que a Ciência do futuro substituirá a atual, e que é cedo para considerar que as teorias atuais da Física sejam a palavra final sobre o que é a matéria.


Vamos, agora, analisar o que a Doutrina Espírita ensina sobre a matéria. É oportuno reproduzirmos a questão 22 de O Livro dos Espíritos [11]:  

22. Define-se geralmente a matéria como aquilo que tem extensão, que pode impressionar os nossos sentidos, que é impenetrável. Essas definições são exatas?
“Do vosso ponto de vista são exatas, porque não falais senão do que conheceis. Mas a matéria existe em estados que vos são desconhecidos. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria, embora para vós não o seja.”

Essa resposta dos Espíritos tem um valor muito grande. Ela adianta em mais de meio século o que a Ciência viria a descobrir sobre a natureza da matéria. De fato, matéria existe em estados que eram desconhecidos da humanidade à época de Kardec. Não somente a descoberta dos bósons, mas mesmo entre os férmions existem partículas bastante sutis. Por exemplo, a partícula chamada neutrino, que é um lépton elementar, é tão leve que se acreditava não possuir massa, e é tão sutil que trilhões deles são capazes de atravessar o planeta Terra inteiro como se não existisse nada. Trilhões de neutrinos atravessam nosso corpo sem causar a menor sensação. Embora não percebamos a sua existência, concordamos com os Espíritos: o neutrino é sempre matéria.


Na questão 29, os Espíritos dizem que a ponderabilidade é um atributo da matéria que conhecemos, mas “não da matéria considerada como fluido universal”. Eles dizem também que “A matéria etérea e sutil que forma esse fluido é imponderável para vós, mas nem por isso deixa de ser o princípio da vossa matéria pesada”. Neste momento, o Espiritismo apresenta uma informação que é nova para a Ciência. Os Espíritos afirmam que o FU é o princípio elementar da matéria que conhecemos. Essa afirmativa contradiz o Modelo Padrão que diz que as partículas elementares não são formadas de outra coisa. Isso nos sugere algumas questões. Seriam as partículas elementares o FU? Ou estaria a Física comprovando erros no Espiritismo? Em nosso ponto de vista, não podemos responder a essas questões pois as teorias da Física, como o Modelo Padrão, possuem limitações e sofrerão novos desenvolvimentos que podem culminar com novas teorias. Um exemplo é a busca experimental por uma partícula que seria a causa da massa de todas as outras, o bóson de Higgs. Além disso, outras teorias como a de supercordas propõem que cada partícula elementar é um tipo de corda que oscila em determinada frequência. Não é um procedimento científico a simples comparação entre o Modelo Padrão e o Espiritismo, para então concluir que as partículas elementares são o FU. Seria preciso trabalhar na demonstração de que tudo o que o Espiritismo diz do FU é satisfeito pelas partículas elementares. Por exemplo, dizem os Espíritos (questão 27) que sem o FU, a matéria estaria num perpétuo estado de divisão. Como encaixar isso com as teorias da Física de Partícula? Apenas um trabalho de pesquisa rigoroso pode vir a responder isso.


Por outro lado, a tese espírita do FU ser o princípio elementar de toda a matéria não é desmentida pelos fenômenos de transformação da matéria como o de aniquilamento de pares partícula-antipartícula. O fato de um tipo de matéria poder se transformar em outro sugere a existência de uma matéria prima universal que seja a base de toda a matéria incluindo, também, aquilo que chamamos de matérias diferentes quais sejam os bósons, a matéria e energia escuras. Somente estudos mais profundos feitos com o rigor científico poderão fornecer maiores certezas, como já comentado em artigo anterior naFidelidadESPÍRITA [12].


Seria correto falar que os fluidos espirituais são energias? É correto dizer que no passe recebemos “energias espirituais”? Por tudo o que vimos até aqui, se o FU é a base tanto dos fluidos espirituais quanto da matéria, então o FU deve ser identificado com a matéria e não com energia. Logo, não se pode dizer que os fluidos são energia. Teriam os fluidos energia, assim como matéria carrega energia? Acreditamos que sim, e que nos processos e fenômenos envolvendo fluidos espirituais, leis análogas às de conservação de energia devem existir e reger tais processos. Assim como Einstein demonstrou uma relação entre a propriedade massa e energia de repouso de um objeto, talvez exista uma relação análoga entre alguma propriedade física dos fluidos espirituais (algo relativo à sua massa) e a energia intrínseca dos mesmos. Mas não podemos ir além disso. Devemos aguardar que os pesquisadores da Física e do Espiritismo trabalhem para nos trazer respostas. Não é um procedimento científico chamar os fluidos de energia sem pesquisarmos profundamente o que são os fluidos, como quantificar a energia contida neles, e como quantificar os fenômenos fluídicos.


Para finalizar, observemos que os Espíritos dizem na questão 22a que a “matéria é o laço que prende o espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.” Essa definição de matéria é muito importante por duas razões. Primeiro porque afirma a interação entre o espírito e a matéria. Segundo, porque apresenta uma razão filosófica da existência da matéria: o de servir de instrumento de evolução espiritual para o espírito.


Referências
[1] Francisco Cândido Xavier, E a Vida Continua..., pelo Espírito de André Luiz, FEB, 18ª edição, Rio de Janeiro, 1991.
[2] Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito de André Luiz, FEB, 11ª edição, Rio de Janeiro, 1989.
[3] Curso Ciência & Espiritismo, “Aula 7: Física e Espiritismo II: energia e matéria. Referências científicas na pesquisa espírita”, Boletim do GEAE Número 489, (2005).
[5] M. A. Moreira, “O Modelo Padrão da Física de Partículas”, Revista Brasileira de Ensino de Física 31, 1306 (2009).
[6] Ademir L. Xavier Jr., “Algumas Considerações Oportunas sobre a Relação Espiritismo - Ciência”, Reformador, Agosto, p.244 (1995).
[7] A. F. Da Fonseca, “Matéria e Energia Escura: não são o Fluido Universal”, Revista FidelidadESPÍRITA Dezembro, p. 18, (2003).
[8] J. A. Valadares, “O Conceito de Massa. I. Introdução Histórica”,  Revista Brasileira de Ensino de Física 15, 110 (1993).
[9] J. A. Valadares, “O Conceito de Massa. II. Análise do Conceito”,  Revista Brasileira de Ensino de Física 15, 118 (1993).
[10] Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Mecanismos da Mediunidade, pelo Espírito de André Luiz, FEB, 11ª edição, Rio de Janeiro, 1990.
[11] A. Kardec, O Livro dos Espíritos, FEB, 1ª edição Comemorativa do Sesquicentenário, Rio de Janeiro, 2006.
[12] A. F. Da Fonseca, “O Fluido Universal e as teorias cosmológicas”, Revista FidelidadESPÍRITA Novembro, p. 16, (2003).
[13] Os artigos das referências 5, 7 e 8 podem ser baixados gratuitamente a partir do sítio da revista: www.sbfisica.org.br/rbef


Este artigo foi publicado em duas partes na revista FidelidadESPÍRITA 91 (Abril), p. 6 (2010); e 92 (Maio), p. 20 (2010).



(*)  Prof. Dr. Alexandre Fontes da Fonseca
UNESP, campus de Bauru, SP.
Físico formado pela Unicamp onde também realizou os cursos de mestrado e doutorado. Realizou pós-doutoramento no Instituto de Física da USP, NanoTech Institute e no Department of Materials Sciences and Engineering of The University of Texas at Dallas. Atualmente, é professor de Física no Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Bauru, SP. É cientista, físico e espírita."

Fonte: A Era do Espírito – Por um mundo novo e melhor – Clique neste link para conferir: http://www.aeradoespirito.net/ArtigosAF/UM_ENSAIO_SOBRE_MAT_E_ENER_AF.html

Obs: Artigo transcrito com autorização do autor por e.mail