terça-feira, 28 de agosto de 2012

A RESPEITO DA SOBREVIVÊNCIA DA ALMA APÓS A MORTE E A ESCADA MÍSTICA DE JACÓ – UM ENFOQUE DIFERENTE







              Escada Mística – imagem #82669319 livre de direitos autorais - ID: 82669319                     












Luiz Carlos Nogueira
















Nos primeiros séculos da Era Cristã, Dionísio O Areopagita teria escrito o livro denominado Hierarquia Celeste (O abade Darboy, que foi arcebispo de Paris, traduziu o livro do grego em 1845), em que diz: “Tudo vem de Deus e volta para Deus, as realidades e a ciência que possuímos... Ora, entre a unidade, princípio e fim ulterior de tudo, e as criaturas que não têm em si a sua razão nem o seu termo, há um meio que é simultaneamente ciência e ação, conhecimento e energia, e que, expressão misteriosa da bondade incriada, nos permite conhecê-la, amá-la e imitá-la. Esse meio é a Hierarquia Celeste.”

Dionísio traz nessa obra, o conceito da divina emanação e refere-se à Escada Celeste que vem de Deus, sendo que os seus degraus seriam os conhecimentos divinos. Tais degraus são hierarquizados e descem em grupos de três, e que por isso nos afasta cada vez mais da suas origens. Mas a personalidade alma do ser humano, por meio dessas manifestações dos conhecimentos disponibilizados por Deus, pode se elevar à união mística final, com Ele.

No Velho Testamento, já podemos encontrar muito antes, esse conceito traduzido na Escada Mística de Jacó, pois está escrito em Gênesis: “28.12 Então sonhou: estava posta sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela; 28.13 por cima dela estava o Senhor, que disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra em que estás deitado, eu a darei a ti e à tua descendência;”

Assim, a Escada Mística vista no sonho, por Jacó, simboliza os ciclos involutivos e evolutivos da vida humana, que se perpetuam num fluxo e refluxo, pelos nascimentos e mortes, que se desdobram em hierarquias de seres, potestades e mundos, constituindo as raças e os reinos da vida. Essa alegoria é interpretada pela Maçonaria, como sendo degraus das virtudes necessárias para o aperfeiçoamento da cada ser humano, sendo que as principais são: fé, esperança e a caridade, representadas pela cruz (fé), a âncora (esperança) e o cálice (caridade).

Tanto a teologia cristã quanto a hebraica, segundo temos informação, não atribui nenhuma realidade consciente à alma, ou seja, a alma não tem consciência de si mesma antes de nascer no corpo físico, portanto, significa dizer que ela é apenas uma realidade informe antes do nascimento no plano terrestre.

Dessa forma é que a maioria das religiões afirma que a alma não possui substância ou um caráter definido, ou seja, ela só passa a ter identidade após estar residindo num corpo físico, através do qual, colhe sentimentos, emoções e valores morais.

Ralph Maxwell Lewis [1] , ex-Imperator da Antiga e Mística Ordem Ordem Rosae Crucis – Amorc, afirmava que “O eu não sobrevive à morte, da forma pela qual comumente a concebemos, mas isto não impede nossa unidade com o Cósmico. De um modo geral, concebemos Deus como realidade absoluta e universal quer a tudo permeia e, assim sendo, o ser humano tem oportunidades maiores de compreender essa unidade enquanto vivo, enquanto existirem o aqui e o agora. A própria lei do contraste tornaria possível a compreensão desse fato, pois aqui na Terra, como seres transitórios, ficamos cônscios de nosso relacionamento com o Cósmico como um todo. Afinal de contas, só um tolo poderia pensar a respeito de si mesmo na qualidade de ser auto-suficiente e representante de toda a realidade; os inteligentes se sentem impressionados ante a onipotente infinidade dessa existência que é alheia a si mesmos”
“Suponhamos que o eu pudesse fundir-se completamente à Realidade Cósmica; em tais circunstâncias, o ser mortal perderia a compreensão de seu eu — pois o contraste entre o eu e o que transcende deixaria de existir (não é pela aparente ausência da luz que a compreendemos?). À medida que o ser humano vai compreendendo sua existência como ser transitório, também assim o divino passará a compreender-se a si mesmo no ser humano, em virtude do respeito reverente àquele por este. Os dois vértices do triângulo do ser humano — a substância vital e a substância molecular — é que provocam a compreensão do que seja o eu: constroem a consciência, como já afirmamos em capítulo precedente.”
“Esses mesmo dois vértices, ou essas duas condições em si mesmas, se assim se desejar dizer, através da consciência estimulam a compreensão da realidade maior, a cósmica; quando esses dois vértices ou essas duas propriedades da natureza humana se dissociam, a compreensão deixa de existir. No entanto, o corpo e a força vital, as propriedades essenciais, como duas fontes de energia não deixam de existit.”
“Não possuímos, então, nenhuma prova da imortalidade? Questionemo-nos com franqueza: por que existem preocupação e toda a especulação a respeito de nossa imortalidade?”
“De início, observemos o que é eterno a nosso redor: aí existe a persistência dessa realidade, desse ser, a respeito da qual a filosofia se manifesta há séculos. Há indestrutibilidade da matéria, que a ciência moderna comprova. Todas as coisas percebidas têm uma subjacente energia através da qual miríades de coisas nascem e serão. Em cada coisa há, também, uma continuidade de vontade, como Schoppenhauer afirmara — é o desejo motivador pelo qual a energia se materializa, isto é, assume as formas que são discerníveis por nossos sentidos. Essa consciência do próprio ser, a vontade de ser, não será a imortalidade? Não é ela a essência fundamental de todas as coisas?”
“Existe, outrossim, uma consciência que sobrevive mas que não tem afinidade ou se mantém fiel a qualquer forma em particular, pois não está confinada nem se prende a qualquer substância. O carvão, ao queimar-se, emite, por conseqüência, fumaça; dele também vem o calor que aquece, o gás e, por fim, as impalpáveis cinzas. A consciência de ser persiste em cada uma dessas manifestações, mas não é jamais imortal em uma única forma ou expressão; toda a forma é transitória, até mesmo o ego humano e a identidade do eu. Seria futilidade esperar que qualquer coisa sobrevivesse em sua forma ou se opusesse à função de sua própria natureza cósmica.”
“A vida e a consciência podem ser imortais, no sentido de que participam de um modelo maior que sentimos existir aqui na Terra, conceito agasalhado nos círculos científicos modernos mais adiantados. Essa concepção se aproxima bastante da metafísica rosacruz e da moderna metafísica de Samuel Alexandre”
“Sir James Jeans recentemente afirmou: ‘Quando nos vemos a nós mesmo, no espaço e no tempo, nossas consciências são obviamente individualidades isoladas de um quebra-cabeça. Mas quando transcendemos o espaço e o tempo, elas se podem constituir os integrantes da contínua e singular corrente da vida. Tal como a luz e a eletricidade, assim poderá ser a vida. Como seres, individualmente, vivemos uma existência no tempo e no espaço, mas numa realidade mais profunda, além do tempo e do espaço, podemos todos integrar um único corpo’”
“Tenhamos sempre na lembrança o fato de que, aqui na Terra, o ego e a personalidade humanos devem ser imortalizados e esta é uma tarefa que não refoge às possibilidades humanas. A inteligência é fruto da unidade do ser consciente do indivíduo. Deve e pode ser imortalizada aqui na Terra por progressivas realizações. Cada aspiração nobre, cada novo progresso que amplie a visão do ser humano e o tire da selvajaria constituem uma imortalização de sua expressão. Cada filósofo ou moralista, pelos conceitos que formularam no sentido de esclarecer os seres humanos, imortalizaram a humanidade aqui na Terra. Todos os idealismos que perseveram, embora tenham mudado a forma com o correr dos séculos e através dos quais o ser humano espera progredir mental, espiritual e fisicamente, constituem uma maneira de imortalizá-lo na Terra, porquanto é fruto do eu.”
“Somos propensos, por nossas próprias características, a pensar em termo de individualidade, principalmente, mas a imortalidade também pode ser construída num sentido coletivo, uma vez que o homem, como espécie, é mais importante que qualquer indivíduo. A partir dessa concepção, o eu pessoal submerge então no esforço e no desenvolvimento coletivo de todas as espécies.”
“O indivíduo continuará a viver, não mais como consciência pessoal o entidade isolada, mas como partícipe de toda motivação que ele e milhões de outras criaturas, durante a existência, conferem a toda corrente da vida humana.”
“Neste sentido, a morte elimina a consciência pessoal a que chamamos eu pessoal”
“Os pensamentos e a influência pessoais, não importa quão ínfimos possam ser como parte de uma sociedade, muito contribuem para a consciência unificada, o eu coletivo da humanidade. A personalidade da sociedade constitui ao mesmo tempo obra e imortalização de multidões de seres isolados, dos quais através dos séculos se vem compondo”.
“Jamais lamentamos, por exemplo, a perda de inteligências isoladas existentes em cada célula dos milhões de desconhecidos que a todo ano perecem, a fim de dar existência e fazer funcionar nossos seres integrados físico e mental, pois compreendemos que completaram sua obra e imortalizaram-se por sua participação, em determinado momento, na sobrevivência de todo o nosso ser.”
“A vontade de perpetuar o eu individual, compenetremo-nos disso, é apenas o desejo de glorificar o particular, muito mais que o desenvolvimento da vida a qual o eu isolado constitui somente uma parcela.”


Nota: Este artigo tem por objetivo somente informar ao leitor, e não de criar polêmicas em torno do assunto, porquanto cada pessoa é livre para escolher no que acreditar.


Para quem desejar conhecer a Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis – AMORC, acesse o seu site oficial, clicando neste link: http://www.amorc.org.br/


[1] Lewis, Ralph Maxwell, O Interlúdio Consciente, Biblioteca Rosacruz, Vol. X, 6ª Ed., Coordenação: Maria A.Moura, Editora Renes, Rio de Janeiro, 1974

domingo, 26 de agosto de 2012

ANIMA MUNDI OU ALMA DO MUNDO — A REPRESENTAÇÃO DO PONTO DENTRO DO CÍRCULO














Luiz Carlos Nogueira











O ponto dentro do círculo representa um dos Aforismos Rosacrucianos, ou seja, de que está presente no universo, a Alma do Mundo ou o Espírito Universal (Verbo, Logos, etc. que em outras denominações que significam o mesmo conceito). Em outras escolas esotéricas é conhecida como Anima Mundi

Para os Rosacruzes o círculo simboliza o Infinito ou o Absoluto em seu estado Imanifestado, e o ponto é o foco de tal revelação. O Absoluto ou Infinito Imanifestado é  segundo as correntes místicas ou esotéricas, a conseqüência da Alma Universal. É a idéia do Ovo Cósmico que os antigos ocultistas abrigavam.

Assim, comparam a Alma do Mundo ao alegórico Ovo Cósmico, que contém em si o germe como que de um ovo, que vai se desenvolvendo até eclodir uma forma material e ativa, por assim dizer: que carrega in nuce, o princípio que vitaliza.

Portanto, não há o que se estranhar, que desde as épocas mais prístinas do entendimento da humanidade, o ovo era o símbolo mais empregado para indicar os mistérios da existência e da vida. De tal sorte, os ensinamentos ocultos preferem-no para sugerir a Causa Primeira, que depois foi sendo alegoricamente admitida na imaginação dos antigos pensadores (egípcios, persas, assírios e gregos), pela representação de uma Ave invisível que botava um ovo no caos, de onde surgia o universo.

Para os egípcios o deus Rá, assim como Brama, incubava o ovo do universo. Os cristãos das igrejas latinas e gregas, também chegaram a adotar esse símbolo, porque lembrava-lhes a ressurreição e a vida eterna. Daí o costume de presentear com ovos de páscoa, que perdura até nossos dias.

Por conseguinte, retomando à alegoria da Alma do Mundo, os antigos ensinamentos de todas as doutrinas, diziam que o Mundo tinha uma Alma indivisível e que as personalidades humanas e suas almas, embora aparentassem estar separadas, na verdade estavam atreladas e unidas por laços etéreos ou invisíveis.

Tudo isso podemos achar escrito em A Doutrina Secreta dos Rosa-Cruzes, de William Walker Atkinson, o Magus Incognito (Ed.Pensamento, SP, 1976 – Tradução de Frederico Pessoa de Barros). E a parte mais interessante do seu livro, explica que “O Logos, como idéia, é uma variedade especulativa — filosoficamente falando — que o conceito fundamental da Alma Vital, já que o Logos, cuja evolução vem desde a escola de Heráclito de Éfeso, apresenta-se, sob uma lei do mundo objetivo, como uma espécie de elemento diretor que regular os movimentos de equilíbrio das coisas. Não se pode esquecer que o Logos constitui a parte vital da filosofia estóica. Esta escola tinha-o como força motriz que gerava no Universo um princípio produtor. A esse respeito se disse: ‘O Logos é um Ser intermediário entre Deus e o mundo, e está difundido pelo mundo objetivo. O Logos não existe desde toda a eternidade, como existe Deus; e, contudo, sua gênese não é da mesma índole que a nossa ou que as das outras criaturas. É o Unigênito de Deus. Deus criou o mundo por meio do Logos’

“Mas existe outro conceito de grande importância — por outro aspecto, uma variação do mesmo axioma — e é o chamado Demiurgo. Que valores estão encerrados dentro deste conceito? Os discípulos de Platão consideraram o Demiurgo como Poder que Deus ser serviu para criar o Universo. Essa concepção é magnífica, se se levar em conta  que existe uma analogia entre esse conceito e o do Deus-Natureza, proclamado pelos panteístas, e a chamada Natureza vivente dos adeptos de outras escolas filosóficas que floresceram na época do esposismo. A Vida Universal era o Demiurgo, e as almas das criaturas viventes são grãos dele desprendidos. Embora seu verdadeiro sentido , junto aos discípulos de Platão, não chegasse à concepção definida de que o Demiurgo era Deus, significava evidentemente a primeira manifestação de Deus ao criar o Universo e ao mantê-lo na forma de Matéria e Espírito.”

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

PODE O CRISTÃO SER MAÇOM? - Por Valdemir de Barros Sarmento





de: Orivaldo Cardoso Filho ocardosofilho@gmail.com
para Luiz Carlos Nogueira <lcarlosnogueira@gmail.com>,
data: 23 de agosto de 2012 12:59
assunto: Fwd: ENC: PODE O CRISTÃO SER MAÇOM?
enviado por: gmail.com
assinado por: gmail.com

Leitura da Biblia Sagrada, na abertura de uma sessão maçônica


DA AUTORIA DE UM PASTOR PRESBITERIANO atuante, IRM:. VALDEMIR DE
BARROS SARMENTO, MI (do GOPE)



PODE O CRISTÃO SER MAÇOM?


                Claro que sim!




 Muita gente questiona o ingresso do Cristão na Maçonaria,  por
acreditar que a Maçonaria ensina e pratica coisas que vão de encontro
ao cristianismo.  É importante conhecer mais de perto essa
Instituição, para não engrossar o coro daqueles que falam sem nenhum
conhecimento de causa.


É impossível alguém esclarecido e sincero, afirmar que a Maçonaria é
indigna do cristianismo.


Assim repetimos a pergunta:  Pode o cristão ingressar na Maçonaria?


 É claro que sim!



VEJAMOS ALGUMAS RAZÕES:




Primeira:  Ele aprende na Maçonaria a por em prática o amor:


a)     Amando a Deus  (o G:.A:.D:.U:.).

b)    Amando  o Livro da Lei ( A BÍBLIA).

c)     Amando a Família.

d)    Amando o Irmão.

e)     Amando o próximo.

f)      Amando a Pátria.




Segunda: Ele aprende na Maçonaria a respeitar sem nenhum constrangimento:


a)     As diferenças raciais e sociais.

b)    As diferenças religiosas ou filosóficas.

c)     As diferenças político-partidária.




Terceira:   Ele aprende na Maçonaria a dominar e vencer as suas Paixões:


a)     Vencendo a forma egoísta de encarar a vida.

b)     Vencendo a forma distante de encarar a dor alheia (de quem precisa).

c)     Vencendo a forma unilateral de rogar as bênçãos de Deus (G:.A:.D:.U:.).

d)    Vencendo a forma deturpada de levar vantagem em tudo.


Quarta:  Ele aprende a ser verdadeiro:


a)     Verdadeiro Obreiro da Arte Real.

b)    Verdadeiro esposo, fiel amante, daquela que é a rainha do seu lar e mãe de seus filhos, companheira nas horas de alegria e tristeza.

c)     Verdadeiro Pai, sacerdote do lar e sempre presente na vida da sua Família.

d)    Verdadeiro Irmão, amigo e leal, sempre disposto e atento as necessidades daquele que é reconhecidamente Irmão, independente da Loja, Rito ou Potência.

Depois desse breve esclarecimento, pode alguém dizer que a Maçonaria é
diabólica e indigna do cristianismo?  É claro que não!  Só mesmo quem
não quer dar o braço a torcer insiste no erro de continuar falando
mal, daquela que sempre faz o bem.



A Maçonaria é um dos braços de Deus aqui na terra, para tornar a
convivência entre as pessoas mais pacífica, fraterna e agradável.


Pode alguém falar mal de uma Instituição que ama a Deus e ao Próximo, que ama a Pátria e defende a Natureza, que prega,  defende e vive, a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade?


Sem dúvida alguma, o cristão pode ser maçom, pois a Maçonaria é o
lugar dos homens de Bem, Livre e de Bons Costumes.


Que o Grande Arquiteto do Universo continue iluminando e abençoando
ricamente os Obreiros da Arte Real, Construtores de um Mundo cada vez
melhor.


                                                       Que Assim Seja!




Irmão Valdemir de Barros Sarmento, MI,  GOB.  Recife 12 julho 05

(OBS.:  O Irm:. Valdemir é PASTOR PRESBITERIANO atuante).



Matéria repassada por e.mail,  pelo meu amigo Cel. Orivaldo Cardoso Filho

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A parábola do boneco de sal










Adaptação: Luiz Carlos Nogueira









        
         Era uma vez um boneco de sal, cujo maior desejo era conhecer o mar. Certo dia, pôs-se a caminho, com a finalidade realizar esse seu desideratum. Em sua  viagem, atravessou  desertos, campos e matas, planícies e montanhas, até que chegou ao mar, de um azul fascinante, majestoso pela sua imensidão e pelo brilho ofuscante ao meio-dia,  encerrando em si misteriosa presença.

             O boneco ficou ali extasiado. Anoiteceu e um novo dia surgiu com uma brisa acariciando as águas, que respondia aos ainda tímidos raios do sol, produzindo uns poucos reflexos que aumentavam à medida que o astro rei se elevava para cumprir o seu papel. Mas o boneco, nada podia compreender ali extático à margem. Finalmente encheu-se de coragem e perguntou ao mar:
        

-         Diga-me, quem és tu, grandioso espetáculo?
-         Sou o mar! Respondeu-lhe.
-         Sim, mas o que é o mar?
-         Sou eu! Disse-lhe o mar
-         Ainda assim eu não entendo! Falou-lhe o boneco.
-         E o que posso fazer para compreendê-lo?
-         Simplesmente, toca-me!

Então o boneco, um tanto vacilante, levou o seu pé às águas do mar — tocando-o com leveza.  Naquele instante, sentiu uma estranha sensação, de como por mágica, começava a compreender alguma coisa. Mas para seu espanto, ao retirar o pé, percebeu que os dedos haviam sumido. Assustado disse o boneco:

-         O que você me fez? Onde estão os meus dedos?
-         Ora, disse o mar, por que você se queixa? Você, simplesmente ofereceu algo de si para poder me compreender. E não era isso o que queria?
-         Sim, sim, mas... disse o boneco refletindo um instante... Depois disso, resoluto e sem medo avançou para o mar, que foi lhe envolvendo. E cada passo que dava, o boneco perdia parte de si, mas ao mesmo tempo tinha a impressão de compreender o mar cada vez mais. E continuava repetindo a pergunta para si mesmo:
-         O que é o mar?

Finalmente uma última onda absorveu o que restava do boneco. Mas à medida que ia se diluindo começava a compreender cada vez mais. E quando totalmente dissolvido, o boneco se tornou também — o mar. Foi quando o boneco deu a resposta à sua própria indagação: “O Mar Sou Eu”

O que esta parábola quer mostrar, é que o boneco de sal só começou a compreender o mar, na medida em que despojava do seu ego, ou como queiram, do seu eu, ou seja, dando alguma coisa de si mesmo. De tal maneira, nós humanos só podemos alcançar e identificarmo-nos com Deus, se procedermos da mesma forma. Eis o casamento alquímico, que ocorre no fenômeno morte — quando mergulhamos no Absoluto — Deus.



CONCORDÂNCIAS BÍBLICAS (*)


          VELHO TESTAMENTO:


ECLESIASTES 12


LEMBRA-TE DO TEU CRIADOR


“Ec 12.1 Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos em que dirás: Não tenho prazer neles;”

“Ec 12.2 antes que se escureçam o sol e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva;”

“Ec 12.3 no dia em que tremerem os guardas da casa, e se curvarem os homens fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas,”

“Ec 12.4 e as portas da rua se fecharem; quando for baixo o ruído da moedura, e nos levantarmos à voz das aves, e todas as filhas da música ficarem abatidas;”

“Ec 12.5 como também quando temerem o que é alto, e houver espantos no caminho; e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e falhar o desejo; porque o homem se vai à sua casa eterna, e os pranteadores andarão rodeando pela praça;”

“Ec 12.6 antes que se rompa a cadeia de prata, ou se quebre o copo de ouro, ou se despedace o cântaro junto à fonte, ou se desfaça a roda junto à cisterna,”

“Ec 12.7 e o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que o deu.”

“Ec 12.8 Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade.

“Ec 12.9 Além de ser sábio, o pregador também ensinou ao povo o conhecimento, meditando, e estudando, e pondo em ordem muitos provérbios.”




NOVO TESTAMENTO:

O DISCURSO DE PAULO NO AREÓPAGO (Atos dos Apóstolos)

“At 17.27 para que buscassem a Deus, se porventura, tateando, o pudessem achar, o qual, todavia, não está longe de cada um de nós;”

“At 17.28 porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois dele também somos geração.”


(*) Trouxe referências da Bíblia Sagrada, porque o povo ocidental é na sua grande maioria, cristão.


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Não apresse o rio, ele corre sozinho.





O rio corre sozinho, vai seguindo seu caminho.
Não necessita ser empurrado.
Pára um pouquinho no remanso.
Apressa-se nas cachoeiras.
Desliza de mansinho nas baixadas.
Precipita-se nas cascatas.
Mas, no meio de tudo isso vai seguindo seu caminho.
Sabe que há um ponto de chegada.
Sabe que seu destino é para a frente.
O rio não sabe recuar.
Seu caminho é seguir em frente.
É vitorioso, abraçando outros rios, vai chegando no mar.
O mar é sua realização.
É chegar ao ponto final.
É ter feito a caminhada.
É ter realizado totalmente seu destino.
A vida da gente deve ser levada do jeito do rio.
Deixar que corra como deve correr.
Sem apressar e sem represar.
Sem ter medo da calmaria e sem evitar as cachoeiras.
Correr do jeito do rio, na liberdade do leito da vida, sabendo que há um ponto de chegada.
A vida é como o rio.
Por que apressar?
Por que correr se não há necessidade?
Por que empurrar a vida?
Por que chegar antes de se partir?
Toda natureza não tem pressa.
Vai seguindo seu caminho.
Assim também é a árvore, assim são os animais.
Tudo o que é apressado perde o gosto e o sentido.
A fruta forçada a amadurecer antes do tempo perde o gosto.
Tudo tem seu ritmo.
Tudo tem seu tempo.
E então, por que apressar a vida da gente?
Desejo ser um rio.
Livre dos empurrões dos outros e dos meus próprios.
Livre da poluição alheias e das minhas.
Rio original, limpo e livre.
Rio que escolheu seu próprio caminho.
Rio que sabe que tem um ponto de chegada.
Sabe que o tempo não interessa.
Não interessa ter nascido a mil ou a um quilômetro do mar.
Importante é chegar ao mar.
Importante é dizer "cheguei".
E porque cheguei, estou realizado.
A gente deveria dizer: não apresse o rio, ele anda sozinho.
Assim deve-se dizer a si mesmo e aos outros: não apresse a vida, ela anda sozinha
Deixe-a seguir seu caminho normal.
Interessa saber que há um ponto de chegada e saber que se vai chegar lá.


Nota. Achei estes dizeres que estão reproduzidos em alguns sites e blogs. Uns informando tratar-se de autoria desconhecida, outros afirmando ser de autoria da escritora e psicoterapeuta  norteamericana Barry Stevens. Não posso atribuir ou nem dizer que sim e nem que não. Já li e achei ótimo, um livro que possuo, de autoria de Barry Stevens, que tem esse título, publicado pelo Circulo do Livro, cuja foto é esta que segue. De qualquer forma publiquei o texto acima, por conter ensinamentos de importância.




segunda-feira, 13 de agosto de 2012

MOISÉS COM O SEU POVO NO DESERTO - O MANÁ , A CARNE E A ÁGUA EXTRAÍDA DA ROCHA



 










Luiz Carlos Nogueira





   





Na Bíblia Sagrada, em Êxodo, nos capítulos 16 e 17, onde se narra a história de Moisés, quando este se encontrava com o seu povo no deserto, depois de haver deixado o Egito em busca da terra prometida, começaram a faltar víveres , logo surgiram os murmúrios contra Moisés e Araão: “Êx.16:2: E toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão no deserto.” “Ex.16:3: Pois os filhos de Israel lhes disseram: Quem nos dera que tivéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! porque nos tendes tirado para este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão.”.

Por causa disso, Deus teria dito: “Ex.16:4: Então disse o Senhor a Moisés: Eis que vos farei chover pão do céu; e sairá o povo e colherá diariamente a porção para cada dia, para que eu o prove se anda em minha lei ou não.

E então Moisés teria completado, dizendo: “Ex. 16:7: e amanhã vereis a glória do Senhor, porquanto ele ouviu as vossas murmurações contra o Senhor; e quem somos nós, para que murmureis contra nós?”; 16:8: Disse mais Moisés: Isso será quando o Senhor à tarde vos der carne para comer, e pela manhã pão a fartar, porquanto o Senhor ouve as vossas murmurações, com que murmurais contra ele; e quem somos nós? As vossas murmurações não são contra nós, mas sim contra o Senhor.”


E assim Deus teria mandado o maná, conforme está em Êxodo:

16.13 E aconteceu que à tarde subiram codornizes, e cobriram o arraial; e pela manhã havia uma camada de orvalho ao redor do arraial.”

“16.14 Quando desapareceu a camada de orvalho, eis que sobre a superfície do deserto estava uma coisa miúda, semelhante a escamas, coisa miúda como a geada sobre a terra.”

“16.15 E, vendo-a os filhos de Israel, disseram uns aos outros: Que é isto? porque não sabiam o que era. Então lhes disse Moisés: Este é o pão que o Senhor vos deu para comer”

A explicação desse dito milagre, é dada por alguns pesquisadores e historiadores, como por exemplo, Werner Keller, em seu livro “E a Bíblia Tinha Razão” (Melhoramentos, 10ª Ed., São Paulo, 1974). Vejamos um trecho desse livro, no qual o autor explica o que é o maná:


"Em todos os vales em volta do monte Sinai encontra-se até hoje o pão do céu, que os monges e os árabes apanham, conservam e vendem aos peregrinos e aos estrangeiros que por aqui aparecem", escreve no ano de 1483 o decano de Mogúncia, Breitenbach, sobre sua peregrinação ao Sinai. "O dito pão do céu cai pela manhã, ao amanhecer, exatamente como o orvalho ou a geada, e pende como gotas na erva, nas pedras e nos ramos das árvores. É doce como o mel e gruda aos dentes quando se come, e nós compramos algumas partes."

Em 1823 o botânico alemão G. Ehrenberg publicou uma notícia [1] que seus próprios colegas receberam com grande ceticismo. Com efeito, sua declaração era algo verdadeiramente extraordinário: dizia ele que o famoso maná não era outra coisa senão uma secreção das árvores e arbustos da tamargueira, quando picados por uma espécie de cochonilha característica do Sinai.



Cem anos mais tarde, houve uma verdadeira expedição em busca do maná. O botânico Friedrich Simon Bodenheimer e Oskar Theodor, da Universidade Hebraica de Jerusalém, seguiram para a península do Sinai a fim de esclarecerem finalmente a tão debatida questão do fenômeno do maná. Durante vários meses, os dois cientistas exploraram extensamente os vales secos e os oásis em volta do monte Sinai. Seu comunicado causou sensação. Eles não só haviam trazido a primeira fotografia do maná, não só os resultados de suas pesquisas confirmavam as declarações de Breitenbach e Ehrenberg, como mostravam também o realismo com que a Bíblia descrevia a peregrinação dos filhos de Israel pelo deserto.


Sem a cochonilha mencionada pela primeira vez por Ehrenberg, não haveria, com efeito, maná. Esses pequenos insetos vivem sobretudo nas mencionadas tamargueiras, nativas do Sinai, que pertencem às acácias. Essas árvores exsudam uma secreção resinosa característica que, segundo os dados de Bodenheimer, tem a forma e o tamanho da semente do coentro. Ao cair é branca e só depois de ficar muito tempo no solo adquire uma cor pardo-amarelada. Naturalmente, os dois pesquisadores não iam deixar também de provar o maná. "O gosto dos grãozinhos cristalizados do maná é de uma doçura característica", diz Bodenheimer. "A coisa a que mais se pode comparar é ao açúcar de mel, produto do mel de abelha velho." "Era como a semente de coentro, branco", diz a Bíblia, "e o seu sabor como o da farinha amassada com mel" (Êxodo 16.31).

Os resultados da expedição confirmaram igualmente o resto da descrição bíblica do maná. "Cada um, pois, colhia pela manhã quanto podia bastar para seu alimento; e, quando o sol fazia sentir seus ardores, der­retia-se" (Êxodo 16.21). Da mesma forma, os beduínos da península do Sinai ainda hoje se apressam a apanhar todas as manhãs seu "mann es­sama", isto é, o "maná do céu", porque as formigas são concorrentes ávidas. "Mas estas só começam sua atividade quando o solo atinge uma temperatura de vinte e um graus centígrados", diz o comunicado da expe­dição. "Isso ocorre por volta das oito e meia da manhã. Até então os animalículos estão ainda entorpecidos." Tão logo as formigas ficam ágeis, desa­parece o maná. Devia ser isso o que o cronista bíblico queria dizer ao falar que ele se derrete. Os beduínos têm sempre o cuidado de guardar o maná num pote fechado, pois do contrário as formigas caem sobre ele. O mesmo aconteceu durante a peregrinação dos israelitas sob a direção de Moisés: "E alguns conservaram até de manhã, e ele começou a ferver em vermes e apodreceu..." (Êxodo 16.20).

A ocorrência do maná depende de uma chuva de inverno favorável e é diferente de ano para ano. Nos anos bons, os beduínos do Sinai recolhem até um quilo e meio por homem cada manhã. Uma porção respeitável que chega perfeitamente para satisfazer um adulto. Assim foi que Moisés pôde ordenar aos filhos de Israel: "Cada um colha dele quanto baste para seu alimento" (Êxodo 16.16).

Os beduínos fazem das gotas de maná uma massa muito apreciada e rica em vitaminas, que usam como complemento de sua alimentação fre­qüentemente monótona. O maná é até um artigo de exportação e — bem conservado — uma excelente "ração de reserva", pois conserva-se por tempo indefinido.”


"E Moisés disse a Arão: Toma um vaso, e mete nele maná quanto pode conter um gômer, e põe-no diante do Senhor para se conservar pelas vossas gerações" (Êxodo 16.33).

"E os filhos de Israel comeram maná durante quarenta anos, até che­garem a um país habitado; com essa comida se alimentaram até chegarem aos confins do país de Canaã" (Êxodo 16.35).


Deus teria mandado a carne, conforme explica o citado autor:







                                                Figura 20 - Captura de codornizes na margem do Nilo.



“Aconteceu, pois, de tarde virem codornizes, que cobriram os acam­pamentos; e pela manhã havia uma camada de orvalho em volta dos acam­pamentos. E tendo coberto a superfície da terra, apareceu no deserto uma coisa miúda, e como pisada num almofariz, à semelhança de geada sobre a terra. Tendo visto isso os filhos de Israel, disseram entre si: Manhu? (que é isto?). Porque não sabiam o que era, e Moisés disse-lhes este é o pão que o Senhor vos dá para comer (Êxodo 16.13 a 15).”

“Repetidamente tem-se discutido com mais ou menos base a questão das codornizes e do maná. Quanto ceticismo têm provocado! A Bíblia fala de coisas maravilhosas e inexplicáveis. Mas codornizes e maná são inteira­mente naturais. Basta consultar um naturalista ou os naturais da terra, que ainda hoje podem observar o mesmo fenômeno.
A saída de Israel do Egito começou na primavera, a época das grandes migrações das aves. Partindo da África, que no verão se torna insuporta­velmente quente e seca, as aves seguem, desde tempos imemoriais, duas rotas para a Europa: uma pela extremidade ocidental da África, para a Espanha, e a outra pela região oriental do Mediterrâneo, para os Balcãs. Entre essas aves encontram-se codornizes, que nos meses da primavera voam por cima das águas do mar Vermelho, que têm de atravessar em sua rota para leste. Cansadas do grande vôo, deixam-se cair nas planícies da costa a fim de recobrarem forças para a viagem por cima dos altos montes até o Mediterrâneo. Flávio Josefo (Ant., III, 1.5) relata uma experiência semelhante, e ainda em nossos dias os beduínos dessa região apanham com a mão, na primavera e no outono, as codornizes exaustas.”


E finalmente, Moisés extrai água das rochas:


[...] "não havia água de beber para o povo" (Êxodo 17.1). Nessa aflição Moisés teve de tomar da sua vara e ferir um rochedo para fazer brotar água (Êxodo 17.6), o que é conside­rado completamente inconcebível pelos céticos e por outros, embora, tam­bém nesse caso, a Bíblia apenas descreva um fato natural.

O Major C. S. Jarvis, governador britânico do território do Sinai na década de 30, comprovou isso pessoalmente. Escreve ele [2]:

"Moisés ferindo o rochedo em Rafidim e fazendo brotar água parece um verdadeiro milagre, mas este cronista viu com os próprios olhos um fato semelhante. Alguns membros do corpo de camelos do Sinai haviam feito uma parada num vale seco e dispunham-se a cavar a areia grossa que se amontoara ao fundo da parede rochosa. Queriam atingir a água que se filtrava lentamente através da rocha calcária. Os homens trabalhavam len­tamente, e então o sargento de cor Bash Shawish disse:

'Vamos logo com isso!'

Tomou então a pá das mãos de um dos homens e começou a cavar com grande ímpeto, como costumam fazer os sargentos em todo o mundo quando querem mostrar aos seus comandados o que eles são capazes de fazer, mas que não tencionam fazer durante mais de dois minutos. Um de seus golpes atingiu a rocha. A superfície lisa e dura que se forma sempre sobre a pedra calcária exposta ao tempo rompeu-se e caiu. Com isso ficou exposta a rocha mole embaixo, e de seus poros brotou um grande jorro de água. Os sudaneses, que estão bem a par dos fatos dos profetas, embora não sejam especialmente respeitosos com eles, aclamaram o sargento exclamando:

'Olhem o profeta Moisés!'
Isto é uma explicação muito esclarecedora do que deve ter ocorrido com Moisés quando golpeou o rochedo em Rafidim."

sábado, 11 de agosto de 2012

VISÃO DIFERENTE - Richard Simonetti




Deus é a inteligência suprema e causa primária de todas as coisas.
É eterno, infinito, imutável, imaterial, único, oni­potente, soberanamente justo e bom.

Pesquisa publicada pela Revista Veja, edição 1489, de 2.4.1997, revela que noventa e nove entre cada cem brasileiros acreditam em Deus.

Como os adúlteros, os estelionatários, os assassinos, os as­saltantes, os egoístas, os maledicentes, os mentirosos, os prepo­tentes, os violentos, os agressivos, todos os que se comprometem em deslizes morais, constituem bem mais de um por cento da população, a conclusão é óbvia:

Essa gente toda é o que é, não obstante acreditar em Deus.

Espantoso!

Teoricamente, a crença num poder supremo que nos criou, que nos governa, que nos vê, que julga nossas ações, impondo- -nos penas ou recompensas, é o grande instrumento para disci­plinar o comportamento humano.

Essa contradição não é novidade.

Já em sua Epístola Universal (2:19) o apóstolo Tiago diz que o diabo (o Espírito mau) também crê em Deus, e até treme! Nem por isso deixa de fazer diabruras.

Fácil entender.

A presença de Deus é algo muito vago para o homem co­mum, às voltas com seus problemas e interesses.

A própria inexorabilidade da Justiça Divina, não obstante enfatizada pelas religiões, não o impressiona, suficientemente, a ponto de conter seus impulsos desajustados.

Situa-se como o motorista que conhece o código de trân­sito, sabe que há multas pesadas para os infratores, porém não se sensibiliza.

A fiscalização é precária, distante...


***

Pior tem acontecido ao longo da História.

Gente esperta, que diz acreditar em Deus, serve-se dele para satisfazer suas ambições e desejos.

Em seu nome, guerreiros e religiosos vêm produzindo es­tragos imensos.

Já no tempo de Moisés, em nome de Deus, os judeus passa­vam a fio de espada, em terra inimiga, tudo o que tivesse fôlego — homens e mulheres, velhos e moços, aves e animais...

Durante a Idade Média, em nome de Deus, inquisidores mandavam para a fogueira pessoas que se atreviam a contestar seus interesses.

Nas Cruzadas, em nome de Deus, os cristãos da Europa di­zimaram populações imensas, com a “piedosa” intenção de liber­tar o solo sagrado da Palestina.

Ainda hoje, em nome de Deus, fanáticos promovem banhos de sangue em várias regiões do mundo.

Devemos isso às concepções antropomórficas desenvolvi­das pelas religiões — um Deus à imagem e semelhança do ho­mem, como um soberano celeste a governar o Universo, com as mesmas paixões e limitações que nos caracterizam.

Um Deus tão passional e impotente que, em determinado momento, como está na Bíblia, arrependeu-se de nos ter criado e até pensou em acabar com a raça humana.

Por isso as pessoas acreditam em Deus — isso é intrínseco, o sentimento do filho que intuitivamente admite a existência do pai que o gerou — mas não conseguem viver como seus filhos.

Falta-lhes esclarecimento e motivação, ausentes nas fanta­sias que lhes são oferecidas.

***

A Doutrina Espírita propõe uma visão diferente.

Deus não é o soberano celeste, distante, inacessível, que tem preferências, insensível às dores humanas.

Deus é o cérebro criador, a inteligência cósmica que edifi­cou o Universo e sustenta a vida.

O livro Gênesis, na Bíblia, revela que fomos criados à sua imagem e semelhança.

Simbolicamente está perfeito.

O que identifica nossa filiação é o poder criador, presente em nossas iniciativas, a se manifestar em nossas ações.

Somos, por isso, senhores de nosso destino, mas submetidos a Leis Divinas que determinam colhamos todo o bem que semea­mos, tanto quanto o mal se voltará contra nós se o exercitarmos.

Isso ocorre inexoravelmente, não num futuro distante, re­moto, na vida espiritual, em etéreo tribunal...

O julgamento é instantâneo e permanente.

Somos julgados por nossos sentimentos, pensamentos e ações a cada momento, incessantemente, experimentando, inelu­tavelmente, a felicidade ou a infelicidade, a euforia ou a depressão, a alegria ou a tristeza, de conformidade com nossas motivações.

É fácil constatar isso.

Experimentemos cultivar, durante todo um dia, apenas pensamentos bons, sentimentos nobres, ações edificantes...

Por 24 horas proponhamo-nos superar os interesses imediatistas, a ajudar o necessitado, a colaborar com o colega de trabalho, a respeitar as pessoas, a não falar mal de ninguém, a perdoar as ofensas...

Durante 1.440 minutos, comportemo-nos como filhos de Deus, o Pai de infinito amor e misericórdia que, como ensina Jesus, faz nascer o Sol para bons e maus, e descer a chuva sobre justos e injustos...

Passemos todo um dia dessa forma e, à noite, quando en­costarmos a cabeça no travesseiro, experimentaremos abençoada tranquilidade e dormiremos o sono dos justos.
Será tão gratificante que desejaremos viver assim todos os dias!

***

Nos comentários à questão treze, em O Livro dos Espíri­tos, Allan Kardec explica por que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente e soberanamente justo e bom.

A maior dificuldade está em entender como o Criador pode ser justo e bom se há tanta injustiça e maldade no mundo.

Como pode permitir que crianças morram de fome?

Que ditadores oprimam populações imensas?

Que ricos mercadores explorem seus subordinados?

Que bandidos aterrorizem as pessoas?

Que torturadores façam tantas vítimas?

Ante essas dúvidas, muitos se desesperam e perdem a fé, principalmente ao enfrentarem tragédias pessoais, que envolvam a morte de familiares, a doença, a perda dos bens materiais, a privação da liberdade...

Onde está esse Senhor Supremo que não os atende?!

Que pai é esse que não satisfaz suas necessidades nem re­solve seus problemas?!
Sentem-se entregues à própria sorte!

Se Deus existe, reclamam, não está nem um pouco preocu­pado com seus filhos que lutam e choram no mundo.

Aqui, amigo leitor, nenhuma doutrina filosófica ou religio­sa nos satisfará, se não considerarmos nossa condição de seres em evolução, transitando pela Terra.

Passamos por múltiplas experiências reencarnatórias. Co­lhemos em cada uma delas o que semeamos nas anteriores, cres­cendo espiritualmente, desenvolvendo potencialidades, rumo à angelitude, como a pedra bruta submetida ao buril que a trans­formará num diamante.

A partir dessas noções começamos a entender que Deus semeou em nosso coração algo de sua grandeza — a justiça e a bondade, que devemos desenvolver por iniciativa própria, valori­zando nossas aquisições.

Jamais seremos felizes enquanto não o fizermos.


Trecho extraído do livro “Espiritismo, uma nova era”, de Richard Simonetti, , editado pele Federação Espírita Brasileira (FEB), que pode ser adquirido pela Loja Virtual da entidade, acessando: http://www.feblivraria.com.br/cgi-bin/loja.pl