quarta-feira, 21 de agosto de 2013

ESPÍRITO, ALMA E CORPO



 

 

 

 

 

Luiz Carlos Nogueira










Um leitor dos meus blogs sugeriu-me para apresentar uma pesquisa que possa oferecer uma melhor compreensão da composição trina do ser humano. Não tenho a pretensão de dizer que esta é a verdade última, tampouco desejo polemizar o assunto, porque afinal de contas só quem poderia mesmo dizer do acerto ou desacerto destas buscas seria o Deus criador de tudo o que existe.

Todavia, remeto-me ao Novo Testamento, em II Tessalonicenses 5:23 (tradução de João Ferreira de Almeida), onde se encontra referência sobre a composição fisico-espiritual do Homem, ou seja, de que ele é constituído de espírito, alma e corpo:

“23 E mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo.”

Essa interpretação acima é “tricotomista”.

Contrapondo-se a ela está a interpretação “dicotomista”, segundo a qual sustenta que o homem possui apenas corpo e alma, sendo esta última, dividida em duas substâncias: a alma propriamente dita, ligada aos nossos sentimentos, e o espírito, que tem consciência e possui o conhecimento de Deus.

Se consultarmos o Antigo Testamento, iremos constatar que ele não faz muita distinção entre alma e espírito — Gênesis 2:7: "E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e SOPROU em seus narizes o fôlego da vida. E o homem foi feito ALMA VIVENTE" ; Salmos 79:39: “Porque se lembrou de que eram carne, um VENTO (rúach) que passa e não volta.” . Ezequiel 3:19: “[...] êle morrerá na sua maldade, mas tu livraste a tua ALMA.”

Todavia o termo ESPÍRITO deriva do hebraico "rúach", do grego "pneuma", do latim "spiritus", e SIGNIFICA SOPRO, HÁLITO, VENTO, PRINCÍPIO DE VIDA. Logo, nossa parte imaterial ou espiritual foi formada de uma parte da essência (do sopro) de Deus. Os termos (rúach, pneuma, spiritus) são utilizados  também para aquilo que permanece do individuo após a morte e não perece

Vide Eclesiastes 12:7: “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.”

no Novo Testamento, iremos observar como já foi citado bem no início, algumas DISTINÇÕES ENTRE ALMA E ESPÍRITO: Lucas I: "46 – [...] A minha ALMA engrandece ao Senhor,” 47- E o meu ESPÍRITO se alegra em Deus, meu Salvador". Outras referências: Hebreus 4.12: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que a espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da ALMA e do ESPÍRITO [...] ; Primeira Epístola de S.Paulo Apóstolo aos  Tessalonicenses, 5.23: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso ESPÍRITO, e ALMA, e CORPO, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”.

Dessa análise Bíblica podemos defluir que o homem possui uma parte material (o corpo) formado do pó (átomos), e outra parte imaterial formada do sopro de Deus. Quando esta parte imaterial se relaciona com o corpo físico, em forma de sensações, emoções e vontade, chama-se ALMA; quando serve de ligação com Deus, chama-se ESPÍRITO. Admite-se, portanto, que alma e o espírito são inseparáveis e imortais, com funções distintas no corpo.

Como não disponho de meios científicos para estabelecer as distinções entre os dois elementos presentes no Homem, além do seu corpo físico, faço a presente análise à luz da Bíblia Sagrada, para satisfazer a indagação proposta. E para embasá-la, trago para este trabalho, as explicações do Dr. GÉRARD ANACLET VINCENT ENCAUSSE, o médico que se tornou famoso no meio ocultista, pois em 1887, aos 22 anos, escreveu sua primeira obra, denominada “O Ocultismo Contemporâneo”. E é do seu livro “O TRATADO METÓDICO DE CIÊNCIA OCULTA” (escrito aos 26 anos de idade), de onde podemos extrair um simbolismo muito simples para ilustrar o papel de cada um dos três elementos que compõem o ser humano, conforme está representado pela carruagem jungida ao cavalo, e o cocheiro que o dirige.



— A carruagem que é inerte por sí mesma, representa o nosso corpo físico.

— O cavalo que a puxa ou arrasta, representa o nosso corpo astral ou alma. É passivo, subjetivo, consciência inferior, subconsciência, eu inferior.

— O cocheiro que dirige o cavalo, representa o nosso corpo mental. É o ser ativo, consciência, o eu pensante, o espírito.

corpo físico (carruagem), é formado (de átomos) da matéria como a conhecemos, e tem as funções como a digestão, a assimilação, e locomoção e os diversos fenômenos observáveis e perceptíveis, que são os fenômenos fisiológicos. Os outros dois corpos, mais sutis, se encarregam das funções que os filósofos consideram como faculdades da alma.

O corpo astral, é o “perispírito” (cavalo) assim chamado pelos espíritas, ou a alma sensitiva assim denominada pelos antigos filósofos. Este elemento é composto da matéria do plano astral (matéria rarefeita) e serve como meio de ligação entre o corpo físico e o corpo mental, ou seja, perispírito - (do grego: em torno, e do latim: Spiritus, alma, espírito) é o envoltório sutil e perene da alma, que possibilita sua interação com os meios espiritual e físico. Esta designação foi empregada pela primeira vez por Allan Kardec, no item 93 de “O Livro dos Espíritos”. Alma e perispírito constituem o espírito

É nele que são produzidas as imaginações, a sensibilidade, a dor, as emoções, os desejos, as paixões e os gozos de grau pouco elevado. E é por intermédio dele que se produzem os fenômenos da telepatia, das aparições e visões que temos nos sonhos.

Nos animais irracionais, ele é a sede dos instintos.

E quando dormimos vivemos pelo corpo astral que se movimenta no plano astral, com plena liberdade. Pois esse corpo se desloca pela imensidão do espaço, ligado ao nosso corpo físico, pelo chamado “cordão de prata”.

O corpo mental (cocheiro), formado pela matéria deste plano terrenal, é a sede da inteligência, do pensamento e da vontade. É o nosso eu pensante, a alma dos filósofos (anima, dos latinos; psiquê, dos gregos), no qual todos os fenômenos da consciência são produzidos. Também fazem parte do seu domínio, o juízo, o raciocínio, as resoluções e as deliberações, sendo ele, portanto, o princípio superior que governa todas as nossas funções e preside todas as nossas ações.

Os corpos astral e mental, possuem sentidos correspondentes aos que nós nos comunicamos diretamente com os agentes físicos, porém, a diferença é que se considera o corpo mental mais poderoso.

Quando um desses três corpos embora sendo organismos distintos, porém unidos entre si, percebem uma impressão, esta é imediatamente transmitida para os outros.

O corpo físico é dirigido ora pelo corpo astral e ora pelo corpo mental. Durante o sono é o corpo astral que o submete. Quando estamos em vigília ou acordados, o nosso corpo físico é dirigido pelo corpo mental.

Nossos desejos e paixões nascem em nosso corpo astral, mas é o nosso corpo mental que decide satisfazê-las ou não, porque é o mais forte, exceto se o indivíduo for um louco ou obcecado.

Assim é que podemos agora, começar a entender a posição dos “tricotomistas”, e que ainda passarei a ilustrar, usando ainda o simbolismo de Gérard Encausse, representado pela carruagem, pelo cavalo e pelo cocheiro.

Pois bem, o cavalo (corpo astral), dirigido pelo cocheiro (corpo mental), puxa a carruagem (corpo físico). A regularidade da marcha, representa as manifestações ordinárias de nossa vida normal e equilibrada.

Como o corpo astral (cavalo) é a sede das paixões, que quando despertadas, muitas vezes, tornam o corpo mental (cocheiro) incapaz de controlá-lo. Este estado é representado pelo cavalo que sai em carreira desordenada, arrastando a carruagem (corpo físico) juntamente com o cocheiro (corpo mental) que não pôde dominá-lo.



Quando dormimos, o nosso corpo físico (carruagem) fica como quase abandonado, porque o nosso corpo astral ou alma (cavalo) é desatado da carruagem e o nosso corpo mental (cocheiro) fica ligado a este último, pelas rédeas que se alongam e ameaçam romper-se.




É também nesse estado, que se realizam as viagens astrais, só que nesse caso, a nossa alma fica ligada ao nosso corpo físico pelo cordão de prata.

Esse fenômeno espiritual está mencionado na Bíblia Sagrada (Católica), conforme Eclesiastes 12:6: “antes que se rompa o cordão de prata, que se despedace a lâmpada de ouro, antes que se quebre a bilha na fonte, e que se fenda a roldana sobre a cisterna;.”

Essa cadeia de prata ou cordão de prata, também chamado de cordão fluídico ou cordão astral, é um fio de matéria etérica que liga o corpo físico ao corpo astral. Ele é o meio condutor que transmite energia vital para o corpo físico durante a projeção astral, como também conduz energias do corpo físico para o psicossoma, criando um circuito energético de ida e volta. Enquanto os dois corpos estão próximos, o cordão é como um cabo grosso. À medida que o psicossoma se afasta das imediações do corpo físico, o cordão se torna cada vez mais fino e sutil. O vigor e a elasticidade do cordão de prata são incalculáveis e por mais longe que o projetor estiver, o cordão de prata sempre o trará de volta ao corpo físico. Ele possui uma espécie de automatismo subconsciente que funciona independentemente da vontade do projetor e atrai o psicossoma de volta para o físico, quer ele queira voltar ou não.





De outra forma, ou seja, se não estamos dormindo e o cavalo (corpo astral ou alma) se liberta das rédeas do cocheiro (corpo mental) — é a morte.



Então o cocheiro o prende novamente, fazendo-lhe de sua montaria, e o leva para outro plano, abandonando a carruagem (corpo físico).





                                                                                                              

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

QUAL É A FINALIDADE DAS RELIGIÕES?









Luiz Carlos Nogueira









Esta é uma fábula indiana, através da qual conta-se que havia numa aldeia da Índia, um famoso e respeitável mestre religioso, que costumava falar sobre a finalidade das diversas religiões.

Certo dia, seguidores das mais diversas tradições religiosas, combinaram  para se reunirem, e convidaram o famigerado mestre para falar sobre este tema.

Assim, reunidos todos numa praça pública, elegeram um representante que perguntou ao mestre: “Mestre, fala-nos sobre a finalidade de todas as religiões”.

Então o mestre disse: "Vejam a água que escorre por este canal. Pois bem, seu nascedouro está no alto daquela montanha, mas ao descer pelos vales, forma diversos canais, tornando-se rios que correm todos para o mar. Assim também é o único Deus considerado de várias maneiras, por pessoas diferentes, sendo que algumas delas acabaram criando, cada qual, religiões diversas, porém, com uma única finalidade, qual seja — de chegar a um único Deus, por meio de regras diferentes".