quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Daniel Dunglas Home – O médium famoso que não era espírita.




 Luiz Carlos Nogueira








Daniel Dunglas Home, para a estranheza de muita gente, foi um médium que viveu entre os anos 1833 a 1886 — porém ele nunca foi espírita. Pelo que se tem de registro histórico, ele foi inicialmente metodista, depois tornou-se congregacionalista, católico apostólico romano e, finalmente terminou seus dias na Igreja Ortodoxa Grega.

Pois é isso mesmo, pessoas portadoras do dom da mediunidade, não têm necessariamente que serem espíritas. Não obstante os fenômenos espirituais, ou espíritas, como muitos preferem, acontecessem desde as eras mais remotas, o Espiritismo como Ciência (não exatamente como religião), passou mesmo a ter existência a partir da codificação que se iniciou com O Livro dos Espiritos, a partir de 1857 pelo lionês nascido sob a religião católica, Allan Kardec que é o pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail.

Pesquisadores da mais alta confiabilidade, tais como: Sir William Crookes, físico de renome do século XIX, cientista agraciado: em 1907 com o Prêmio Nobel de Química, e em 1875, com a Ordem do Mérito; Sir Arthur Conan Doyle, escritor famoso, criador do personagem Sherlock Holmes, que viveu entre os anos de 1859 a 1930, que escreveu “A História do Espiritismo”; Sir Edwar Bulwer-Lytton, também outro escritor famoso autor de “Os últimos dias de Pompéia” e “Zanoni”, e outras tantas personalidades merecedoras de crédito, jamais detectaram quaisquer fraudes praticadas por Daniel, que aliás colocou-se inteira e desinteressadamente a serviço da Ciência, como médium de efeitos físicos inigualáveis, submetendo-se a todas as provas que lhe foram aplicadas durante muitos anos, por homens de rígida formação científica, de formas imparciais.

Por conseguinte, Daniel Dunglas Home dispunha-se a realizar sessões em plena luz do dia e diante de pessoas notáveis, produzindo, segundo dizia, com a ajuda dos espíritos, fenômenos como o de mover objetos à distância (Telecinesia). Em 1877 publicou uma obra sob o título de “Luzes e Sombras do Espiritualismo”, na qual forneceu detalhes sobre os truques empregados por falsos médiuns.

Frank Podmore relatou que um dos feitos mais comuns de Daniel era o da levitação: "Todos o vimos elevar-se do chão até uma altura de um metro e oitenta, ficar lá por cerca de dez segundos e, depois, descer vagarosamente". E uma das levitações que mais chamaram as atenções de três expectantes, foi quando Daniel teria se erguido do chão e saído para fora da janela de um quarto, no terceiro andar de um prédio entrando depois por outra janela do outro quarto ao lado. Por conta dessas suas apresentações ele ficou conhecido como “O Médium Voador”.

Na verdade Daniel foi um médium, segundo Arthur Conan Doyle, muito raro, senão o único do seu tempo que reunia quatro faculdades espirituais diferentes, quais sejam: 1) mediunidade de efeitos físicos, que lhe permitia levitar, mover objetos à distância, produzir ventos, 2) clarividência, que é a capacidade que consiste em ver ou antever acontecimentos ou ter conhecimento de fatos ocultos, misteriosos; 3) mediunidade de voz direta, que é a faculdade de deixar com que os espíritos falem de forma audível para os outros; 4) psicofonia, que é a mediunidade que permite aos espíritos falarem através do médium.

Outro fato surpreendente é que Daniel Dunglas Home não acreditava na reencarnação[1] , aliás, dizia ele: “Classifico a doutrina de Allan Kardec, entre as ilusões do mundo” (pág.206), pois, segundo ele, “Kardec não era médium, e sim um mero magnetizador, sob o império da sua vontade enérgica, seus médiuns não passavam de máquinas de escrever, que reproduziam servilmente seus próprios pensamentos.”, e além disso, afirmava que todo o problema reside na doutrina da reencarnação, pois esta “destrói toda a consangüinidade.” (transcrito conforme a palavra está grafada – com trema), porque segundo Home, “os espíritos não se ligam pelo sangue, pela matéria; unem-se pelas afinidades espirituais ou se repelem pela ausência delas.” (pág.209). “O mundo reencarnacionista é como um teatro onde as marionetes aparecem, fazem umas piruetas e desaparecem, sujeitas à vontade de quem manipula os cordéis”. (pág.210)


Vozes diretas (assunto curioso) – acessados hoje 19/12/2013








[1] Pugliese, Adilton Santos, organizador da coletânea de fatos que resultaram no livro “Daniel Dunglas Home, O médium voador”, EBM Editora, 1ª ed. Santo André, SP, 2013.