Luiz Carlos Nogueira
Mestres Ascencionados da Grande Fraternidade Branca
Segundo afirmam algumas Ordens Iniciáticas, mais
especialmente a Sociedade Teosófica, através das obras da sua fundadora Helena
Petrovna Blavatsky (1831-1891), existem seres que chegaram a atingir elevada
evolução espiritual ao longo de sucessivas encarnações e, por isso, tornaram-se
o que denominam de Mestres Ascencionados, Mestres Ascensos ou Avataras (do sânscrito avatara,
que significa “descida”; de avatarati,
“ele desce”; de ava,
“longe” + tarati “ele atravessa”).
Dentre
esses Mestres Ascencionados, três deles, os mais conhecidos (por conta das
mencionadas obras) são: Kut-Hu-Mi (O Ilustre), Morya El e Saint Germain, que
teriam sido os guias de Mme. Blavatsky, esses que aliás compõem uma Assembléia Sagrada
do Cósmico da Grande Loja Branca.
Conforme
os ensinamentos contidos nas obras da Mme. Blavatsky, existe a Grande Fraternidade Branca GFB)[1],
que é a Escola ou Fraternidade da
Grande Loja Branca. Tal Escola ou
Fraternidade invisível, tem por missão preparar os membros visíveis ou discípulos (estudantes) através dos seus vários
ramos organizados em nosso planeta, para futuro ingresso na GFB, pois a Grande
Fraternidade Branca não tem lugar físico para reuniões — seus membros jamais se
reúnem fisicamente.
Encontramos
uma explicação sobre a Loja Branca[2],
no Dicionário de Maçonaria, de Joaquim Gervásio de Figueiredo, conforme está
escrito: “Segundo abalizados autores, é
uma poderosa Fraternidade ou Hierarquia de Adeptos, cujas colunas mestras são o
Amor e a Sabedoria, e de que uma Loja
maçônica é uma miniatura simbólica. Acrescentam eles que, por vontade do G\A\D\U\ essa
Fraternidade vela pela humanidade e através dos séculos vem guiando sua
evolução e governando internamente os negócios de nosso globo. O C\D\T\O\V\M\ é um de seus augustos Membros, bem
como os grandes Instrutores que de tempo em tempo têm aparecido neste mundo
para ministrar ao povo ensinos espirituais, éticos ou filosóficos adequados à
necessidade da época. (Cf. Leadbeater 33º, A Vida Oculta na Maçonaria, caps.
III e VIII; Os Mestres e a Senda, caps. IX e X.)”
(págs.225-226)
Todavia, ao que parece, teria sido Karl Von
Ekartshausen (1752-1803) quem apresentou, pela primeira vez por volta dos anos
de 1700 (século XVIII), a informação sobre essa organização secreta formada por
místicos iluminados, cujo objetivo seria o de promover o desenvolvimento
espiritual da humanidade.
De fato, encontramos
essa referência do escritor, filósofo, místico alemão, no livro The Cloud Upon
the Sanctuary [A Nuvem Sobre o Santuário] publicado depois da morte do autor,
em 1802. Hoje temos a primeira edição em Língua Portuguesa, publicada em junho
de 2007, pela Ordem Rosacruz, AMORC, na qual a ideia do autor está expressa nesse
sentido, conforme excertos que seguem:
[...]
“Essa escola de sabedoria sempre foi a escola mais
secreta e mais oculta do mundo, porque era invisível e submetida unicamente ao
governante divino.
Ela
nunca foi exposta aos acidentes do tempo e às fraquezas dos homens. Porque nela
só os mais capazes eram escolhidos, e o espírito que os acolhia não podia
enganar a respeito deles.
Através
dessa escola desenvolveram-se os germes de todas as ciências sublimes, que
primeiro foram recebidas pelas escolas exteriores e depois revestidas de outras
formas, e algumas vezes tornadas disformes.
Essa
sociedade interior de sábios comunicou às sociedades exteriores, de acordo com
a época e as circunstâncias, sua hieroglifia simbólica, para tornar o homem
exterior atento às grandes verdades do interior.
Mas
todas as sociedades exteriores subsistem apenas enquanto essa sociedade
interior lhes comunica seu espírito. Tão logo as sociedades exteriores tentam
ser independentes da sociedade interior, e transformar o Templo da sabedoria em
um edifício político, a sociedade interior se retira e tudo o que resta é a
letra sem espírito.
Assim
é que todas as escolas exteriores secretas de sabedoria eram apenas cortinas
hieroglíficas, a verdade em si permaneceu sempre no Santuário, para que jamais
pudesse ser profanada.
Nessa
sociedade interior o homem encontra a sabedoria e, com ela, tudo; não a
sabedoria do mundo, que é tão-somente um conhecimento científico, que gira ao
redor do envoltório exterior e jamais toca o centro, onde estão contidas todas
as forças, mas a verdadeira sabedoria e homens que obedecem a ela.
Todas
as contendas, todas as controvérsias, todos os objetos da prudência falsa do
mundo, todos os idiomas estrangeiros, as vãs dissertações, os germes inúteis
das opiniões que espalham a semente da desunião, todos os erros, os cismas e os
sistemas estão banidos dela. Aqui não se encontram nem calúnias, nem
maledicências; todo homem é honrado. A sátira, o espírito que ama se gabar em
detrimento do próximo, são desconhecidos aqui, e só se conhece o amor.”
[...]
(pags.40-41).
Consoante Ekartshausen esses sábios místicos
que compõem o alto conselho oculto e imaterial, são entes que ainda estão nos
corpos carnais ou espíritos que por amor à humanidade, ainda permanecem
realizando seu trabalho em prol da emancipação do ser humano aqui na Terra,
mesmo depois de suas mortes físicas. Faço uma observação de que tais relatos
não são afirmações deste autor, mas das fontes citadas.
Existências secretas de outras dimensões que
interpenetram o nosso orbe terrestre
Sobre a outra dimensão que interpenetra o nosso orbe terrestre, Helena
Blavatsky produziu no final do século 19, incontáveis informações além das suas
obras: Isis Sem Véu e A Doutrina Secreta, que lhes foram inspiradas mais especialmente
pelo Mestre Kut-Hu-Mi, as quais fornecem riquezas de detalhes e uma fonte
filosófica das escolas orientais, falando, inclusive, sobre Shambhala,
que é um local místico frequentemente citado nos
textos sagrados e reconhecido por diversas tradições do Oriente.
Por exemplo, no budismo tibetano, Shambhala
é um reino mítico oculto em algum lugar na cordilheira do Himalaia ou na Ásia central, próximo da Sibéria.
Shambhala
não é como muitos pensam, um reino subterrâneo situado no interior da Terra,
como decorrência da Teoria da Terra Oca, mas acha-se associada à cultura ou à mitologia
de um povo, considerada como sendo uma
das oito cidades sagradas localizadas na quarta dimensão, conforme a
tradição ocultista com base nos textos sagrados do hinduísmo, budismo e taoismo.
Assim é
que para a mencionada ocultista, Shambhala
está associada à doutrina das coisas que devem acontecer
no fim do mundo, sendo lá o berço do Messias que viria para
libertar a Terra
antes do fim do Kali Yuga, ou ciclo de destruição dos
mundos.
Por conseguinte, nesse
reino mítico há um monarca que governaria o mundo — Melki-Tsedeq, ou como
queiram — Melquisedeque, o misterioso personagem citado na Bíblia Sagrada,
conforme se encontra em:
Gênesis 14:18-19
“Gn 14.18 Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote
do Deus Altíssimo;
Gn 14.19 e abençoou a Abrão,
dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra!”
Hebreus 6:17-20
“Hb 6.17 assim que, querendo Deus
mostrar mais abundantemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu
conselho, se interpôs com juramento;
Hb 6.18 para que por duas coisas
imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos poderosa consolação,
nós, os que nos refugiamos em lançar mão da esperança proposta;
Hb 6.19 a qual temos como âncora
da alma, segura e firme, e que penetra até o interior do véu;
Hb 6.20 aonde Jesus, como
precursor, entrou por nós, feito sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.”
Hebreus 7:1-3
“Hb 7.1 Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote
do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão quando este regressava da
matança dos reis, e o abençoou,
Hb 7.2 a quem também Abraão
separou o dízimo de tudo (sendo primeiramente, por interpretação do seu nome,
rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz;
Hb 7.3 sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de
vida, mas feito semelhante ao Filho de Deus), permanece sacerdote para sempre.”
O escritor britânico, James
Hilton, considerava Shambhala um paraíso utópico cujos habitantes viriam no
futuro salvar a Terra das ruínas das guerras provocadas pelo excessivo
materialismo dos povos. Na sua obra produzida em 1933, denominada Lost
Horizon [ Horizonte
Perdido], ele descreve Shangrila como um paraíso espiritual situado num
vale inacessível e secreto no Tibete. Shangrila segundo alguns, seria uma
corruptela romântica de Shambhala. Com base nesse romance foi produzido nos
E.U.A, em 1937, o filme com o mesmo título Lost Horizon [ Horizonte
Perdido], dirigido por Francesco
Rosario Capra.