terça-feira, 26 de março de 2013

OS CÁTAROS ERAM HEREGES?







Luiz Carlos Nogueira





Eram consideradas hereges pela Igreja Católica, as pessoas que não aceitavam e questionavam seus dogmas. Esta condição era um dos motivos que levavam tais pessoas a enfrentarem os tribunais da inquisição. A Inquisição foi instituída pela Igreja Católica Apostólica Romana, com a finalidade de investigar e descobrir os hereges, para reprimi-los com punições severas, que quando não deixavam as pessoas inválidas pelos suplícios que lhe eram aplicados, levavam-nas à morte. A chamada Inquisição Episcopal teve existência desde os primeiros dias da formação da Igreja e foi aplicada até antes do Concílio Vaticano II. A Inquisição Pontificial, foi instituída pelo Papa Gregório IX, nos anos de 1.231 d.C, especialmente destinada a combater os Cátaros (do Grego: “Katharo”, que significa “puro”).

Por que o combate aos Cátaros?

Ora, os Cátaros não reconheciam Jesus como filho de Deus, além de defender a igualdade das mulheres com os homens. Além disso, não aceitavam o ritual de consagração da hóstia, adotando cerimônias muito simples, quando então apenas repartiam o pão entre os participantes. Assim os Cátaros eram cristãos que pensavam diferente da Igreja Católica, no entanto, por simplesmente discordarem dos seus dogmas, foram vitimados pelas cruzadas e pela Inquisição.

Além disso, os Cátaros eram pessoas extremamente simples, que andavam maltrapilhas, vestindo batinas longas e pretas, com as cabeças raspadas, cujos votos muito se assemelhavam aos frades franciscanos. Pelas suas condutas simples, eram respeitados nas comunidades onde chegavam e passavam a conviver com as outras pessoas, tornando-se, por isso,  líderes religiosos que incomodavam o poder da Igreja Católica.

Na verdade o catarismo, foi uma religião que nascera do cristianismo, exatamente pelo fato de que seus seguidores diziam professar, segundo eles afirmavam, os verdadeiros,  ensinamentos de Jesus, o que mostrava diferenças enormemente conflitantes para com as doutrinas vaticanistas. Por causa disso eram acusados de hereges adoradores do diabo, pela Igreja, e provocavam reações terríveis da parte dos papas.

A Igreja Católica, por acaso não observava os ensinamentos do homem de Nazareth? Que segundo o Evangelho escrito por João, no qual Jesus teria dito:

“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.” (São João 13;34)

O escritor Oscar Wilde[1] disse em uma das suas obras, sobre as formas de despotismo, que no caso, eu chamo de ditadura espiritual, cuja autoridade que a pratica não precisa ser necessariamente um Papa, pode ser qualquer um que arrogue para si a qualidade de possuir todas as verdades do mundo espiritual, e o direito de exigir que todos creiam nos seus dogmas religiosos:

“... não há necessidade alguma de separar o monarca da plebe: toda autoridade é igualmente má. Há três espécies de déspota. Há o que tiraniza o corpo. Há o que tiraniza a alma. Há o que tiraniza o corpo e a alma. O primeiro chama-se Príncipe. O segundo chama-se Papa. O terceiro chama-se Povo.”


Abrindo um parêntese, devo dizer que essa intolerância religiosa (que incita, além da discriminação, o cometimento de assassinato), não foi exclusiva dos inquisidores da Igreja Católica. Vemos isso no islamismo, como está claramente expressa no Alcorão[2], quando trata dos “infiéis”. Diga-se que infiéis no caso, são todos os que não são muçulmanos? Os que embora crendo em Deus, sejam eles de quaisquer outras religiões, são infiéis para os muçulmanos?

O que dizer então desta surata? É uma contradição?:

Não há imposição quanto à religião, porque já se destacou a verdade do erro. Quem renegar o sedutor e crer em Deus, ter-se-á apegado à verdade inquebrantável, porque Deus é Oniouvinte, sapientíssimo” (Surata 2:256)

Vejamos, por exemplo, algumas suratas a esse respeito:

2:190 - “Combatei, pela causa de Deus, aqueles que vos combatem...” Matai-os onde quer se os encontreis... combatei-os até terminar a perseguição e prevalecer a religião de Deus...”
2:193 – “E combatei-os até terminar a intriga e prevalecer a religião de Deus. Porém, se se converterem, não haverá mais hostilidades, senão contra os iníquos.”
2:244 “Combatei pela causa de Deus e sabei que Ele é Oniouvinte, Sapientíssimo”.
(Causa de Deus? Religião de Deus?)
3:157-158 “Mas, se morrerdes ou fordes assassinados pela causa de Deus, sabei que a Sua indulgência e a Sua clemência são preferíveis a tudo quando possam acumular.”
3:158- “E sabei que: tanto se morrerdes como ser fordes assassinados, a Deus retornareis”.
3:169 -“E não creiais que aqueles que sucumbiram pela causa de Deus estejam mortos; ao contrário, vivem, agraciados, ao lado do seu Senhor”.
3:195 - “[...] Quanto àqueles que foram expulsos de seus lares e migraram, magoados pela Minha causa, combateram e foram mortos, absorvê-los-ei de seus pecados e os introduzirei em jardins, abaixo dos quais correm os rios, como recompensa de Deus [...]”.
4:74 - “Que combatam pela causa de Deus aqueles dispostos a sacrificar a vida terrena pela futura, porque a quem combater pela causa de Deus, quer sucumba, quer vença, conceder-lhe-emos magnífica recompensa”.
4:76 – “Os crentes combatem pela causa de Deus; os incrédulos, ao invés, combatem pela do sedutor. Combatei, pois, os aliados de Satanás, porque a angústia de Satanás é débil”.
4:89 - “[...] Não tomeis a nenhum deles por confidente, até que tenham migrado pela causa de Deus. Porém, se se rebelarem, capturai-os então, matai-os, onde quer que os acheis, e não tomeis a nenhum deles por confidente nem por socorredor”.
5:54 “Ó fiéis, não tomeis por confidentes os judeus nem os cristãos; que sejam confidentes entre si. Porém, quem dentre vós os tomar por confidentes, certamente será um deles; e Deus não encaminha os iníquos”.

Voltando agora sobre a questão dos Cátaros, que foram perseguidos, torturados e mortos, por incontáveis anos em territórios franceses, por uma Cruzada Albigense[3]  impiedosa, fez culminar na criação do Tribunal do Santo Ofício, mais comumente conhecido como Inquisição. Essa sanha de perseguição abominável teria, segundo fontes históricas, acontecido no século 14, por aproximadamente 200 anos após o surgimento do Catarismo, tendo dessa forma, desaparecido pela tenacidade do papado e seu inimaginável poder que exercia sobre a Europa, na idade média.

Se a história não foi bem contada, pelo menos há registros de que o abade Arnoldo de Amaury, em julho de 1209, teria ordenado a matança de todos os cátaros que haviam se escondido na fortaleza de Béziers, no Languedoc, na França. E a ordem teria sido nestes termos: “Matem-nos todos. Deus saberá reconhecer os seus!”

Como já mencionei, não obstante os cátaros terem a Bíblia como seu livro sagrado, mais especialmente o Novo Testamento, eles acreditavam fudamentalmente no princípio da dualidade dos mundos, cujos reinos, um era invisível, resplandecente, onde reinava o bem, porque era comandado por Deus; o outro era material e visível, comandado pelo diabo — portanto, com essa visão, o catarismo queria dizer que o inferno era aqui mesmo na Terra, o planeta de expiações. De sorte que a vida humana tinha por objetivo a purificação dos espíritos, que teriam que reencarnar indefinidamente, até que ocorresse o dia do Juízo Final, quando todos se salvariam indo para o reino de Deus.

Ao contrário da Igreja Católica, através da “Santa Inquisição”, e do Alcorão Sagrado, os Cátaros não pregavam a matança dos que deles discordavam.

Bom, não pretendo tornar este assunto muito extenso, até porque o leitor poderá realizar outras pesquisas históricas a respeito dos Cátaros, mas para encerrar fica aqui uma pergunta:

— Afinal, quem era mesmo herege???


Outras fontes consultadas[4]:



[1] WILDE, Oscar. A Alma do Homem sob o Socialismo. Tradução de Heitor Ferreira da Costa. Porto Alegre: L&PM, 2003, p. 70.

[2] Alcorão Sagrado; versão portuguesa diretamente do árabe por Samir El Hayek, apresentação de S.E. Dr. Abdalla Abdel Chakur Kamel. São Paulo, Tangará, 1975.

[3] Nome esse em razão dos cátaros terem se aglomerado na cidade de Albi, ficando conhecidos, por isso, de Albigenses.

[4]  —BURL, Aubrey. Hereges de Deus: a cruzada dos Cátaros e Albigenses . Tradução de  Ana Carolina Trevisan Camilo. São Paulo: Madras, 2003.

—O’SHEA, Stephen. A Heresia Perfeita: a vida e a morte revolucionária dos Cátaros
na Idade Média . Tradução de André Luiz Barros, Rio de Janeiro: Editora Record, 2005.

—O’SHEA, Stephen. A Heresia dos Cátaros – Uma Revolução Medieval, ASA, 2003, edição portuguesa.

domingo, 24 de março de 2013

Sete perguntas cruciais e breves ensaios de respostas – Por Fernando Bandeira[1]









Dedicado a Walt Whitman




What
— O que será? Será do jeito e aquilo que quiser ser.

Where
— Onde nos levará? Levará ao Reino da Consciência, do que se foi, do que se em do que será, do propósito para que se foi criado pelo Incriado.

How
— Como será? Será do jeito de cada um, respeitando caracteres idiossincráticos, aristocráticos ou não.

Who
— Quem nos ajudará? Quem puder e quiser mostrar o melhor que há em nós, esquecendo pudores falsos, amores prolixos, para caminhar rumo ao eu mais profundo, arquétipo, ou não.

How much
— Qual é o preço do autoconhecimento? Vale a jornada da vida, plena de percalços, vale a descoberta de nós mesmos, vale o que não tem preço, o que não se pode comprar, porém aguarda desde sempre para ser conquistado, dentro de nós mesmos, qual um diamante, cuja posse nos tornará imensamente ricos. Vale, o valor do amor, custa sim, o preço da felicidade.

When
—Quando será esse dia de sorte? Esse grande dia será quando se desejar profundamente o que se quer realizar. Quando apreendemos o valor da simplicidade, então, será. E não precisará dizer mais nada, porque saberemos que tudo já foi dito embaixo do céu, do sol. Só nos restará seguir o caminho de águas que fluem para o grande mar.

Why
— Por que temos tantas perguntas e tão poucas respostas? Talvez porque não sabemos quem somos, nem de onde viemos, nem para onde, efetivamente, iremos. Porque conhecemos tão pouco o Universo, porque a imensidão do Cosmos nos deixa aterrados, ainda mais terráqueos, quais vermezinhos ao Sol, e logo vem a morte nos abater e nos levar na viagem desconhecida. Todos temos medo, velados ou não, somos filhos do pó das galáxias, viajores sem guarida, querendo se encontrar, conhecer o infinito, ir até o fim, provar o amargo e o doce, viver.





[1] Folhas Brasileiras – Fernando Bandeira – Campo Grande, MS, Life Editora, 2010  - Contato com o autor: ismael.machado@ibest.com.br

quarta-feira, 20 de março de 2013

AS FRAQUEZAS DOS REIS
















Luiz Carlos Nogueira













Conta-se que Nasrudin quis vender um turbante para um rei, por uma soma de muito alta de dinheiro. Assim Nasrudin foi à Corte usando um turbante muito bonito, para não dizer deslumbrante, que chamou a atenção de todos que estavam próximos, inclusive do rei a quem na verdade o Mullá pretendia impressionar.

Ora, não foi difícil, como dizem os pescadores: o peixe morder a isca.

Não se contendo, o rei foi logo perguntando: Narudin, quanto você pagou por esse turbante maravilhoso?

Ao que Nasrudin respondeu: mil moedas de ouro, majestade.

Um vizir que ali estava também, percebendo a astúcia de Nasrudin, quis convencer o rei de se tratava de uma exploração, falando-lhe ao ouvido: Majestade, isso é um logro, pois só um bobo pagaria muito por um turbante, só porque o achou bonito!

Ato contínuo, o rei perguntou: Por que você pagou muito caro pó esse turbante? Que outra pessoa faria isso e por quê?

Muito simples meu rei, eu fiz isso porque tinha a certeza que em todos os reinos, só um rei compraria semelhante coisa. Só um rei merece um ornamento à sua altura.

Assim, tocado pela vaidade despertada pelo elogio, o rei não pensou novamente e decidiu comprar o turbante pelo preço pedido. O negócio foi fechado.

Mais tarde Narudin ao encontrar com o vizir, disse-lhe: Muito bem, você pode conhecer e saber avaliar quanto se pode pagar por um turbante, mas só que eu conheço as fraquezas dos reis.

terça-feira, 19 de março de 2013

Sobre o temor - (Ordem Sufi Tradicional Muçulmana)












     
Vivemos com temor, temor de perder as coisas que  acreditamos possuir: nossa saúde, nossa juventude, nossa  vida, nossa esposa, filhos, dinheiro, trabalho, etc. De  fato, a maior parte do nosso tempo e esforço é usada para  assegurar essas coisas. Seguimos o conselho do nosso  gerente de banco, do nosso advogado, do nosso médico.  Economizamos, somos cautelosos com nossos direitos  legais, fazemos dietas, tomamos remédios. Para apaziguar  de alguma maneira nossos temores de perder nosso bem  estar material, contratamos seguros, abrimos contas de  poupança, fazemos check-up médico, tomamos vitaminas,  corremos pelas ruas. Para obter a aprovação dos outros,  não nos mostramos como somos, mas nos comportamos como  eles querem que sejamos.  Alguns também temem perder sua boa reputação, sua  honra, o respeito e o amor dos outros. Uns poucos tem  medo de perder o seu juízo, sua fé, sua esperança de  salvação no outro mundo e sua religião. Os poucos que tem  medo de perder sua fé e seu lugar no Paraíso, se dão uns  poucos minutos ao dia para a oração, uns poucos dias de  jejum ao ano e enganam quando se trata de dar o que devem  em caridade, mas por nenhum motivo se atrevem ao pagar os  impostos.   Nos queixamos de cansaço, stress, injustiça,  falta de boa sorte, de tirania do governo, da sociedade,  da economia, do chefe, empregados, vizinhos, mães, pais,  esposas e esposos, dos nossos filhos, quase de tudo e de  todos e raramente encontramos falhas em nós mesmos.

Apesar de todo esse esforço, não podemos eliminar nossos  medos.   De fato, quanto mais tentamos e falhamos, pior  nos sentimos e nossos medos aumentam. Este é o estado do  mundo interior. A solução que tem encontrado os que regem  esse mundo (políticos, imprensa, Wall Street) é  oferecer "circo e vinho", diversão e passatempo. Sua  solução não é encontrar força para encarar essa situação  e sim para esquecer e distrair-se. Não funciona! O bêbado  desperta "atordoado" depois de uma loucura momentânea,  volta-se a seus problemas acompanhado de uma terrível dor  de cabeça.   Na realidade não há nada a temer a não ser a nós  mesmos, nosso ego, e seu insaciável apetite que sempre  quer mais do que tem ainda que se tem a todo mundo.

O que  se deve fazer para deter essa demência? Como viver essa  vida com paz e sanidade? Sem dúvida nenhuma não há  conforto nesse mundo. É um teste difícil que dura de  setenta a oitenta anos, pelo qual temos de passar para  encontrar nosso Senhor. É um teste que muito poucos  superam porque escolhem este mundo e as coisas do mundo  como seu professor.   Desde o início Allah enviou 124.000 mestres, Seus  Profetas.

Os professores das coisas mundanas ainda quando  consideram os profetas como mestres, dizem que estão  todos mortos, o último morreu há 1400 aos. Além disso  pertencem a outros tempos e lugares; eles os julgam nos  seus próprios termos. Conhecemos muito bem esta "lógica".  Com a esperança de reduzir nossos medos temos que  triunfar, e triunfar é ser melhor que os outros. Nós  competimos. Nós precisamos ser modernos. O novo não é  novidade. É a mesma coisa antiga com ingrediente a mais.  Assim "novo" é na realidade um pouco a mais que também  valorizamos.   Porém, nossos professores, nossos modelos,  lutaram para fazer a tradição, o "velho" e o "menos", seu  objetivo é ser "nada" .Categoricamente o oposto do que se  pensa e se ensina hoje em dia. Por isso, atualmente a  maior parte da humanidade não tem fé, mesmo aqueles que  se dizem religiosos. A maior parte desses religiosos  foram pelo "caminho da novidade".   Os professores desses novos professores também  morreram, e são esquecidos tão logo seus discípulos são  capazes de agregar alguma coisa nova naquilo que  aprenderam.

Mas o Professor dos profetas é sempre vivo.  Sua mensagem e Sua Criação é uma e constante e os  profetas não podem ser trocados e não podem trocar,  agregar ou eliminar nenhuma parte da mensagem que lhes  foi revelada.   O último e o selo dos profetas, o abençoado  Muhammad, que a paz e as bênçãos de Allah estejam com  ele, foi enviado como um homem. Nasceu e passou  diferentes provas como todo homem em qualquer parte do  mundo, em qualquer tempo. Trabalhou, lutou, comeu,  dormiu, se casou, teve filhos, adoeceu e morreu. A ele  foi revelado o Alcorão, a mensagem de Allah em linguagem  humana, que contém instruções para toda a humanidade.  Tudo que ele pensou, sentiu e fez não veio dele, mas foi  originado por Allah, através dele. Ele era o Alcorão  vivo, um homem perfeito (como Allah quer que todos os  homens sejam) um guia e um exemplo, uma resposta a todas  as nossas interrogações, uma solução para todos os nossos  problemas. Ele não está morto. Seu formoso corpo material  se foi, mas seu espírito vive para sempre. Suas ações em  toda situação possível e condição. Suas respostas e  conselhos para resolver todos os possíveis problemas têm  sido guardados em registros numerosos por muitos de seus  companheiros e estes "hadiths" estão disponíveis em todos  os idiomas.   Seguir suas instruções e seu exemplo não é  difícil. Só temos que decidir fazê-lo, dar-nos ao  trabalho de aprender sua maneira de viver, quer seja  estudando as "tradições proféticas", ou, melhor ainda,  encontrando um professor que  imite.

Contudo, há uma  condição prévia, um requisito prévio, que é a parte  difícil. É a chave para o tesouro da paz e serenidade  neste mundo e no outro mundo. E é dada no seguinte  versículo do Sagrado Alcorão,

Sura 33, ayat 21:   "Realmente tendes no mensageiro de Deus um  excelente exemplo para aqueles que esperam contemplar  Deus, deparar-se com o dia do Juízo Final e evocam Deus  freqüentemente."


 Assim, nós podemos seguir seu exemplo, e imitá-lo  em nossas vidas, somente se tivermos confiança em Allah e  se tivermos confiança na assistência Divina, mantendo-nos  firmes através das provas mais difíceis. Devemos sentir-  nos responsáveis de nossas ações e crenças no Dia do  Juízo final e estar conscientes, ser capazes de ver as  manifestações de Allah ao nosso redor e recordá-lo com  freqüência.   Oh Senhor, ensina-nos a verdade de Muhammad  (saws), guia-nos ao caminho de Muhammad (saws), embeleze  nossos corações com o Amor de Muhammad (saws). E dá-nos  sua Coragem daquele que só teme a Allah como Vós  dissestes.   Aquele que teme a Allah, todas as demais  criaturas o temem.

 Amim bi hurmeti seyyi al Murselin.

Sheikh Tosun Bayrak al-Jerrahi al-Halveti, Agosto  de 1997.

Fonte: site oficial da ORDEM  JERRAHI NO BRASIL (Ordem Sufi Tradicional Muçulmana) – Clique neste link para conferir:


domingo, 17 de março de 2013

AS RELIGIÕES ORGANIZADAS DIANTE DOS CONFLITOS EXISTENCIAIS DO SER HUMANO. SÃO ELAS DETENTORAS DE POSSÍVEIS FRAGMENTOS DAS VERDADES?

















Luiz Carlos Nogueira















Conta-se que depois do “Primeiro Concílio Budista”, organizado pelo monge Kassapa, por volta de 400 a.C, na Caverna de das Sete Folhas, em Rajagaha, com a finalidade do monge Ananda que conviveu diretamente com Sidarta Gautama, reproduzir, de cor, tudo quanto ouviu de Buda (O Iluminado).

A partir daí o Budismo teve início como religião organizada, que segundo o monge Stephen Batchelor[1] “Até Buda, portanto, se sentiu oprimido pela organização que ele próprio criara a fim de preservar e disseminar seus ensinamentos.”, mas, no entanto, Batchelor acrescenta: “Porém, se não houvessem sido organizadas em ortodoxias e instituições, as ideias de Guatama teriam sobrevivido? Por mais que eu simpatize com Ananda em seu conflito com Kassapa, devo reconhecer que, sem a liderança agressiva de um homem com este último numa época tão instável, O Dharma talvez fosse esquecido na geração seguinte à morte de Buda. Se os mosteiros de Será e Songgwangsa não permanecessem por séculos como baluartes de suas respectivas tradições budistas, teria eu recebido a educação e o treinamento graças aos quais posso hoje escrever sobre o budismo? Duvido muito. Quer goste ou não, o espírito que anima a vida religiosa e sua organização formal me parece — com Buda e Mara — inextrincavelmente ligados um ao outro.” “Trocar a religião organizada por uma ‘espiritualidade’ nebulosa e eclética também não é uma solução satisfatória.” (pág.297)

Nota: Mara, segundo o Cânone Páli, é a personificação  da astúcia e do mal – portanto — o demônio.(pag.313)

Mas é interessante notarmos como as opiniões divergem neste sentido. Por exemplo Jiddu Krishnamurti[2] quando rompeu com a Ordem da Estrela do Oriente, na qual foi colocado como chefe, porque segundo sua mãe adotiva Anie Besant, ele seria a nova encarnação do Messias (Bodhisatwa Maitreya), condição que ele se recusou de assumir, disse que: ''A verdade é uma terra sem caminho. O homem não chegará a ela através de organização alguma, de qualquer crença de nenhum dogma, de nenhum sacerdotal ou mesmo um ritual, nem através de nenhum conhecimento filosófico ou técnica psicológica. Ele vai encontrá-la através do espelho do relacionamento, através do entendimento dos conteúdos de sua própria mente, através da observação, e não através de análise intelectual ou dissecação introspectiva".

Em seu discurso quando desse rompimento, Krishnamurti contou uma história, em que: "O diabo e um amigo estavam passeando quando viram, a sua frente, um homem abaixar-se e pegar algo brilhante do chão. O homem olhou para aquilo com deleite, colocou-o no bolso e continuou caminhando. O amigo perguntou: "O que aquele homem achou que o transformou tanto?" O diabo respondeu: "Eu sei, ele encontrou a verdade." "Por Deus!"- exclamou seu amigo: "Isto deve ser um mau negócio para você!". "De jeito nenhum"- o diabo respondeu com um sorriso malicioso: "Vou ajudá-lo a organizá-la, você vai ver só!".

Então Krishnamurti indagou: "Pode a verdade ser organizada? Você pode encontrar a verdade através de uma organização? Elas estão baseadas em diferentes crenças. Crenças e organizações estão sempre separando as pessoas, excluindo umas das outras. Você é um hindu e eu sou um mulçumano, você é um cristão e eu sou um budista. Crenças, ao longo de toda a história, atuaram como uma barreira entre os seres humanos. Nós falamos de fraternidade, mas se você tem uma crença diferente da minha, estou pronto para cortar sua cabeça; nós temos visto isso acontecer inúmeras vezes.”
Continuando, disse: "A experiência de Deus deve ser experimentar por si mesmo. Ela não pode ser organizada. No momento que é organizada, propagada, ela cessa de ser verdade, ela se torna uma mentira. O real, o imensurável, não pode ser formulado, não pode ser colocado em palavras. O desconhecido não pode ser medido pelo conhecido, pela palavra. Quando você o mede, ele cessa de ser verdade, deixa de ser real e, portanto, é uma mentira". 

Assim é em toda organização humana. As dissensões, as disputas pelo poder, as vaidades, enfim, todas as manifestações das deficiências e propensões do ser humano têm que conviver, digamos, sobre o mesmo teto.


No entanto, não se pode negar que apesar de tudo, as religiões oferecem ou servem como algum norte, consolo ou conforto espiritual/psicológico, para quase a totalidade das pessoas, diante dos seus problemas existências e seus infortúnios. Aliás, a busca pelo sagrado constitui um poderoso antídoto contra o sofrimento humano. Até mesmo um ateu reconhece isso.

O físico ateu Marcelo Gleiser, conta em seu livro “Criação Imperfeita”[3], que certa vez, quando de uma entrevista para a Rádio AM de Brasília, na estação rodoviária daquela Capital, rodeado de operários e diaristas, falando de como a ciência explica a origem do universo de acordo com a teoria do Big Bang. Eis, porém, que de repente um trabalhador sujo de graxa e com rugas precoces no rosto, ergueu a mão olhando fixamente para ele, e perguntou-lhe: “Quer dizer que o senhor quer tirar até Deus da gente?”. (pag.41)

Gleiser olhou chocado para aquele homem, sabendo que o que ele lhe indagava naquele momento, representava o questionamento de bilhões de outras pessoas.

De tal sorte, o físico referiu-se a Karl Marx, quando este disse que “a religião é o ópio do povo” e acrescentou: “Se a intenção de alguns é tirar a religião das pessoas, é bom oferecer um outro tipo de ópio. O que o ateísmo oferece — mesmo com todo o seu apelo à razão e à lógica da ciência — não vai funcionar. Ao menos não como costuma ser apresentado, sem qualquer vestígio de espiritualidade.”. Gleiser observa que para evitar confusão, explica que para ele, “espiritualidade não está ligada a uma dimensão religiosa sobrenatural, oposta ao mundo material. Também não está ligada a uma possível conexão espiritual com a ‘mente de Deus’ que os unificadores buscam numa Teoria Final. O que inspira a minha espiritualidade é a ligação profunda que sinto com a Natureza, é uma celebração da vida.” (págs.41,42)









[1] Batchelor, Stephen, Confissões de um ateu budista, tradução de Gilson César Cardoso de Souza — São Paulo: Pensamento, 2012.
[3] Gleiser, Marcelo, 1959,Criação Imperfeita — 5ª edição — Rio de Janeiro: Record, 2012

sábado, 16 de março de 2013

O Homem pode ter felicidade, quando consegue controlar sua mente – Este é um dos ensinamentos de Buda.















“Não há nenhum meio pelo qual se possa escapar da cilada das paixões mundanas. Suponhamos que você tenha apanhado uma cobra, um crocodilo, um pássaro, um cão, uma raposa e um macaco, seis criaturas de natureza muito diversa, e que as tenha amarrado junto com uma corda e as tenha deixado ir. Cada uma delas tentará voltar às próprias tocas, por seus próprios meios: a cobra procurará abrigo na grama, o crocodilo buscará a água, o pássaro quererá voar, o cão procurará uma aldeia, a raposa procurará as solitárias orlas da floresta e o macaco procurará as árvores. Na tentativa de cada um buscar o caminho da fuga, haverá luta, mas, estando atados uns aos outros pela corda, o mais forte deles arrastará todo o resto.

Como as criaturas nesta parábola, o homem é tentado de diversas maneiras pelos desejos dos seus seis sentidos - olhos, ouvidos, nariz, língua, tato e mente - e é controlado pelo desejo predominante.

Se as seis criaturas forem atadas a um poste, elas tentarão fugir até se extenuarem. Assim, os homens deverão treinar e controlar a mente, para que não tenham preocupações com outros cinco sentidos. Se a mente estiver sob controle, eles poderão ter felicidade não só agora, como também no futuro.”




Texto extraído do Livro “A Doutrina de Buda”, ofertado pela:


Fundação Educacional e Cultural Yehan Numata 
Mitutoyo Sul América Ltda. 
Av. João Carlos da Silva Borges, 
CEP 04726-002 1240, 
CX. Postal 4255, Santo Amaro, 
São Paulo-SP, Brasil 
Tel: 5643-7755 Fax: 5641-3722



Visite o site Bukkyo Dendo Kyokai (BDK) 
Sociedade para a Promoção do Budismo 

Bukkyo Dendo Kyokai 
3-14, 4-chome 
Shiba Minato-ku 
Tokyo 108-0014 Japão 
Tel. (03) 3455-5851 

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quarta-feira, 13 de março de 2013

O CAMINHO DO MEIO












Luiz Carlos Nogueira













Quem assistiu o filme “O Pequeno Buda”, certamente se lembrará de uma passagem que contava que Siddartha Gautama, depois chamado de “Buda” (O iluminado), vivia há muitos anos com seus discípulos numa silenciosa floresta, bebendo água das chuvas e alimentando-se de sopa de musgo e até mesmo das fezes dos pássaros, tudo isso numa tentativa desarrazoada de dominar os sofrimentos e assim fortalecerem suas mentes de tal forma que pudessem se esquecer dos seus próprios corpos.

Todavia, Buda caminhava próximo a um rio, no qual vinham flutuando de barco, um maestro e seu aluno. Dizia o velho músico para que o aluno não procurasse afinar o seu instrumento musical, apertando muito suas cordas, porquanto poderia arrebentá-las, apenas deveria apertá-las o suficiente para que não ficassem frouxas a ponto de não poder extrair delas, os acordes.

Ouvindo essa advertência do maestro ao seu aluno, Buda pode perceber uma verdade incontestável que resolveu rever suas práticas que durante muito tempo as fez de forma errada — levando tudo ao extremo.

Ao retornar ao local de onde veio, passou por uma aldeia, e uma aldeã lhe ofereceu um punhado de arroz cozido, o que Buda prontamente aceitou, comendo-o em seguida, porque essa era uma alimentação mais saudável que há muito não tomava, pois só um corpo saudável é capaz de alcançar suas metas.

Ocorreu, porém, que seus discípulos ascetas ao verem o mestre tomar banho e comer como uma pessoa normal, sentiram-se traídos, deduzindo que Siddartha Gautama havia desistido da busca da “iluminação”

Buda então os chamou e os convidou a comerem com ele. Mas seus discípulos sentindo-se indignados, logo sentenciaram dizendo:

Como isto foi possível? Traíste os teus votos, Siddhartha! Desististe da grande busca pela iluminação? Assim não poderemos continuar te seguindo! Como então iremos continuar a aprender contigo?

Antes que seus discípulos se fossem, calmamente Buda replicou-lhes dizendo: – aprender é mudar, pois, o caminho da iluminação está no Caminho do Meio, que é a linha que separa todos os extremos.

No Caminho do Meio está a grande verdade que Siddartha Gautama (O Buda) descobriu, e é por esse caminho que passou a ensinar ao mundo: “Se apertares esta corda demais, ela arrebenta; e se a deixares solta demais, ela não toca”.

sexta-feira, 8 de março de 2013

A DEGENERESCÊNCIA MORAL DO HOMEM É UM FATO NOVO?











Luiz Carlos Nogueira












A degenerescência moral é um fato que atormenta o Homem, desde as eras muito longínquas, ou seja, desde quando o Homem começou a perceber-se como tal, vivia nas cavernas e brigava pela posse do fogo. Portanto, não é um fato que se atribua à modernidade.

É bem verdade que essa degenerescência recrudesceu na nossa era atual, aliás, há os que dizem que isso começou a acontecer após a 2ª Guerra Mundial, com será visto a seguir.

Não sou Gnóstico nem discípulo de Samael Aun Weor, mas também não farei julgamento das suas palavras ácidas, apenas faço a constatação de que soam como uma sentença para essa enfermidade que assola o globo terrestre, conforme trechos extraídos do seu livro “A Noite dos Séculos” (Editora Gnose, 2ª edição, Porto Alegre, RS, 1988)[1], os quais trago ao conhecimento do leitor que fará sua reflexão:

[...]

“Depois da segunda guerra mundial, caiu sobre a humanidade inteira a epidemia moral dos chamados rebeldes sem causa. Esses rapazinhos da nova onda, sem Deus e sem lei, andam em conluios por todos os cantos. Eles matam, ferem, violam, embriagam-se, etc. e nenhum governo consegue controlá-los. O mais grave dos chamados rebeldes sem causa é o seu estado de absoluta irresponsabilidade moral. Quando conduzidos perante os tribunais, nunca sabem porque feriram, porque mataram, e o que é pior: nem lhes interessa saber.” (pág.16)

“O sublime mundo artístico chegou ao máximo da degeneração. O templo da arte converteu-se num bordel, num prostíbulo, onde os homossexuais, os toxicômanos, os alcoólatras, as meretrizes, ladrões e assassinos buscar refúgio. É tão grave a corrupção humana que já fez do homicídio uma arte e para o cúmulo dos cúmulos existe atualmente clubes de assassinos e abundante literatura sobre a arte do assassinato. Todos os setores da arte atual acusam luxúria, drogas, alcoolismo, homossexualismo, sangue, horror...Os autores clássicos são olhados com o mais infinito desprezo. Tocar Beethoven ou Mozart numa festa moderna significa retirada geral dos convidados. Por outro lado, os quatro palhaços blasfemos da música degenerada da Inglaterra são condecorados pela rainha do império e as multidões imbecis beijam até o chão onde eles pisam.” (pag.16)

“Por todas as partes abundam os assassinatos, os roubos, infanticídios, matricídios, parricídios, uxoricídios, assaltos, violações, genocídios, ódios, prostituição, vinganças, feitiçarias, comércio de almas e comércio de corpos, cobiça, violência, inveja, orgulho, soberba, gula, preguiça, calúnias, etc....” [...](págs.16-17)

“Existe também em nosso interessantíssimo mundo certo grupo de pessoas com tendência crescente à degeneração. São pessoas que marcham resolutamente pelo caminho espiral descendentes: bêbados, suicidas, homossexuais, prostitutas, toxicômanos, assassinos, ladrões, etc. Esse tipo de gente repete de forma mais e mais descendente, em cada vida, os mesmos delitos até que no fim entram nos mundos infernais.” (pág.59)

“Em aparente e brilhante contraste com esse tipo de via de descenso ou fracasso, mas numa posição igualmente abominável, encontram-se os cavalheiros do alto mundo, os grandes triunfadores que adoram a Grande Rameira. São eles os milionários e os multimilionários, os cientistas perversos que inventam armas destruidoras, os tenebrosos sequazes da dialética materialista que tiram da humanidade os valores eternos, os fanáticos por esporte, os grandes competidores, os boxeadores, os vaidosos quebradores de recordes, os cômicos que jogam com o monstro das mil caras, as famosas estrelas de cinema que justificam os seus adultérios com inumeráveis divórcios e casamentos, os artistas degenerados da nova onda, pintores, dançarinas de rock, do twist, do mambo, os fundadores de seitas prejudiciais, os escritores de livros pornográficos, os céticos de todo tipo, etc.” (pág.59)

“O tipo triunfador está hipnotizado pelo êxito e é este precisamente o seu maior perigo. Tais pessoas ignoram que estão baixando pela espiral descendente e entrando nos mundos infernais embriagados de triunfo. O tipo triunfador sabe exatamente o que tem de fazer cada vez que retorna a este cenário do mundo e repete sempre as suas mesmas aventuras.” (pag.59)[...]



Eu particularmente penso que tudo isso pode ter causa na quase ausência da educação (tanto do lar quanto das escolas) e nas leis penais que vêm sendo hipocritamente adotadas e ministradas com frouxidão, além das baixarias apresentadas nos meios de comunicação, especialmente nas TVs que fazem as pessoas com mentes apoucadas, darem belas gargalhadas como se tudo fosse absolutamente sadio. Assim é que são forjadas as mentes abortistas e libertinas. Os mendicantes de votos que defendem a descriminalização e a liberação das drogas. Para eles, dirigir drogado e doidão — pode. Mas ai daquele que porventura tiver ingerido algum remédio com algum teor alcoólico e for pego dirigindo veículo automotor, numa blitz.

Somam-se a isso os maus exemplos dos homens públicos, que nunca recebem um corretivo a altura dos crimes que praticam. E quando recebem, são condenações risíveis que nem nos teatros acontecem. Neles sempre o feiticeiro ou a bruxa má sofrem as penalidades que bem mereceram conforme o enredo. Mas tudo também não passa de encenação e do “faz de conta”, como também nos cinemas, em que sempre o “mocinho” ou a “mocinha” vencem o mal.

Todas essas mazelas parecem que estão sendo orquestradas, sob uma só batuta, para um des-concerto no mundo todo.

Para os mais afoitos que abraçam a teoria da conspiração, tudo isso é verdadeiro e não parece ser uma urdidura que teria sido adotada por Adolf Hitler, com a intenção de provocar ódio contra os judeus. Portanto, tudo isso que estamos tratando, parece ter sido programado para acontecer e que está contido no famoso livro “Os Protocolos dos Sábios de Sião”[2], que teria sido escrito por Friedrich Herrmann Ottomar Goedsche, sob o pseudônimo de Sir John Retcliffe.

As ideias lançadas nos famigerados Protocolos, percorrem os caminhos tortuosos das paixões, dos vícios, etc. enfim — da amoralidade psicopática. E isso pode ser constatado pelos trechos extraídos dos referidos Protocolos. Eis alguns trechos para a avaliação do leitor:

[...]

“A política nada tem de comum com a moral. O governo que se deixa guiar pela moral não é político, e portanto, seu poder é frágil. Aquele que quer reinar deve recorrer à astúcia e à hipocrisia. As grandes qualidades populares - franqueza e honestidade - são vícios na política, porque derrubam mais os reis dos tronos do que o mais poderoso inimigo. Essas qualidades devem ser os atributos dos reinos cristãos e não nos devemos deixar absolutamente guiar por elas.”

“Nosso fim é possuir a força. A palavra "direito" é uma ideia abstrata que nada justifica. Essa palavra significa simplesmente isto: "Dai-me o que eu quero, a fim de que eu possa provar que sou mais forte do que vós". Onde começa o direito, onde acaba?”

“Num Estado em que o poder está mal organizado, em que as leis e o governo se tornam impessoais por causa dos inúmeros direitos que o liberalismo criou, veio um novo direito, o de me lançar, de acordo com a lei do mais forte, contra todas as regras e ordens estabelecidas, derrubando-as; o de por a mão nas leis, remodelando as instituições e tornando-me senhor daqueles que abandonaram os direitos que lhes dava a sua força, renunciando a eles voluntariamente, liberalmente...” (págs. 11-12)[...]

[...] “O resultado justifica os meios.” (pág.12)

[...]

“Temos diante de nós um plano, no qual está exposto estrategicamente a linha de que não nos podemos afastar sem correr o risco de ver destruído o trabalho de muitos séculos.”(Pág.12)

“Para achar os meios que levam a esse fim, é preciso ter em conta a covardia, a instabilidade, a inconstância da multidão, sua incapacidade em compreender e discernir as condições de sua própria vida e de sua prosperidade. É necessário compreender que a força da multidão é cega, insensata, sem raciocínio, indo para a direita ou para a esquerda. Um cego não pode guiar outro cego sem levá-lo ao precipício ; do mesmo modo, os membros da multidão, saídos do povo,- embora dotados de espírito genial, por nada entenderem de política não podem pretender guiá-la sem perder a nação.”(Págs.12-13)

“Somente um indivíduo preparado desde a meninice para a autocracia é capaz de conhecer a linguagem e a realidade políticas. Um povo entregue a si próprio, isto é, aos ambiciosos do seu meio, arruina-se na discórdia dos partidos, excitados pela sede do poder, e nas desordens resultantes dessa discórdia. É possível às massas populares raciocinar tranquilamente, sem rivalidades intestinas, dirigir os negócios de um país que não podem ser confundidos com os interesses pessoais? Poderão defender-se dos inimigos externos? É impossível. Um plano, dividido por tantas cabeças quantas há na multidão, perde sua unidade, tornando-se ininteligível e irrealizável.”(pág.13)

“Somente um autocrata pode elaborar planos vastos e claros, pondo cada cousa em seu lugar no mecanismo da estrutura governamental. Concluamos, pois, que um governo útil ao país e capaz de atingir o fim a que se propõe, deve ser entregue às mãos dum só indivíduo responsável. Sem o despotismo absoluto, a civilização não pode existir ; ela não é obra das massas, mas de seu guia, seja qual for. A multidão é um bárbaro que mostra sua barbárie em todas as ocasiões.  Logo que a multidão se apodera da liberdade, transforma-a em anarquia, que é o mais alto grau de barbárie.”(pág.13)

[...]

“Para tomar conta da opinião pública, é preciso torná-la perplexa, exprimindo de diversos lados e tanto tempo tantas opiniões contraditórias que os cristãos acabarão perdidos no seu labirinto e convencidos de que, em política, o melhor é não ter opinião. São questões que a sociedade não deve conhecer. Só deve conhecê-las quem a dirige. Eis o primeiro segredo.” (pág.42)

“O segundo, necessário para governar com êxito, consiste em multiplicar de tal modo os defeitos do povo, os hábitos, as paixões, as regras de viver em comum que ninguém possa deslindar esse caos e que os homens acabem por não se entenderem mais aos outros. Essa tática terá ainda como efeito lançar a discórdia em todos os partidos, desunindo todas as forças coletivas que ainda não queiram submeter-se a nós; ela desanimará qualquer iniciativa, mesmo genial, e será mais poderosa do que os milhões de homens nos quais semeamos divergências. Precisamos dirigir a educação das sociedades cristãs de modo tal que suas mãos se abatam numa impotência desesperada diante de cada questão que exija iniciativa.”(págs.42-43)

“[...].As massas consentirão em ficar inativas, a repousar de sua pretensa atividade política, (a que nós mesmos as habituamos, a fim de lutar por seu intermédio contra os governos dos cristãos), com a condição de ter novas ocupações; nós lhe inculcaremos mais ou menos a mesma direção política. A fim de que nada consigam pela reflexão, nós as desviaremos pelos jogos, pelas diversões, pelas paixões, pelas casas do povo...Em breve, proporemos pela imprensa concursos de arte, de esporte, de toda a espécie: esses interesses alongarão definitivamente os espíritos das questões em que teríamos de lutar com eles. Desabituando-se os homens cada vez mais de pensar por si, acabarão por falar unanimemente de nossas ideias, porque seremos os únicos que proporemos novos rumos ao pensamento...por intermédio de pessoas que se não suspeite sejam solidárias conosco.” (pag.90)

Como podem ver, não é difícil encontrarmos pessoas que santamente acreditam que os Protocolos não constituem uma farsa, por conta de tudo o que está acontecendo na sociedade humana moderna, já que aparentemente são coisas fomentadas por aqueles supostos “sábios”, que se fossem tão sábios assim, os seus protocolos jamais teriam saído do seu circulo secreto.

Sim, porque o que os Protocolos seriam um plano de ação arquitetado por aqueles sábios judeus, que usariam segundo eles, inclusive a Maçonaria, para incitar o ódio entre as classes sociais, promover o liberalismo (que atualmente bem poderia ser o neoliberalismo econômico), destinado a minar os valores tradicionais, desacreditando as instituições dos países, provocando, inclusive, as guerras.

Tal plano de ação visaria levar as nações primeiramente ao socialismo, e depois, ao comunismo que mataria os estados, para depois, então, criarem um governo mundial, argumentando que a ordem sai do caos.

Mas finalmente, o que mais chama a atenção nos Protocolos, é o que está escrito na sua página 11:

[...]

“A política nada tem de comum com a moral. O governo que se deixa guiar pela moral não é político, e portanto, seu poder é frágil. Aquele que quer reinar deve recorrer à astúcia e à hipocrisia. As grandes qualidades populares - franqueza e honestidade - são vícios na política, porque derrubam mais os reis dos tronos do que o mais poderoso inimigo. Essas qualidades devem ser os atributos dos reinos cristãos e não nos devemos deixar absolutamente guiar por elas.”

 “Nosso fim é possuir a força. A palavra "direito" é uma ideia abstrata que nada justifica.[...]”




Daí, a razão das pessoas menos esclarecidas se espantarem diante dessas afirmações, que como uma profecia, se encaixam muito bem e infelizmente, nessas mazelas todas que assumem aos olhos dessas mesmas pessoas, feições apocalípticas.


[1] A 1ª edição de 1981 foi traduzida para o português, da versão original de 1967, em espanhol, que tinha por título “Mensaje de Navidad”.
[2] Edições Júpiter, Rua Visconde de Paranaíba, 376, São Paulo (sem ficha catalográfica)

sexta-feira, 1 de março de 2013

FALANDO AO OUVIDO DE UM BODE?












Luiz Carlos Nogueira








Conta-se que certa vez, o apostolo Paulo encontrou-se com um rabino de uma aldeia judaica e perguntou-lhe sobre algo que intrigava os pregadores do cristianismo, ou seja, diziam eles que em suas andanças pela Palestina, inúmeras vezes viram algum judeu falando ao ouvido de um bode, pois naquela região eles existiam em grande quantidade, mas nunca conseguiram obter uma explicação para aquela prática que os deixava cada vez mais intrigados.

Então o rabino explicou a Paulo, que aquela era uma prática que os ajudava, se não a remir, pelo menos para aliviar seus erros ou suas más ações. É assim que pensava aquele povo — contar suas mazelas para alguém de sua confiança, servia como uma espécie da catarse, um sentimento de alívio à consciência, dos sentimentos, traumas etc. que estavam reprimidos.

Sim, disse Paulo: mas por que um bode como confidente?

Porque, respondeu o rabino: um bode não fala. De tal sorte que os segredos de quem os conta, nunca serão espalhados como pedaços de papéis soltos ao vento, eis porque quando isso acontece, não mais se consegue recolhê-los todos.

Essa explicação teria feito nascer a idéia em Paulo, de sugerir aos seus superiores da Igreja Católica, a criarem um tipo de biombo nos cantos das igrejas, ao qual se deu o nome de “confessionário”. Seguindo-se depois com a catequese levada aos fiéis, para que aliviassem os seus pecados, contando-os aos padres confessores instalados nos ditos confessionários, que até tinham a permissão do papa, para perdoá-los (mas a confissão só se tornou obrigatória no IV Concílio de Latrão, por volta de 1215 d.C.). Eis, portanto, um dos votos que candidato tinha que fazer quando da sua ordenação a padre — o do silêncio absoluto sobre tudo o que ouviam em confissão. Tal voto tinha que ser levado ao extremo, mesmo sob ameaça de morte e até quando fosse o caso, estivesse sendo martirizado.

Aliás, para quem não sabe — é justamente por causa dos chamados “segredos”, que os maçons são chamados de bodes.

O voto do silêncio absoluto sobre tudo o que constitui os verdadeiros “segredos” da Maçonaria, é uma das condições inquebrantáveis impostas ao homem maçom (e atualmente às mulheres iniciadas, já que existe a Maçonaria Feminina).

Mas voltando um pouco sobre a questão da instituição do confessionário e da confissão, dizem que era através dela que a Igreja dominava até os reis e rainhas, assim como todos aqueles que eram considerados seus inimigos. Há escritores como Ernesto Mezzabota[1], que sugerem isso, através dos seus contos românticos; é do seu livro “O Papa Negro”, o trecho que segue transcrito:

“Loiola vira desencadear-se e em seguida serenar o tumulto, se que nas suas faces pálidas e cor de terra se notasse a mais pequena alteração; apenas um pálido sorriso lhe errava nos delgados lábios.
.— Dizia eu, pois, — prosseguiu ele como se nada tivesse notado, — dizia eu que considero como um dever opormo-nos ao desenvolvimento da heresia. . . Irmãos, qual é o fim da nossa Ordem - o restabelecimento do seu antigo poder, o seu domínio em todo o mundo. Ora, esse domínio será impossível, se quisermos exercê-lo entre os povos do norte, que se revoltam contra toda a autoridade Se quisermos fundar um imenso poder oculto, devemos operar entre as nações católicas, e conservar nelas aquela fé invencível à que basta dizer: Crê e obedece, — para que desapareça toda a oposição.
‘Unir-nos-emos em volta do sólido pontifício, como os pretorianos do antigo império, e defenderemos, alargaremos o poder do Papa, que depois será o nosso poder, porque o chefe da Igreja ser sem dar por isso, o nosso prisioneiro. . .’

‘Ensinaremos aos povos que eles devem obedecer com submissão e medo aos seus soberanos, e prestaremos aos reis este apoio obrigando-os a governar segundo a vontade e os fins da nossa Companhia. Por meio dos colégios dominaremos a mocidade, por meio dos confessionários dominaremos as consciências; os penitentes, aterrados pelo rigor fanático dos Dominicanos e dos Franciscanos, acorrerão ao nosso tribunal de penitência, onde a moral será suave, perdão fácil, e o juiz indulgente. . . Irmãos, escutai-me: por este modo, se consentirdes em transformar a nossa Ordem no sentido que vos peço, dentro de vinte anos — não é preciso mais — nos seremos os senhores do mundo!’.”

Por conseguinte, eu já li em algum livro que já não me lembro qual, nem o autor, que quando Napoleão Bonaparte deu o golpe dos 18 Brumários na França (1808), num duplo oportunismo, uniram-se ele e a Igreja, para se livrarem daqueles que se insurgissem contra o seu império despótico. Assim ambos se manteriam no poder.

Pelo lado da Igreja, seus inquisidores reclamavam aos seus superiores, que havia um classe de gente que mais se pareciam com BODES, porque não obstante lhes infligissem os mais dolorosos flagelos, não conseguiam lhes arrancar nenhuma palavra que pudesse incriminar (segundo seus julgamentos) seus companheiros.

E quem era essa gente (BODES)? – OS MAÇONS.

Nota: Não encontrei sustentação histórica para essa lenda.

[1] O Papa Negro, 2ª Ed. Editora Espiritualista, Rio de Janeiro, RJ.