sexta-feira, 1 de março de 2013

FALANDO AO OUVIDO DE UM BODE?












Luiz Carlos Nogueira








Conta-se que certa vez, o apostolo Paulo encontrou-se com um rabino de uma aldeia judaica e perguntou-lhe sobre algo que intrigava os pregadores do cristianismo, ou seja, diziam eles que em suas andanças pela Palestina, inúmeras vezes viram algum judeu falando ao ouvido de um bode, pois naquela região eles existiam em grande quantidade, mas nunca conseguiram obter uma explicação para aquela prática que os deixava cada vez mais intrigados.

Então o rabino explicou a Paulo, que aquela era uma prática que os ajudava, se não a remir, pelo menos para aliviar seus erros ou suas más ações. É assim que pensava aquele povo — contar suas mazelas para alguém de sua confiança, servia como uma espécie da catarse, um sentimento de alívio à consciência, dos sentimentos, traumas etc. que estavam reprimidos.

Sim, disse Paulo: mas por que um bode como confidente?

Porque, respondeu o rabino: um bode não fala. De tal sorte que os segredos de quem os conta, nunca serão espalhados como pedaços de papéis soltos ao vento, eis porque quando isso acontece, não mais se consegue recolhê-los todos.

Essa explicação teria feito nascer a idéia em Paulo, de sugerir aos seus superiores da Igreja Católica, a criarem um tipo de biombo nos cantos das igrejas, ao qual se deu o nome de “confessionário”. Seguindo-se depois com a catequese levada aos fiéis, para que aliviassem os seus pecados, contando-os aos padres confessores instalados nos ditos confessionários, que até tinham a permissão do papa, para perdoá-los (mas a confissão só se tornou obrigatória no IV Concílio de Latrão, por volta de 1215 d.C.). Eis, portanto, um dos votos que candidato tinha que fazer quando da sua ordenação a padre — o do silêncio absoluto sobre tudo o que ouviam em confissão. Tal voto tinha que ser levado ao extremo, mesmo sob ameaça de morte e até quando fosse o caso, estivesse sendo martirizado.

Aliás, para quem não sabe — é justamente por causa dos chamados “segredos”, que os maçons são chamados de bodes.

O voto do silêncio absoluto sobre tudo o que constitui os verdadeiros “segredos” da Maçonaria, é uma das condições inquebrantáveis impostas ao homem maçom (e atualmente às mulheres iniciadas, já que existe a Maçonaria Feminina).

Mas voltando um pouco sobre a questão da instituição do confessionário e da confissão, dizem que era através dela que a Igreja dominava até os reis e rainhas, assim como todos aqueles que eram considerados seus inimigos. Há escritores como Ernesto Mezzabota[1], que sugerem isso, através dos seus contos românticos; é do seu livro “O Papa Negro”, o trecho que segue transcrito:

“Loiola vira desencadear-se e em seguida serenar o tumulto, se que nas suas faces pálidas e cor de terra se notasse a mais pequena alteração; apenas um pálido sorriso lhe errava nos delgados lábios.
.— Dizia eu, pois, — prosseguiu ele como se nada tivesse notado, — dizia eu que considero como um dever opormo-nos ao desenvolvimento da heresia. . . Irmãos, qual é o fim da nossa Ordem - o restabelecimento do seu antigo poder, o seu domínio em todo o mundo. Ora, esse domínio será impossível, se quisermos exercê-lo entre os povos do norte, que se revoltam contra toda a autoridade Se quisermos fundar um imenso poder oculto, devemos operar entre as nações católicas, e conservar nelas aquela fé invencível à que basta dizer: Crê e obedece, — para que desapareça toda a oposição.
‘Unir-nos-emos em volta do sólido pontifício, como os pretorianos do antigo império, e defenderemos, alargaremos o poder do Papa, que depois será o nosso poder, porque o chefe da Igreja ser sem dar por isso, o nosso prisioneiro. . .’

‘Ensinaremos aos povos que eles devem obedecer com submissão e medo aos seus soberanos, e prestaremos aos reis este apoio obrigando-os a governar segundo a vontade e os fins da nossa Companhia. Por meio dos colégios dominaremos a mocidade, por meio dos confessionários dominaremos as consciências; os penitentes, aterrados pelo rigor fanático dos Dominicanos e dos Franciscanos, acorrerão ao nosso tribunal de penitência, onde a moral será suave, perdão fácil, e o juiz indulgente. . . Irmãos, escutai-me: por este modo, se consentirdes em transformar a nossa Ordem no sentido que vos peço, dentro de vinte anos — não é preciso mais — nos seremos os senhores do mundo!’.”

Por conseguinte, eu já li em algum livro que já não me lembro qual, nem o autor, que quando Napoleão Bonaparte deu o golpe dos 18 Brumários na França (1808), num duplo oportunismo, uniram-se ele e a Igreja, para se livrarem daqueles que se insurgissem contra o seu império despótico. Assim ambos se manteriam no poder.

Pelo lado da Igreja, seus inquisidores reclamavam aos seus superiores, que havia um classe de gente que mais se pareciam com BODES, porque não obstante lhes infligissem os mais dolorosos flagelos, não conseguiam lhes arrancar nenhuma palavra que pudesse incriminar (segundo seus julgamentos) seus companheiros.

E quem era essa gente (BODES)? – OS MAÇONS.

Nota: Não encontrei sustentação histórica para essa lenda.

[1] O Papa Negro, 2ª Ed. Editora Espiritualista, Rio de Janeiro, RJ.



2 comentários:

  1. Li esse livro PAPA NEGRO na época da FINPLAN, quando conheci a MAÇONARIA, o que o livro revela, é exatamente esse poder absoluto da IGREJA, onde os interesses são os poderes na sua totalidade e a manipulação do povo... colocamos o sentimento de culpa (O PECADO), temos os colégios para fazer a lavagem cerebral na juventude, o fanatismo dos idiotas, temos os dogmas e as doutrinas... enfim, somos os senhores do mundo... e a história se repete... e a visão repleta de glaucoma e numa cegueira total, vai o povão como verdadeiras vaquinhas a pastar no pasto dos espertos. Abraços - Cicero de Souza Gomes

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