[15:17, 29/06/2020]
Heitor Freire
No Antigo Testamento,
Segundo o Gênesis, a Criação do mundo se deu ao longo de sete dias. No
primeiro, Deus disse: “Faça-se a Luz. E a Luz foi feita” (Gn 1,3). A Criação
prosseguiu nos dias seguintes, até que no sétimo dia Deus viu o seu trabalho
concluído e destinou esse dia ao descanso. “Deus então abençoou e santificou o
sétimo dia” (Gn 2,3). Esse preceito foi observado desde então pelo povo judeu,
por Jesus Cristo e pela Igreja primitiva em seus primórdios: “O sábado foi
feito para servir ao homem, e não o homem para servir ao sábado. Portanto, o
Filho do Homem é senhor até mesmo do sábado” (Mc 2, 27-28).
No período em que
Constantino I (306-337 d.C.) se tornou imperador de Roma, o cristianismo era
visto como uma ameaça aos romanos e, por isso, muitos imperadores que o
antecederam perseguiam os cristãos. Em 323, Constantino I se converteu ao
cristianismo e passou a promover a nova religião, financiando a construção dos
templos. Apesar de o cristianismo ter
sido fortalecido e divulgado em Roma, não se tornou a religião oficial do
Estado, que continuou com o paganismo.
Constantino I acabou por
entrar para a história como primeiro imperador romano a professar o
cristianismo. Segundo a tradição, na noite anterior à batalha da Ponte Nílvia
contra Magêncio, perto de Roma, Constantino I sonhou com uma cruz, e nela
estava escrito em latim: “In hoc signo vinces” (Com este sinal, vencerás).
Segundo a lenda, o rei
Afonso I de Portugal também viu o signo, adotando-o como símbolo nacional e
como um lema a ser seguido. Esta lenda é narrada em Os Lusíadas, de Camões. O
mesmo símbolo seria mais tarde adotado por João III da Polônia, pela nobreza da
Irlanda e por outros povos.
Deve-se a Constantino I a
proclamação do domingo como dia de descanso – ele tomou essa resolução no ano
de 321 d.C. O domingo era considerado o Dia do Deus Sol, divindade oficial do
paganismo e do Império naquela época. Antes do advento do cristianismo, esse
dia correspondia ao dies Solis, isto é "dia do Sol" (Sunday, em
inglês), em honra da divindade do Sol Invicto.
No entanto, o culto ao
Sol Invicto ainda permaneceria em Roma (assim como o uso da denominação dies
Solis), até a promulgação do célebre édito de Tessalônica, em fevereiro de 380, quando o imperador Teodósio
I estabeleceu que a única religião de Estado seria o cristianismo de Niceia e
baniu qualquer outro culto. Assim, em novembro de 383, o dies Solis passou a
ser denominado oficialmente dies dominica (Dia do Senhor) em todo o Império
Romano.
A Igreja difundiu o
entendimento de que o domingo passaria a ser o dia santificado porque foi nesse
dia que Jesus ressuscitou. Ou seja, foi um ato político respaldado por
Teodósio, com um efeito tão forte que foi, tempos depois, difundido e adotado
por todo o mundo dito civilizado.
Na língua portuguesa, a
origem dos nomes dos dias da semana vem da Idade Média. O domingo, derivado do
latim "dies Dominica", dia do Senhor, é considerado hoje o último da
semana para os cristãos. Mas naquela época, era no dia da missa que havia maior
aglomeração de pessoas e, por isso, os agricultores se reuniam em torno da
igreja para vender seus produtos – o primeiro dia de feira. O dia seguinte,
consequentemente, era a segunda-feira. E daí por diante até chegar ao sábado,
cuja origem é o termo hebraico shabbatt, o último da semana para os judeus.
Apesar de ser considerado
o “primeiro” dia de feira, aradoxalmente o domingo passou a ser tratado como se
fosse o último dia da semana, o que de forma alguma lhe subtraiu a origem e seu
significado esotérico, pois é verdadeiramente o primeiro dia da semana, dia em
que foi feita a Luz. Para aqueles que compreendem esse significado, o domingo é
o dia correto em que se deve iniciar qualquer atividade a qual se queira dar
continuidade.
É muito comum as pessoas
dizerem: “Na segunda-feira vou deixar de fumar, vou começar uma dieta, vou
parar de beber, etc”, e esse propósito não prosperar. Por quê? Por que começa
no dia inadequado. Para se iniciar qualquer atividade o dia certo é o primeiro
dia, ou seja, o domingo. Quando eu decidi deixar de fumar, tomei essa decisão
num domingo e nunca mais fumei. Comigo funcionou, e deixo a dica para quem
quiser tentar.
“Se compreendes, as
coisas são como são. Se não compreendes, as coisas são como são”.
Heitor Rodrigues Freire –
Corretor de imóveis e advogado.