Luiz Carlos Nogueira
Por Jean-Paul Laurens (1870), atualmente no Museu de
Belas Artes de Nantes.
Formoso, nascido em Óstia, Itália, não obstante ter sido excomungado quando
ainda era cardeal, por João VIII, sob o pretexto de ter coroado Arnulfo como rei da Itália
(que depois foi imperador da Alemanha), conseguiu por sua enorme influência, ser
eleito o 111º Papa, em 6 de outubro de 891.
Porém Após a sua morte em 4 de abril de 896,
por volta de janeiro de 897, o Papa Estêvão VI, mandou
desenterrar que o cadáver de Formoso, que o antecedeu no papado, determinando
aos seus subalternos, que o vestissem com os seus paramentos do pontificado, e
depois fosse levado para ser submetido a julgamento perante o chamado Sínodo do Cadáver,
sob a acusação de ter sido excessivamente ambicioso para conquistar o cargo de
Papa, de sorte que todos os seus atos deveriam ser declarados nulos.
Na verdade isso foi uma
vingança de Estevão VI, pois tamanho era o seu ódio contra Formoso. Assim o
cadáver foi submetido a intenso interrogatório, e quem respondia por ele era um
clérigo, que aterrorizado confessava todas as suas aventuras e intrigas, todos
os seus supostos crimes previstos no direito canônico.
Por fim, o cadáver foi despido das vestes pontifícias que
já estavam grudadas às carnes putrefatas e fétidas, sendo que os dedos da sua mão
direita foram amputados, dizendo-os indignos de haverem abençoado o povo.
Terminada a horrenda cerimônia que privou o morto da sua dignidade, seu corpo
foi entregue à turba ignara que o jogou no rio Tibre.[1]
Eu
imagino (risos) que o Papa Estevão VI, decerto que não confiava ou não
acreditava no Juízo Final, para que se encarregasse de julgar Formoso,
preferindo, por isso, realizar a sua vigança enquanto era vivo.
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