Há quem milite em partidos políticos, apenas para alcançar prestigio, e o faça sem se preocupar com ideologias; e há, também, quem ande de Confissão em Confissão, religiosa, em busca de proveito próprio.
Não se pense que rondam apenas Igrejas Evangélicas e seitas, porque a Igreja Católica, para Seu mal, é, igualmente, vítima de cobiça.
O Papa Francisco, na homilia que proferiu na capela da Casa de Santa Marta, referiu-se a esse grave problema.
Eis palavras textuais de Sua Santidade: “ Algumas vezes fazemos coisas procurando fazer-nos ver um pouco. Procurando a vaidade. É perigosa, a vaidade, porque nos faz derrapar para o orgulho, a soberba, e depois tudo acaba ai. “
E prosseguiu:
“ Na Igreja há arrivistas, há muitos que usam a Igreja…Se gostas disso, vai para o Norte, e faz alpinismo, é saudável! Não venha para a Igreja para ser alpinista; Jesus vai reprovar estes arrivistas que procuram poder.”
Antigo abade da Igreja de Santo Ildefonso, no Porto, ao ser interpolado porque na sua Igreja e na sua missa, havia hipócritas, respondeu:
- A porta está aberta…até os cães podem entrar!…
Pastor evangélico, que conheci, afirmava, que seria sacerdote abençoado, se na sua Igreja houvesse um crente convicto e virtuoso.
Contou-me, certa ocasião, ao interrogar homem, que periodicamente vinha ao culto, porque não trazia a família, ouviu, estupefacto, esta resposta:
- Não querem…Eu venho, porque sempre levo queijinho ou alimentos…
Estando em Roma, na Basílica de S. António, a conversar com Frei António, frade franciscano, este, disse-me, que determinada seita, convidaram-no para pastorear a congregação da sua terra natal. Como recusasse, por acreditar que a Igreja verdadeira era aquela onde fora criado, argumentaram:
- Por que o vencimento é pouco?!…
Alguns sacerdotes buscam de preferência paróquias ricas e há pastores que mudam, facilmente, de denominação, se o ordenado for mais elevado.
Assemelham-se a jogadores de futebol, que defendem e juram, serem leais à camisola, enquanto não encontram clube que lhes dê maior vantagem.
Após a independência dos territórios ultramarinos, que pertenciam a Portugal, chegaram à Europa, muitas famílias, por razões políticas e de segurança.
Era difícil encontrar emprego, e a maioria não tinham recursos nem amigos.
Alguns jovens aproximaram-se de Igrejas, e semanas depois, declararam estarem disponíveis a estudarem, para serem sacerdotes, logo que conheceram que os pastores obtinham ótimos vencimentos.
Sei, que quem se dedica, como sacerdote, à Igreja, tem direito a receber remuneração, que lhe permita viver decentemente, desde que não tenha outros rendimentos; mas sei, igualmente, que o altar não é balcão de negociatas.
Há paróquias que remuneram de harmonia com o vencimento médio de professor do secundário. Atitude que me parece correta.
Ideal seria as dioceses estabelecerem ordenado e manterem casa onde sacerdotes idosos possam repousar, e os mais jovens ficarem livres para prestarem assistência aos paroquianos.
Assim podiam servir apenas a Ele, como disse o Papa Francisco:“ Sem vaidade, sem vontade de poder e sem desejo de dinheiro.”
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
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