Luiz Carlos Nogueira
Hoje cedo um amigo ligou perguntando-me se eu
dispunha de algum texto falando sobre o que é a vida, porque ele teria que
apresentar um trabalho para um grupo interessado, mas cujo tempo de exposição
estaria limitado em torno de uns 20 minutos.
Pois bem, tentei rebuscar nos arquivos da minha já
desinteirada memória, algo que pudesse lhe socorrer nessa incumbência. Nada,
porém, me aflorou à mente, que não fossem extensos e complexos ensaios ou obras
de demoradas exposições, tal como “O Fenômeno Humano”, escrito pelo jesuíta
francês Pierre Teilhad de Chardin (1881-1955), um dos grandes gênios do século
XX, que era geólogo, paleontólogo e pensador autor de inumeráveis escritos
sobre a condição humana e, portanto, o que obrigou-o a abordar a questão sobre o
surgimento da vida em nosso planeta. Para lê-lo é necessário muito tempo e
disposição, tempo, aliás, que Aurélio
Augustinus (Agostinho de Hipona, Bispo de Hipona) o Santo Agostinho assim
considerado pelas Igrejas Católica Romana e Anglicana, e também importante
teólogo e doutor dessas Igrejas, em seu livro “Confissões” escreveu: “Que
é, pois, o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; mas se quiser explicar a quem
indaga, já não sei.[...]”
As
teorias mais aceitas é que o planeta Terra teria tido início da sua formação há aproximadamente 4.567 milhões de anos,
através de várias nuvens de gás e poeira cósmica em alta rotação, que teria
dado origem ao nosso Sistema Solar. Assim a vida teria começado na terra há
pouco mais de 3600 milhões de anos, no período Arqueano, pois
como foram encontrados vestígios de vida nesse período, sua formação, forçosamente
deve ter sido, necessariamente, anterior.
Mas aí eu penso que há dois tempos na existência. Um
tempo é o de Deus, que na verdade não deve existir — porque Deus É, e para os
que acreditam Nele, a melhor explicação que me parece espiritualmente lógica é como está escrito na Bíblia: “Vivemos, nos movemos e
temos o nosso ser em Deus” (ver Atos dos Apóstolos 17:28:, "Porque
nele (em Deus) vivemos, e nos movemos, e existimos;...").
Assim, o
outro tempo que existe é o para nós seres humanos, que vemos a criação de Deus
se completando e evoluindo a todo instante, embora tudo já estivesse pronto e
acabado no tempo de Deus. Não parece uma loucura? Dá para entender isso? Só nós
temos a necessidade de medir o tempo e o espaço para as nossas realizações no
plano material.
Para Chardin, do anorgânico surge o orgânico e vivo, o
que significa em outras palavras, que o anorgânico não se encontra em um
estágio de inconsciência total, mas possui um certo grau de consciência. Assim
ele explica em O fenômeno humano, que a Terra, há muito
tempo atrás, era bastante fria e provavelmente envolvida numa camada aquosa
donde apenas emergiam os primeiros rebentos dos futuros continentes, teria
parecido deserta e inanimada a um observador munido de nossos mais modernos
instrumentos de investigação. No entanto, naquele momento, formas de vida
infinitamente simples e elementares começaram a surgir, possibilitando o nascimento
de uma “nova ordem”: a Biosfera. É nela que se chegou depois de longo processo
evolutivo: à gênese da vida.
Como se pode ver, não há como resumir essa questão. Só
um estudo muito aprofundado poderá dos dar algumas respostas à luz da ciência,
embora calcadas na espiritualidade. Para mim, se há milagres, um e o maior
deles é o surgimento da vida e o outro — é a inteligência e a razão que Deus
dotou ao ser humano. E a vida — eu
considero um absurdo maravilhoso, que o Homem não desvendou, mas apenas pode
supor o por que dela, construindo mitos, religiões e filosofias, nada
conclusivas.
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