Luiz Carlos Nogueira
Depois de eu haver publicado dois
artigos neste blog: 1) O
por que da imposição do celibato aos padres católicos e 2) No
que optar? Pelo celibato ou pela prática da Magia Sexual? (para lê-los
basta clicar em cima dos títulos), agora para fechar o assunto que não pretendendo
esgotá-lo, até porque é impossível em poucas linhas, de início precisamos considerar
que existe um impulso propagador da vida da espécie humana, que reside em cada
ser, justificando para os cristãos a sua destinação dada por Deus, segundo a Bíblia
Sagrada, que teria ordenado em Gen.1: “27 E criou Deus o
homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 28 E Deus
os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra,
e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e
sobre todo o animal que se move sobre a terra.” (destaquei).
No
homem está a semente da vida que germina pela comunhão com a mulher. O apetite
sexual é, portanto, o móvel eminentemente natural assim como se manifesta em
relação à comida. Não houvesse a fome e a sede para despertar no ser humano a
vontade de se hidratar e alimentar — a raça humana teria desaparecido da face
da Terra. Por conseguinte essas particularidades ínsitas em cada homem e mulher,
são indissociáveis também do apetite ou desejo sexual.
Assim,
não vejo como esses instintos naturais possam ser interpretados de outra forma,
como foram colocados nos meus artigos acima mencionados. O uso inadequado ou a
repressão do que é natural no homem/mulher, a meu ver, não pode produzir
resultados positivos.
As
práticas de magia sexual podem possibilitar relações promíscuas e até levar à
bestialidade, não muito diferente das conseqüências do celibato. O celibato,
por sua vez, funciona como uma represa dos desejos e da libido, aguçados pelos
pensamentos provocados pelo instinto, até que rompam os diques, desaguando para
a pedofilia, homossexualismo, estupro e relações fora do casamento.
Não sou
psicólogo, mas pela observação por longos anos de minha vida, sou levado a
concluir que essas práticas produzem lesões psicológicas profundas nos seres
humanos. Cito como exemplo os padres católicos, aos quais são impostos os votos
de celibato e por isso, são vitimados pelas aflições espirituais frente ao
instinto natural. E aqueles que não resistem a esses votos, acabam se
envolvendo com as paroquianas (também suas cúmplices) e tendo relações sexuais
clandestinas, transformando essa atitude, quase sempre, em pesadelos para ambos
(o que é uma das grandes preocupações da Igreja Católica), caso essas mulheres
com as quais o sacerdote tenha tido relações sexuais (sem os cuidados de usar
os contraceptivos), acabem se engravidando.
Abro
parêntesis para lembrar que os pastores evangélicos, por não estarem obrigados
ao voto de castidade e celibato, igualmente não ficam fora desses problemas,
porque não estão livres de que alguma ou algumas mulheres se apaixonem por
eles, dado ao fascínio que exercem sobre elas por motivos diversos, arrastando,
ambos, para uma relação fora dos seus casamentos.
Algum
leitor pode imaginar o que é ser filho ou filha de um padre, bispo, cardeal,
seja lá o que for da hierarquia da Igreja Católica, assim como de um pastor
evangélico que por estar casado ou que simplesmente resiste em reconhecer a
paternidade?
Não
pertenço a essa ou aquela religião e não acredito no diabo – tenho inclinações
místicas e espirituais – portanto, só Deus me basta — mas é o caso para eu
dizer que: Só Deus sabe o que o diabo gosta: — de ver uma criança que não sabe
quem é seu pai ou se sabe, tem que fingir que não sabe, mentir que o pai
morreu, que é separado da mãe ou que trabalha noutro país e, por alguma razão
desconhecida, está impossibilitado de regressar.
Não há
Igreja, seja ela Católica ou Evangélica, que admita o seu sacerdote/pastor
estar envolvido em relações clandestinas, pedofilia, homossexualismo. Azar é o
da mulher que se entrega a eles sabendo que das suas relações poderão ter “filhos
bastardos da igreja”, ou como costumam dizer: “filhos do pecado”.
Há um
depoimento[1]
que merece ser transcrito, de uma jovem filha de padre, que disse: “Ainda creio em Deus, mas não acredito na
Igreja. Ela prega o amor ao próximo, que ela mesma infringe. Os padres se fazem
às vezes de pais para os outros, mas o meu só não pôde sê-lo para sua própria
filha. Como é que poderia admitir que essa Igreja me ditasse como devo viver?
Meu pari e seus irmãos monásticos que conheciam o segredo sempre repetiam que
sua situação era ruim. Ninguém nunca perguntou como é que eu me virava — por
exemplo, com medo de que as pessoas não pudessem lidar com a verdade. Por isto,
não falei sequer para minha melhor amiga. Somente agora, que estou com 15 anos
e tenho um namorado, é que criei confiança e lhe contei, algumas semanas
atrás.”
“[...] os padres têm a clareza de que seu
empregador se negará a abençoar seu amor e, caso fiquem do lado de sua família,
até os despedirá.” [...] “Muitos padres que se vêem numa situação como essa
usam a igreja má somente com desculpa — são tipos que ab abandonam seus filhos
ou obrigam suas namoradas a abortar.”[2]
[...]” Muitos filhos de homens que, aos domingos, fazem a leitura das
pastorais contra o aborto, nunca vieram à luz. Maria (nome fictício), 43 anos,
e Voker, 56 colocaram à disposição sua correspondência sobre o período amargo
em que o então capelão de 32 anos coagiu sua jovem amada a interromper a
gravidez com a ameaça: ‘Ou a criança morre, ou eu...’” “A ferida nunca sarou,
afirma o casal, que atualmente vive separado, a despeito do nascimento de
outros filhos. Depois daquele “assassinato”, Maria nunca mais pôde comungar.”[3]
Ora, se bem verificarmos, veremos
que todas as igrejas ditas cristãs se norteiam pelo Bíblia Sagrada. Há,
todavia, muitas seitas cristãs que admitem o casamento dos seus prelados; por
conseguinte, qual é o motivo das divergências neste ponto?
Não disse o apóstolo Paulo em sua primeira epístola aos
Coríntios: “7:8 Digo, porém, aos
solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.”; “7:9 Mas,
se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.
Também não está escrito em I
Timóteo, sobre Os deveres dos bispos e
dos diáconos: “3.2 Convém, pois, que o bispo seja
irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro,
apto para ensinar;”?
Continuando, ainda em I Timóteo: “3:4 Que governe bem a sua própria casa, tendo
seus filhos em sujeição, com toda a modéstia;”; “3:5 (Porque, se alguém não
sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?);”; “3.12 Os
diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas
próprias casas.”
Para
finalizar, segue um excerto de autoria de Peter Tompkins, historiador egípcio, que em seu livro, A Magia dos Obeliscos (traduzido do original The
Magic of Obelisks[4]) faz o seguinte comentário, sobre a
castidade/celibato:
"Por volta do século VII, a Igreja
Católica tinha reescrito o dogma católico para obliterar a maioria dos ensinos
originais de Jesus, substituindo o suave Evangelho cristão pelo autoritarismo
estreito de Roma... Veio então a encíclica papal que impôs a castidade sexual
perpétua sobre os sacerdotes de Roma (ano 1123). Incapazes de contrair
matrimônio válido e de gerar herdeiros legítimos, os padres e prelados poderiam
somente deixar suas propriedades para a Igreja, que assim se tornava cada vez
mais rica... a castidade sacerdotal teve o efeito de soltar sobre as mulheres cristãs
um bando de clérigos sedentos de sexo que somente podiam satisfazer sua
lascívia de forma ilícita, com um sentimento de culpa a poluir qualquer ternura
ou amor, um deslocamento do mundo do eros para o da pornéia, e a perseguição
sádica dos mortais mais felizes e mais saudáveis."
O que bem pode ilustrar essa
questão, é a minissérie de 1983 da emissora ABC, adaptada por Carmen
Culver do romance de mesmo nome de Colleen
McCullough e
dirigida por Daryl Duke., cujo título é: Pássaros Feridos,
no original em língua inglesa The
Thorn Birds. Trata-se da história do padre Ralph de Bricassart, que passa a
vida no dilema de seguir na vida religiosa ou abandoná-la e viver plenamente
seu amor por Maggie, que conhece desde criança, quando ela foi morar numa
fazenda na Austrália de propriedade de sua tia Mary Carson, apaixonada por
Ralph. Maggie, depois de crescida, acaba se casando com Luke O'Neill, Ralph
segue em sua escalada rumo ao papado, e são infelizes. Certamente o leitor irá
gostar, se tiver a oportunidade de assistir.
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