quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O CELIBATO E A MAGIA SEXUAL - SUAS CONSEQUENCIAS












Luiz Carlos Nogueira











Depois de eu haver publicado dois artigos neste blog: 1) O por que da imposição do celibato aos padres católicos e 2) No que optar? Pelo celibato ou pela prática da Magia Sexual? (para lê-los basta clicar em cima dos títulos), agora para fechar o assunto que não pretendendo esgotá-lo, até  porque é impossível em poucas linhas, de início precisamos considerar que existe um impulso propagador da vida da espécie humana, que reside em cada ser, justificando para os cristãos a sua destinação dada por Deus, segundo a Bíblia Sagrada, que teria ordenado em Gen.1: “27  E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 28  E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” (destaquei).

No homem está a semente da vida que germina pela comunhão com a mulher. O apetite sexual é, portanto, o móvel eminentemente natural assim como se manifesta em relação à comida. Não houvesse a fome e a sede para despertar no ser humano a vontade de se hidratar e alimentar — a raça humana teria desaparecido da face da Terra. Por conseguinte essas particularidades ínsitas em cada homem e mulher, são indissociáveis também do apetite ou desejo sexual.

Assim, não vejo como esses instintos naturais possam ser interpretados de outra forma, como foram colocados nos meus artigos acima mencionados. O uso inadequado ou a repressão do que é natural no homem/mulher, a meu ver, não pode produzir resultados positivos.

As práticas de magia sexual podem possibilitar relações promíscuas e até levar à bestialidade, não muito diferente das conseqüências do celibato. O celibato, por sua vez, funciona como uma represa dos desejos e da libido, aguçados pelos pensamentos provocados pelo instinto, até que rompam os diques, desaguando para a pedofilia, homossexualismo, estupro e relações fora do casamento.

Não sou psicólogo, mas pela observação por longos anos de minha vida, sou levado a concluir que essas práticas produzem lesões psicológicas profundas nos seres humanos. Cito como exemplo os padres católicos, aos quais são impostos os votos de celibato e por isso, são vitimados pelas aflições espirituais frente ao instinto natural. E aqueles que não resistem a esses votos, acabam se envolvendo com as paroquianas (também suas cúmplices) e tendo relações sexuais clandestinas, transformando essa atitude, quase sempre, em pesadelos para ambos (o que é uma das grandes preocupações da Igreja Católica), caso essas mulheres com as quais o sacerdote tenha tido relações sexuais (sem os cuidados de usar os contraceptivos), acabem se engravidando.

Abro parêntesis para lembrar que os pastores evangélicos, por não estarem obrigados ao voto de castidade e celibato, igualmente não ficam fora desses problemas, porque não estão livres de que alguma ou algumas mulheres se apaixonem por eles, dado ao fascínio que exercem sobre elas por motivos diversos, arrastando, ambos, para uma relação fora dos seus casamentos.

Algum leitor pode imaginar o que é ser filho ou filha de um padre, bispo, cardeal, seja lá o que for da hierarquia da Igreja Católica, assim como de um pastor evangélico que por estar casado ou que simplesmente resiste em reconhecer a paternidade?

Não pertenço a essa ou aquela religião e não acredito no diabo – tenho inclinações místicas e espirituais – portanto, só Deus me basta — mas é o caso para eu dizer que: Só Deus sabe o que o diabo gosta: — de ver uma criança que não sabe quem é seu pai ou se sabe, tem que fingir que não sabe, mentir que o pai morreu, que é separado da mãe ou que trabalha noutro país e, por alguma razão desconhecida, está impossibilitado de regressar.

Não há Igreja, seja ela Católica ou Evangélica, que admita o seu sacerdote/pastor estar envolvido em relações clandestinas, pedofilia, homossexualismo. Azar é o da mulher que se entrega a eles sabendo que das suas relações poderão ter “filhos bastardos da igreja”, ou como costumam dizer: “filhos do pecado”.

Há um depoimento[1] que merece ser transcrito, de uma jovem filha de padre, que disse: “Ainda creio em Deus, mas não acredito na Igreja. Ela prega o amor ao próximo, que ela mesma infringe. Os padres se fazem às vezes de pais para os outros, mas o meu só não pôde sê-lo para sua própria filha. Como é que poderia admitir que essa Igreja me ditasse como devo viver? Meu pari e seus irmãos monásticos que conheciam o segredo sempre repetiam que sua situação era ruim. Ninguém nunca perguntou como é que eu me virava — por exemplo, com medo de que as pessoas não pudessem lidar com a verdade. Por isto, não falei sequer para minha melhor amiga. Somente agora, que estou com 15 anos e tenho um namorado, é que criei confiança e lhe contei, algumas semanas atrás.”

“[...] os padres têm a clareza de que seu empregador se negará a abençoar seu amor e, caso fiquem do lado de sua família, até os despedirá.” [...] “Muitos padres que se vêem numa situação como essa usam a igreja má somente com desculpa — são tipos que ab abandonam seus filhos ou obrigam suas namoradas a abortar.”[2]

[...]” Muitos filhos de homens que, aos domingos, fazem a leitura das pastorais contra o aborto, nunca vieram à luz. Maria (nome fictício), 43 anos, e Voker, 56 colocaram à disposição sua correspondência sobre o período amargo em que o então capelão de 32 anos coagiu sua jovem amada a interromper a gravidez com a ameaça: ‘Ou a criança morre, ou eu...’” “A ferida nunca sarou, afirma o casal, que atualmente vive separado, a despeito do nascimento de outros filhos. Depois daquele “assassinato”, Maria nunca mais pôde comungar.”[3]

Ora, se bem verificarmos, veremos que todas as igrejas ditas cristãs se norteiam pelo Bíblia Sagrada. Há, todavia, muitas seitas cristãs que admitem o casamento dos seus prelados; por conseguinte, qual é o motivo das divergências neste ponto?

Não disse o apóstolo Paulo em sua primeira epístola aos Coríntios: “7:8 Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.”;  “7:9 Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.

Também não está escrito em I Timóteo, sobre Os deveres dos bispos e dos diáconos: “3.2  Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;”?

Continuando, ainda em I Timóteo: “3:4 Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia;”; “3:5 (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?);”; “3.12 Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas.”

Para finalizar, segue um excerto de autoria de Peter Tompkins, historiador egípcio,  que em seu livro, A Magia dos Obeliscos (traduzido do original The Magic of  Obelisks[4]) faz o seguinte comentário, sobre a castidade/celibato:

"Por volta do século VII, a Igreja Católica tinha reescrito o dogma católico para obliterar a maioria dos ensinos originais de Jesus, substituindo o suave Evangelho cristão pelo autoritarismo estreito de Roma... Veio então a encíclica papal que impôs a castidade sexual perpétua sobre os sacerdotes de Roma (ano 1123). Incapazes de contrair matrimônio válido e de gerar herdeiros legítimos, os padres e prelados poderiam somente deixar suas propriedades para a Igreja, que assim se tornava cada vez mais rica... a castidade sacerdotal teve o efeito de soltar sobre as mulheres cristãs um bando de clérigos sedentos de sexo que somente podiam satisfazer sua lascívia de forma ilícita, com um sentimento de culpa a poluir qualquer ternura ou amor, um deslocamento do mundo do eros para o da pornéia, e a perseguição sádica dos mortais mais felizes e mais saudáveis."

O que bem pode ilustrar essa questão, é a  minissérie de 1983 da emissora ABC, adaptada por Carmen Culver do romance de mesmo nome de Colleen McCullough e dirigida por Daryl Duke., cujo título é: Pássaros Feridos, no original em língua inglesa The Thorn Birds. Trata-se da história do padre Ralph de Bricassart, que passa a vida no dilema de seguir na vida religiosa ou abandoná-la e viver plenamente seu amor por Maggie, que conhece desde criança, quando ela foi morar numa fazenda na Austrália de propriedade de sua tia Mary Carson, apaixonada por Ralph. Maggie, depois de crescida, acaba se casando com Luke O'Neill, Ralph segue em sua escalada rumo ao papado, e são infelizes. Certamente o leitor irá gostar, se tiver a oportunidade de assistir.



[1] Os filhos secretos de Deus: filhas e filhos de padres contam sobre seu destino. Annete Bruhns e Peter Wensierski; tradução de Elena Gaidamno. — Rio de Janeiro: Nova Era, 2006.
[2] Op.cit. 1
[3] Op.cit. 1

[4] Harper & Row Publishers;  New York, 1982.


Nenhum comentário:

Postar um comentário