Luiz Carlos Nogueira
Aurélio Augustinus (Agostinho
de Hipona, Bispo de Hipona) o Santo Agostinho, assim considerado pelas
Igrejas Católica Romana e Anglicana, e também um importante teólogo e doutor
dessas Igrejas, em um dos seus livros mais conhecidos — Confessiones[1],
quando indagado — “Que é, pois, o tempo?” Disse: “Se ninguém me pergunta, eu
sei; mas se quiser explicar a quem indaga, já não sei.” (p.268)
“Contudo”, dizia ele: “afirmo com certeza e sei que, se nada passasse, não haveria tempo passado; que se não houvesse os acontecimentos, não haveria tempo futuro; e que se nada existisse agora, não haveria tempo presente. Como então podem existir esses dois tempos, o passado e o futuro, se o passado já não existe e se o futuro ainda não chegou? Quanto ao presente, se continuasse sempre presente e não passasse ao pretérito, não seria tempo, mas eternidade. Portanto, se o presente, para ser tempo, deve tornar-se passado, como podemos afirmar que existe, se sua razão de ser é aquela pela qual deixará de existir? Por isso, o que nos permite afirmar que o tempo existe é a sua tendência para não existir.”
Já Aristóteles[2]
definiu o tempo, dizendo:“O tempo é o número do movimento conforme o
antes e o depois”(p.219b). Para ele, o tempo é causador da destruição,
mas que, todavia e também, não é por acaso que ele (o tempo) poderia ser causa
de criação e de ser (págs. 221 a , e 221b)
Os filósofos realistas defendem a
existência do tempo separadamente da mente humana.
Já os filósofos anti-realistas, mais
específicamente os idealistas negam,
duvidam ou se opõem a tal existência separada. A exemplo destes últimos, está
incluído Immanuel Kant, (filósofo idealista), que nega a realidade do tempo[3]. Para ele, o
tempo é uma noção a priori que
não designa nada além de determinada característica do nosso modo humano de
receber informações através dos sentidos.
Embora Kant tenha afirmado: "claro que o tempo é algo real
[...]", no entanto, nega a realidade do tempo quando se discute entre
realismo e anti-realismo a respeito do tempo. Assim na frase completa, Kant deixa o caráter mental do tempo mais evidente, ou seja, que o
tempo inexiste fora da consciência: "Claro
que o tempo é algo real, a saber, a forma real da intuição interna" (B53). Assim, não é dessa maneira que os
realistas dissertam sobre a realidade do tempo. Os filósofos realistas
discordam de Kant quando se completa logo a seguir da passagem acima citada, de
que "o
tempo nada mais é que a forma da nossa intuição interna" (B54). Para os realistas o tempo é mais do que isso,
é algo que existe independente de nós humanos (da nossa elaboração mental) e da nossa "intuição interna".
Dizia Kant, que: “O
tempo, que não é senão uma condição subjetiva de nossa intuição geral (sempre sensível, quer dizer, só se
produz quando somos afetados pelos objetos), considerado em si mesmo e fora do sujeito, não é nada. É, não
obstante, necessariamente objetivo em relação a todos os fenômenos, e por
conseguinte, também a todas as coisas que a experiência pode oferecer-nos. Não
podemos dizer: todas as coisas existem no tempo, porque, no conceito de coisas
em geral, faz-se abstração de toda maneira de intuição dessas coisas e sendo
esta propriamente a condição pela qual o tempo pertence à representação dos
objetos.” (excerto da versão eletrônica traduzida
por J. Rodrigues de Merege, Créditos da
digitalização: Membros do grupo de discussão Acrópolis (Filosofia) Homepage
do grupo: http://br.egroups.com/group/acropolis/).
Segundo Pierre Eugène Roy, em seu artigo “Centros
Temporais no Homem”[4], não se
atribui ao tempo nenhuma realidade externa. E ainda acrescenta que, o tempo é a
medida ou duração da consciência (págs. 346, 347).
Todavia, como explicar a voragem do tempo ou sua ação
sobre todas as coisas materiais existentes no mundo, inclusive o ser humano? Por
acaso fora da consciência humana o tempo não existe e não age? Como explicar a
evolução das espécies sem o transcurso do tempo, que possa ser percebido pela
consciência? Assim como o tempo (considerado dependente da nossa consciência),
pode o som não existir se por acaso todos fossem surdos? Ora, o som uma vez
produzido existirá num determinado lapso de tempo, independentemente de alguém
ter consciência dele, ou ter ouvidos capacitados para ouvi-lo.
Eis como vemos nas fotos, a ação do tempo sobre o velho
reboque abandonado, apodrecendo e se desmanchando, por ter sido deixado exposto
à luz do sol e às chuvas, ao relento, por muito tempo ou muitos anos.
Portanto, no mundo físico (material) o tempo é uma
realidade necessariamente percebível e mensurável.
Esta era uma casinha de adobe* coberta de telhas,
que foi consumida pelo tempo e ficou assim:
(a.do.be, a.do.bo) [ô] * (conforme o Dicionário Caldas Aulete)
sm.
1 Tijolo de argila seco ao sol, às vezes misturado com palha para ganhar mais resistência
[2] Física – vol. IV, Tratado do Tempo, Paris, Kimé, 1995.
[3] Crítica da Razão Pura, em Victor Civita (ed.), Os Pensadores: Kant,
São Paulo: Abril Cultural, 1983, trad. Valério Rohden e Udo Baldur Moosburger.
[4] Obra
Coletiva “O Tempo”, 1ª Edição em Língua Portuguersa, publicada pela Ordem
Rosacruz Amorc, 2010.
EXCELENTE, MEU CARO LUIZ CARLOS.
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