segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

QUE VÊS TU AMÓS? RESPONDI: UM PRUMO.









“Simbolicamente, o Prumo possibilita verificar a correta fundamentação do crescimento intelectual, trazendo o conhecimento necessário para possibilitar a aplicação precisa da força através da razão, denotando a profundidade exigida para nossas observações e estudos, de forma a garantir a estabilidade da obra.” (O Nível,  Prumo e o Ser Consciente”. Divaldo Pereira Franco)



Luiz Carlos Nogueira











Das 5 visões simbólicas de Amós, conforme estão relatadas no Antigo Testamento, duas se destacam, por tratarem-se das suas observações acerca da destruição do Reino de Israel Setentrional, porque a nação sofria com a praga dos gafanhotos, focos de incêndios, a seca e fim do verão, etc, etc. (7:1-3;  7:4-6;  7:7-9;  8:1-3 e 9:1-4).

Todas essas dificuldades provocadas pela Natureza, entendidas como sinais que o profeta percebia no decorrer do tempo, que afetavam sobremaneira a vida das pessoas, fê-lo abandonar sua casa e seu trabalho, para iniciar uma pregação sobre a possibilidade de tudo isso ser um castigo que provocaria finalmente a ruína do país.

Mas para melhor entendermos o que estava acontecendo, vamos resumir as outras visões, exceto as duas mais significativas, as quais serão destacadas por último:

Por exemplo:

1-Em Amós 7:1-3, ele conta que via costumeiramente a praga de gafanhotos destruindo as plantações dos agricultores. Ora, e isso ocorria sempre que o feno já havia sido cortado e destinado grande parte do que era produzido, ao pagamento do tributo ao rei. Isso afetava grandemente a vida dos agricultores, sobrevindo-lhes a fome. Por causa disso, Amós compadecido da situação deles, intercedeu junto ao Senhor sob o argumento de que esses trabalhadores eram demasiado frágeis para sofrer com a fome, sendo que assim o castigo foi revogado.

2-Em 7:4-6, Amós vê um grande incêndio, terrivelmente forte, que além de ter acabado com os campos e as plantações, também acabou com as fontes subterrâneas de água. Amós voltou a interceder junto ao Senhor e este suspendeu o castigo, porque dessa vez a ameaça é de grande seca, que provocaria demasiado sofrimento aqueles trabalhadores da agricultura. Essas visões mostram a realidade dos pequenos agricultores da época de Amós, que sofriam as agruras impostas pela Natureza e ainda pela exploração por parte do governo;

3-Amós, conforme está escrito em 8:1-3,  viu um cesto de frutas de verão, sendo que  o Senhor lhe disse que isto significava o fim de Israel. Porém, desta vez Amós não pedia nada ao Senhor. Porque esta visão era consonante com a visão de 7:7-9, pois ambas destacavam a gravidade da situação e para a proximidade do fim do Reino de Israel Setentrional, pois estas duas visões já não trazem as consequência da zona rural, porém, trazem as cenas urbanas e, sofrem com os castigos — a cidade, os santuários e o palácio. Em favor desses Amós não intercedeu, porquanto era uma realidade corrupta que não tinha conserto.

Finalmente as visões de Amós que merecem destaque, vamos observar que:

4-Em 7:7-9, Amós vê o Senhor sobre o muro levantado a prumo, e com um prumo na mão verificava o seu alinhamento. Ora, neste caso, o muro simbolizava Israel que estava torto, portanto, teria que ser demolido, porque nessas circunstâncias, para consertá-lo ou realinha-lo, era impossível se não fosse daquela maneira, ou seja, porque um muro torto não tem conserto. Assim, Amós não intercedeu junto ao Senhor, sendo que o castigo se tornou iminente. Assim foi o diálogo do Senhor com Amós:

“Am 7.7 Mostrou-me também assim: eis que o senhor estava junto a um muro levantado a prumo, e tinha um prumo na mão."

"Am 7.8 Perguntou-me o Senhor: Que vês tu, Amós? Respondi: Um prumo. Então disse o Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel; nunca mais os perdoarei.”

5-Em 9:1-4, Amós pela quinta vez, teve a visão de que o próprio Senhor quem atuou e de forma drástica. Pois Se colocou em pé sobre o altar dos holocaustos , que ficava frente ao edifício do santuário e bateu forte nos capitéis, provocando um terremoto, destruindo o santuário que desmoronou e matou as pessoas que estava  dentro. E não houve quem pudesse fugir. Assim é que esta visão do profeta culminou neste desfecho terrível. O próprio Senhor se voltou contra o santuário onde Lhe cultuavam. A explicação é de que o santuário (Betel) traiu seu papel de conduzir o povo ao Senhor e à vida plena do espírito, transformando-se num lugar de “culto sem coerência de sentido, porque concordava fechando os olhos para opressões e injustiças que eram cometidas pelo seu povo Israel .

É, portanto, com vistas a esses tipos de incidentes, que segundo Raul Silva[i], teriam levado o Grão-Mestre da Ordem dos Rosacruzes a proclamar: LILIA PEDIBUS DESTRUE”,  frase em latim que significa Era preciso destruir para reconstruir. “[...] eram tropeços que precisavam ser removidos, comenta o autor; era a causa da liberdade que estava em jogo e, sob a ideia dominante do princípio libertário, tudos o mais tinha de desaparecer [...]”

Não obstante os castigos impostos por Jeová, O livro de Amós termina com uma mensagem de esperança:PROMESSA DE RESTAURAÇÃO
[...]
“Am 9.11 Naquele dia tornarei a levantar o tabernáculo de Davi, que está caído, e repararei as suas brechas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e as reedificarei como nos dias antigos;
Am 9.12 para que eles possuam o resto de Edom, e todas as nações que são chamadas pelo meu nome, diz o Senhor, que faz estas coisas.
Am 9.13 Eis que vêm os dias, diz o Senhor, em que o que lavra alcançará ao que sega, e o que pisa as uvas ao que lança a semente; :e os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão.
Am 9.14 Também trarei do cativeiro o meu povo Israel; e eles reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão; plantarão vinhas, e beberão o seu vinho; e farão pomares, e lhes comerão o fruto.
Am 9.15 Assim os plantarei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o senhor teu Deus.”

E essa esperança dos Judeus haveria de se concretizar dois séculos depois, quando no exílio se tornaram conscientes de que foram purificados dos seus pecados.













[i] Silva, Raul, “Maçonaria Simbólica”, Biblioteca Maçônica, Ed.Pensamento, S.Paulo. (1980?).

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