terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Balandrau é o traje típico maçônico. É preconizado seu uso estrito em sessões maçônicas simples, ditas econômicas. Todo balandrau é de cor preta, com comprimento abaixo dos joelhos, mangas largas e compridas. O colarinho alto deverá está sempre fechado. O balandrau é palavra originada do latim medieval Balandrana, que definia a vestimenta de mangas largas abotoada na frente e, pelo uso, designava certas roupas usadas por confrarias, normalmente em cerimônias de cunho religioso.
Históricamente, as organizações de ofício, ditas "Maçonaria Operativa", adotavam o traje, tal qual os Collegiati dos Collegia Fabrourum e membros dos Ofícios Francos, dos séculos XIC e XV, com seu balandrau negro. Atualmente, a Maçonaria no Brasil de várias obediências tolera a veste talar, negra, de mangas longas, colarinho alto e fechada até o pescoço como opção ao terno escuro, por entender que só o avental seja paramento maçônico, alguns ritos como Emulation (erradamente chamado de York Inglês), não permitem o uso do balandrau, sendo exigido o uso do terno escuro.
O Art. 84 do RGF – estabelece em parágrafo único que admite-se “eventualmente” o uso do balandrau nas demais sessões desde que usado com calça preta ou azul-marinho, sapatos e meias pretas, e sem qualquer insígnia ou símbolo estampados.
Segue o trabalho apresentado por - Ir\ CARLOS ALBERTO DOS SANTOS, M\ M\
fonte Web
Abrindo o presente trabalho, nos valeremos do auxílio do resumo do verbete, conforme consta às folhas 152/153 do volume I do “GRANDE DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MAÇONARIA E SIMBOLOGIA”, do saudoso Mestre e escritor maçom NICOLA ASLAN:
“Espécie de roupa ou beca com mangas, o Balandrau é fechado até o pescoço, sendo confeccionado de tecido preto que pode variar de acordo com o clima. O Balandrau é usado por certas irmandades em atos religiosos, tendo sido adotado como vestuário pelos Irmãos de várias Lojas do Brasil.
O Balandrau do Irm\ Experto, bastante comprido, é munido de uma capa ou mantelete e de um largo capuz, a fim de não ser reconhecido pelos profanos antes de receberem a Iniciação Maçônica.
O uso do Balandrau, segundo nos parece, é uma particularidade da Maçonaria brasileira, pois nenhum autor ou dicionarista maçônico, fora do Brasil, refere-se a ele como indumentária maçônica. A nosso ver, o uso do Balandrau remonta à última metade do século XIX, tendo sido introduzido na Maçonaria pelos Irmãos que faziam parte, ao mesmo tempo, de Irmandades Católicas e de Lojas Maçônicas, Irmãos estes que foram o pivô da famigerada Questão Religiosa, suscitada no Brasil em 1872.
Esta peça de vestuário parece ter sido adotada pelos maçons brasileiros como substituto barato e confortável do traje a rigor preto, exigido nas Cerimônias Maçônicas, que é o smocking com gravata borboleta e luvas brancas. Esta indumentária tinha a vantagem de poder ser confeccionada com qualquer tecido leve e barato, o que, além de não ser dispendiosos, permitia suportar, em tempo de canícula, altas temperaturas em recintos fechados. Estas razões ponderáveis o fizeram adotar por muitas Lojas no Brasil, e o seu uso não foi objeto de qualquer objeção por parte das altas autoridades maçônicas.
Assim, o uso do Balandrau não foi aprovado nem desaprovado; foi simplesmente tolerado, não constituindo, portanto, um traje litúrgico. Atualmente, nas Sessões Magnas, admite-se o traje de passeio em cores escuras, dando-se, porém, preferência ao preto.”
Apesar de o resumo acima quase dispensar outros esclarecimentos, acrescentaremos mais alguns dados, objetivando enriquecer e dissecar o assunto. Indispensável acrescentar que o Balandrau deve ser usado sempre com sapatos e meias pretos.
“O Balandrau é traje eminentemente maçônico, não sendo encontrado em lojas de modas, e iguala a todos os Iniciados, lembrando-lhes sempre sua condição de Maçons. Tendo o comprimento adequado, até os pés, devendo, preferencialmente, estar complementado pelo uso do capuz, tem, esotericamente, a função de manter a energia interna circulando, sem perdas para o exterior. Deixando à mostra somente as feições e mãos que, exprimindo inteligência, gestos e emoções, distinguem o Homem do restante da Criação, uma vez que somente aquele pode usar de expressões faciais e gesticulação para exteriorizar as faculdades e os sentimentos mais nobres de que é dotado.” (Nota: trecho extraído do livro “TEMAS PARA A REFLEXÃO DO MESTRE MAÇOM”, de Marcos Santiago).
Importante se frisar, ainda, que, apesar do seu uso já incluído nos “Usos e Costumes” maçônicos, não é difícil observar-se o “torcer de nariz” de alguns maçons “puristas”, que não aceitam o Balandrau, sendo rigorosos na exigibilidade do uso do terno.
Como o assunto diz respeito à indumentária maçônica, ou seja, o traje maçônico, importante que reproduzamos o pensamento do não menos culto e grande escritor maçônico, que foi o nosso Ir.: JOSÉ CASTELLANI, que dizia (No seu “DICIONÁRIO ETIMOLÓGICO MAÇÔNICO”):
“BALANDRAU - substantivo masculino, designa a antiga vestimenta, com capuz e mangas largas, abotoada na frente e, também, certo tipo de roupa usada por membros de confraria, geralmente religiosas. O Balandrau é largamente utilizado em Maçonaria, durante as Sessões de Loja, sendo uma forma de uniformização; no Grau de Mestre Maçom, em quase todos os Ritos, é obrigatório para todos os maçons presentes à Sessão, enquanto o V.: M.: usa um manto de veludo negro. Embora alguns autores insistam em afirmar que o Balandrau não é veste maçônica, na realidade o seu uso remonta à primeira das associações organizadas de ofício (hoje chamada de Maçonaria de Ofício, ou Operativa), a dos ‘Collegia Fabrorum’, criada no século VI a.C., em Roma: quando as legiões romanas saíam para as suas conquistas bélicas, os ‘collegiati’ acompanhavam os legionários, para reconstruir o que fosse destruído pela ação guerreira, usando, nesses deslocamentos, uma túnica negra; da mesma maneira, os membros das confrarias operativas dos franco-maçons medievais, quando viajavam para outras cidades, feudos, ou países, usavam um Balandrau negro. Assim, o Balandrau, que é veste talar (deve ir até os talões, ou calcanhares), foi uma das primeiras vestes maçônicas, sendo plenamente justificado o seu uso nas Sessões de Loja”.
Transcreveremos, ainda, a seguir, um pequeno trecho (Pág. 136) do livro “A MAÇONARIA OPERATIVA”, do escritor NICOLA ASLAN, por julgá-lo um importante acréscimo:
“A vestimenta do Maçom operativo medieval, conforme J. Fort Newton, citando “HISTORY OF MASONRY” de Steinbrenner é descrita no texto: ‘A vestidura consistia numa túnica curta e negra; no verão, de linho, e, no inverno, de lã, aberta aos lados, com uma gola à qual ia unido um capucho, ao redor da cintura traziam um cinturão de couro, do qual pendiam uma espada e um surrão”.
Segundo o escritor maçônico MARCOS SANTIAGO, em sua obra “TEMAS PARA REFLEXÃO DO MESTRE MAÇOM”, supracitada, à pagina 100, “...Em gravuras de época do século XVIII, vemos maçons trazendo o Avental por sobre calções bufantes, casacos com peitilhos rendados, e usando meias três quartos e sapatos alambicados, como se usava então; (...) se o personagem fosse realmente Maçom seria essa roupa sobre a qual envergaria o Avental nas reuniões de Loja”.
Acrescenta, ainda, o supracitado escritor que “mesmo considerando que há de haver um traje definido por sob o Avental, penso, quer por motivos históricos ou esotéricos ou simbólicos, que o indicado seria mais o Balandrau que o terno, o qual, aliás, para ser mesmo “terno” deve se compor de calça, paletó e colete (três peças). Este traje é de uso comum em várias situações do mundo profano, no que é uma imitação terceiro-mundista - dos que vivem em clima tropical – dos hábitos do primeiro mundo, de climas mais frios”.
O Balandrau, diferentemente do terno, é traje extremamente maçônico.
Fonte: Filhos de Hiram – Maçonaria Mística, Operativa e Especulativa – Clique aqui para conferir
Fonte: Filhos de Hiram – Maçonaria Mística, Operativa e Especulativa – Clique aqui para conferir
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