Luiz Carlos Nogueira
Plotino (em grego: Πλωτῖνος; Licopólis, 205 - Egito, 270)
foi um filósofo neoplatônico, autor de Enéadas, discípulo de Amônio Sacas por onze anos e mestre de Porfírio.
Porfírio (Tiro,
ca. 232 — Roma,
ca. 304), foi um filósofo neoplatônico e um dos mais importantes
discípulos de Plotino, responsável por organizar e publicar 54
tratados do mestre na obra Tratado das Enéadas[1],
em seis capítulos, compostos de 9 tratados, razão pela qual se chamou
“Enéadas”, porquanto nove, em grego, é ennéa.
Assim, da 9ª Enéada na ordem cronológica, correspondendo à
Enéada VI 9 na ordem estabelecida por Plotino, extraímos:
“O Uno não é a Inteligência, mas está antes da Inteligência.
Pois a Inteligência é algo que faz parte dos seres, mas o Uno não é algo, uma
vez que está antes do algo. E o Uno
também não é o Ser, pois o Ser tem,
de certo modo, uma forma, que é a do Ser; mas o Uno é privado de forma, mesmo
de forma inteligível. Uma vez que a natureza do Uno gera todas as coisas, ele não é nenhuma delas. Assim, não se pode
dizer nem que ele é alguma coisa, nem é qualificado ou quantificado, nem que
é a Inteligência ou a Alma. Ele não é
movido, mas tampouco está em repouso; não está num lugar, nem no tempo. Ele
está em si mesmo, tendo a forma da unicidade. Ou melhor: é sem forma
(amorphon), anterior a toda forma, anterior ao movimento e anterior ao repouso,
pois tais coisas se encontram no Ser, e são elas que fazem com que ele seja
múltiplo.”
“Só podemos chamá-lo de Uno com a finalidade de indicar sua
natureza indivisível e, também, a fim de unificar a nossa Alma. Quando o
chamamos de Uno, não queremos dizer isso no sentido de um ponto geométrico ou
de unicidade aritmética. A verdadeira
Unidade é a fonte de todas as quantidades, que não poderiam ter vindo à
existência se o Ser e o que está além do Ser não as tivesse antecedido. De
modo que não é para isso que devemos dirigir nosso pensamento, pois o ponto e a
unicidade (em sua simplicidade e em sua ausência de magnitude e divisão) são
apenas uma analogia das realidades superiores.”
“[...] tais definições não passam de nossas próprias
percepções e estados que tentamos exprimir, nós que circulamos exteriormente ao
seu redor, às vezes nos aproximando, às vezes nos afastando d’ele devido ao
enigma no qual está envolvido.”
“A maior causa dessa dificuldade decorre do fato de a
compreensão do Uno não poder se dar nem pelo raciocínio (logismoi), nem pela percepção intelectual —, mas por uma presença
que é superior a qualquer raciocínio.[...]”
Da 11ª Enéada na ordem cronológica, correspondendo à Enéada V
2 na ordem estabelecida por Plotino, extraímos:
“O Uno é todas as
coisas e não é nenhuma delas. Ele é o princípio (Archê) de todas as coisas; e, se não é nenhuma delas, no entanto é
todas as coisas de um modo transcendente, pois,
de certo modo, elas estão no Uno. Ou melhor, nem todas as coisas estão
nele, mas estarão. Então, como todas as coisas provém do Uno, que é simples e
não tem em si multiplicidade alguma e nem mesmo dualidade alguma? É pelo fato de nada haver nele que todas as
coisas provém dele. Para quer o Ser possa existir, o Uno não é Ser, mas sim o gerador do Ser. Podemos dizer que este é
o primeiro ato da geração: nada possuindo e nada buscando em sua perfeição, o Uno transbordou e sua superabundância
produziu algo diverso dele mesmo. [...]”
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[1] Tratado
das Enéadas/Plotino, tradução, apresentação, introdução e notas de Américo
Sommerman. — São Paulo: Polar Editorial, 2000
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