quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Daniel Dunglas Home – O médium famoso que não era espírita.




 Luiz Carlos Nogueira








Daniel Dunglas Home, para a estranheza de muita gente, foi um médium que viveu entre os anos 1833 a 1886 — porém ele nunca foi espírita. Pelo que se tem de registro histórico, ele foi inicialmente metodista, depois tornou-se congregacionalista, católico apostólico romano e, finalmente terminou seus dias na Igreja Ortodoxa Grega.

Pois é isso mesmo, pessoas portadoras do dom da mediunidade, não têm necessariamente que serem espíritas. Não obstante os fenômenos espirituais, ou espíritas, como muitos preferem, acontecessem desde as eras mais remotas, o Espiritismo como Ciência (não exatamente como religião), passou mesmo a ter existência a partir da codificação que se iniciou com O Livro dos Espiritos, a partir de 1857 pelo lionês nascido sob a religião católica, Allan Kardec que é o pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail.

Pesquisadores da mais alta confiabilidade, tais como: Sir William Crookes, físico de renome do século XIX, cientista agraciado: em 1907 com o Prêmio Nobel de Química, e em 1875, com a Ordem do Mérito; Sir Arthur Conan Doyle, escritor famoso, criador do personagem Sherlock Holmes, que viveu entre os anos de 1859 a 1930, que escreveu “A História do Espiritismo”; Sir Edwar Bulwer-Lytton, também outro escritor famoso autor de “Os últimos dias de Pompéia” e “Zanoni”, e outras tantas personalidades merecedoras de crédito, jamais detectaram quaisquer fraudes praticadas por Daniel, que aliás colocou-se inteira e desinteressadamente a serviço da Ciência, como médium de efeitos físicos inigualáveis, submetendo-se a todas as provas que lhe foram aplicadas durante muitos anos, por homens de rígida formação científica, de formas imparciais.

Por conseguinte, Daniel Dunglas Home dispunha-se a realizar sessões em plena luz do dia e diante de pessoas notáveis, produzindo, segundo dizia, com a ajuda dos espíritos, fenômenos como o de mover objetos à distância (Telecinesia). Em 1877 publicou uma obra sob o título de “Luzes e Sombras do Espiritualismo”, na qual forneceu detalhes sobre os truques empregados por falsos médiuns.

Frank Podmore relatou que um dos feitos mais comuns de Daniel era o da levitação: "Todos o vimos elevar-se do chão até uma altura de um metro e oitenta, ficar lá por cerca de dez segundos e, depois, descer vagarosamente". E uma das levitações que mais chamaram as atenções de três expectantes, foi quando Daniel teria se erguido do chão e saído para fora da janela de um quarto, no terceiro andar de um prédio entrando depois por outra janela do outro quarto ao lado. Por conta dessas suas apresentações ele ficou conhecido como “O Médium Voador”.

Na verdade Daniel foi um médium, segundo Arthur Conan Doyle, muito raro, senão o único do seu tempo que reunia quatro faculdades espirituais diferentes, quais sejam: 1) mediunidade de efeitos físicos, que lhe permitia levitar, mover objetos à distância, produzir ventos, 2) clarividência, que é a capacidade que consiste em ver ou antever acontecimentos ou ter conhecimento de fatos ocultos, misteriosos; 3) mediunidade de voz direta, que é a faculdade de deixar com que os espíritos falem de forma audível para os outros; 4) psicofonia, que é a mediunidade que permite aos espíritos falarem através do médium.

Outro fato surpreendente é que Daniel Dunglas Home não acreditava na reencarnação[1] , aliás, dizia ele: “Classifico a doutrina de Allan Kardec, entre as ilusões do mundo” (pág.206), pois, segundo ele, “Kardec não era médium, e sim um mero magnetizador, sob o império da sua vontade enérgica, seus médiuns não passavam de máquinas de escrever, que reproduziam servilmente seus próprios pensamentos.”, e além disso, afirmava que todo o problema reside na doutrina da reencarnação, pois esta “destrói toda a consangüinidade.” (transcrito conforme a palavra está grafada – com trema), porque segundo Home, “os espíritos não se ligam pelo sangue, pela matéria; unem-se pelas afinidades espirituais ou se repelem pela ausência delas.” (pág.209). “O mundo reencarnacionista é como um teatro onde as marionetes aparecem, fazem umas piruetas e desaparecem, sujeitas à vontade de quem manipula os cordéis”. (pág.210)


Vozes diretas (assunto curioso) – acessados hoje 19/12/2013








[1] Pugliese, Adilton Santos, organizador da coletânea de fatos que resultaram no livro “Daniel Dunglas Home, O médium voador”, EBM Editora, 1ª ed. Santo André, SP, 2013.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Hórus - Por Hugo Lapa

Hórus


Hórus é um deus do panteão do Egito antigo. Era considerado o deus dos faraós. Hórus era representado na figura de um falcão. É filho do deus Osíris e da deusa Isis. Hórus possuía dois olhos, o direito associado ao sol, e o esquerdo associado à lua. De acordo com o mito, Hórus travou uma batalha contra seu irmão Seth, e nesta batalha acabou perdendo um dos seus olhos. Seth arrancou o olho esquerdo de Hórus.

Após perder um dos olhos, Hórus ficou apenas com o olho solar. Esse olho lhe dava apenas uma visão parcial das coisas. Porém, após a perda do olho, ele se vestiu com uma coroa de serpente e passou a usar um outro olho, chamado de “Udyat”, o famoso “olho de Hórus”, um símbolo que é associado, dentro do esoterismo, como o terceiro olho, ou o chakra frontal ou da coroa.

Por outro lado, a coroa de serpente representa a ascensão da kundalini até o topo da cabeça, isto é, a subida da energia do fogo serpentino até os chakras superiores. A energia que antes estava represada nos níveis inferiores agora começa a ser canalizada para os níveis superiores. Esse simbolismo representa a ascensão espiritual do ser quando este começa a elevar suas energias a graus ou padrões superiores.

Após conseguir o olho de Udyat e a coroa de serpente, Hórus finalmente consegue a vitória sobre Seth, que é derrotado em batalha. O tema do falcão possui uma peculiaridade muito significatica: o falcão é um animal que possui uma visão muito precisa de objetos e animais que se encontram bem distantes deles. A visão do falcão é prodigiosa e alcança bem longe. Por este motivo, Hórus se reveste da capa simbólica de um falcão e é representado como aquele que possui uma visão de amplitude imensa. Ele simboliza o ser que, após uma longa e exaustiva série de nascimentos e mortes, encontram a real sabedoria e a visão ilimitada do real; a alma que atingiu a iluminação. Representa a consciência infinita e sem fronteiras, que tudo sabe e tudo vê.

(HUGO LAPA)
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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O MEDO À BÍBLIA - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA












Todos sabem que em tempos medievais, ler a bíblia era crime grave. Crime que penalizava raros, pois só os que conheciam latim, tinham acesso ao Livro; e esses eram quase todos sacerdotes, por isso, estavam livres de castigo.

Do assunto e muito mais, conta Mário Martins, em livro do Instituto de Cultura Portuguesa.

Mas, em tempos quase contemporâneos, na primeira metade do século XX, ainda o acesso ao Livro, estava interdito à maioria dos portugueses.

Meu pai asseverava, que em menino, escutara a sacerdotes: que quem tivesse Bíblia, de capas pretas e folhas vermelhas, sem aprovação eclesiástica, devia queimar. Eram falsas, Mas as católicas, as que tinham aprovação eclesiástica, eram raras, e ninguém as recomendava, pelo menos abertamente.

Numa manhã de domingo, minha bisavó Júlia, ouvindo dizer a católicos entendidos e a padres, que as Bíblias protestantes deviam ser queimadas, meteu dois volumes, ricamente ilustrados, editados pela Empresa Editora de Bíblia Sagrada Ilustrada - 1893, numa saca de pano, e encaminhou-se para a sacristia da paróquia, para falar com o abade.

O padre procurou a autorização eclesiástica e não a encontrando, disparou:

- É falsa….Queimar é pena! …deixe ficar comigo.

Minha bisavó era simples, mas não parva. Meteu os volumes na saquita e retorquiu, erguendo os ombros:

- Se servem para o Sr. Abade, também servem para mim!

Chegou-me, agora à memória, episódio curioso, ocorrido comigo:

Quando tinha vinte anos, era amigo de pastor evangélico, que insistia para participar nas aulas dominicais.

Fui, e foram bem proveitosas. Cresci espiritualmente. Nas aulas sempre recomendava o uso de Bíblias não anotadas, portanto evangélicas.

Certa ocasião, convidou-me para almoçar em sua casa. Enquanto a esposa preparava a refeição, mostrou-me o escritório.

Visionei as estantes e descobri a Bíblia das Paulistas. Não me contive:

- Recomenda não consultar a Bíblia católica, porque são anotadas, e afinal aqui está uma! ...

Surpreendido pela descoberta, esclareceu-me:

- Tenho Bíblias católicas, porque são de grande utilidade: além de esclarecerem passagens obscuras, situa-nos geograficamente. Consulto-As assiduamente.

Fiquei a saber, que são úteis para os pastores, mas não para os fiéis!

Há seitas, que para poderem defender pontos de vista, mudam, nas suas edições, a pontuação, e usam traduções incorrectas. Por isso, ao adquirir uma Bíblia, não católica, deve-se verificar se foi editada pela Sociedade Bíblica.

Nas últimas décadas, a Igreja, anda empenhada na divulgação da Bíblia e tudo tem feito para que os crentes façam leituras diárias, pelo menos do Evangelho.

E ainda bem que assim é, pois é pena, que a ignorância do Seu contudo, leve intelectuais e figuras publicas a proferirem erros crassos, quando falam de cristianismo.



HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal




sábado, 2 de novembro de 2013

Lenda dos Três Magos que visitaram a grande abóbada e descobriram o centro da ideia.




(Transcrevemos essa bela lenda maçônica e cabalística, profundamente esotérica, que merece ser conhecida e compreendida pelos “iniciáveis”. Não lhe acrescentaremos nenhum comentário, que só poderia tornar insípido seu sentido tão profundo).

Muito tempo depois da morte Hiram e de Salomão e de todos os seus contemporâneos, depois que os exércitos de Nabucodonosor destruíram o reino de |Judá, arrasaram a cidade de Jerusalém, derrubaram o Templo e levaram em cativeiro o resto da população que não havia sido massacrada, quando a montanha de Sião nada mais era que um deserto árido onde pastavam algumas cabras magras guardadas por beduínos famélicos e saqueadores, certa manhã, três viajantes chegaram ao passo lento de seus camelos.

Eram Magos, iniciados de Babilônia, membros do Sacerdócio Universal, que vinham em peregrinação e para explorar as ruínas do antigo Santuário.

Depois de uma refeição frugal, puseram-se a percorrer o recinto em ruínas. A destruição das paredes e os fustes das colunas permitiram-lhes determinar os limites do Templo. Eles se puseram depois a examinar os capitéis jogados por terra, a recolher as pedras para nelas descobrir inscrições e símbolos.

Enquanto procediam a essa exploração, sobre um pedaço de parede em ruínas e no meio das sarças, eles descobriram uma escavação.

Tratava-se de um poço situado no ângulo sudeste do Templo. Eles cuidaram de limpar o orifício, depois do que um deles, o mais idoso, o que parecia ser o chefe, deitando-se às bordas do mesmo, examinou o seu interior.

Era meio-dia, o Sol brilhava em seu zênite e seus raios mergulhavam quase que verticalmente no interior  do poço. Um objeto brilhante feriu os olhos do Mago. Ele chamou pelos companheiros, que se  colocaram na mesma posição que ele e olharam. Evidentemente, havia ali um objeto digno de atenção, sem dúvida uma jóia sagrada. Os três peregrinos resolveram apoderar-se dela. Desamarraram os cintos que lhes cingia os rins, ataram-nos uns nos outros e lançaram uma de suas extremidades no poço.

Então, dois dentre eles, inclinando-se, encarregaram-se de suster o peso do que descia. Este, o chefe, empunhando a corda, desapareceu pelo orifício. Enquanto efetua sua descida, veremos qual era o objeto que havia atraído à atenção dos peregrinos. Para tanto, devemos remontar vários séculos atrás, até a cena da morte de Hiram.

Quando o Mestre, diante da porta do Oriente, recebeu o golpe de alavanca do segundo mau Companheiro, ele fugiu para alcançar a porta do Sul; mas, enquanto corria para lá, teve medo quer de ser perseguido, quer, como aconteceu, de encontrar um terceiro mau Companheiro. Ele tirou de seu pescoço uma jóia que dele pendia segura por uma corrente de setenta e sete anéis, e lançou-a no poço que se abria no Templo, no canto dos lados Oeste e Sul.

Esta jóia era um Delta de um palmo de lado, feito do mais puro metal, sobre o qual Hiram, que era um iniciado perfeito, havia gravado o nome inefável que carregava sobre si, na face interna, ficando à vista apenas uma face lisa.

Enquanto, ajudando-se com os pés e as mãos, o Mago descia até as profundezas do poço, ele constatou que a parede deste estava dividida em zonas ou anéis feitos de pedra de cores diferentes de cerca de um côvado de altura cada um. Quando chegou ao fundo, ele contou essas zonas e viu que elas eram em numero de dez. Abaixou então os olhos para o chão, viu a jóia de Hiram, recolheu-a, observou-a e constatou com emoção que nela estava escrita a palavra inefável que ele conhecia porque ele era um iniciado perfeito. Para que seus companheiros, que não tinham, como ele, a plenitude da iniciação, não a pudessem ler, ele pendurou a jóia em seu pescoço pela pequena corrente, deixando voltada para frente à face lisa, assim como fizera o Mestre.

Olhou, depois, a seu redor e constatou a existência, na muralha, de uma abertura pela qual podia penetrar um homem. Entrou por ela, caminhando às apalpadelas na escuridão. Suas mãos encontraram uma superfície que, por tato, julgou ser de bronze. Então, ele recuou, voltou ao fundo do poço, avisou para que seus companheiros mantivessem firme a corda e subiu.

Vendo a jóia que ornava o peito do chefe, os dois Magos inclinaram-se diante dele, percebendo que ele acabava de ser submetido a uma nova consagração. Ele revelou-lhes da porta de bronze.

Eles pensaram que ali devia haver um mistério; deliberaram então fazer juntos a descoberta.

Colocaram uma extremidade da corda feita com os três cintos sobre uma pedra chata que havia junto do poço e sobre a qual se lia ainda a palavra “Jachin”. Rolaram para cima dela um fuste de coluna em que se via a palavra “Booz”, asseguraram-se depois que, assim fixada, a corda podia suportar o peso de um homem.

Dois dentre eles fizeram em seguida o fogo sagrado com a ajuda de um bastonete de madeira dura rolado entre as mãos no interior da cavidade de um pedaço de madeira tenra. Quando a madeira tenra se incendiou, eles sopraram sobre ela para provocar uma chama. Enquanto isso, o terceiro Mago havia ido buscar, nos fardos amarrados na corcova dos camelos, três tochas de resina que eles haviam levado para afastar os animais selvagens de seus acampamentos noturnos. As tochas foram sucessivamente aproximadas da madeira em chama e elas próprias se inflamaram do fogo sagrado. Cada Mago, segurando sua tocha, deixaram-se deslizar ao longo da corda até o fundo do poço.

Uma vez aí, eles se introduziram, sob a conduta do chefe, no corredor que leva à porta de bronze. Chegada à frente dela, o velho Mago examinou-a detidamente sob a luz de sua tocha. E constatou no meio, a existência de um ornato em relevo com a forma de uma coroa real, em torno da qual havia um círculo composto de pontos, em número de vinte e dois.

O Mago absorveu-se numa meditação profunda, pronunciou depois a palavra “Malkuth” e, de repente, a porta se abriu.

Os exploradores viram-se então diante de uma escada que mergulhava no solo; meteram-se por ela, sempre empunhando as tochas, contando os degraus. Após terem descido três degraus, encontraram um patamar triangular, cujo lado esquerdo começava outra escada. Meteram-se por ela e, depois de cinco degraus, encontraram outro patamar com a mesma forma e as mesmas dimensões. Dessa vez, a escada continuava pelo ladodireito e se compunha de sete degraus.

Depois de passar por um terceiro patamar, eles desceram nove degraus e se encontraram diante de uma porta de bronze.

O velho Mago examinou-a como a precedente, e constatou a existência de outro ornamento em relevo, representando uma pedra angular, também rodeada de um circulo de vinte e dois pontos. Pronunciou a palavra “Iesod” e, por sua vez, esta porta se abriu.

Os Magos entraram numa vasta sala abobadada e circular, cuja parede estava ornada com nove fortes nervuras que partiam do solo e se encontravam num ponto central do vértice.

Eles a examinaram a luz de suas tochas, deram a volta para ver se não havia outra saída além daquela pela qual haviam entrado. Como nada encontrassem, pensavam em se retirar; mas seu chefe voltou atrás, examinou uma a uma as nervuras, procurou um ponto de referência, contou as nervuras e, de repente, chamou. Num canto escuro, ele encontrou outra porta de bronze. Esta tinha como símbolo em Sol radiante, sempre inscrito num círculo de vinte e dois pontos. Tendo o chefe dos Magos pronunciado a palavra “Netzah”, ela se abriu ainda e deu acesso a uma segunda sala.

Sucessivamente, os exploradores franquearam cinco outras salas igualmente dissimuladas e passaram por novas criptas.

Sobre uma dessas portas, havia uma Lua resplandecente, uma cabeça de leão, uma curva doce e graciosa, uma régua, um rolo da lei, um olho e, enfim, uma coroa real.

As palavras pronunciadas foram sucessivamente, Hod, Tiphereth, Chesed, Geburah, Chochmah, Binah e Kether.

Quando eles entraram sob a nova abóbada, os Magos pararam surpresos, deslumbrados, amedrontados. Essa ala não estava mergulhada na escuridão; pelo contrário, estava brilhantemente iluminada. No meio, estavam colocados três lampadários de uma altura de onze côvados, cada um com três ramos. Essas lâmpadas, que queimavam há séculos, cuja extinção não pôde ser provocada nem pelo extermínio do reino de Judá, nem pela destruição de Jerusalém ou pelo desmoronamento do Templo, brilhavam vivamente, iluminando com uma luz ao mesmo tempo doce e intensa todos os recantos, todos os detalhes da maravilhosa arquitetura daquela cúpula sem igual talhada na rocha viva.

Os peregrinos apagaram suas tochas, pois não tinham mais necessidade delas, colocaram-nas junto à porta, tiraram suas sandálias e ajustaram seus chapéus como num lugar sagrado, e depois avançaram, inclinando-se por nove vezes na direção dos gigantescos lampadários.

Na base do triângulo formado por estes, levantava-se um altar de mármore branco de forma cúbica de dois côvados de altura. Numa das faces, a que estava voltada para o vértice do triângulo, estavam representadas, em ouro, os instrumentos da Maçonaria: a Régua, o Compasso, o Esquadro, o Nível a Trolha, o Malhete. Sobre aface lateral esquerda, via-se figuras geométricas: o Triângulo, o Quadrado, a Estrela de Cinco Pontas, o Cubo. Sobre a face lateral direita, liam-se os números: 27, 125, 343, 729, 1331. Enfim, na face posterior, estava representada a Acácia simbólica. Sobre esse altar estava colocada umapedra de ágata  de três palmos de lado; acima, lia-se, escrita em letras de ouro, a palavra “Adonai”. Os dois Magos discípulos inclinaram-se, adoraram o nome de Deus; mas seu chefe, levantando ao contrário à cabeça. Disse-lhes:
Já é tempo de saberdes o último ensinamento que fará de vós Iniciados perfeitos. Esse nome não passa de um símbolo que não exprime de forma real a idéia da “Concepção Suprema”.

Ele segurou então com as duas mãos a pedra de ágata, voltou-se para seus discípulos, dizendo-lhes: “Olhai a Concepção Suprema: ei-la. Estais noCentro da idéia”.  

Os discípulos soletraram as letras Iod, He, Vau, He e abriram a boca para pronunciar a palavra, mas ele gritou para eles: “Silêncio! É a palavra inefável que não deve sair de nenhum lábio”.

Em seguida, repousou a pedra de ágata sobre o altar, tomou a jóia do Mestre Hiram que pendia de seu pescoço e mostrou-lhes como as mesmas letras estavam gravadas ali.

“Aprendei agora. Disse-lhes, que não foi Salomão quem mandou cavar esta abóbada hipogéia, nem construir as oito que a precedem, nem foi ele quem escondeu aqui a pedra de ágata. A pedra foi colocada por Henoch, o primeiro de todos os Iniciados, o Iniciado Iniciante, que não morreu, mas sobrevive em todos os seus filhos espirituais. Henoch viveu muito tempo antes de Salomão, antes mesmo de dilúvio. Não se sabem em que época foram construídas as oito primeiras abóbadas e esta, cavada na rocha viva”. Contudo, os novos grandes Iniciados desviaram sua atenção do altar e da pedra de ágata, contemplaram o céu da Sala, que se perdia numa altura prodigiosa, percorreram a vasta nave, na qual suas vozes despertavam ecos repetidos. Chegaram, assim, diante de uma porta, cuidadosamente dissimulada, e cujo símbolo era uma vaso quebrado. Chamaram seu Mestre e lhe disseram: “Abre-nos também esta porta: deve haver um novo mistério por trás dela”. – Não, respondeu-lhes ele, não deve abrir esta porta.

Há por trás dela um mistério, mas é um mistério terrível, um mistério de morte. – “Oh, queres esconder de nós alguma coisa, reservando-a para ti; mas queremos saber tudo; nós mesmos abriremos essa porta”.

Eles então se puseram a pronunciar todas as palavras que haviam ouvido da boca do Mestre; depois, como essas palavras não produzissem nenhum efeito, eles disseram todas as que lhes passaram pela cabeça. E já iam desistir, quando um deles pronunciou: “Não podemos, contudo, continuar até o infinito”. A essa palavra: Em Sofá, a porta se abriu com violência, os dois imprudentes foram derrubados ao chão, um vento furioso soprou pela abóbada, as lâmpadas mágicas se apagaram.

O Mestre correu para a porta, abaixou-se, chamou os discípulos em seu socorro; eles acorreram à sua voz, inclinaram-se com ele, e seus esforços reunidos chegaram afinal a fechar a porta.

Mas as luzes não tornaram a se acender e os Magos foram mergulhados na mais profunda treva. Eles se reuniram à voz do seu Mestre. Este lhes disse: “Aí, este acontecimento terrível era de se prever”. Estava escrito que cometeríeis essa imprudência. Eis agora em grande perigo nestes lugares subterrâneos ignorados pelos homens. Tentemos, contudo, sair daqui, atravessar as oito abóbadas e chegar ao poço pelo qual descemos. Daremos as mãos uns aos outros e caminharemos até encontrar a porta de saída.

Recomeçaremos em todas as salas até chegarmos ao pé da escada de vinte e quatro degraus. Esperaremos chegar até lá.”

Assim fizeram. Passaram horas de angústia, mas não se desesperaram.

Chegaram até o pé da escada de vinte e quatro degraus. Subiram, contando 9, 7, 5 e 3, e se viram de novo no fundo do poço. Era meia-noite, asestrelas brilhavam no firmamento; a corda feita de cintos pendia lá ainda.

Antes de deixar que seus Companheiros subissem, o Mestre mostrou-lhes o círculo recortado no céu pela boca do poço e lhes disse: “Os dez círculos que vimos ao descer representam também as abóbadas ou arcos da escadaria; o último corresponde ao número onze, aquele de onde soprou o vento do desastre: é o céu infinito, com luminárias de fora de nosso alcance que o povoam”.   

 Os três Iniciados voltaram ao recinto do Templo em ruínas; rolaram de novo o fuste de coluna sem perceber nele a palavra “booz”, desamarram seus cintos, cingiram-nos montaram em seus camelos; depois, sem trocar uma só palavra, mergulhados em profunda meditação sob o céu estrelado, no meio do silêncio noturno, afastaram-se ao passo lento de seus camelos na direção de Babilônia.



Excerto da obra de: Boucher, Jules – A Simbólica Maçônica; Segundo as Regras da Simbólica Esotérica e Tradicional, Tradução de Frederico Ozanam Pessoa de Barros. Ed.Pensamento, S.Paulo, SP, 2006.
      
        


terça-feira, 29 de outubro de 2013

D. DUARTE E A BÍBLIA - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA













Não há, no mundo Ocidental, família que não possua, pelo menos, um exemplar da Bíblia, mesmo as que se declaram agnósticas.

A divulgação do Livro, mormente o Novo Testamento, foi de tal forma feita, que praticamente não existe quem não conheça passagens do Evangelho.

Bem sei, que a maioria das Bíblias, encontram-se guardadas nas estantes, já que a leitura Desta, ainda é rara entre católicos, apesar das recomendações constantes da Igreja, para que seja diária.

Mas, na Idade Média, não foi assim. A Bíblia era para uso exclusivo de mosteiros e palácios. Os crentes tinham conhecimento Dela, pelos sermões e homilias.

A descoberta da imprensa, facilitou a difusão.

Mesmo assim, parte da literatura medieval sofreu influência do Livro.

Na “ Arte de Bem Cavalgar Toda a Sela”, D. Duarte cita passagens do Evangelho, assim como no “Leal Conselheiro”.

Não admira, já que o rei possuía, na biblioteca, excertos do “Evangelho “, e seu pai, El-Rei D. João, chegou a traduzir “ Salmos” para a linguagem de então.

D. Duarte era, para a época, rei de elevada cultura. Fundou a primeira biblioteca real, no paço, e escreveu várias e curiosos livros. No seu reinado foi nomeado Cronista -Mor, Fernão Lopes.

Sabe-se que nessa livraria havia vários livros da Bíblia, entre eles:” Actos Apóstolos “, o “Livro dos Salmos” e “ Géneses”, todos em latim.

Há dúvidas se existia, no paço, exemplar da Bíblia completa; é de crer que não, mas que D. Duarte conhecia excertos, não há duvida, pois chega a citá-los no “ O Leal Conselheiro”.

Recomendava D. Duarte que não se devia ler muito de uma acentada, para se poder compreender e meditar melhor, e não enfartar a mente.

Recomendava a leitura do Evangelho, e esclarecia que há passagens obscuras, que nem os entendidos podem explicar, sem receio de errarem; mas, diz o rei, que se não percebermos, um versículo, passemos a outro.

Assevera D. Duarte que sempre aprendemos com a leitura do Evangelho, e se O conhecermos bem, podemos esclarecer os que não podem ou não tiveram oportunidade de O lerem.

Devido à Bíblia, a língua portuguesa está impregnada de hebraísmos e expressões desse povo.

Na opinião do rei, a leitura do Evangelho não é perda de tempo, muito pelo contrário.

Infelizmente, apesar de estarmos a séculos da Idade Média, ainda há muitos crentes que adquirem a Bíblia para engalanarem a estante.

Certa ocasião fui visitar senhora de elevada cultura. Sabendo que era católico, quis deslumbrar-me, mostrando uma Bíblia ilustrada de Doré, ricamente encadernada a couro e de vistosas folhas doiradas.

Ao entregar-ma, declarou eufórica: - “ Agora meu marido já tem uma Bíblia à sua altura!”

Essa mulher apreciava os livros, como muitos avaliam os homens: pelas vestes e aspecto exterior.

Pensava a boa senhora, que o marido ficava mais ilustre por possuir luxuosa Bíblia.

Esses livros, de elevado custo, em regra, não são para serem lidos, apenas servem para deslumbrar as visitas.






HUMBERTO PINHO DA SILVA   - Porto, Portugal



domingo, 20 de outubro de 2013

Os Vivos e os Mortos - Por Eliphas Levi



Passando por um cemitério certo dia, Cristo encontrou um jovem ajoelhado, chorando diante de uma cruz. Ao vê-lo, Jesus compadeceu-se de sua dor e aproximando-se lhe perguntou: “Por que choras?”Voltando-se e apontando um túmulo, o jovem respondeu: “Minha mãe está enterrada aqui há três dias”. “Não, meu filho, tua mãe não está aí”, respondeu-lhe Jesus. “Aí só se depositou a última vestimenta que ela agora abandonou. Por que choras, pois, sobre um despojo inservível? Levanta-te e segue teu caminho, pois tua mãe te espera”.
O rapaz sofredor moveu tristemente a cabeça e disse: “Não, esperarei aqui a morte e irei reunir-me a ela”. “A morte espera a morte, e a vida vai atrás da vida! Não entristeças, com uma dor egoísta e estéril, a alma daquela que te precedeu, não atrases seu caminhar até Deus com teu desespero e tua inércia. Seu amor ainda vive em teu coração, e não a terás perdido se a fizeres viver dignamente em ti. Em vez de chorar por tua mãe, ressuscita-a. Não me olhes com admiração, nem penses que estou brincando com tua dor. Aquela cuja perda lamentas está perto de ti. Um dos véus que separavam vossas almas caiu; resta um ainda, e, separados só por esse véu, deveis viver um para o outro. Tu trabalharás para ela e ela rogará por ti”.
“Como trabalharei para ela?”, perguntou o órfão, “agora que está sob a terra, não tem necessidade de mais nada”.
“Enganas-te meu filho, confundindo o corpo com a vestimenta. Ela tem agora, mais que nunca, necessidade de inteligência e de amor, no mundo onde vive. Tu es a vida de seu coração e a preocupação de seu espírito, e ela te chama em sua ajuda. Para ter o direito de descansar, é preciso trabalhar. Se não trabalhares por tua mãe, torturarás sua alma. Por isso te disse: ‘Levanta-te e caminha’; porque a alma de tua mãe se levantará e caminhará contigo, e tu a ressuscitarás em ti se fizeres frutificar seu pensamento e seu amor. Ela tem um corpo na terra: é o teu; tu tens uma alma no céu: é a dela. Que essa alma e esse corpo caminhem juntos e tua mãe reviverá. Crê, filho meu, o pensamento e o amor não morrem jamais, aqueles a quem julgas mortos vivem mais que tu se pensam e, ainda mais, se amam”.
“Se a idéia da morte te entristece e te espanta, refugia-te no seio da vida. Ali encontrarás todos aqueles que te amam. Os mortos são os que não pensam e não amam, pois trabalham para a corrupção, e a corrupção por sua vez, os consome. Deixa, pois, aos mortos a tarefa de chorar pelos mortos, e vive com e para os vivos. O amor é o laço que une as almas, e quando esse laço é puro, ele é indestrutível. Tua mãe te precede no caminho até Deus, mas, está presa a ti. E, se tu dormes no sofrimento egoísta, ela se verá obrigada a esperar-te e por isso sofrerá. Mas, eu te digo, em verdade, que todo bem que puderes fazer, será levado em conta para sua alma, enquanto que se fizeres o mal, ela sofrerá voluntariamente a dor. Por isso repito: se a amas, vive para ela”.
O jovem, então, levantou-se. Suas lágrimas cessaram de correr e contemplou a face de Jesus com admiração, pois o rosto do Cristo estava radiante de inteligência e de amor, a imortalidade resplandecendo em seus olhos. Tomando o jovem pela mão, Jesus lhe disse: “Vem!” Conduziu-o em seguida ao topo de uma colina que dominava a cidade inteira e exclamou: “Olha o verdadeiro campo dos sepulcros! Ali, nesses palácios que entristecem o horizonte, há mortos pelos quais é preciso chorar, mais do que por aqueles cujos restos jazem aqui; pois aqueles não descansam.
Agitam-se em meio à corrupção e disputam seu pasto com os vermes. São semelhantes a um homem enterrado vivo”.
“O ar celeste falta à seus pulmões e a terra gravita sobre eles. Estão fechados nas estreitas e miseráveis instituições que fizeram para si mesmos, como entre as paredes de um caixão. Jovem que choravas e cujas lágrimas minhas palavras secaram, chora e geme agora sobre os mortos que ainda sofrem. Chora sobre aqueles que se crêem vivos e que são cadáveres atormentados. A esses há que gritar com voz poderosa: ‘Saiam de vossas tumbas!’ Oh! Quando soará a trombeta do anjo? O anjo que deve despertar o mundo é o anjo da inteligência. O anjo que deve salvá-lo é o anjo do amor. A luz será, então, como o relâmpago que brilha no Oriente e refulge, ao mesmo tempo, no Ocidente”.
“À sua voz, o corpo de Cristo que é o pão fraterno, será revelado a todos, e as águias se reunirão ao redor do corpo que deve alimentá-los. Então, o verbo humano, liberto dos interesses egoístas, se unirá ao Verbo Divino; e a palavra unificada, ressoando no mundo inteiro, será a trombeta do anjo. Os vivos se levantarão, os vivos a quem se acreditava mortos e que sofrerão esperando a libertação, e todo o que não é morto se porá a caminho e irá para diante do Senhor; enquanto que o vento varrerá as cinzas dos que já não o são”.
“Jovem, mantém-te disposto, e guarda-te de morrer. Vive para aqueles que amas, ama àqueles que vivem, e não chores pelos que subiram um grau mais na escala da vida, chora pelos mortos. Tua mãe te amava; te ama, por conseguinte, muito mais neste instante em que seu pensamento e seu amor estão livres das pesadas barreiras da terra. Chora pelos que não pensam em ti e não te amam. Pois te digo, em verdade, que a humanidade só tem um corpo e uma alma, e vive onde quer que se trabalhe e se sofra. Um membro insensível ao bem-estar e à dor dos outros membros está morto e deve ser suprimido em breve”.
Ditas estas palavras, o Cristo desapareceu da vista do jovem que, depois de ficar alguns instantes imóvel, como que sob a impressão de um sonho, empreendeu silenciosamente o caminho de volta à cidade, pensando: “Vou procurar os vivos entre os mortos. E farei bem a todos aqueles que sofrem, sofrendo com eles e amando-os, a fim de que minha mãe o saiba e me bendiga no Céu; pois agora compreendo que o Céu não está distante de nós e que a alma é para o corpo o que o céu material é para a terra”.
O céu, que rodeia e sustém a terra, bebe na imensidão, assim como nossa alma se embriaga do próprio Deus. E os que vivem no mesmo pensamento e no mesmo amor, não podem separar-se jamais.
Transcrito do Site: Sociedade das Ciências Antigas: http://www.sca.org.br/uploads/news/id88/VivoseMortos.pdf
Publicado na revista "O Lotus Branco" (Dezembro de 1917)


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O QUE SÃO OS DRUIDAS ?













Luiz Carlos Nogueira














Os dicionários dizem que os druidas eram antigos sacerdotes dos povos gauleses e bretões (Caldas Aulete). Segundo alguns, a doutrina druídica teria surgido na Bretanha e depois ao longo do tempo foi introduzida na Gália.

A palavra druida é de origem céltica, e conforme o historiador romano Plínio - o velho, ela está relacionada com o carvalho, que na realidade era uma árvore sagrada para eles.

H. D'arbois de Jubainville (1), sobre a origem do druidismo, diz que: “Alguns estudiosos colocam a origem do druidismo na Hiperbórea, região localizada no Setentrião (Círculo Ártico), que faria parte do continente da Atlântida. Suas raízes remontam a uma pré-história do druidismo há, aproximadamente, 26.000 a.C, junto de um povo aventureiro, de raça branca, quando já eram sábios, tinham extraordinários poderes psíquicos e as chaves de conhecimentos cósmicos e terrenos. Com as diversas glaciações, a temperatura do planeta foi diminuindo e os hiperboreanos foram forçados a migrar para o sul, na direção das Gálias. Em contato com os lígures, esses sábios passaram a ser conhecidos como os Semnothées, que significa "os adoradores de Deus". Por seus conceitos monoteístas da Divindade como Poder Supremo, eles se distinguiam dos povos pagãos.


Num texto de autoria de José Laércio do Egito (que se identifica como F.R.C - Irmão Rosacruz), encontrado na Internet, recolhi a seguinte informação acerca de os druidas serem ou não monoteístas (2):

“No contexto religioso os druidas eram sacerdotes e sacerdotisas dedicados ao aspecto feminino da divindade, a Deusa Mãe. Embora cultuassem a Deusa Mãe mesmo assim admitiam que todos os aspectos expressos a respeito da Divindade eram ainda percepções imperfeitas do Divino. Assim, todos os deuses e deusas do mundo nada mais eram do que aspectos de um só Ser Supremo - qualquer que fosse a sua denominação visto sob a ótica humana. (Destaque e grifo meu. Observo ainda, que  “aspectos de um só Ser Supremo” quer significar monoteísmo?).

Andréa Èire (5), uma estudiosa e aficcionada do druidismo, bate o pé dizendo que: “Os druidas clássicos pré-cristãos eram politeístas e, como todo sacerdote pagão, veneravam os espíritos da Natureza, deuses tribais, deuses da paisagem e os ancestrais. O druidismo moderno é igualmente politeísta, pois se baseia nas crenças dos druidas clássicos e não nos druidas do renascimento do século 19.”

As opiniões divergem quanto a questão de os druidas serem monoteístas ou politeístas. Por exemplo, Adílio Jorge Marques, outro rosacruz, diz que: Os druidas praticavam em sua doutrina a lei de um Deus único e incognoscível – logo, não representável; ou seja, o monoteísmo, propagado de maneira irrefutável pelo grande Akhenathon.”(3)

Thomas Bulfinch (6) também informa que: “Os druidas ensinavam a existência de um deus, a quem davam o nome de "Be'ai", que, segundo os entendidos, significa "a vida de tudo" ou "a fonte de todos os seres" e que parece ter afinidade com o Baal dos fenícios.” “[...]Os escritores latinos afirmam que os druidas também cultuavam numerosos deuses inferiores.”

Outras informações encontradas no livro de José Laércio, nos faz compreender algumas coisa, como a de que: A Igreja Católica, inspirada pela Conjura, demonstrou grande ódio aos Druidas que, tal qual outras culturas, foram consideradas pagãs, bruxos terríveis, magos negros que faziam sacrifícios humanos e outras coisas cruéis. Na realidade nada disso corresponde à verdade, pois quando os primeiros cristãos chegaram naquela região foram muito bem recebidos, até porque a tradição céltica conta que José de Arimatéia discípulo de Jesus viveu entre eles e levado até lá o Santo Graal (Taça usada por Jesus na Última Ceia).

Em torno disto existem muitos relatos, contos, lendas e mitos, especialmente ligados à Corte do Rei Arthur e a Távola Redonda. São inúmeros os contos, entre eles, aqueles relativos à Corte do Rei Arthur, onde vivera Merlin, o mago, e a meia-irmã de Arthur, Morgana, que eram Druidas.

A religião druídica na realidade era uma expressão mais mística da religião céltica. Esta era mais mágica, por isso mais popular, com formas de rituais mais rústicos, e muito mais ligado à natureza ambiental, à terra que era tratada com carinho bem especial. A mais popular das expressões religiosas dos celtas constituiu-se a Wicca, que o Catolicismo fez empenho em descrever como um conjunto de rituais satânicos.”(2)

Outras informações que chegaram até nós, como as de Plínio “O Velho” (historiador romano), do grego Diodoro Sículo (historiador grego) e outros romanos e gregos, deram conta de que os sacerdotes druidas teriam sido dotados do dom da clarividência e que nos vôos espirituais tinham os mesmos tipos de visões dos xamãs e, portanto, podiam dizer profecias. Além disso, teriam sido excelentes filósofos religiosos, físicos e magos.

Para completar, os druidas detinham um vasto domínio sobre todos os estudos, sem esquecer que eram exímios feiticeiros e versados nas artes da magia, com o que podiam fazer encantamentos, mudar suas fisionomias e tornarem-se invisíveis por meio de uma espécie de bruma que produziam.(4)

Diz a lenda, que um rei da Bretanha teria mandado um druida fazer o seu vôo espiritual, para ver onde o exercito irlandês estava acampado. Feito isso, o druida pôde fazer um relato sobre as estratégias militares para o rei.

Portanto, sabe-se que quando o exercito de Júlio César, o imperador romano, conquistou as Gálias, temeroso das ações dos druidas, mandou extermina-los, o que os obrigou a fugirem para os países mais distantes, como País de Gales, Inglaterra e Irlanda.

Os druidas teriam se misturado como o cristianismo e permanecido na Irlanda até o século 16, tendo alguns deles exercido suas influências até o século 20, quando teriam desaparecido para todo o sempre. Quanto ao desaparecimento dos druidas, fica aqui um ponto de interrogação, porquanto existem atualmente as chamadas escolas druidicas que reclamam para si, o reconhecimento de que sejam uma continuação dos antigos druidas.

Há os que dizem que os druidas acreditavam na reencarnação (sem karma e não da mesma forma que os espíritas crêem)(5) e por isso suas atitudes perante a morte era de total despreocupação, pois, entendiam que se tratava apenas de uma passagem de um estado de vida material, para outro espiritual, quando não passavam de um corpo para outro (não confundir com a metempsicose ou teoria da transmigração da alma).

Mas uma das coisas importantes, está registrada por Bulfinch: “Os druidas eram mestres de moralidade como de religião. Um valioso exemplo de seus ensinamentos éticos foi conservado nas Tríades dos bardos gaélicos, e dele podemos deduzir que a idéia que faziam da inteira moral era justa em seu conjunto, e que eles adotavam e ensinavam muitas regras de conduta nobres e valiosas. Também eram os cientistas e sábios da sua época e de seu povo.”


1-) Jubainville, H. D'arbois de.Os Druidas, os deuses celtas com formas de animais, Madras Editora, São Paulo, 2013.

2-) José Laércio do Egito - http://users.hotlink.com.br/egito/druidas.htm - (acessado dia 17/10/2013)

3-) Marques, Adílio Jorge – Filosofia dos Sábios Druidas, Revista O Rosacruz, editada pela Ordem Rosacruz, AMORC, outono 2013, nº 284.

4-) Rutherford, Ward. El Mistério de los druidas, La sabiduría de los magos celtas por fin descifrada. Barcelona, 1994. Ediciones Martinez Roca, S.A. Colección Enigmas de la Historia.

5-) Site: Desmitificando os Celtas e os Druidas


6-) Bulfinch, Thomas, O Livro de Ouro da Mitologia, História de Deuses e Heróis; tradução de David Jardim Júnior — 26ª  ed. — Rio de janeiro, 2002

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Temor da Morte – Joana de Ângelis


O temor da morte é resultado da ignorância a respeito da vida.

Tradicionalmente renegada como sendo o fim, considerada como o momento de prestação de contas, normalmente apavorante, em razão do comportamento existencial durante a jornada terrestre, quase sempre reprochável, ou aniquilamento da consciência, a morte se transformou em hedionda realidade da qual, porém, ninguém consegue eximir-se.
 Para morrer, basta encontrar-se vivo.

Em algumas culturas ancestrais e em diversas atuais, procura-se mascarar a morte, ora realizando-se cultos prolongados e afligentes, noutros momentos produzindo-se festas de libertação do corpo, ainda, outras vezes, promovendo-se cerimoniais, maquilando-se o cadáver para dar-lhe melhor aparência, como se isso fosse importante, com o objetivo de diminuir-se a dor do seu enfrentamento.
 Quando se tem consciência do significado real da morte, na condição de passaporte para a vida, a alegria da imortalidade substitui a angústia do eterno adeus, ou da promessa do juízo final, ou ainda, a respeito do nunca mais...

Se o corpo pudesse prolongar a sua permanência na Terra, como agradaria a alguns aficionados da ilusão, mas apenas temporariamente, como isso seria terrível para os portadores de enfermidades degenerativas, de distúrbios psicóticos profundos, de deformidades congênitas, de paralisias, de transtornos psicológicos destrutivos, da miséria social e econômica, das expiações em geral.

Para quem se compraz na fantasia da ignorância, pretendendo manter a eterna juventude, desfrutar dos esgotantes prazeres, permanecer em foco onde quer que se encontre, seria, aparentemente, muito bom e compensador. No entanto, tudo quanto se faz repetitivo, num continuum demorado, corre o risco de tornar-se tedioso, de produzir o vazio existencial por falta de significado psicológico...
 A Divindade, ao estabelecer os limites orgânicos, em razão das energias que vitalizam a matéria, proporciona tempo e oportunidade necessários para o desenvolvimento ético-moral e espiritual do ser humano.

Mediante as existências sucessivas, adquirem-se os valores inalienáveis para a conquista do bem-estar, da harmonia, da individuação.

Com a sua constituição imortal, o Espírito progride e alcança os patamares superiores da vida, podendo fruir todas as bênçãos que se lhe encontram ao alcance.

A felicidade não é deste mundo – assevera o Eclesiastes, demonstrando, que sim, existe a plenitude, mas não a anelada pelo corpo físico no mundo material.

A consciência da sobrevivência à disjunção molecular proporcional real alegria de viver e de lutar, ensejando um grandioso significado à existência que se adorna de possibilidades que facultam a conquista do estado numinoso.

Alguns objetam que esse comportamento pode proporcionar acomodação ao sofrimento, aceitação passiva das ocorrências perturbadoras, pensando-se que as futuras reencarnações tudo resolvem.

Pelo contrário, ocorre, pois que a consciência de si faculta ampliação dos horizontes mentais, enriquecimento emocional superior, esperança de alcançar-se as metas dignificantes da vida, à medida que se luta por consegui-las.
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Morre-se a cada instante, em razão das contínuas transformações que ocorrem no organismo.

Centenas de milhões de células decompõem-se e morrem, em minutos, ensejando o surgimento de outras tantas, até o momento quando a energia vital em deperecimento resultante do desgaste diminui e se consome, ensejando a morte de todo o organismo.

Em uma lúcida comparação, toda vez quando o sono fisiológico toma o organismo e obscurece a consciência, defronta-se uma forma de morte, sem grande variação a respeito daquela que encerra o ciclo terrestre.

O medo da morte, de alguma forma, é atávico, procedente da caverna, quando o fenômeno biológico sucedia e o homem primitivo não o entendia, desconhecendo a razão da sua ocorrência.

Do desconhecido sucesso às informações que foram sendo recolhidas ao longo dos milênios, os mitos e arquétipos remotos se encarregaram de criar funestos conceitos a seu respeito.

Nada obstante, nesse mesmo período, ocorrem, as memoráveis comunicações espirituais cujas informações são encontradas em algumas escritas rupestres, assim também originando-se o culto aos Espíritos, como uma forma de os manter vivos, de os tranquilizar, de os encaminhar ao mundo de origem.

Guardadas hoje as proporções, cerimônias religiosas, as recomendações litúrgicas e os ritos constituem um aperfeiçoamento daqueles cultos primitivos, nos quais, durante um largo período, realizavam-se holocaustos de animais e de seres humanos, afim de acalmar aqueles que se proclamavam deuses e responsáveis pelos acontecimentos em geral.

Houve, sem dúvida, um grande progresso na celebração dos cultos aos mortos, permanecendo ainda, lamentavelmente, a ignorância em torno da imortalidade.

Retornando ao convívio com aqueles que ficaram na Terra, dispõe-se de claras e significativas informações a respeito da sobrevivência do ser, de como contribuir em seu benefício, substituindo a pompa e as extravagâncias muito do agrado da insensatez pelas orações ungidas de amor e de respeito pela sua memória, recordando-o com carinho, trabalhando-se em benefício do próximo, em homenagem ao que representa na afetividade.
 A reverência ao corpo fixou-se de tal maneira no comportamento humano, que a arte utilizou-se desse fenômeno, para preservar o carinho dos que permaneceram no mundo, afinal, por pouco tempo, porque também foram convocados a seguir para o Além, através dos monumentos colossais, dos mausoléus ricamente decorados, das capelas revestidas de mosaicos e de mármores de altos preços... Os artistas aumentarem esse tipo de .culto, estimulando as decorações com estátuas imponentes ou comovedoras, utilizando do bronze, do ferro, do ouro e de outros metais, como de pedras preciosas, de pinturas faustosas, para expressar a grandiosidade do desencarnado, muitas vezes em situações deploráveis no mundo espiritual, como decorrência da vida que levou na Terra...

Ainda aí, vemos uma forma de dissimular a morte, dando um aspecto festivo aos despojos já consumidos pelos fenômenos naturais...

...E todos esses recursos poderiam ser encaminhados para diminuir o sofrimento de milhões de criaturas enfermas, esfaimadas, excluídas do conjunto social...

Infelizmente, porém, a morte é um dos fatores que empurram as pessoas fracas e despreparadas para os enfrentamentos normais da existência, para a depressão, para a revolta, para a violência.

Ninguém conseguirá driblar a morte, por mais que o intente.
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Pensa com frequência e tranquilidade na tua desencarnação.

Considera que o momento, por mais distante se te apresente, chegará fatalmente. Recorda os teus desencarnados com carinho, envolvendo-os em ternura e orações.

Fala-lhes mentalmente a respeito da realidade na qual se encontram e de como se devem comportar, procurando o apoio dos seus Guias e a proteção do Senhor da Vida.

Morrendo e retornando, logo depois, Jesus cantou o hino da imortalidade gloriosa que culmina a Sua trajetória na Terra de maneira insuperável.

Joanna de Ângelis. Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica de 25 de maio de 2010, na residência de Josef Jachulak, em Viena, Áustria