sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O QUE SÃO OS DRUIDAS ?













Luiz Carlos Nogueira














Os dicionários dizem que os druidas eram antigos sacerdotes dos povos gauleses e bretões (Caldas Aulete). Segundo alguns, a doutrina druídica teria surgido na Bretanha e depois ao longo do tempo foi introduzida na Gália.

A palavra druida é de origem céltica, e conforme o historiador romano Plínio - o velho, ela está relacionada com o carvalho, que na realidade era uma árvore sagrada para eles.

H. D'arbois de Jubainville (1), sobre a origem do druidismo, diz que: “Alguns estudiosos colocam a origem do druidismo na Hiperbórea, região localizada no Setentrião (Círculo Ártico), que faria parte do continente da Atlântida. Suas raízes remontam a uma pré-história do druidismo há, aproximadamente, 26.000 a.C, junto de um povo aventureiro, de raça branca, quando já eram sábios, tinham extraordinários poderes psíquicos e as chaves de conhecimentos cósmicos e terrenos. Com as diversas glaciações, a temperatura do planeta foi diminuindo e os hiperboreanos foram forçados a migrar para o sul, na direção das Gálias. Em contato com os lígures, esses sábios passaram a ser conhecidos como os Semnothées, que significa "os adoradores de Deus". Por seus conceitos monoteístas da Divindade como Poder Supremo, eles se distinguiam dos povos pagãos.


Num texto de autoria de José Laércio do Egito (que se identifica como F.R.C - Irmão Rosacruz), encontrado na Internet, recolhi a seguinte informação acerca de os druidas serem ou não monoteístas (2):

“No contexto religioso os druidas eram sacerdotes e sacerdotisas dedicados ao aspecto feminino da divindade, a Deusa Mãe. Embora cultuassem a Deusa Mãe mesmo assim admitiam que todos os aspectos expressos a respeito da Divindade eram ainda percepções imperfeitas do Divino. Assim, todos os deuses e deusas do mundo nada mais eram do que aspectos de um só Ser Supremo - qualquer que fosse a sua denominação visto sob a ótica humana. (Destaque e grifo meu. Observo ainda, que  “aspectos de um só Ser Supremo” quer significar monoteísmo?).

Andréa Èire (5), uma estudiosa e aficcionada do druidismo, bate o pé dizendo que: “Os druidas clássicos pré-cristãos eram politeístas e, como todo sacerdote pagão, veneravam os espíritos da Natureza, deuses tribais, deuses da paisagem e os ancestrais. O druidismo moderno é igualmente politeísta, pois se baseia nas crenças dos druidas clássicos e não nos druidas do renascimento do século 19.”

As opiniões divergem quanto a questão de os druidas serem monoteístas ou politeístas. Por exemplo, Adílio Jorge Marques, outro rosacruz, diz que: Os druidas praticavam em sua doutrina a lei de um Deus único e incognoscível – logo, não representável; ou seja, o monoteísmo, propagado de maneira irrefutável pelo grande Akhenathon.”(3)

Thomas Bulfinch (6) também informa que: “Os druidas ensinavam a existência de um deus, a quem davam o nome de "Be'ai", que, segundo os entendidos, significa "a vida de tudo" ou "a fonte de todos os seres" e que parece ter afinidade com o Baal dos fenícios.” “[...]Os escritores latinos afirmam que os druidas também cultuavam numerosos deuses inferiores.”

Outras informações encontradas no livro de José Laércio, nos faz compreender algumas coisa, como a de que: A Igreja Católica, inspirada pela Conjura, demonstrou grande ódio aos Druidas que, tal qual outras culturas, foram consideradas pagãs, bruxos terríveis, magos negros que faziam sacrifícios humanos e outras coisas cruéis. Na realidade nada disso corresponde à verdade, pois quando os primeiros cristãos chegaram naquela região foram muito bem recebidos, até porque a tradição céltica conta que José de Arimatéia discípulo de Jesus viveu entre eles e levado até lá o Santo Graal (Taça usada por Jesus na Última Ceia).

Em torno disto existem muitos relatos, contos, lendas e mitos, especialmente ligados à Corte do Rei Arthur e a Távola Redonda. São inúmeros os contos, entre eles, aqueles relativos à Corte do Rei Arthur, onde vivera Merlin, o mago, e a meia-irmã de Arthur, Morgana, que eram Druidas.

A religião druídica na realidade era uma expressão mais mística da religião céltica. Esta era mais mágica, por isso mais popular, com formas de rituais mais rústicos, e muito mais ligado à natureza ambiental, à terra que era tratada com carinho bem especial. A mais popular das expressões religiosas dos celtas constituiu-se a Wicca, que o Catolicismo fez empenho em descrever como um conjunto de rituais satânicos.”(2)

Outras informações que chegaram até nós, como as de Plínio “O Velho” (historiador romano), do grego Diodoro Sículo (historiador grego) e outros romanos e gregos, deram conta de que os sacerdotes druidas teriam sido dotados do dom da clarividência e que nos vôos espirituais tinham os mesmos tipos de visões dos xamãs e, portanto, podiam dizer profecias. Além disso, teriam sido excelentes filósofos religiosos, físicos e magos.

Para completar, os druidas detinham um vasto domínio sobre todos os estudos, sem esquecer que eram exímios feiticeiros e versados nas artes da magia, com o que podiam fazer encantamentos, mudar suas fisionomias e tornarem-se invisíveis por meio de uma espécie de bruma que produziam.(4)

Diz a lenda, que um rei da Bretanha teria mandado um druida fazer o seu vôo espiritual, para ver onde o exercito irlandês estava acampado. Feito isso, o druida pôde fazer um relato sobre as estratégias militares para o rei.

Portanto, sabe-se que quando o exercito de Júlio César, o imperador romano, conquistou as Gálias, temeroso das ações dos druidas, mandou extermina-los, o que os obrigou a fugirem para os países mais distantes, como País de Gales, Inglaterra e Irlanda.

Os druidas teriam se misturado como o cristianismo e permanecido na Irlanda até o século 16, tendo alguns deles exercido suas influências até o século 20, quando teriam desaparecido para todo o sempre. Quanto ao desaparecimento dos druidas, fica aqui um ponto de interrogação, porquanto existem atualmente as chamadas escolas druidicas que reclamam para si, o reconhecimento de que sejam uma continuação dos antigos druidas.

Há os que dizem que os druidas acreditavam na reencarnação (sem karma e não da mesma forma que os espíritas crêem)(5) e por isso suas atitudes perante a morte era de total despreocupação, pois, entendiam que se tratava apenas de uma passagem de um estado de vida material, para outro espiritual, quando não passavam de um corpo para outro (não confundir com a metempsicose ou teoria da transmigração da alma).

Mas uma das coisas importantes, está registrada por Bulfinch: “Os druidas eram mestres de moralidade como de religião. Um valioso exemplo de seus ensinamentos éticos foi conservado nas Tríades dos bardos gaélicos, e dele podemos deduzir que a idéia que faziam da inteira moral era justa em seu conjunto, e que eles adotavam e ensinavam muitas regras de conduta nobres e valiosas. Também eram os cientistas e sábios da sua época e de seu povo.”


1-) Jubainville, H. D'arbois de.Os Druidas, os deuses celtas com formas de animais, Madras Editora, São Paulo, 2013.

2-) José Laércio do Egito - http://users.hotlink.com.br/egito/druidas.htm - (acessado dia 17/10/2013)

3-) Marques, Adílio Jorge – Filosofia dos Sábios Druidas, Revista O Rosacruz, editada pela Ordem Rosacruz, AMORC, outono 2013, nº 284.

4-) Rutherford, Ward. El Mistério de los druidas, La sabiduría de los magos celtas por fin descifrada. Barcelona, 1994. Ediciones Martinez Roca, S.A. Colección Enigmas de la Historia.

5-) Site: Desmitificando os Celtas e os Druidas


6-) Bulfinch, Thomas, O Livro de Ouro da Mitologia, História de Deuses e Heróis; tradução de David Jardim Júnior — 26ª  ed. — Rio de janeiro, 2002

2 comentários:

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    1. Muito obrigado Daniel, que bom que tenha gostado, pois isso me faz continuar escrevendo sobre esses assuntos, que aliás, muito pouca gente é capaz de refletir e entender.

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