Luiz Carlos Nogueira
Os dicionários dizem que os druidas
eram antigos sacerdotes dos povos gauleses e bretões (Caldas Aulete). Segundo
alguns, a doutrina druídica teria surgido na Bretanha e depois ao longo do
tempo foi introduzida na Gália.
A palavra druida é de origem
céltica, e conforme o historiador romano Plínio - o velho, ela está relacionada
com o carvalho, que na realidade era uma árvore sagrada para eles.
H. D'arbois de Jubainville (1), sobre a origem do druidismo, diz que: “Alguns estudiosos colocam a origem do druidismo na Hiperbórea, região
localizada no Setentrião (Círculo Ártico), que faria parte do continente da
Atlântida. Suas raízes remontam a uma pré-história do druidismo há,
aproximadamente, 26.000 a .C,
junto de um povo aventureiro, de raça branca, quando já eram sábios, tinham
extraordinários poderes psíquicos e as chaves de conhecimentos cósmicos e
terrenos. Com as diversas glaciações, a temperatura do planeta foi diminuindo e
os hiperboreanos foram forçados a migrar para o sul, na direção das Gálias. Em
contato com os lígures, esses sábios passaram a ser conhecidos como os
Semnothées, que significa "os adoradores de Deus". Por seus conceitos monoteístas da Divindade como
Poder Supremo, eles se distinguiam dos povos pagãos.
Num texto de autoria de José Laércio do Egito (que se
identifica como F.R.C - Irmão Rosacruz), encontrado na Internet, recolhi a
seguinte informação acerca de os druidas serem ou não monoteístas (2):
“No contexto religioso os druidas eram sacerdotes e sacerdotisas
dedicados ao aspecto feminino da divindade, a Deusa Mãe. Embora cultuassem a
Deusa Mãe mesmo assim admitiam que todos os aspectos expressos a respeito da
Divindade eram ainda percepções imperfeitas do Divino. Assim, todos os deuses e deusas do mundo nada
mais eram do que aspectos de um só Ser Supremo - qualquer que fosse a
sua denominação visto sob a ótica humana. (Destaque e grifo meu. Observo ainda,
que “aspectos
de um só Ser Supremo” quer significar monoteísmo?).
Andréa Èire (5), uma estudiosa e aficcionada do
druidismo, bate o pé dizendo que: “Os
druidas clássicos pré-cristãos eram politeístas e, como todo sacerdote
pagão, veneravam os espíritos da Natureza, deuses tribais, deuses da paisagem e
os ancestrais. O druidismo moderno é
igualmente politeísta, pois se baseia nas crenças dos druidas clássicos e
não nos druidas do renascimento do século 19.”
As opiniões divergem quanto a questão de os druidas serem monoteístas
ou politeístas. Por exemplo, Adílio
Jorge Marques, outro rosacruz, diz que: “Os druidas praticavam em sua doutrina a lei
de um Deus único e incognoscível – logo, não representável; ou seja, o monoteísmo, propagado de
maneira irrefutável pelo grande Akhenathon.”(3)
Thomas Bulfinch (6) também
informa que: “Os druidas ensinavam a existência de um
deus, a quem davam o nome de
"Be'ai", que, segundo os entendidos, significa "a vida de
tudo" ou "a fonte de todos os seres" e que parece ter afinidade
com o Baal dos fenícios.” “[...]Os
escritores latinos afirmam que os druidas também cultuavam numerosos deuses
inferiores.”
Outras informações encontradas no
livro de José Laércio, nos faz
compreender algumas coisa, como a de que: “A Igreja Católica, inspirada pela
Conjura, demonstrou grande ódio aos Druidas que, tal qual outras culturas, foram consideradas pagãs, bruxos terríveis,
magos negros que faziam sacrifícios humanos e outras coisas cruéis. Na realidade nada disso corresponde à verdade,
pois quando os primeiros cristãos chegaram naquela região foram muito bem
recebidos, até porque a tradição céltica conta que José de
Arimatéia discípulo de Jesus viveu entre eles e levado até lá o Santo
Graal (Taça usada por Jesus na Última Ceia).
Em torno disto existem muitos relatos, contos, lendas e mitos,
especialmente ligados à Corte do Rei Arthur e a Távola Redonda. São inúmeros os
contos, entre eles, aqueles relativos à Corte do Rei Arthur, onde vivera
Merlin, o mago, e a meia-irmã de Arthur, Morgana, que eram Druidas.
A religião druídica na
realidade era uma expressão mais mística da religião céltica. Esta era mais mágica, por isso mais
popular, com formas de rituais mais rústicos, e muito mais ligado à natureza
ambiental, à terra que era tratada com carinho bem especial. A mais popular das expressões religiosas
dos celtas constituiu-se a Wicca, que o Catolicismo fez empenho em descrever
como um conjunto de rituais satânicos.”(2)
Outras informações que chegaram
até nós, como as de Plínio “O Velho” (historiador romano), do grego Diodoro
Sículo (historiador grego) e outros romanos e gregos, deram conta de que os
sacerdotes druidas teriam sido dotados do dom da clarividência e que nos vôos
espirituais tinham os mesmos tipos de visões dos xamãs e, portanto, podiam
dizer profecias. Além disso, teriam sido excelentes filósofos religiosos,
físicos e magos.
Para completar, os druidas
detinham um vasto domínio sobre todos os estudos, sem esquecer que eram exímios
feiticeiros e versados nas artes da magia, com o que podiam fazer
encantamentos, mudar suas fisionomias e tornarem-se invisíveis por meio de uma
espécie de bruma que produziam.(4)
Diz a lenda, que um rei da
Bretanha teria mandado um druida fazer o seu vôo espiritual, para ver onde o
exercito irlandês estava acampado. Feito isso, o druida pôde fazer um relato
sobre as estratégias militares para o rei.
Portanto, sabe-se que quando o
exercito de Júlio César, o imperador
romano, conquistou as Gálias, temeroso
das ações dos druidas, mandou extermina-los, o que os obrigou a fugirem para os
países mais distantes, como País de Gales, Inglaterra e Irlanda.
Os druidas teriam se misturado como o cristianismo e permanecido na
Irlanda até o século 16, tendo alguns deles exercido suas influências até o século 20, quando teriam desaparecido
para todo o sempre. Quanto ao desaparecimento dos druidas, fica aqui um
ponto de interrogação, porquanto existem
atualmente as chamadas escolas druidicas que reclamam para si, o reconhecimento
de que sejam uma continuação dos antigos druidas.
Há os que dizem que os druidas acreditavam na reencarnação
(sem karma e não da mesma forma que os espíritas crêem)(5) e por isso suas
atitudes perante a morte era de total despreocupação, pois, entendiam que se
tratava apenas de uma passagem de um estado de vida material, para outro
espiritual, quando não passavam de um corpo para outro (não confundir com a metempsicose
ou teoria da transmigração da alma).
Mas uma das coisas importantes,
está registrada por Bulfinch: “Os druidas eram mestres de moralidade como
de religião. Um valioso exemplo de seus ensinamentos éticos foi conservado nas
Tríades dos bardos gaélicos, e dele podemos deduzir que a idéia que faziam da
inteira moral era justa em seu conjunto, e que eles adotavam e ensinavam muitas
regras de conduta nobres e valiosas. Também eram os cientistas e sábios da sua
época e de seu povo.”
1-) Jubainville, H. D'arbois de.Os Druidas, os deuses celtas com formas de
animais, Madras Editora, São Paulo, 2013.
2-) José Laércio do Egito - http://users.hotlink.com.br/egito/druidas.htm
- (acessado dia 17/10/2013)
3-) Marques, Adílio Jorge – Filosofia dos Sábios Druidas,
Revista O Rosacruz, editada pela Ordem Rosacruz, AMORC, outono 2013, nº 284.
4-) Rutherford, Ward. El Mistério de los druidas, La
sabiduría de los magos celtas por fin descifrada. Barcelona, 1994. Ediciones
Martinez Roca, S.A. Colección Enigmas de la Historia.
5-) Site: Desmitificando os Celtas e os Druidas
http://www.druidismo.com.br/index/os_celtas/entries/2010/8/15_desmistificando_os_celtas_e_os_druidas.html
(acessado dia 17/10/2013)
6-) Bulfinch, Thomas, O Livro de Ouro da Mitologia, História de Deuses e
Heróis; tradução de David Jardim Júnior — 26ª
ed. — Rio de janeiro, 2002
Ótimo Blog e ótimos textos!
ResponderExcluirMuito obrigado Daniel, que bom que tenha gostado, pois isso me faz continuar escrevendo sobre esses assuntos, que aliás, muito pouca gente é capaz de refletir e entender.
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