Não há, no mundo Ocidental, família que não possua, pelo menos, um exemplar da Bíblia, mesmo as que se declaram agnósticas.
A
divulgação do Livro, mormente o Novo Testamento, foi de tal forma
feita, que praticamente não existe quem não conheça passagens do
Evangelho.
Bem
sei, que a maioria das Bíblias, encontram-se guardadas nas estantes, já
que a leitura Desta, ainda é rara entre católicos, apesar das
recomendações constantes da Igreja, para que seja diária.
Mas,
na Idade Média, não foi assim. A Bíblia era para uso exclusivo de
mosteiros e palácios. Os crentes tinham conhecimento Dela, pelos sermões
e homilias.
A descoberta da imprensa, facilitou a difusão.
Mesmo assim, parte da literatura medieval sofreu influência do Livro.
Na “ Arte de Bem Cavalgar Toda a Sela”, D. Duarte cita passagens do Evangelho, assim como no “Leal Conselheiro”.
Não
admira, já que o rei possuía, na biblioteca, excertos do “Evangelho “, e
seu pai, El-Rei D. João, chegou a traduzir “ Salmos” para a linguagem
de então.
D.
Duarte era, para a época, rei de elevada cultura. Fundou a primeira
biblioteca real, no paço, e escreveu várias e curiosos livros. No seu
reinado foi nomeado Cronista -Mor, Fernão Lopes.
Sabe-se
que nessa livraria havia vários livros da Bíblia, entre eles:” Actos
Apóstolos “, o “Livro dos Salmos” e “ Géneses”, todos em latim.
Há
dúvidas se existia, no paço, exemplar da Bíblia completa; é de crer que
não, mas que D. Duarte conhecia excertos, não há duvida, pois chega a
citá-los no “ O Leal Conselheiro”.
Recomendava
D. Duarte que não se devia ler muito de uma acentada, para se poder
compreender e meditar melhor, e não enfartar a mente.
Recomendava
a leitura do Evangelho, e esclarecia que há passagens obscuras, que nem
os entendidos podem explicar, sem receio de errarem; mas, diz o rei,
que se não percebermos, um versículo, passemos a outro.
Assevera
D. Duarte que sempre aprendemos com a leitura do Evangelho, e se O
conhecermos bem, podemos esclarecer os que não podem ou não tiveram
oportunidade de O lerem.
Devido à Bíblia, a língua portuguesa está impregnada de hebraísmos e expressões desse povo.
Na opinião do rei, a leitura do Evangelho não é perda de tempo, muito pelo contrário.
Infelizmente,
apesar de estarmos a séculos da Idade Média, ainda há muitos crentes
que adquirem a Bíblia para engalanarem a estante.
Certa
ocasião fui visitar senhora de elevada cultura. Sabendo que era
católico, quis deslumbrar-me, mostrando uma Bíblia ilustrada de Doré,
ricamente encadernada a couro e de vistosas folhas doiradas.
Ao entregar-ma, declarou eufórica: - “ Agora meu marido já tem uma Bíblia à sua altura!”
Essa mulher apreciava os livros, como muitos avaliam os homens: pelas vestes e aspecto exterior.
Pensava a boa senhora, que o marido ficava mais ilustre por possuir luxuosa Bíblia.
Esses livros, de elevado custo, em regra, não são para serem lidos, apenas servem para deslumbrar as visitas.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
publicado por solpaz às 09:31
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http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%ADblia
ResponderExcluirA Igreja Católica não permitia que seus fiéis possuíssem exemplares da Bíblia, alegando que estes não teriam nunca a capacidade necessária para interpretá-la, devido à sua complexidade.19 Assim, afirmava que a responsabilidade de ensinar as orientações de Deus era exclusivamente sua.19