O temor da morte é
resultado da ignorância a respeito da vida.
Tradicionalmente renegada como sendo o fim, considerada como o momento de
prestação de contas, normalmente apavorante, em razão do comportamento
existencial durante a jornada terrestre, quase sempre reprochável, ou
aniquilamento da consciência, a morte se transformou em hedionda realidade da
qual, porém, ninguém consegue eximir-se.
Para morrer, basta
encontrar-se vivo.
Em algumas culturas ancestrais e em diversas atuais, procura-se mascarar a
morte, ora realizando-se cultos prolongados e afligentes, noutros momentos
produzindo-se festas de libertação do corpo, ainda, outras vezes, promovendo-se
cerimoniais, maquilando-se o cadáver para dar-lhe melhor aparência, como se
isso fosse importante, com o objetivo de diminuir-se a dor do seu
enfrentamento.
Quando se tem
consciência do significado real da morte, na condição de passaporte para a
vida, a alegria da imortalidade substitui a angústia do eterno adeus, ou da
promessa do juízo final, ou ainda, a respeito do nunca mais...
Se o corpo pudesse prolongar a sua permanência na Terra, como agradaria a
alguns aficionados da ilusão, mas apenas temporariamente, como isso seria
terrível para os portadores de enfermidades degenerativas, de distúrbios
psicóticos profundos, de deformidades congênitas, de paralisias, de transtornos
psicológicos destrutivos, da miséria social e econômica, das expiações em
geral.
Para quem se compraz na fantasia da ignorância, pretendendo manter a eterna
juventude, desfrutar dos esgotantes prazeres, permanecer em foco onde quer que
se encontre, seria, aparentemente, muito bom e compensador. No entanto, tudo
quanto se faz repetitivo, num continuum demorado, corre o risco de tornar-se
tedioso, de produzir o vazio existencial por falta de significado
psicológico...
A Divindade, ao
estabelecer os limites orgânicos, em razão das energias que vitalizam a
matéria, proporciona tempo e oportunidade necessários para o desenvolvimento
ético-moral e espiritual do ser humano.
Mediante as existências sucessivas, adquirem-se os valores inalienáveis para a
conquista do bem-estar, da harmonia, da individuação.
Com a sua constituição imortal, o Espírito progride e alcança os patamares
superiores da vida, podendo fruir todas as bênçãos que se lhe encontram ao
alcance.
A felicidade não é deste mundo – assevera o Eclesiastes, demonstrando, que sim,
existe a plenitude, mas não a anelada pelo corpo físico no mundo material.
A consciência da sobrevivência à disjunção molecular proporcional real alegria
de viver e de lutar, ensejando um grandioso significado à existência que se
adorna de possibilidades que facultam a conquista do estado numinoso.
Alguns objetam que esse comportamento pode proporcionar acomodação ao
sofrimento, aceitação passiva das ocorrências perturbadoras, pensando-se que as
futuras reencarnações tudo resolvem.
Pelo contrário, ocorre, pois que a consciência de si faculta ampliação dos
horizontes mentais, enriquecimento emocional superior, esperança de alcançar-se
as metas dignificantes da vida, à medida que se luta por consegui-las.
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Morre-se a cada
instante, em razão das contínuas transformações que ocorrem no organismo.
Centenas de milhões de células decompõem-se e morrem, em minutos, ensejando o
surgimento de outras tantas, até o momento quando a energia vital em
deperecimento resultante do desgaste diminui e se consome, ensejando a morte de
todo o organismo.
Em uma lúcida comparação, toda vez quando o sono fisiológico toma o organismo e
obscurece a consciência, defronta-se uma forma de morte, sem grande variação a
respeito daquela que encerra o ciclo terrestre.
O medo da morte, de alguma forma, é atávico, procedente da caverna, quando o
fenômeno biológico sucedia e o homem primitivo não o entendia, desconhecendo a
razão da sua ocorrência.
Do desconhecido sucesso às informações que foram sendo recolhidas ao longo dos
milênios, os mitos e arquétipos remotos se encarregaram de criar funestos
conceitos a seu respeito.
Nada obstante, nesse mesmo período, ocorrem, as memoráveis comunicações
espirituais cujas informações são encontradas em algumas escritas rupestres,
assim também originando-se o culto aos Espíritos, como uma forma de os manter
vivos, de os tranquilizar, de os encaminhar ao mundo de origem.
Guardadas hoje as proporções, cerimônias religiosas, as recomendações
litúrgicas e os ritos constituem um aperfeiçoamento daqueles cultos primitivos,
nos quais, durante um largo período, realizavam-se holocaustos de animais e de
seres humanos, afim de acalmar aqueles que se proclamavam deuses e responsáveis
pelos acontecimentos em geral.
Houve, sem dúvida, um grande progresso na celebração dos cultos aos mortos,
permanecendo ainda, lamentavelmente, a ignorância em torno da imortalidade.
Retornando ao convívio com aqueles que ficaram na Terra, dispõe-se de claras e
significativas informações a respeito da sobrevivência do ser, de como
contribuir em seu benefício, substituindo a pompa e as extravagâncias muito do
agrado da insensatez pelas orações ungidas de amor e de respeito pela sua
memória, recordando-o com carinho, trabalhando-se em benefício do próximo, em
homenagem ao que representa na afetividade.
A reverência ao corpo
fixou-se de tal maneira no comportamento humano, que a arte utilizou-se desse
fenômeno, para preservar o carinho dos que permaneceram no mundo, afinal, por
pouco tempo, porque também foram convocados a seguir para o Além, através dos
monumentos colossais, dos mausoléus ricamente decorados, das capelas revestidas
de mosaicos e de mármores de altos preços... Os artistas aumentarem esse tipo
de .culto, estimulando as decorações com estátuas imponentes ou comovedoras,
utilizando do bronze, do ferro, do ouro e de outros metais, como de pedras
preciosas, de pinturas faustosas, para expressar a grandiosidade do
desencarnado, muitas vezes em situações deploráveis no mundo espiritual, como
decorrência da vida que levou na Terra...
Ainda aí, vemos uma forma de dissimular a morte, dando um aspecto festivo aos
despojos já consumidos pelos fenômenos naturais...
...E todos esses recursos poderiam ser encaminhados para diminuir o sofrimento
de milhões de criaturas enfermas, esfaimadas, excluídas do conjunto social...
Infelizmente, porém, a morte é um dos fatores que empurram as pessoas fracas e
despreparadas para os enfrentamentos normais da existência, para a depressão,
para a revolta, para a violência.
Ninguém conseguirá driblar a morte, por mais que o intente.
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Pensa com frequência e
tranquilidade na tua desencarnação.
Considera que o momento, por mais distante se te apresente, chegará fatalmente.
Recorda os teus desencarnados com carinho, envolvendo-os em ternura e orações.
Fala-lhes mentalmente a respeito da realidade na qual se encontram e de como se
devem comportar, procurando o apoio dos seus Guias e a proteção do Senhor da
Vida.
Morrendo e retornando, logo depois, Jesus cantou o hino da imortalidade
gloriosa que culmina a Sua trajetória na Terra de maneira insuperável.
Joanna de Ângelis. Psicografia de Divaldo Pereira Franco,
na sessão mediúnica de 25 de maio de 2010, na residência de Josef Jachulak, em
Viena, Áustria