quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Juramento — um contrato de efeitos cósmicos vinculantes e graves?

Luiz Carlos Nogueira

nogueirablog@gmail.com




Para os cristãos, proferir juramento ou jurar invocando Deus como testemunha do que se está afirmando, é selar um tremendo compromisso, pois está dito que o juramento empenha o nome do Senhor. " Temerás ao Senhor teu Deus e o servirás, e pelo seu nome jurarás." (Dt 6,13).


De forma que no juramento, se está invocando do nome de Deus como testemunha da verdade e do real propósito de quem se dispõe a fazê-lo por livre e espontânea vontade, com discernimento, para o estabelecimento da confiança ou em razão da necessidade de realizar a justiça

“É perjuro aquele que, sob juramento, faz uma promessa que não tem intenção de manter ou que, depois de ter prometido algo sob juramento, não o cumpre. O perjúrio constitui uma grave falta de respeito para com o Senhor de toda palavra [...].” (http://catecismo-az.tripod.com/conteudo/a-z/j/juramento.html)


O juramento sempre esteve presente na vida dos homens, inclusive no Novo Testamento (Mt 26.59), pode-se constatar que até Jesus quando o sumo sacerdote o conjurou a responder pelo Deus vivo, para que Ele dissesse que era o Cristo, o Filho de Deus (Mt 26.63), Jesus confirmou sob juramento o seu testemunho de que realmente sua filiação era divina (Mt.26.64). De tal sorte, a Igreja tem como aceito e lícito o juramento quando frente a uma causa de muita relevância.


Tanto é que Jesus disse, conforme Tiago 5.12, que: Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem façais qualquer outro juramento; seja, porém, o vosso sim, sim, e o vosso não, não, para não cairdes em condenação.”. Essa advertência do Mestre de Nazareth foi bem clara, para que uma vez feito um juramento, este não seja quebrado de forma que sobrevenha uma condenação, como teria acontecido com Judas.


Para Jesus um juramento envolvia (e ainda envolve) leis naturais e espirituais ou psíquicas, que geralmente as pessoas desconhecem. Por esse motivo advertia para que não jurassem devido à gravidade do ato e suas conseqüências.


Portanto, presta-se juramento à pátria representada por sua bandeira; o advogado, o médico, etc, quando das suas formaturas, prestam juramentos perante a sociedade invocando a presença de Deus. Da mesma forma, o fazem aqueles por ocasião em que serão investidos de cargos ou mandatos públicos, não constituindo exceções.


Segundo se sabe, nas ordens iniciáticas ou ocultas, os iniciandos são colocados à prova e depois lhes são exigido um juramento, normalmente proferido num altar considerado sagrado, como se faz na vida profana, através de um instrumento contratual em que as partes se comprometem mutuamente, a cumprirem determinados compromissos. No caso, quando se evoca o Tribunal do Altíssimo, o juramento/contrato, assume dimensões cósmicas, quando então o iniciando compromete-se perante a Ele e em presença de testemunhas, não profanar os rituais e as instruções, assim como, não revelar a estranhos, os sinais, toques e palavras de reconhecimento, etc.


Assim esses juramentos são sempre carregados de subjetivismo e espiritualidade. Por conseguinte, dizem os ocultistas que é de péssimo efeito quando algum iniciado quebra o seu juramento de uma fraternidade oculta, da qual se tornou membro através de um cerimonial que o ligou por meio desse contrato cósmico.


Portanto, conforme afirmam essas fraternidades, tal fundamento está contido em Mateus 16.19: “dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra, será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus.”


Fala-se que toda ordem iniciática ou organização oculta, herdeira de uma longa tradição, reúne fortes formas mentais que denominam de egrégora, a que os iniciandos se ligam por meio de juramento, sendo que nele estão contidas proibições ao candidato de revelar os seus segredos ou mistérios, assim como de abusar dos conhecimentos que esses mistérios lhe fornecem. Ou seja, esses juramentos contém cláusulas penais para o caso do candidato que abusar da confiança que lhe foi depositada.


É por essa via que as fraternidades ocultas raramente têm seus segredos quebrados por perjúrios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário