sábado, 20 de agosto de 2011

Nietzsche não foi ateu, apenas não foi religioso.














Luiz Carlos Nogueira
Conheça a oração ao Deus desconhecido, do filósofo alemão do século XIX, Friedrich Wilhelm Nietzsche (Röcken, 15 de Outubro de 1844 — Weimar, 25 de Agosto de 1900), traduzida por Leonardo Boff que se encontra no Die schönsten Gedichte von Friederich Nietzsche, Diogenes Taschenbuch, Zürich 2000, 11-12 ou em F.Nietzsche, Gedichte, Diogenes Verlag, Zurich 1994. Não há rimas em português, somente no texto original.


Eis aqui uma prova de que Nietzsche não foi ateu, apenas não foi religioso. Para o filósofo, o deus criado pelo Homem à sua imagem e semelhança é o deus que nunca existiu. Portanto, na sua oração ele se dirigia ao Deus Verdadeiro, O incognoscível, O Imponderável, O Eterno, etc, ao Deus Autor do Universo, que pode habitar em nosso corpo-templo, no altar do nosso coração.


Oração ao Deus desconhecido

Antes de prosseguir no meu caminho
E lançar o meu olhar para frente
Uma vez mais elevo, só, minhas mãos a Ti,
Na direção de quem eu fujo.

A Ti, das profundezas do meu coração,
Tenho dedicado altares festivos,
Para que em cada momento
Tua voz me possa chamar.

Sobre esses altares está gravada em fogo
Esta palavra: “ao Deus desconhecido”
Eu sou teu, embora até o presente
Me tenha associado aos sacrílegos.

Eu sou teu, não obstante os laços
Me puxarem para o abismo.
Mesmo querendo fugir
Sinto-me forçado a servi-Te.

Eu quero Te conhecer, ó Desconhecido!
Tu que que me penetras a alma
E qual turbilhão invades minha vida.
Tu, o Incompreensível, meu Semelhante.
Quero Te conhecer e a Ti servir.

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