domingo, 30 de outubro de 2011

O Karate e as Artes Marciais



Luiz Carlos Nogueira

nogueirablog@gmail.com





Certa vez eu disse para um amigo, que foi uma pena que não tivéssemos tido oportunidade de praticarmos o Karate, porque na nossa época ainda não havia a disseminação dessa arte marcial, principalmente nas cidades pequenas como as que morávamos, pois teríamos tido mais chance de nos tornarmos mais disciplinados para termos iniciado uma vida mais espiritualizada, mais cedo.

Pois bem, esse meu amigo se espantou com o que eu lhe disse e indagou-me: “mais que diabo é isso rapaz? Espiritualizar-se na briga?

Era o que praticamente todas as pessoas pensavam a respeito das artes marciais. Tive pois, que lhe explicar o que eu já havia pesquisado, porque eu também achava que aprender a lutar era uma forma de se fazer respeitado e até temido, de forma que ninguém se arriscaria a nos molestar.

Eu também estava errado. Descobri por exemplo, que o Karate (Caratê em português) é uma arte que foi desenvolvida pelo mestre Gichin Funakoshi, aliás deve-se dizer que ele foi o seu fundador. Assim, para melhor compreensão, a etimologia da palavra Karate significa: Kara = vazio; Te = mão. Ou seja = mão vazia. É como Funakoshi explicava, porque todo o carateca bem formado por um verdadeiro mestre, se recusa a recorrer às armas além das mãos e dos pés, até porque o objetivo do estudante de Karate não é somente de aperfeiçoar essa arte, mas também e principalmente de purificar o seu coração e mente, ou melhor dizendo, do seu espírito, de todo o desejo terreno e de toda a vaidade. Assim, todas as artes marciais, não obstante as suas diversidades, têm também esse mesmo objetivo.

O que as artes marciais não são e não devem ser vistas, é como apologistas da violência, pois o seu combate deve ser contra o ódio, para disseminar o amor. Contra a preguiça, para incentivar as ações produtivas As técnicas ensinadas pelas diversas escolas de artes marciais, possibilitam o confronto com alguém não só para se defender, mas também para sair em defesa de outrem (o mais fraco) que esteja sofrendo agressões físicas, assalto, etc.

Segundo conta a lenda, um monge budista da Índia, chamado Bodhidarma, teria ido (século VI), para o mosteiro de Shaolin, na China, onde se colocou em meditação por cerca de 9 anos. Ao final desse tempo teria criado o Chan, uma nova forma de budismo que no Japão se dá o nome de Zen. Então, naquela época, Bodhidarma teria encontrado os monges daquele mosteiro, muito debilitados, de sorte que lhes ensinou uma série de movimentos para restaurar-lhes a saúde física, o que hoje se denomina de Kung Fu, que teria sido a semente do Caratê, por isso no ano de 630, o imperador Tai Tsung pediu a àqueles monges para expulsarem os mongóis, autorizando-lhes a formarem em torno de uns 500 monges guerreiros, crescendo assim a fama daquele mosteiro. Assim é que dessa escola chinesa, saiu o caratê que começou a ser ensinado na ilhas Ryu Kyu situada ao sul do Japão.

Na verdade a essência das artes marciais tem por base ensinar o adepto a defender sua integridade física, do inimigo, sem o uso de armas, tendo em primeiro lugar que fortalecer sua mente. Somente depois ele deve compreender que a rigidez do seu corpo deve dar lugar à flexibilidade e quando frente ao perigo, deve manter seu autodomínio e não se apavorar. Para isso é que recebe o treinamento para desenvolver seu corpo e espírito. Para concluir, pode-se dizer que o Cartê, assim como todas as artes marciais devem ser tomadas como um caminho iniciático, cujo objetivo do adepto é trabalhar sobre si mesmo abstendo-se das coisas violentas e frustrantes da vida, para construir-se a si próprio, de forma física, mental e espiritual.

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