terça-feira, 13 de outubro de 2015

"COGITO ERGO SUM". MAS ONDE ENCONTRO EU?









Luiz Carlos Nogueira






Uma das primeiras descobertas do ser humano, é de que sente ter um EU separado, que pensa, interage e reponde aos estímulos externos. O cogito ergo sum (penso, logo existo), frase de René Descartes, também conhecido como Renatus Cartesius (filósofo, físico e matemático francês da Idade Moderna) que se notabilizou por suas inferências no campo das ideias filosóficas, principalmente no que diz respeito ao nosso EU, dando-lhe a significação de se penso, “eu sou”.

Segundo Ângela Maria La Sala Batà, autora de vários livros de Psicologia Espiritual, que se formou no ambiente espiritual da Escola Arcana de Alice A. Bailey e na atmosfera das pesquisas psicológicas de Roberto Assagioli, também autora de vários trabalhos nessa área, que muito tem contribuído para os ensinamentos esotéricos aplicados à terapia dos desajustamentos psíquicos e das enfermidades nervosas, diz que esse “eu” separado, um ser pensante, tem uma significância importante e não é algo mau por si só e nada tem de nocivo, porque indica um progresso se confrontado com a vaga consciência das massas. (O Caminho do Aspirante Espiritual).

O grande problema, diz a escritora, é que o homem ao confrontar-se com a descoberta da sua individualidade, se sente inicialmente inflado de orgulho e com força e superioridade, acreditando ser o único a sentir a vida e a ter a percepção da sua própria existência, acreditando-se, por isso, diferente, isolado e separado dos demais.

É desse sentimento que nascem todos os defeitos e vícios, transformando a mente num perigoso mecanismo que suscita o egoísmo, o orgulho, a presunção, a ambição, a crítica, a dureza, a intolerância, o desprezo e todos os demais sentimentos deletérios para vida em sociedade.

Alice Bailey, sua mestra, in Trattato di Magia Bianca, afirma que “A mente concreta é sempre egoísta, egocêntrica e expressa a ambição pessoal que traz dentro de sí o gérmen de sua destruição.”

De tal sorte, La Sala Batà orienta, para que o homem deva passar pela fase de desenvolvimento da mente inferior, e atravessar o estágio da polaridade mental, superando os perigos dos quais toma conhecimento, combatendo-os. Para isso terá que desenvolver a mente para torná-la mais poderosa e eficiente, buscando o equilíbrio e discernimento das dificuldades. Ela diz que “Pouco a pouco aprenderá a utilizar a mente, e mesmo a voltá-la para o interior, tornando-a um verdadeiro instrumento da Alma, que tenta comunicar-se com a personalidade.”.

Com vista ao MAS ONDE ENCONTRO EU?”, revivamos então, a história do menino que vivia distraído e esquecendo-se das coisas, pois nunca conseguia encontrar nada do que buscava, até que um dia teve uma ideia e resolveu pô-la em prática. Tomou um papel e um lápis e pôs-se a relacionar o que tinha que fazer e ter mãos, para que nada ficasse esquecido.

Ao acordar pela manhã, apanhou a sua lista de afazeres e coisas as quais tinha que levar consigo. Porém, quando já estava saindo, pôs-se a chorar. Sua mãe ao vê-lo daquele jeito, perguntou-lhe assustada: mas o que é que lhe aconteceu? E o menino, imediatamente respondeu: tudo quanto eu precisava achar, eu achei, exceto uma coisa. E qual é essa coisa redarguiu sua mãe. Eu...MAS ONDE ENCONTRO EU?

Mas qual é o sentido dessa história?


Essa é a grande questão, pois vermos o mundo, as coisas, as pessoas e tudo o que nos cercam, com os olhos de uma criança, nos coloca diante dos grandes desafios deixados para trás e que nós não os resolvemos e o esquecemos, mas, porém, que voltarão à nossa lembrança, fazendo-nos perdermo-nos do nosso EU, que deve ser é a nossa própria referência, ou tudo que concebemos, temos e herdamos de nós próprios. Assim, quando encontramos os pedaços que distorcem os nossos valores, começamos a resgatar o nosso EU, retificando-o de forma que possamos viver mais conscientes e melhor. Somente assim a criança que morava em nós deixará de chorar e perguntar:  MAS ONDE ENCONTRO EU?

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