Luiz
Carlos Nogueira
Uma
das primeiras descobertas do ser humano, é de que sente ter um EU separado, que pensa, interage e
reponde aos estímulos externos. O cogito ergo sum (penso, logo existo),
frase de René Descartes, também conhecido como Renatus Cartesius (filósofo, físico e matemático
francês da Idade Moderna) que
se notabilizou por suas inferências no campo das ideias filosóficas, principalmente
no que diz respeito ao nosso EU, dando-lhe a significação de se penso, “eu sou”.
Segundo
Ângela Maria La Sala Batà, autora de vários livros de
Psicologia Espiritual, que se formou no ambiente espiritual da Escola Arcana de
Alice A. Bailey e na atmosfera das pesquisas psicológicas de Roberto Assagioli,
também autora de vários trabalhos nessa área, que muito tem contribuído para os
ensinamentos esotéricos aplicados à terapia dos desajustamentos psíquicos e das
enfermidades nervosas, diz que esse “eu” separado, um ser pensante, tem uma
significância importante e não é algo mau por si só e nada tem de nocivo,
porque indica um progresso se confrontado com a vaga consciência das massas. (O
Caminho do Aspirante Espiritual).
O grande problema, diz a escritora, é que o homem ao confrontar-se
com a descoberta da sua individualidade, se sente inicialmente inflado de
orgulho e com força e superioridade, acreditando ser o único a sentir a vida e
a ter a percepção da sua própria existência, acreditando-se, por isso,
diferente, isolado e separado dos demais.
É desse sentimento que nascem todos os defeitos e vícios,
transformando a mente num perigoso mecanismo que suscita o egoísmo, o orgulho,
a presunção, a ambição, a crítica, a dureza, a intolerância, o desprezo e todos
os demais sentimentos deletérios para vida em sociedade.
Alice Bailey, sua mestra, in
Trattato di Magia Bianca, afirma que “A
mente concreta é sempre egoísta, egocêntrica e expressa a ambição pessoal que
traz dentro de sí o gérmen de sua destruição.”
De tal sorte, La Sala
Batà orienta, para que o homem deva passar pela fase de desenvolvimento da
mente inferior, e atravessar o estágio da polaridade mental, superando os
perigos dos quais toma conhecimento, combatendo-os. Para isso terá que
desenvolver a mente para torná-la mais poderosa e eficiente, buscando o
equilíbrio e discernimento das dificuldades. Ela diz que “Pouco a pouco aprenderá a utilizar a mente, e mesmo a voltá-la para o
interior, tornando-a um verdadeiro instrumento da Alma, que tenta comunicar-se
com a personalidade.”.
Com vista ao “MAS ONDE ENCONTRO EU?”, revivamos então, a história
do menino que vivia distraído e esquecendo-se das coisas, pois nunca conseguia
encontrar nada do que buscava, até que um dia teve uma ideia e resolveu pô-la
em prática. Tomou um papel e um lápis e pôs-se a relacionar o que tinha que
fazer e ter mãos, para que nada ficasse esquecido.
Ao acordar pela manhã,
apanhou a sua lista de afazeres e coisas as quais tinha que levar consigo.
Porém, quando já estava saindo, pôs-se a chorar. Sua mãe ao vê-lo daquele
jeito, perguntou-lhe assustada: mas o que é que lhe aconteceu? E o menino,
imediatamente respondeu: tudo quanto eu precisava achar, eu achei, exceto uma
coisa. E qual é essa coisa redarguiu sua mãe. Eu... MAS ONDE ENCONTRO EU?
Mas qual é o sentido
dessa história?
Essa é a grande
questão, pois vermos o mundo, as coisas, as pessoas e tudo o que nos cercam,
com os olhos de uma criança, nos coloca diante dos grandes desafios deixados
para trás e que nós não os resolvemos e o esquecemos, mas, porém, que voltarão
à nossa lembrança, fazendo-nos perdermo-nos do nosso EU, que deve ser é a nossa própria referência, ou tudo que
concebemos, temos e herdamos de nós próprios. Assim, quando encontramos os pedaços
que distorcem os nossos valores, começamos a resgatar o nosso EU, retificando-o de forma que possamos
viver mais conscientes e melhor. Somente assim a criança que morava em nós
deixará de chorar e perguntar: MAS ONDE ENCONTRO EU?
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