sábado, 24 de novembro de 2012
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Não Ofereça Sabedoria a Quem Só Pode Pagar com Ignorância - Por Max Gehringer
de:
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Marco Silva massilwal@gmail.com
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para:
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cco:
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lcarlosnogueira@gmail.com
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data:
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22 de novembro de 2012 12:10
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assunto:
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Fwd: Não ofereça sabedoria a quem só pode pagar com ignorância.]
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enviado por:
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gmail.com
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assinado por:
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gmail.com
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Não Ofereça Sabedoria a Quem Só Pode Pagar com Ignorância
*Um rato saiu de manhã para trabalhar e no caminho cruzou com um caracol. Muitas horas depois, após um dia exaustivo em que teve que batalhar arduamente para caçar sua comida e escapar de seus predadores, o rato retornou exausto. E notou que o caracol não havia se movido mais que dois metros.
O rato parou e comentou que se sentia compadecido pelo fato de o caracol ter uma vida tão monótona, tão sem emoções, enquanto ele, rato, conseguira viver, em apenas um dia, aventuras que o caracol não viveria em toda existência.
"Emérito rato", disse o caracol, "como tenho bastante tempo para observar e refletir, permita-me oferecer-lhe alguns dados comparativos entre nossas espécies, que talvez possam ajudá-lo a rever o seu ponto de vista. Caracóis têm casa própria e ratos são escorraçados de todos os lugares aonde chegam. Caracóis vivem em jardins e ratos, em esgotos. O alimento dos caracóis está sempre ao alcance, enquanto ratos precisam caminhar horas e horas para encontrar comida. Por isso, caracóis podem passar o dia apreciando a natureza, ao passo que ratos não podem se descuidar nem por um segundo. E não por acaso, caracóis vivem cinco anos. Dois a mais que os ratos."
O rato ouviu a tudo atentamente. Ponderou que o caracol tinha razão em tudo o que havia dito e, com uma violenta pisada, esmagou o caracol contra o chão.
Felizmente o solo era fofo o suficiente para que o caracol sobrevivesse. Mas ele aprendeu uma pequena lição que lhe seria útil pelo resto da carreira. Por mais razão que você tenha, nunca tente provar a alguém que se acha o máximo, que ele não é nada daquilo. Porque não há negócio pior do que oferecer sabedoria a quem só pode pagar com ignorância.
* Recebi esta fábula por e.mail, repassada pelo meu amigo Marco Antônio S. Silva. Pesquisei e encontrei o nome do autor que é Max Gehringer, e que pode ser confirmado neste link: http://www.siticopmg.org.br/max_gehinger/max_2012/max_167.html
Obs: Este é um verdadeiro ensinamento que recolho para mim, porque é tão claro como o dia.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
«IGREJA: CARISMA E PODER. ENSAIOS DE ECLESIOLOGIA MILITANTE» DO FREI LEONARDO BOFF, O.F.M. - NOTIFICAÇÃO PELA CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, SOBRE O LIVRO
CONGREGAÇÃO
PARA A DOUTRINA DA FÉ
NOTIFICAÇÃO SOBRE O LIVRO
«IGREJA: CARISMA E PODER.
ENSAIOS DE ECLESIOLOGIA MILITANTE»
DE FREI LEONARDO BOFF, O.F.M.
«IGREJA: CARISMA E PODER.
ENSAIOS DE ECLESIOLOGIA MILITANTE»
DE FREI LEONARDO BOFF, O.F.M.
INTRODUÇÃO
No dia 12 de fevereiro de 1982, Frei Leonardo Boff, OFM, tomou a iniciativa
de enviar à Congregação para a Doutrina da Fé a resposta que deu à Comissão
arquidiocesana para a Doutrina da Fé do Rio de Janeiro, que criticara o seu
livro « Igreja: Carisma e Poder » (Editora Vozes - Petrópolis, RJ, Brasil,
1981). Declarava que aquela crítica continha graves erros de leitura e de
interpretação.
A Congregação, após ter estudado o livro nos seus aspectos doutrinais e
pastorais, expôs ao Autor, numa carta de 15 de maio de 1984, algumas reservas,
convidando-o a aceitá-las e oferecendo-lhe, ao mesmo tempo, a possibilidade de
um diálogo de esclarecimento. Tendo porém em vista a repercussão que o livro
estava tendo entre os fiéis, a Congregação informou L. Boff de que, em qualquer
hipótese, a carta seria publicada, levando eventualmente em consideração a
posição que ele viesse a tomar por occasião do diálogo.
No dia 7 de setembro de 1984,
L . Boff foi recebido pelo Cardeal Prefeito da
Congregação, acompanhado pelo Mons. Jorge Mejía, na qualidade de Secretário.
Foram objeto do colóquio alguns problemas eclesiológicos surgidos da leitura do
livro « Igreja: Carisma e Poder » e assinalados na carta de 15 de maio de 1984. A conversa, que se
desenvolveu num clima fraterno, proporcionou ao Autor ocasião de expor seus
esclarecimentos pessoais, que ele quis também entregar por escrito. Tudo isto
foi explicado num comunicado final publicado e redigido de comum acordo com L.
Boff. Concluído o diálogo, foram recebidos pelo Cardeal Prefeito, em outra
sala, os Eminentíssimos Cardeais Aloísio Lorscheider e Paulo Evaristo Arns, que
se encontravam em Roma para esta oportunidade.
A Congregação examinou, seguindo a praxe que lhe é própria, os esclarecimentos
orais e escritos fornecidos por L. Boff e, embora tomando nota das boas
intenções e das repetidas declarações de fidelidade à Igreja e ao Magistério
por ele expressas, sentiu-se contudo no dever de salientar que as reservas
levantadas acerca do conteúdo do livro e assinaladas na carta, não poderiam, na
sua substância, considerar-se superadas. Julga pois necessário, assim como
estava previsto, agora publicar, nas suas partes essenciais, o conteúdo
doutrinal da mencionada carta.
PREMISSA DOUTRINAL
A eclesiologia do livro « Igreja: Carisma e Poder » propõe-se ir ao encontro
dos problemas da América Latina e, em particular do Brasil, com uma coletânea
de estudos e perspectivas (cf. p. 13). Tal intenção exige, de um lado, uma
atenção séria e aprofundada às situações concretas, às quais o livro se refere
e, por outro lado, — para realmente corresponder ao seu objetivo — a
preocupação de inserir-se na grande tarefa da Igreja universal, no sentido de
interpretar, desenvolver e aplicar, sob a inspiração do Espírito Santo, a
herança comum do único Evangelho, entregue, uma vez para sempre, pelo Senhor à
nossa fidelidade. Deste modo a única fé do Evangelho cria e edifica, ao longo
dos séculos, a Igreja católica, que permanece una na diversidade dos tempos e
na diferença das situações próprias às múltiplas Igrejas particulares. A Igreja
universal realiza-se e vive nas Igrejas particulares e estas são Igreja
exatamente enquanto continuam a ser, num determinado tempo e lugar, expressão e
atualização da Igreja universal. Deste modo, com o crescimento e o progresso
das Igrejas particulares cresce e progride a Igreja universal; ao passo que,
debilitando-se a unidade, diminuiria e decairia também a Igreja particular. Por
isso o verdadeiro discurso teológico não pode jamais contentar-se em apenas
interpretar e animar a realidade de uma Igreja particular, mas deve, ao
contrário, procurar aprofundar os conteúdos do depósito sagrado da palavra de
Deus, depósito confiado à Igreja e autenticamente interpretado pelo Magistério.
A praxis e as experiências que sempre têm origem numa determinada e limitada
situação histórica, ajudam o teólogo e o obrigam a tornar o Evangelho acessível
ao seu tempo. A praxis, contudo, não substitui, nem produz a verdade, mas está
a serviço da verdade, que nos foi entregue pelo Senhor. O teólogo é, pois,
chamado a decifrar a linguagem das diversas situações — os sinais dos tempos —
e a abrir esta linguagem à inteligência da fé (cf. Enc. Redemptor hominis,
n. 19). Examinadas à luz dos critérios de um autêntico método teológico — aqui
apenas brevemente assinalados — certas opções do livro de L. Boff manifestam-se
insustentáveis. Sem pretender analisá-las todas, colocam-se em evidência apenas
as opções eclesiológicas que parecem decisivas, ou seja: a estrutura da Igreja,
a concepção do dogma, o exercício do poder sagrado e o profetismo.
A ESTRUTURA DA IGREJA
L. Boff coloca-se, segundo as suas próprias palavras, dentro de uma
orientação, na qual se afirma « que a igreja como instituição não estava nas
cogitações do Jesus histórico, mas que ela surgiu como evolução posterior à
ressurreição, particularmente com o processo progressivo de desescatologização
» (p. 123). Consequentemente, a hierarquia é para ele « um resultado » da «
férrea necessidade de se institucionalizar », « uma mundanização », no « estilo
romano e feudal » (p. 71). Daí deriva a necessidade de uma « mutação permanente
da Igreja » (p. 109); hoje deve emergir uma « Igreja nova » (p. 107, passim),
que será « uma nova encarnação das instituições eclesiais na sociedade, cujo
poder será pura função de serviço » (p. 108).
Na lógica destas afirmações explica-se também a sua interpretação acerca das
relações entre catolicismo e protestantismo: « Parece-nos que o cristianismo
romano (catolicismo) se distingue por afirmar corajosamente a identidade
sacramental e o cristianismo protestante por uma afirmação destemida da
não-identidade » (p. 132; cf. pp, 126 ss., 140).
Dentro desta visão, ambas as confissões constituiriam mediações incompletas,
pertencentes a um processo dialético de afirmação e de negação. Nesta dialética
« se mostra o que seja o cristianismo. Que é o cristianismo? Não sabemos.
Somente sabemos aquilo que se mostrar no processo histórico » (p. 131).
Para justificar esta concepção relativizante da Igreja — que se encontra na
base das críticas radicais dirigidas contra a estrutura hierárquica da Igreja
católica — L. Boff apela para a Constituição Lumen
gentium (n. 8) do Concílio
Vaticano II. Da famosa expressão do Concílio « Haec Ecclesia (se. única
Christi Ecclesia) ... subsistit in Ecclesia catholica », ele extrai uma tese
exatamente contrária à significação autêntica do texto conciliar, quando
afirma: de fato, « esta (isto é, a única Igreja de Cristo) pode subsistir
também em outras Igrejas cristãs » (p. 125). O Concílio tinha, porém, escolhido
a palavra « subsistit » exatamente para esclarecer que há uma única «
subsistência » da verdadeira Igreja, enquanto fora de sua estrutura visível
existem somente « elementa Ecclesiae », que — por serem elementos da mesma
Igreja — tendem e conduzem em direção à Igreja católica (LG 8). O Decreto sobre o ecumenismo
exprime a mesma doutrina (UR3-4),
que foi novamente reafirmada pela Declaração Mysterium
Ecclesiae, n. 1 (AAS LXV
[1973], pp. 396-398).
A subversão do significado do texto conciliar sobre a subsistência da Igreja
está na base do relativismo eclesilógico de L. Boff, supra delineado, no qual
se desenvolve e se explicita um profundo desentendimento daquilo que a fé
católica professa a respeito da Igreja de Deus no mundo.
DOGMA E REVELAÇÃO
A mesma lógica relativizante encontra-se na concepção da doutrina e do dogma
expressa por L. Boff. O Autor critica, de modo muito severo, « a compreensão
doutrinária da revelação » (p. 73). É verdade que L. Boff distingue entre
dogmatismo e dogma (cf. p. 139), admitindo o segundo e rejeitando o primeiro.
Todavia, segundo ele, o dogma, na sua formulação, é válido somente « para um
determinado tempo e circunstâncias » (pp. 127-128). « Num segundo momento do
mesmo processo dialético o texto deve poder ser ultrapassado para dar lugar a
outro texto do hoje da fé » (p. 128). O relativismo que resulta de semelhantes
afirmações torna-se explícito quando L. Boff fala de posições doutrinárias
contraditórias entre si, contidas no Novo Testamento (cf. p. 128).
Consequentemente « a atitude verdadeiramente católica » seria de « estar
fundamentalmente aberto a todas as direções » (p. 128). Na perspectiva de L.
Boff a autêntica concepção católica do dogma cai sob o veredito do « dogmatismo
»: « Enquanto perdurar este tipo de compreensão dogmática e doutrinária da
revelação e da salvação de Jesus Cristo dever-se-á contar irretorquivelmente
com a repressão da liberdade de pensamento divergente dentro da Igreja » (pp.
74-75).
A este propósito convém ressaltar que o contrário do relativismo não é o
verbalismo ou o imobilismo. O conteúdo último da revelação é o próprio Deus,
Pai, Filho e Espírito Santo, que nos convida à comunhão com Ele; todas as
palavras referem-se à Palavra, ou — como diz São João da Cruz: « ... a su Hijo
... todo nos habló junto y de una vez en esta sola Palabra y no tiene más que
hablar » (Subida del Monte Carmelo, II, 22, 3). Mas nas palavras, sempre
analógicas e limitadas, da Escritura e da fé autêntica da Igreja, baseada na
Escritura, exprime-se, de modo digno de fé, a verdade acerca de Deus e acerca
do homem. A constante necessidade de interpretar a linguagem do passado, longe
de sacrificar esta verdade, torna-a, antes, acessível e desenvolve a riqueza
dos textos autênticos. Avançando, guiada pelo Senhor, que é o caminho e a
verdade (Jo 14, 16), a
Igreja, que ensina e que crê, está convencida de que a verdade expressa pelas
palavras de fé não só não oprime o homem, mas o liberta (Jo 8, 32) e é o único instrumento de
verdadeira comunhão entre os homens de diversas classes e opiniões, enquanto
uma concepção dialética e relativizante o expõe a um decisionismo arbitrário.
No passado, esta Congregação teve ocasião de mostrar que o sentido das
fórmulas dogmáticas permanece sempre verdadeiro e coerente, determinado e
irreformável, embora possa ser ulteriormente esclarecido e melhor compreendido
(cf. Mysterium
Ecclesiae, n. 5: AAS LXV [1973], pp. 403-404).
Para continuar na sua função de sal da terra, que nunca perde o seu sabor, o
« depositum fidei » deve ser fielmente conservado na sua pureza, sem deslizar
no sentido de um processo dialético da história e em direção ao primado da
praxis.
O EXERCÍCIO DO PODER SAGRADO
Uma «grave patologia » de que, segundo L. Boff, a Igreja romana deveria
livrar-se, é provocada pelo exercício hegemónico do poder sagrado que, além de
torná-la uma sociedade assimétrica, teria também sido deformado em si mesmo.
Dando por certo que o eixo organizador de uma sociedade coincide com o modo
específico de produção que lhe é próprio, e aplicando este princípio à Igreja,
L. Boff afirma que houve um processo histórico de expropriação dos meios de
produção religiosa por parte do clero em prejuízo do povo cristão que, em
consequência, teria sido privado de sua capacidade de decidir, de ensinar etc.
(cf. pp. 75, 215 ss., 238-239). Além disso, após ter sofrido esta expropriação,
o poder sagrado teria também sido gravemente deformado, vindo a cair deste modo
nos mesmos defeitos do poder profano em termos de dominação, centralização,
triunfalismo (cf. pp. 98, 85, 91 ss.). Para remediar estes inconvenientes,
propõe-se um novo modelo de Igreja, no qual o poder seria concebido sem
privilégios teológicos, como puro serviço articulado de acordo com as
necessidades da comunidade (cf. pp. 207, 108).
Não se pode empobrecer a realidade dos sacramentos e da palavra de Deus
enquadrando-a no esquema da « produção e consumo », reduzindo deste modo a
comunhão da fé a um mero fenómeno sociológico. Os sacramentos não são «material
simbólico », a sua administração não é produção, a sua recepção não é consumo.
Os sacramento são dom de Deus. Ninguém os « produz ». Todos recebemos por eles
a graça de Deus, os sinais do eterno amor. Tudo isto está além de toda
produção, além de todo fazer e fabricar humano. A única medida que corresponde
à grandeza do dom é a máxima fidelidade à vontade do Senhor, de acordo com a
qual todos seremos julgados — sacerdotes e leigos — sendo todos « servos
inúteis » (Lc 17, 10).
Existe sempre, decerto, o perigo de abusos; põe-se sempre o problema de como
garantir o acesso de todos os fiéis à plena participação na vida da Igreja e na
sua fonte, isto é, na vida da Senhor. Mas interpretar a realidade dos sacramentos,
da hierarquia, da palavra e de toda a vida da Igreja em termos de produção e de
consumo, de monopólio, expropriação, conflito com o bloco hegemónico, ruptura e
ocasião para um modo assimétrico de produção, equivale a subverter a realidade
religiosa. Ao contrário de ajudar na solução dos verdadeiros problemas, este
procedimento leva, antes, à destruição do sentido autêntico dos sacramentos e
da palavra da fé.
O PROFETISMO NA IGREJA
O livro « Igreja: Carisma e Poder » denuncia a hierarquia e as instituições
da Igreja (cf. pp. 65-66, 88, 239-240). Como explicação e justificação para
semelhante atitude reivindica o papel dos carismas e, em particular, do
profetismo (cf. pp. 237-240, 246, 247). A hierarquia teria a simples função de
« coordenar », de « propiciar a unidade, a harmonia entre os vários serviços »,
de « manter a circularidade e impedir as divisões e sobreposições »,
descartando pois desta função « a subordinação imediata de todos aos hierarcas
» (cf. p. 248).
Não há dúvida de que todo o povo de Deus participa do múnus profético de
Cristo (cf. LG 12); Cristo cumpre o seu múnus
profético não só por meio da hierarquia, mas também por meio dos leigos (cf. ib.
35). Mas é igualmente claro que a denúncia profética na Igreja, para ser legítima,
deve permanecer sempre a serviço, para a edificação da própria Igreja. Esta não
só deve aceitar a hierarquia e as instituições, mas deve também colaborar
positivamente para a consolidação da sua comunhão interna; além disso, pertence
à hierarquia o critério supremo para julgar não só o exercício bem orientado da
denúncia profética, como também a sua autenticidade (cf. LG 12).
CONCLUSÃO
Ao tornar público o que acima ficou exposto, a Congregação sente-se na
obrigação de declarar, outrossim, que as opções aqui analisadas de Frei
Leonardo Boff são de tal natureza que põem em perigo a sã doutrina da fé, que
esta mesma Congregação tem o dever de promover e tutelar.
O Sumo Pontífice João Paulo II, no decorrer de uma Audiência concedida ao
Cardeal Prefeito que subscreve este documento, aprovou a presente Notificação,
deliberada em reunião ordinária da Congregação para a Doutrina da Fé, e ordenou
que a mesma fosse publicada. Roma, Sede da Congregação para a Doutrina da Fé, 11 de Março de 1985.
Joseph Card. Ratzinger
Prefeito
Prefeito
+ Alberto Bovone
Arcebispo tit. de Cesarea de Numidia
Secretário
Arcebispo tit. de Cesarea de Numidia
Secretário
terça-feira, 20 de novembro de 2012
DECLARAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA SOBRE A MAÇONARIA E A PARTICIPAÇÃO DOS CATÓLICOS NAS ASSOCIAÇÕES MAÇÔNICAS
CONGREGAÇÃO
PARA A DOUTRINA DA FÉ
DECLARAÇÃO SOBRE A MAÇONARIA
Foi perguntado se mudou o parecer da Igreja a
respeito da maçonaria pelo facto que no novo Código de Direito Canónico ela não
vem expressamente mencionada como no Código anterior.
Esta Sagrada CongregaçAo quer responder que tal
circunstância é devida a um critério redaccional seguido também quanto às
outras associações igualmente não mencionadas, uma vez que estão compreendidas
em categorias mais amplas.
Permanece portanto imutável o parecer negativo da
Igreja a respeito das associações maçónicas, pois os seus princípios foram
sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso
permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às
associações maçónicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se
da Sagrada Comunhão.
Não compete às autoridades eclesiásticas locais
pronunciarem-se sobre a natureza das associações maçónicas com um juízo que
implique derrogação de quanto foi acima estabelecido, e isto segundo a mente da
Declaração desta Sagrada Congregação, de 17 de Fevereiro de 1981 (cf. AAS
73, 1981, p. 240-241).
O Sumo Pontífice João Paulo II, durante a
Audiência concedida ao subscrito Cardeal Prefeito, aprovou a presente
Declaração, decidida na reunião ordinária desta Sagrada Congregação, e ordenou
a sua publicação.
Roma, da Sede da Sagrada Congregação para
a Doutrina da Fé, 26 de Novembro de 1983.
Joseph Card. RATZINGER
Prefeito
Prefeito
+ Fr. Jérôme Hamer, O.P.
Secretário
Secretário
Fonte:
SAGRADA
CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ
DECLARAÇÃO
SOBRE A PARTICIPAÇÃO DE CATÓLICOS
À ASSOCIAÇÕES MAÇÔNICAS
SOBRE A PARTICIPAÇÃO DE CATÓLICOS
À ASSOCIAÇÕES MAÇÔNICAS
(Declaratio de canonica disciplina
quae sub poena excommunicationis vetat ne catholici nomen dent sectae
massonicae aliisque eiusdem generis associationibus)
Em data de 19 de Julho de 1974, esta Congregação
escrevia a algumas Conferências Episcopais uma carta reservada sobre a
interpretação do cân. 2335 do Código de Direito Canónico, que veta aos
católicos, sob pena de excomunhão, inscreverem-se nas associações maçónicas e
outras semelhantes.
Dado que a citada carta, tornada de domínio
público, deu margem a interpretações erróneas e tendenciosas, esta Congregação,
sem querer prejudicar as eventuais disposições do novo Código, confirma e precisa
quanto segue:
1. não foi modificada de algum modo a actual
disciplina canónica que permanece em todo o seu vigor;
2. não foi, portanto, ab-rogada a excomunhão nem
as outras penas previstas;
3. quanto na citada carta se refere à
interpretação a ser dada ao cânone em questão, deve ser entendido, como
intencionava a Congregação, só como um apelo aos princípios gerais da
interpretação das leis penais para a solução dos casos de cada pessoa, que
podem ser submetidos ao juízo dos Ordinários. Não era, pelo contrário, intenção
da Congregação confiar às Conferências Episcopais o pronunciar-se publicamente
com um juízo de carácter geral sobre a natureza das associações maçónicas que
implique derrogação das mencionadas normas.
Roma, da sede da Sagrada Congregação para a
Doutrina da Fé, 17 de Fevereiro de 1981.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Eugenia: o pesadelo genético do Século XX. Parte I: o início
Paulo Sérgio R. Pedrosa
“Convém, finalmente, reprovar aquele pernicioso costume que se refere proximamente ao direito natural do homem a contrair matrimônio, mas que de certo modo respeita também verdadeiramente ao bem da prole. Há efetivamente, alguns que, com demasiada solicitude dos fins eugênicos, não só dão certos conselhos salutares para que facilmente se consiga a saúde e o vigor da futura prole — o que não é, certamente, contrário à reta razão — mas chegam a antepor o fim eugênico a qualquer outro, ainda que de ordem superior, e desejam que seja proibido, pela autoridade pública, o matrimônio a todos aqueles que, segundo os processos e conjeturas da sua ciência, supõem deverem gerar uma prole defeituosa por causa da transmissão hereditária, embora pessoalmente sejam aptos para contrair matrimônio. E até pretendem que eles, por lei, embora não o queiram, sejam privados dessa faculdade natural por intervenção médica, e isto não como castigo cruento infligido pela autoridade pública por crime cometido, nem para prevenir futuros crimes dos réus, mas contra todo o direito e justiça, atribuindo aos magistrados civis uma faculdade que nunca tiveram nem legitimamente podem ter.”
“Todos aqueles que assim procedem esquecem malignamente que a família é mais santa que o Estado, e que os homens são criados primariamente não para a terra e para o tempo, mas para o céu e para a eternidade. E não é lícito, em verdade, acusar de culpa grave os homens, aptos aliás para o matrimônio, que, empregando ainda todo o cuidado e diligência, se prevê que terão uma prole defeituosa, se contraírem núpcias, embora de modo geral convenha dissuadi-los do matrimônio.”
“A autoridade pública, todavia, não tem poder direto sobre os membros dos súditos; e por isso nunca pode atentar diretamente contra a integridade do corpo, nem por motivos eugênicos nem por quaisquer outros, se não houver culpa alguma ou motivo para aplicar pena cruenta.”
Papa Pio XI, Encíclica Casti Conubii, 68-70
Introdução
Afinal de contas, o que levou ao papa Pio XI a condenar, na encíclica Casti Conubii, os “fins eugênicos”, que desejavam impedir o casamento e impedir a reprodução daqueles que se supõe gerar uma prole defeituosa? Os estados pretendiam legislar sobre o direito reprodutivo das pessoas já na primeira metade do século XX? E com base em que?
A resposta para estas perguntas podemos encontrar ao estudar a Eugenia, uma pseudo ciência filha do Darwinismo e da Genética Mendeliana, que pretendia aplicar à humanidade os mesmos princípios e práticas que os criadores de animais usam, de forma a conseguir a “melhoria genética da raça humana”.
Tal estudo nos levará a descobrir à quais caminhos tortuosos a ciência mal utilizada e o secularismo conduzem a humanidade.
A principal fonte de consulta para este trabalho, e da maior parte das citações, é o livro A Guerra Contra os Fracos, do famoso jornalista americano Edwin Black, que nos revela a surpreendente história da Eugenia.
A Guerra Contra os Fracos
Edwin Black ficou famoso ao escrever e publicar o best seller A IBM e o Holocausto que vinculava à gigante do mercado de informática americana ao triste episódio do massacre de judeus nos campos de concentração nazistas.
Black é um excelente jornalista investigativo, embora pareça ter tendências liberais. Ele e sua equipe fizeram um trabalho de pesquisa admirável, demonstrado pela extensa bibliografia e notas de referência ao final do livro. Apesar do livro contar fatos reveladores a respeito de Margaret Sanger, uma famosa ativista feminista do início do século XX , Black declara que recebeu total apoio da Planned Parenthood - uma poderosa ONG que promove o aborto ao redor do mundo fundada por Sanger - na pesquisa que fez para este livro.
O livro A Guerra Contra os Fracos foi editado em 2003 no Brasil pela A Girafa Editora Ltda., e pode ser facilmente encontrado nas livrarias mais populares.
O livro é enorme, possui 860 páginas, das quais 157 são de notas e de referências bibliográficas, e possui uma quantidade impressionante de informações, descritas de uma maneira fácil de ser entendida mesmos pelos leitores leigos no assunto.
A idéia central do autor é tratar do nascimento, ascensão e suposta queda da pseudo ciência conhecida como Eugenia.
Tendo nascido das idéias de Galton, ainda no século XIX, a partir das idéias de Darwin e de Malthus, a Eugenia se desenvolveu principalmente nos EUA, na virada do século XX até ao final da década de 30, onde esteve fortemente vinculada ao racismo, e, depois disso, na Europa, mais especificamente na Alemanha Nazista. A suposta queda teria acontecido no final da Segunda Guerra Mundial com a revelação das atrocidades cometidas pela ciência eugenista nazista nos campos de concentração.
Será que a eugenia e seus ideais morreram com o fim da segunda guerra mundial?
Black nos diz que não, mas que ela simplesmente mudou seu nome para Genética, mantendo seus objetivos. Continua atuando, portanto, só que de forma mais velada e sutil, menos agressiva do ponto de vista jurídico.
Inicio da Eugenia
O Cristianismo implantou na sociedade ocidental a prática de ajuda aos pobres e aos menos afortunados, enfatizando a santidade da vida. Assim, os hospitais e as casas de caridade aos pobres, deficientes, doentes e necessitados proliferaram desde o início da Idade Média.
No final da Idade Média, contudo, com o crescimento do poder absolutista dos reis, o estado passou a assumir os cuidados que a Igreja tinha pelos pobres. Isto foi notório na Inglaterra, especialmente com o advento do Anglicanismo. Desta forma foi criado o assistencialismo estatal.
Igreja - caridade vs. Estado - assistencialismo.
Ao se afastar a Igreja do cuidado para com os necessitados, ou pelo menos limitar seu campo de ação, e sem a sustentáculo moral exercido pela sociedade religiosa, a partir dos séculos XVIII e XIX uma grande quantidade de pobres e inválidos começou a incomodar as elites européias, pois o peso financeiro deles logo se fez sentir pelo estado. Então, os necessitados passaram a serem vistos como empecilho ao avanço da civilização e obstáculo para a prosperidade do Estado:
“... um livro popular, The Seven Curses of London [As sete pragas de Londres], de 1869, condenava ‘aquelas pestes masculinas e femininas de toda comunidade civilizada, cuja aparência natural é suja, cujas testas suam à simples idéia declarada de ganhar o seu pão, e aqueles que chafurdam na imprudência, aos farrapos’.”
“As complexas instituições de custódia patrocinadas pelo estado se ampliaram através de um distante horizonte. Com o tempo, a proliferação de asilos para pobres, hospícios, orfanatos, clínicas de saúde, colônias de epilépticos, abrigos para desalojados e débeis mentais e prisões transformou inevitavelmente a básica caridade cristã no que começou a ser visto como uma praga social” (Edwin Black, A Guerra Contra os Fracos, p.p. 52-53).
Em 1789, o economista Thomas Malthus elaborou a controversa teoria de que a população crescia de forma geométrica enquanto os recursos para manutenção da humanidade cresciam em proporção aritmética. Por conta disto, propagou a necessidade de controle populacional. Esta teoria, com o tempo, se provou ser uma falácia. Hoje os cientistas alegam que é possível, com a tecnologia atual, manter uma população mundial pelo menos cinco vezes maior que a atual. Contudo, o controle populacional é política de estado da maioria das nações atuais, e tem revelado um pernicioso efeito colateral: a redução da população economicamente ativa. De fato, países inteiros correm o risco de desaparecer ou de perder importância em menos de um século, por conta do controle de natalidade que vem sendo aplicado desde a metade do século passado.
“Malthus... chegou a defender que em muitas instâncias a assistência caritativa promovia a pobreza de geração a geração e simplesmente não tinha sentido no processo natural do progresso humano” (Edwin Black, obra citada, p. 53).
Na segunda metade do século XIX surge Herbert Spencer, um filósofo inglês que criou o “Darwinismo social”, alegando que o homem e a sociedade evoluíam de acordo com a natureza que herdaram. Ele criou o conceito de “sobrevivência do mais capaz”, alegando que “os mais capazes” continuariam a aperfeiçoar a humanidade, e os menos capazes, por sua vez, ficariam gradativamente mais incapazes e ignorantes.
Spencer, dizia dos incapazes: ”Todo o esforço da natureza é para se livrar desses e criar espaço para os melhores... Se eles não são suficientemente completos para viver , morrem, e é melhor que morram... Toda imperfeição deve desaparecer” (Spencer, Herbert, Social Statics, Fund. Robert Schalkenback, 1970, p. 58-60, 289-290, 339-340, apud Black, Edwin, obra citada, p. 54. O negrito é meu).
Ligando os pontos, segundo o próprio Darwin, sua teoria “é aDoutrina de Malthus aplicada com força múltipla ao reino vegetal e animal”(Darwin, The Origin of the Species, cap. 3, apud Black, Edwin, obra cit., p. 54. Negrito e sublinhado meus).
Assim nasceu o Darwinismo social, da junção das idéias de Malthus, Darwin e Spencer. O Darwinismo social servirá, então, como uma espécie de “base filosófica” para a futura pseudo-ciência da Eugenia.
A Eugenia surgiu a partir das idéias de Francis Galton, primo de Darwin, empolgado com o trabalho de seu primo e com a recente redescoberta das experiências realizadas pelo monge Gregor Mendel. A Eugenia brotava como uma nova disciplina, baseada na genética mendeliana e na teoria da evolução das espécies de Darwin, propondo a melhoria genética da raça humana sob a tutela das “autoridades científicas”, acelerando assim o papel da natureza.
Galton, um aficionado em estatística, era um personagem singular e detentor de uma moralidade bastante dúbia:
“Galton inventariava as pessoas irrequietas numa audiência e tentava relacioná-las com níveis de interesse. Tentava compreender as ondas da água em sua banheira. Contemplava de longe mulheres bem dotadas fisicamente, usando uma sextante para registrar suas medidas...”(Karl Peason, The Life, Letters, and Labours of Francis Galton – A Vida, as cartas e os trabalhos de Francis Galton, Cambridge University Press, 1930, v II, p. 340, apud Edwin Black, obra cit., pág. 57).
Ele lançou as bases da eugenia após publicar o livro “Hereditary Genius” (Gênios hereditários), no qual defendia que “Talento e capacidade são heranças genéticas”. Como prova disto, usava o argumento de que as melhores famílias inglesas produziam os cidadãos mais destacados, e se incluía no próprio exemplo, clamando seu parentesco com Charles Darwin. O que de fato hoje se consideraria como condição privilegiada de certas classes sociais foi considerado como aptidão natural por Galton.
O primo de Darwin postulava que a condição genética humana seria fundamental para melhoria das próximas gerações e inventou um esquisita matemática eugenista, onde tentava classificar as pessoas de acordo com a sua excelência genética. De acordo com Galton, as pessoas de “sangue ruim”, ou seja, geneticamente inferiores, só eram capazes de piorar as características genéticas de seus descendentes, não importando a qualidade do cônjuge do ponto de vista genético, ou, em termos mais prosaicos, se tivesse o “sangue bom” . Dai inferiu um dos princípios dessa anormal matemática que postula o seguinte:
SANGUE BOM + SANGUE RUIM = SANGUE RUIM
SANGUE BOM + SANGUE BOM = SANGUE MELHOR
SANGUE RUIM + SANGUE RUIM = SANGUE PÉSSIMO
Galton então batizou a recém criada pseudo ciência de Eugenia (do grego, bem nascer).
Ao chegar a estas conclusões, Galton passou a desejar que o Estado controlasse os casamentos, só o permitindo àquelas pessoas consideradas superiores. Eis então a Eugenia positiva, ou seja, a melhoria da raça através da união de pessoas consideradas geneticamente superiores.
Não obstante Galton dizia:
“O que a Natureza faz de forma cega, lenta e impiedosa o homem deve fazer de modo previdente, rápido e bondoso”
Além disso, Galton se mostrava claramente contra a reprodução dos “degenerados”:
“Nenhum progresso ou intervenção social poderia ajudar o incapacitado” (Black, ob. cit. pág. 63).
E inclusos entre os degenerados estavam os criminosos contumazes, os irremediavelmente pobres, os deficientes físicos e mentais, os epilépticos e todas as pessoas que eram tidas como um peso para a sociedade.
Porém, ao constatar que a Eugenia carecia de base científica, Galton quis fazer dela uma religião:
“Incapaz de atingir a certeza científica necessária para criar uma moldura eugenista legal na Grã-Bretanha, Galton esperava recriar a eugenia como uma doutrina religiosa que governasse os casamentos, uma crença que pudesse ser aceita pela fé, sem nenhuma prova. O casamento eugenista deveria ser “estritamente imposto como um dever religiosos, como a lei do levirato jamais o foi”, escreveu Galton num longo ensaio, que listava tais precedentes entre os judeus, os cristãos e mesmo entre certa tradições primitivas. Ele saudou entusiasticamente a idéia de uma religião: ‘É fácil deixar a imaginação correr solta na suposição de uma aceitação convicta da eugenia como uma religião nacional’” (De Galton para Bateson, 8 setembro 1904.Index To Achievements of Near Kinsfolk – Índice para realizações dos parentes próximos, documentos de Galton, University College London 245/3, apud Edwin Black, ob. cit. p. 78. O negrito é meu).
Eugenia Made In USA
Logo as idéias de Galton começaram a ganhar força entre os americanos, principalmente entre os racistas, que divisaram que a aplicação mais prática da eugenia seria a Eugenia Negativa.
Se a eugenia positiva pretendia a melhoria dos indivíduos de “sangue bom” através do controle dos casamentos, idéia que se mostrou inviável na prática, por motivos óbvios, a eugenia negativa defende que os indivíduos de sangue bom deveriam ser defendidos através da eliminação dos indivíduos de “sangue ruim”, ou supostamente “inferiores” geneticamente. A eugenia positiva leva, invariavelmente, à eugenia negativa.
As futuras gerações dos geneticamente incapazes – do enfermo ao racialmente indesejado e ao economicamente empobrecido – deveriam ser eliminadas.
Por mais surpreendente que possa parecer, os EUA aplicaram legalmente e ilegalmente expedientes eugenistas. Dentre os quais destacamos:
- Segregação do incapaz;
- Deportação dos imigrantes indesejados;
- Castração de criminosos e deficientes mentais;
- Esterilização compulsória;
- Proibição de casamentos;
- Eutanásia passiva;
- Extermínio. (Não foi aplicada, mas muitos eugenistas defenderam o uso da câmara de gás).
A Eugenia negativa teve grande penetração na sociedade americana por alguns fatores característicos e singulares:
Em primeiro lugar, diferentemente da colonização espanhola e portuguesa, os americanos isolaram as grandes levas de imigrantes que chegavam ao longo do tempo em grupos étnicos e guetos Com isso, evitavam a miscigenação, influenciados principalmente pela mentalidade puritana dos primeiros colonos, que acreditavam ser o novo povo eleito e a América a Nova Terra Prometida.
Em segundo, a criminologia americana do final do século XIX começou a considerar a criminalidade como um fenômeno de grupo e características criminosas como herdadas: “A criminologia levou o ódio racial e étnico para a esfera da hereditariedade. Nos últimos anos do século XIX, o crime foi sendo considerado progressivamente um fenômeno de grupo e, de fato, um traço familiar herdado. Os criminologistas e os cientistas sociais acreditavam amplamente no “tipo criminoso”, então identificados pelos “olhos com aparência da uma conta” e por certas formas frenológicas. A noção de “criminoso natural” se tornou popular” (Edwin Black, ob. cit., p.p. 70-71).
Terceiro: surgimento de teorias sociológicas sobre famílias de degenerados e suas implicações hereditárias. Em 1874, Richard Dugdale, da Associação de Prisões de Nova York, entrevistou prisioneiros do condado de Ulster e descobriu que muitos deles eram parentes. Isto o levou a estudos que culminaram na publicação, em 1877, do livro “ The Jukes, a Study in Crime, Pauperism, Disease and Hereditariety” (Os Jukes, um estudo em crime, pauperismo, doença e hereditariedade):
“ (Dugdale) Nele... calculou o aumento progressivo custo social anual, inclusive o da previdência social, de prisões e de outros serviços sociais para cada família, o texto imediatamente exerceu ampla influência sobre cientistas sociais nos Estados Unidos e em todo mundo” (Edwin Black, ob. cit., p. 72).
Em 1898 o pastor Oscar McCullon de Indianápolis apresentou um documento chamado “Tribe of Ismael, a Study of Social Degeneration” (A tribo de Ismael, um estudo em degeneração social) na 15a Conferência Nacional de Caridade americana, que descrevia famílias indigentes nômades de Indianápolis, todas descendentes de um mesmo ancestral da década de 1790:
“Os indigentes não possuíam valor inerente para o mundo, argumentava ele, e somente procriariam gerações sucedâneas de indigentes – e tudo “porque um ancestral remoto abandonou sua vida independente e auto-suficiente, e começou uma vida parasitária e miserável” (Diane B. Paul. Controlling Human Hereditariety - Controlando a hereditariedade humana, Humanities Press International Inc., 1995, p. 44, apud Edwin Black, obra citada, p.73)
E muitos outros livros se seguiram a estes, como “Smokeys Pilgrims”, “Jackson Whites”, “Hill Folks”, etc, ajudando a eugenia a pavimentar seu caminho nos EUA, em meio ao preconceito e ao racismo.
Mesmo com vários estudiosos britânicos, como Karl Pearson em 1910, reconhecendo a precariedade do conhecimento Eugenista (Edwin Black, ob. cit., p. 77) e com Galton querendo fazer da eugenia uma religião, já que não encontravam sustentação científica para ela, a Eugenia começou a ganhar mais força nos EUA a partir de 1909.
Entretanto, os eugenistas americanos acabaram por incorporar o racismo às suas teorias genéticas e a considerar os povos germânicos como superiores (saxões - arianos). Importantes líderes eugenistas americanos como, por exemplo, Lethrop Stoddard, lamentavam a imigração de raças mediterrâneas para os EUA que excediam o número de povos nórdicos, para eles mais desejáveis:
“Nos EUA... No final do século XIX, nosso país, originalmente povoado quase exclusivamente por nórdicos, foi invadido por hordas de imigrantes dos Alpes e do Mediterrâneo, sem mencionar os elementos asiáticos, como os levantinos e os judeus. Como resultado o americano nativo nórdico tem sido comprimido, com uma espantosa rapidez, por esses prolíficos e infestados alienígenas e, e depois de duas curtas gerações, está quase extinto em muitas de nossas áreas urbanas(...) Quando a ascendência dos pais é muito diversa como no cruzamento entre brancos, negros e ameríndios, o descendente é um mestiço, um cão vira-lata – um caos sobre duas pernas, tão consumido por sua ascendência dissonante que não passa de um imprestável” (Lethrop Stoddard, The Rising Tide of the Color Against the White World Supremacy – a onda crescente da cor contra a supremacia do mundo branco, Charles Scribner’s Sons, 1926, p. 165-167, apud Edwin Black, ob. cit. p. 80-81).
Para eles, a miscigenação significava o suicídio da raça.
O próprio Edwin Black admite que tais idéias não grassavam em meios incultos e entre pessoas grosseiras, muito pelo contrário: “ As doutrinas da pureza e da supremacia raciais defendidas pelos eugenistas pioneiros não eram resultado de divagações desconexas de homens ignorantes e primitivos. Eram os ideais muito bem elaborados de algumas das figuras públicas mais cultas e respeitadas da nação, cada uma delas um especialista em seu campo científico ou cultural, cada uma delas reverenciada pela sua erudição”. (Edwin Black, ob. cit., p. 82. O negrito é meu).
Portanto, era a elite americana que defendia e queria a implantação das idéias eugenistas.
A eugenia, desde cedo, se ocupou de estudar métodos para eliminar o “germe plasma defeituoso”. Este termo foi criado pelo Zoólogo Charles Davenport, que é considerado figura da maior importância no movimento eugenista e o maior especialista em eugenia dos EUA. Davenport era um racista virulento, filho de um pastor protestante muito rigoroso.
Davenport queria compor uma super raça de nórdicos: “Podemos construir uma muralha bem alta em torno deste país (...) para manter de fora essas raças inferiores, ou uma frágil represa...deixando que os nossos descendentes abandonem o país para os negros, os marrons e os amarelos, e busquem um asilo na Nova Zelândia” (Carta de Charles B. Davenport para Madison Grant, 3 de maio de 1920, APS, B-D27, Grant, Madison, n. 3, apud Edwin Black, ob. cit., p.p. 92-93).
Segundo Black, Davenport defendia : “será melhor exportar a raça negra imediatamente” (Edwin Black, ob. cit. p. 93).
Em 1903, não tendo conseguido de início apoio junto à comunidade científica americana, Davenport e os líderes do movimento eugenista americano foram buscar apoio junto a associações de pecuaristas e de criadores de animais.
Davenport propunha abertamente a aplicação da Higiene Racial, ou seja, eliminar o inadequado e o incapaz, por meio da eugenia negativa.
Em 1904, Davenport consegue o importante apoio do Carnegie Institute para a criação do Escritório de Registro Eugenista –ERO (Eugenics Register Office) em Cold Spring Harbor, cujo objetivo era traçar a genealogia e identidade racial dos americanos. Curiosamente, Cold Spring Harbor, hoje, é o quartel general da pesquisa do Genôma Humano. Tal centro de pesquisa, aliás, foi fundado entre as décadas de 40 e 50 por um ardente eugenista.
O chefe do escritório era Charles Laughlin, um charlatão que foi dos principais expoentes da eugenia americana. O escritório foi fundado com auxílio de doações da viúva Harriman (cujo marido foi um magnata do petróleo americano) e foi financiado ao longo de seus muitos anos de existência pela fundação Rockfeller e pelo Carnegie Institute.
A meta de Davenport e Laughlin era, com o registro eugenista, o mapeamento da população americana como castas genéticas, e a posterior eliminação dos deficientes nos EUA: “Foram identificados dez grupos de “incapazes sociais”, estabelecidos como alvo para “eliminação”. Primeiro, os deficientes mentais; segundo, a classe indigente; terceiro, a classe dos alcoólatras; quarto, oscriminosos de todas as espécies, incluindo os pequenos criminosos e os encarcerados por não pagamento de multas; quinto, os epilépticos; sexto, os insanos; sétimo, a classeconstitucionalmente frágil; oitavo, os predispostos à doenças específicas; nono, os fisicamente deformados; décimo, os com defeitos em órgãos dos sentidos, ou seja, surdos, cegos e mudos.” (Edwin Black, ob. cit., p.121. O negrito é meu).
Obviamente, todo o embasamento para a aplicação da eugenia nos EUA dependia de dados estatísticos levantados por instituições como o ERO. Contudo, tais estatísticas sempre foram pouco relevantes do ponto de vista clínico ou mesmo matemático.
Laughlin perseguiu ativamente a legalização de leis eugenistas para esterilização, encarceramento e aumento de restrições de imigração para os indesejáveis genéticos.
Laughlin, além das propostas citadas para eliminação do “incapaz”, chegou ao absurdo de recomendar que poligamia e a reprodução sistemática fossem adotada para multiplicar as linhagens desejáveis (Edwin Black, ob. cit., p. 125).
Não se pense que houve grande resistência da classe política americana ao movimento eugenista. Pelo contrário, muitos políticos aderiram a causa e foram responsáveis pela legalização de várias medidas eugenistas em vários estados americanos.
O próprio presidente Theodore Roosevelt escreveu uma carta de apoio a Davenport: “Eu concordo com você... a sociedade não deve permitir que degenerados reproduzam sua espécie... Algum dia nós compreenderemos que o primeiro dever, o inescapável dever do bom cidadão, da espécie certa, é deixar o seu sangue atrás de si no mundo; e nós não devemos permitir a perpetuação de cidadãos do tipo errado” (Edwin Black, ob. cit. p, 181. O negrito é meu). Uma afirmação bastante nazista proferida por um dos presidentes mais populares dos democráticos EUA!
Próximo passo: Esterilização do Incapaz.
Os primeiros passos práticos da eugenia nos EUA, após os levantamentos estatísticos do ERO, foram no sentido de promover a legislação para esterilização do incapaz.
Cronologia da legalização da aplicação da Eugenia nos EUA:
_ 1890. O Dr. F. Hoyt Pilcher do Kansas Home for the Feebleminded (Lar para deficientes mentais do Kansas) esterilizou ilegalmente a 58 crianças e teve o apoio do conselho diretor da instituição.
_ 1899. O Dr. Harry Clay Sharp, médico do Indiana Reformatory fazia castrações ilegais para combater o hábito do auto-erotismo, defendia e praticava a esterilização dos criminosos. Dizia Sharp: “Fazemos escolhas dos melhores carneiros para cruzar nos nossos rebanhos... e mantemos os melhores cachorros... o quão cuidadosos não deveríamos ser, quando se trata de procriar crianças!” (Dr. Harry C. Sharp, The Severing of the Vasa Deferentia and its Relation to the Neuropsychopathic Constitution, New York Medical Journal, 8 de março de 1902, p. 413, apud Edwin Black, ob. cit., p.p. 128-129).
_1906. O deputado Horace Reed, de Indiana, introduz a lei de Sharp: “Ato de Prevenção da Imbecilidade”. Tal lei ordenava que se os curadores ou cirurgiões que cuidavam de crianças deficientes mentais determinassem que a “procriação não era aconselhável”, o cirurgião poderia então “realizar esta operação para prevenção da procriação...”
Indiana foi, de fato, o primeiro estado a ter lei de esterilização compulsória para pacientes mentalmente deficientes, moradores de asilos de pobres e prisioneiros (Edwin Black, ob. cit., p. 133).
_1909. Leis de esterilização eugenistas em Washington contra criminosos contumazes e estupradores; em Connecticut, aplicação de vasectomia e de ovariectomia em deficientes e doentes mentais; na Califórnia, que permitia a castração e a esterilização de prisioneiros e de deficientes mentais. Em Nevada, aplicada a criminosos contumazes; em Iowa, aplicada em criminosos, idiotas, deficientes mentais, imbecis, ébrios, drogados, epilépticos, além dos pervertidos morais e sexuais.
_ 1911. Legislação de Nova Jersey contra deficientes mentais, epilépticos e outros deficientes. Esta lei foi assinada pelo então governador de Nova Jersey, Woodrow Wilson, futuro presidente americano e fundador da Liga das Nações.
E assim, vários estados americanos criaram e aprovaram leis de esterilização eugenistas, até que, em 1924, a suprema corte americana abre precedentes para a esterilização coercitiva por uma decisão do Juiz Oliver Wendell Holmes. A partir de então a esterilização legal do incapaz passa a ser aceita quase que como uma lei federal, lembrando bastante o que aconteceu no famoso caso Roe x Wade que implantou o aborto sob demanda nos Estados Unidos, a partir da década de 70.
O impacto de tal precedente foi enorme. Entre 1907 e 1940, 35.837 pessoas foram legalmente submetidas à esterilização forçada nos EUA. Quase 30.000 após a decisão do Juiz Holmes. E as esterilizações forçadas aconteceram durante muitos anos mesmo após a queda da popularidade da Eugenia. No total foram cerca de 70.000 pessoas esterilizadas coercivamente:
“Dezenas de milhares de americanos continuaram a ser coercivamente esterilizados, internados e legalmente impedidos de casar, com base em leis raciais e eugenistas. Durante a década de 40, cerca de 15.000 foram esterilizados coercivamente, quase um terço deles na Califórnia. Na década de 50, foram cerca de 10.000. Nos anos 60, milhares ainda. No cômputo geral, cerca de 70.000 americanos foram eugenicamente esterilizados nas primeiras cinco décadas do século XX; a maioria era de mulheres. A Califórnia manteve continuamente um índice bem maior que os outros estados” (Edwin Black, obra cit., p.630. O negrito é meu).
As leis de esterilização eugenistas foram adotadas por quase metade dos estados americanos, sendo a liberal Califórnia a que fez mais esterilizações forçadas.
De uma maneira geral, a população americana, e em especial os católicos, não aceitava a aplicação de leis eugenistas, pois estas eram consideradas, e com justiça, como um ato contra Deus,(Edwin Black, ob. cit., p. 137). Por causa disso, desde cedo, os eugenistas americanos começaram a promover conferências internacionais como forma de divulgar a experiência americana e também para impressionar a comunidade científica e os políticos americanos (Edwin Black, ob. cit., p. 141).
Em julho de 1912 aconteceu a primeira Conferência Eugenista Internacional, em Londres, que foi organizada conjuntamente pela Alemanha, Inglaterra e pelos EUA. O presidente foi o major Leonard Darwin, filho de Charles Darwin, e dela participaramWinston Churchill, Alfred Ploetz, pai da “higiene racial” - eugenia na Alemanha -, Charles Davenport e Alexander Graham Bell.
Com o aumento do prestígio, os eugenistas passaram a ocupar os departamentos de biologia, zoologia, ciência social, psicologia e antropologia das instituições de ensino americanas. Houve inclusive cursos exclusivos de eugenia. A eugenia conseguiu uma forte penetração nos ambientes acadêmicos de Harvard, Princeton, Yale, Northwestern University, Berkeley e outras grandes instituições americanas.
O ensino da eugenia acabou por atingir o curso secundário nos EUA, onde se fazia propaganda de idéias racistas dignas do Nazismo alemão (Edwin Black, ob. cit., p.p. 146-147).
Testes de Inteligência
Um fato quase que universalmente desconhecido é o de que os testes de inteligência, os populares testes de Q.I., tiveram sua gênese pelas vias tortuosas da eugenia.
O primeiro teste de inteligência foi criado por Henry Goddard, um eugenista, que escreveu “The Kalikak Family: A Study in the Hereditariety of Feeblemindedness”. Neste livro, Goddard desonestamente adulterou as fotografias que foram publicadas em seu livro para fazer a família dos Kalikak parecer menos normal (Edwin Black, ob. cit., p. 149).
Este mesmo pseudo-cientista desonesto foi o responsável pela popularização do termo “moron” nos EUA para descrever os débeis mentais.
Em 1913 ele aplicou um teste de inteligência a 148 imigrantes judeus, húngaros, italianos e russos, por motivos puramente eugenistas e racistas. O resultado do teste considerava 40% deles como retardados mentais. Goddard achou que o teste não condizia com a realidade, pois pensava que o número de retardados mentais deveria ser maior.
Naquela década também foram aplicados testes de inteligência aos negros, o que acabou por incentivar mais ainda o racismo nos EUA. Goddard concluiu de seus testes: “Diante das evidências, não parece possível elevar o grau escolar do negro...” (Edwin Black, ob. cit., p.153).
Quando os EUA entraram na primeira guerra mundial, em 1917, o governo americano incumbiu o presidente da Associação Americana de Psicologia de aplicar um teste de aptidão ao seu efetivo. Ele convocou Goddard, Lewis Terman, um outro eugenista - e outros especialistas para desenvolver tal teste.
Como exemplo do resultado do esforço, citamos algumas perguntas do teste:
Questão: “Quinhentos é jogado com...”
Respostas possíveis: raquetes, pinos, cartas, dados.
Resposta correta: cartas.
Questão: “Becky Sharp aparece em...”
Respostas possíveis: Vanity Fair, Romola, The Christian Carol, Henry IV.
Resposta correta: Vanity Fair.
Questão: “Velvet Joe aparece em anúncios para...”
Respostas: pó dental, grãos e farináceos, tabaco, sabonete.
Resposta correta: tabaco.
Questão: “Não coçou ainda...” é uma frase usada na publicidade de...
Respostas: bebida, revólver, farinha, limpador.
Resposta correta: limpador.
O resultado deste teste esdrúxulo: 47% dos brancos e 89% dos negros do exército americano foram considerados “morons”, com capacidade inferior a de um menino de 13 anos.
Uma outra estatística importante, resultante deste teste, foi a quantidade de brancos de descendência nórdica, obviamente mais cosmopolitas que os outros, reprovada nos testes: holandeses, 0,1%; alemães, 2%; Ingleses, 3%; suecos, 0,5%. Tais resultados foram utilizados pelo psicólogo Carl Brigham, de Princeton, um ativista eugenista, para fazer uma projeção global, aplicada a todo o mundo. Essa foi a evidência eugenista da supremacia nórdica, segundo a sua definição, e, virtualmente, da inferioridade racial de todas as demais raças.
Brigham escreveu um livro onde expôs suas teses racistas intitulado “A Study of American Intelligence”, publicado pela Princeton Press em 1922. Ele fundamentou seu estudo “científico” em dois livros notoriamente racistas: “The Passing of the Great Race” (O fim da grande raça) de Madison Grant, e Races of Europe, de William Ripley.
E não se pense que Brigham foi desprezado ou ridicularizado por suas idéias racistas. Muito pelo contrário, seu trabalho foi examinado por uma equipe de eminentes cientistas do gabinete do Diretor Nacional de Saúde e das universidades de Harvard, Princeton e Syracuse.
De acordo com Brigham, neste seu livro, a inteligência do negro estava predestinada por herança hereditária, e não podia ser melhorada pelo “acréscimo maior de mistura de sangue branco”. E disse ainda: “Os resultados que obtivemos, interpretando a informação do Exército... sustenta a tese do Sr. Madison Grant sobre a superioridade do grupo nórdico...”
Rapidamente, este seu livro “A Study of American Intelligence” se tornou padrão cientifico nos EUA. Brigham adaptou o teste do exército para ser usado na seleção de candidatos às universidades americanas e deu origem ao SAT (Scholastic Aptitude Test, ou Teste de Aptidão Escolástica) que foi aplicado a praticamente todas universidades americanas.
Tais testes foram visto desde cedo por alguns intelectuais americanos como um meio de exclusão social.
Em tempo, o exército americano jamais agiu de acordo com os resultados dos testes, se eximindo de classificar seu efetivo através da informação que ele apresentara.
Conclusão
Assim, vimos como a pseudo ciência da Eugenia nasceu na Inglaterra e se desenvolveu nos Estados Unidos, formando, dentro do berço liberal da democracia americana, as idéias e as práticas eugênicas que depois assustariam ao mundo, praticados pela Alemanha Nazista. Auschwitz tem sua gênese bem mais distante e distinta da Berlim da década de 30, mas pode ser facilmente identificada em Cold Spring Harbor, EUA, no início do século XX.
Paulo Sérgio R. Pedrosa - "Eugenia: o pesadelo genético do Século XX. Parte I: o início"
MONTFORT Associação Cultural
Online, 15/11/2012 às 13:14h
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
O Nirvâna do budismo, não corresponde a um estado de aniquilação do espírito após o fenômeno morte.
Luiz Carlos Nogueira
Segundo se sabe, tal
como Jesus, o fundador do budismo, ou seja, Sidarta Gautama (em sânscrito सिद्धार्थ गौतम, transliteração de Siddhārtha Gautama), também simplesmente
conhecido como Buda, não deixou nada escrito a respeito dos
seus ensinamentos ou da sua doutrina, que mais tarde, após sua morte, foram
compilados pelos seus novos seguidores.
Paulo Dreyfus, em seu
artigo: “Sidarta, o iluminado”, inserido num opúsculo sob o titulo “O Sagrado
na História: Budismo”[1],
informa que após ter atingido a iluminação, Buda partiu para Benares e depois
de atravessar o Rio Ganges, seguiu para Sarnath (ambas a cidades, da Índia),
onde teria encontrado “[...] ali cinco jovens,
que o acompanharam por um tempo, antes de cada um seguir seu próprio caminho.
Foram seus primeiros discípulos.[...] Buda disse: ‘Meus amigos, se vocês
seguirem meus conselhos, encontrarão, sem tardar, a luz que procuram’. E eles
perguntaram: ‘Como foi que você fez para atingí-las?’. A resposta começou com
‘Vou lhes explicar’. E ele começou um longo discurso [...]. Essas palavras, que
os cinco jovens cuidadosamente anotaram, entrariam para o corpus dos textos
fundadores do budismo com o nome de Sermão do Sarnath — chamado também de
Sermão de Benares. [...]”.
Assim é que chegaram
até os nossos dias, transmitidos por várias outras fontes, os ensinamentos de
Buda. Conta-se nos livros sagrados jainistas de Pattana, que Sidarta, quando já
moribundo, teria sido instado com estas palavras, como cita Blavatsky[2]: “Sobe ao Nirvi (Nirvana) saindo desse corpo
decrépito ao qual foste enviado. Sobe à tua morada anterior, ó abençoado
Avatâra!”. Ao que ela comenta dizendo:
“Isto nos parece o próprio oposto ao Niilismo. Se Gautama é convidado a
retornar à sua ‘morada anterior’, e essa morada é o Nirvana, então é
incontestável que a Filosofia Budista não ensina a aniquilação final.[...] E se
ele existe aí, tal estado não é um sinônimo de aniquilação.”.
Portanto, parece ter
sido desfigurada a doutrina de Buda, no sentido de que ele tenha ensinado
qualquer que seja sobre o propósito da vida post
mortem ou que tenha negado a sobrevivência do espírito humano.
Segundo Blavatsky, o
orador chinês Wong Ching Foo, lhe havia falado sobre o Niepang (o que no idioma
dele, corresponde ao Nirvana) que: “Esse
estado, segundo todos entendemos, significa uma reunião final com Deus, que
coincide com a perfeição do espírito humano por sua libertação final da
matéria. É exatamente o contrário da aniquilação pessoal.”
E, Blavatsky explica
que: “O Nirvâna significa a certeza da
imortalidade pessoal no Espírito, não na Alma, que, como uma
emanação finita, deve certamente desintegrar suas partículas — um composto de
sensações humanas, paixões e anseios por alguma espécie objetiva de
existência...”
[1]
Publicação da Ediouro Duetto Editorial, a partir de artigos publicados na
revista História Viva; Ed. Oscar Pilagallo – São Paulo: Duetto, 2010.
[2]
Blavatsky, Helena Petrovna. Isis Sin Velo, Claves de los mistérios de la
ciência y teologia antiguas Y modernas, Tomo III, Editorial Humanitas,
Barcelona, Espanha, S.L. 2004.
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