domingo, 30 de junho de 2013

O PACIFISMO E A NÃO-RESISTÊNCIA, ANALISADOS NO CONTEXTO ESPIRITUAL E RELIGIOSO












Luiz Carlos Nogueira






“Atravessei o inferno superei meus demônios, encontrei o céu e os anjos diziam: a batalha será sempre dentro de você (Rhenan Carvalho)

Gandhi teria dito algo parecido: “Os únicos demônios neste mundo são os que perambulam em nossos corações, e é aí que as nossas batalhas devem ser travadas.” (Fonte: Pensador.Info: http://pensador.uol.com.br/autor/gandhi/3/)

Mas a citação mais emblemática, é a que Gandhi teria dito:

Se o sangue for derramado, deixe que seja nosso sangue. Cultive a coragem silenciosa de morrer sem matar. Um homem vive livremente apenas quando está pronto para morrer, se necessário for, nas mãos de seu irmão, nunca matando-o.”  Frase atribuída a Gandhi. (Fonte: Pensador.Info: http://pensador.uol.com.br/autor/gandhi/3/)



Os conflitos existenciais internos e externos dos seres humanos, talvez exceto nos seus estados de extremo primitivismo, quando só agiam instintivamente, sempre estiveram presentes em suas vidas.

Na medida em que foram se espiritualizando foram adotando alguns demônios, constituindo assim, os sete pecados capitais.

Alguns exemplos, como a alegoria do “Bhagavad Gîtâ”[1], livro este considerado como a suprema mensagem de autoconhecimento e autorrealização, como sendo um legado do Oriente para o mundo. Trata-se do episódio da grande e antiga epopéia hindu, do célebre Mahâbhârata[2]. Trata-se, portanto, de um compêndio que trás a ideia da espiritualidade do hinduísmo. A filosofia que contém, é um conjunto das doutrinas de Patanjali, Kapila e dos Vedas.

No Bhagavad Gîtâ, Krishna transmite a Arjuna, os ensinamentos bramânicos, no que diz respeito ao dever próprio dos membros de cada casta, assim como os meios para se libertar dos ciclos de mortes e renascimentos.

Pois bem, conta-se nesse livro uma história (simbólica) que desenrola-se assim, com menos detalhes: Dhritarâshtra que havia se tornado rei em Hastinapura, na Índia Antiga, mas por ter perdido a visão, entregou o poder régio ao seu filho Duryôdhana, que o consentimento do pai, expulsou do seu reino os cinco filhos de Pându, que eram seus primos e que tentaram usurpar-lhe o trono. Mas depois de algum tempo, esses seus parentes usurpadores formaram um poderoso exército, voltando para tomar o poder.

A resistência iniciou-se sob o comando do velho general Bhishma[3], enquanto que os invasores tinha como comandante um guerreiro famoso chamado Bhima[4].

Assim é que a mensagem do Gitâ foi divulgada por causa da dificuldade que Arjuna impunha a sí, para cumprir com o seu dever de guerreiro, vez que uma guerra envolve destruição e morte. E a não violência ou Ahimsa, é dos princípios do Hinduismo, o mais fundamental, porque considera que todas as vidas, sejam elas humanas ou não, são sagradas.

De forma como veremos o memorável discurso entre o Senhor Supremo, Krishna, e Seu devoto, Arjuna, que ocorreu no campo de batalha, nas vésperas da guerra, conforme  está escrito no grande épico Mahaabharata.

No Gitâ, o Senhor Krishna concita Arjuna para que se erguesse e lutasse. Tal admoestação, possivelmente, gera um mal-entendido do princípio da não violência ou Ahimsa, se o fundamento da guerra do Mahabharata não estiver na mente

Todavia, o Gitâ trata da mais sagrada ciência metafísica, e transmite o conhecimento do Ser e responde a duas questões universais: Quem sou eu, e como eu posso conduzir uma vida pacífica e feliz neste mundo de dualidades. Por conseguinte torna-se de um conhecimento para o crescimento moral e espiritual, para a humanidade baseado nos princípios cardeais da religião Hindu.

O objetivo principal do Gitâ é ajudar as pessoas que estão lutando na escuridão da ignorância para cruzarem o oceano da vida (nascimentos e mortes repetidas), para atingirem a costa espiritual da liberação enquanto viventes e atuantes na sociedade.

O ensinamento central do Gitâ, conforme está na introdução dessa obra do Dr. Ramananda Prasad (American/ International Gita Society), traduzida por  Sriman Ojasvi dasa vyasa, “é a obtenção da liberdade ou da alegria, pelo cativeiro da ação da vida de cada um. Sempre se lembrem da glória e da grandeza do Criador e da ação eficiente de seus deveres, sem estar apegados ou afetados pelos seus resultados, mesmo que a obrigação demande, de vez em quando, na violência inevitável.

Algumas pessoas negligenciam ou desistem de suas responsabilidades na vida pela segurança de uma vida espiritual enquanto outras desculpam-se a si mesmos de uma pratica espiritual porque elas crêem que ela não possuem tempo. A mensagem do Senhor é para purificar todo o processo da vida em si mesma. Não importa o que uma pessoa faz ou pensa deverá realizar pensando na glória e na satisfação do Criador. Nenhum esforço ou custo é necessário para este processo. Faça as suas obrigações como um serviço para o Senhor e humanidade, e veja um único Deus em tudo, num estado de espírito. É necessário purificar o corpo, a mente e o intelecto, para conquistar um estado de espírito, disciplina pessoal, austeridade, penitência, boa conduta, serviço desapegado, práticas yóguicas, meditação, adoração, oração, rituais, e estudo das escrituras, assim como a companhia de pessoa santas, peregrinação, canto dos santos nomes do Senhor, e autoinquirição.Através do intelecto purificado deve-se estudar para abandonar a luxúria, a ira, a avareza, e estabelecer o controle sobre os seis sentidos (audição, tato, visão, gustação, olfato e mente). Deve-se sempre lembrar de que todos os trabalhos são feitos pela energia da natureza, e que ele o ela não são os agentes mas apenas um instrumento.

Deve-se aspirar o máximo de excelência em todas as tarefas, mas mantendo-se a equanimidade no sucesso ou no fracasso, no ganho ou na perda, na dor ou no prazer.
A ignorância do conhecimento metafísico é para a humanidade um grande predicamento. Uma escritura, sendo a voz da transcendência, não pode ser traduzida. A linguagem é incapaz e as traduções são defeituosas para claramente transmitir o conhecimento do Absoluto.”

Então vejamos, como sucedeu no discurso de Krishna. A batalha começou quando Bhishma, o comandante da resistência, deu o sinal tocando sua corneta. Aí foi que Arjuna pediu para Khrisna deixasse parar o carro de combate, num espaço entre os dois exércitos inimigos, para ver de perto quais as pessoas que tomavam parte da luta, e vendo que seus parentes e amigos, estavam tanto de um como de outro lado — horrorizou-se, por constatar que se tratava de uma guerra fratricida.  Assim disse a Krishna que preferia morrer inerme — sem se defender, do que matar seus parentes.

Krishna, porém, respondeu-lhe com um discurso filosófico, que ocupa a maior parte do Bhagavad Gîtâ, fazendo Arjuna ver a necessidade dessa guerra em que ele, por fim, alcançaria a absoluta vitória. E a narração é feita por Sanjaya, fiel escudeiro e servidor do Rei Cego — Dhritasâshtra.

Por conseguinte, é possível que o leitor fique também horrorizado em saber que Krisna — Deus, instruíra os guerreiros no campo de batalha e incentivara a guerra, assim como a Arjuna, seu devoto, a matar inclusive seus parentes que estavam ao lado da injustiça. Ora, ninguém quer morrer, portanto, é difícil ver a morte como algo bom, criado por Deus. Assim é que o significado da vida e da morte é o foco principal dos ensinamentos de Krishna, em que podemos aprender a atuar corretamente na Terra que é a escola da vida, e cada lição inicia-se com o nascimento e termina com morte, de forma que com o livre arbítrio podemos atuar a favor ou contra as leis de Deus, sujeitando-nos, porém, às leis do karma ou da ação e reação, que faz com que os malfeitores sofram os mesmos males que praticaram contra outros, seja nesta mesma vida, pelas doenças ou pelas mortes, diríamos, antecipadas, ou nas próximas vidas em que nascerem desafortunados. Ao contrário, aqueles que praticam o bem, recebem recompensas pela mesma lei do karma.

De tal sorte, Krishna ensina que se o mal não fosse castigado, ninguém entenderia o que é o mal; por isso disse ao Seu devoto Arjuna, que matasse os malfeitores que cometeram uma lista enorme de atrocidades contra a lei, a moral e todo o povo. Os que Por razões políticas, inclusive os amigos, parentes e mestres de Arjuna, se juntaram com o lado dos maus, não podiam obter perdão, até porque, falsos como eram, poderiam voltar a atentar contra o seu reino e sua vida

Ora, Arjuna era um guerreiro e irmão do herdeiro da coroa real da Índia, e tanto quanto seus quatro irmãos foi grande devoto da Suprema Personalidade de Deus — Krishna, que surgiu na Terra como seu primo, além do que foi reconhecido como o próprio Deus.

Não obstante devessem e tivessem querido evitar a violência de acordo com as leis de Deus, os ensinamentos védicos dizem que conforme a situação em determinados momentos da vida humana, e conforme sejam os agressores, torna-se necessário empregá-la; e segundo os preceitos védicos há seis classes de agressores que podem ser mortos de imediato, sem que isso acarrete o que chamamos de pecado:

1) o que dá veneno;
2) o que incendeia a casa de alguém;
3) o que ataca com armas mortais;
4) o que rouba as riquezas;
5) o que ocupa a terra de outro; e
6) o que rapta a esposa de outro.

Sabe-se que os guerreiros nos tempos védicos (kshatriyas) tinham por suas responsabilidades, protegerem os cidadãos dos bandidos e exploradores, sendo, no entanto, que guerra era e ainda é uma das coisas mais detestáveis e simboliza algo de mau que pode haver no mundo. Mas conforme esses ensinamentos, os devotos do Senhor Krishna não ficam em momento algum, sem o seu amparo. Por isso é que as suas imorredouras instruções passadas para Arjuna, também simbolizam as dificuldades que cada um de nós temos que enfrentar na luta pela vida neste mundo.

Portanto, as explicações de Krishna com vistas à situação da violência neste mundo,  tem o respeito de muitas pessoas célebres, tais como: Immanuel Kant, Arthur Schopenhauer, Wilhelm von Humboldt (ministro prussiano da educação, um lingüista brilhante e fundador da ciência da lingüística geral), bem como o Mahatma Gandhi (Mohandas Karamchand Gandhi), Swami Vivekananda e outros tantos.

Após essa introdução, vamos ao ponto central da questão que é o pacifismo sob o ponto de vista espiritual, ou seja, se se justifica os religiosos e os místicos, profundamente devotos, a prática do pacifismo ou da não-resistência, quando eventualmente se instala uma guerra e que tenham que se preparar para lutar.

No mundo ocidental, onde a maioria das religiões adota como sua Grande Luz — a Bíblia Sagrada, Velho Testamento, de imediato já encontramos o primeiro óbice  em Êxodo, que é o quinto mandamento das leis de Deus: "NÃO MATARÁS" (Ex 20,13).

Inobstante isso, o mesmo livro citado está permeado de relatos em que Deus e suas hostes cósmicas destruíram cidades, seus inimigos ou que os castigou pelo que Ele julgava como más ações. Tais relatos parecem contradizer as próprias ordens de Deus, deixando os fiéis de suas religiões, confusos.

Os religiosos costumam dizer que só Deus poder dispor das nossas vidas, porque Ele é o nosso Criador e não o ser humano. Por conseguinte o ser humano não pode destruir vidas, mas pode impedir a sobrevivência na forma ou na sua substância — matando.

Mas como matando? Em que circunstância poderia haver razões atenuantes?

Parece-me que a circunstância atenuante seria — a autodefesa, porque o ser humano foi dotado do instinto de preservação, de forma que consiste de uma ordem natural da força de vida, não autodeterminada, mas instilada pelo Criador para conservar a existência dos seres. Assim todos os seres viventes têm em si muitos atos inconscientes, graças aos quais possibilitam a sobrevivência e a conservação das espécies.

Se nós humanos deixássemos de exercer a autodefesa, em circunstâncias em somos obrigado matar para não morrer, de nada adiantaria o nosso ideal de evolução em todos os níveis. Os que se entregam ao sacrifício da própria vida por uma causa justa e nobre, tornando-se mártires, para evitar a morte de muitos, ao contrário dos suicidas — talvez, obtenham em seu favor algum crédito pelo heroísmo, num plano de existência além morte — o que não estou afirmando, mas apenas supondo, porque o próprio Jesus, O Cristo, nisso acreditou.

Porém, o que me parece um erro inconcebível, são aquelas lideranças religiosas, que já levaram no passado não tão distante, milhares de seus seguidores — ao suicídio coletivo.

Assim é que vejo sob essa mesma ótica, a realidade objetiva, da necessidade da preparação dos exércitos para a guerra, até porque ainda na atualidade se estabelecem em alguns países, regimes de governos opressores, despóticos e até atrozes, sob diversa bandeira, que abrem a necessidade do povo se libertar travando batalhas sangrentas.

Da mesma forma, os povos se mobilizam para a guerra, quando e se eventualmente forem atacados por outras nações, que invadem o seu território, destruindo as suas cidades, executando atos de violência, como matar membros da sua família, estuprar suas filhas e suas mulheres, mutilando seus filhos e praticando toda sorte de vandalismos. A reação diante de certas situações, penso, é um direito inalienável, do contrário que outra alternativa ofereceria um pacifista convicto da prática da não-resistência?

Nem toda resistência não-violenta obtém bons resultados, como já aconteceu na história do mundo. No regime nazista de Hitler a resistência não-violenta sequer foi possível de ser levada a efeito. Então cada situação é uma situação, não podendo ser generalizada.

Por exemplo, no caso da segregação racial na África do Sul[5], “O ANC e os grupos anti-apartheid aliaram-se e realizaram inicialmente a resistência não-violenta de encontro aos pró-segregação e defensores do apartheid dentro dos governo da África do Sul, veja em: Campanha do Desafio. Entretanto, eventos tais como o massacre de Sharpeville em (21 de março de 1960). Levou os ativistas da ANC conduzidos por Nelson Mandela a acreditar na necessidade de um movimento de resistência violento (ou armado). Mandela fundou o Umkhonto we Sizwe (a lança da nação). Realizou inicialmente atos de sabotagem mas expandiu-os mais tarde para uma guerra de guerrilha de encontro às forças de segurança da África do sul, incluindo o uso decarros-bombas. O Pan Africanist Congress (PAC) (Congresso PAN-Africano) e outros grupos realizaram atos violentos contra o governo.
A South African Truth and Reconciliation Commission (Comissão em pro da Verdade reconciliação da África do Sul) acusou todos os grupos anti-apartheid da matança de civils em atos violentos. A ala armada do PAC foi acusado de deliberadamente matar cidadãos brancos e pretos que cooperaram com o governo. O governo do Apartheid considerou todos os atos violentos anti-apartheid como atos de terrorismo.”

Outra questão envolvendo a não-resistência é registrada na Bíblia Sagrada, em Gênesis, 19: 1-23, que parece ter sugerido uma situação de tentativa de estupro, que deixa também os religiosos confusos, pois a narrativa é de que Ló teria recebido dois anjos em sua casa, em Sodoma, mas os homens da vizinhança exigiam-lhe para que lhos trouxessem, para conhecê-los. Ló, inicialmente teria tentado dissuadi-los daquela intenção, mas, como insistiam, Ló optou de certa forma pela não-resistência, porque rogou-lhes para que não fizessem mal aos seus hóspedes, oferecendo-lhes as suas duas filhas que ainda não haviam conhecido os homens, e que assim poderiam fazer delas o lhes fosse bom aos olhos.

O que não fica claro é se os moradores das vizinhanças estavam desejando sexualmente os dois anjos, ou na verdade, por algum motivo maligno, pretendiam estupra-los para que fossem humilhados.

Eis uma pergunta que cabe fazer: a não-resistência de Ló teria tido valor, se no final não tivesse sido salvo pelo anjos? Algum leitor não ofereceria resistência num caso análogo, e ainda optaria por entregar suas filhas à sanha dos estupradores? Ora! Convenhamos, isto está errado!

Para encerrar, penso que temos duas condições totalmente diferentes, quando se tem que matar outros seres humanos: a) A primeira, pelo simples espírito de beligerância em que se ataca injustamente a outrem, com o desejo de fazer mal, mesmo que haja derramamento de sangue; b) A segunda, que se trata de preparação para guerra, com objetivos claros de promover medida defensiva, de segurança e de preservação do maior números de vidas humanas.

No caso da segunda condição (b), trata-se de um dever de se autorpreservar, para que possamos prosseguir a nossa caminhada terrena, adquirindo conhecimentos e  experiências necessárias para prosseguirmos como espíritos encarnados, rumo ao que nos está reservado pelo Criador.


ADENDO – TEXTO EXTRAÍDO DA BÍBLIA SAGRADA – TRADUZIDA POR JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA

GÊNESIS 19
LÓ RECEBE OS DOIS ANJOS EM SUA CASA
Gn 19.1 À tarde chegaram os dois anjos a Sodoma. Ló estava sentado à porta de Sodoma e, vendo-os, levantou-se para os receber; prostrou-se com o rosto em terra,
Gn 19.2 e disse: Eis agora, meus senhores, entrai, peço-vos em casa de vosso servo, e passai nela a noite, e lavai os pés; de madrugada vos levantareis e ireis vosso caminho. Responderam eles: Não; antes na praça passaremos a noite.
Gn 19.3 Entretanto, Ló insistiu muito com eles, pelo que foram com ele e entraram em sua casa; e ele lhes deu um banquete, assando-lhes pães ázimos, e eles comeram.
Gn 19.4 Mas antes que se deitassem, cercaram a casa os homens da cidade, isto é, os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados;
Gn 19.5 e, chamando a Ló, perguntaram-lhe: Onde estão os homens que entraram esta noite em tua casa? Traze-os cá fora a nós, para que os conheçamos.
Gn 19.6 Então Ló saiu-lhes à porta, fechando-a atrás de si,
Gn 19.7 e disse: Meus irmãos, rogo-vos que não procedais tão perversamente;
Gn 19.8 eis aqui, tenho duas filhas que ainda não conheceram varão; eu vo-las trarei para fora, e lhes fareis como bem vos parecer: somente nada façais a estes homens, porquanto entraram debaixo da sombra do meu telhado.
Gn 19.9 Eles, porém, disseram: Sai daí. Disseram mais: Esse indivíduo, como estrangeiro veio aqui habitar, e quer se arvorar em juiz! Agora te faremos mais mal a ti do que a eles. E arremessaram-se sobre o homem, isto é, sobre Ló, e aproximavam-se para arrombar a porta.
Gn 19.10 Aqueles homens, porém, estendendo as mãos, fizeram Ló entrar para dentro da casa, e fecharam a porta;
Gn 19.11 e feriram de cegueira os que estavam do lado de fora, tanto pequenos como grandes, de maneira que cansaram de procurar a porta.
Gn 19.12 Então disseram os homens a Ló: Tens mais alguém aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos tens na cidade, tira-os para fora deste lugar;
Gn 19.13 porque nós vamos destruir este lugar, porquanto o seu clamor se tem avolumado diante do Senhor, e o Senhor nos enviou a destruí-lo.
Gn 19.14 Tendo saído Ló, falou com seus genros, que haviam de casar com suas filhas, e disse-lhes: Levantai-vos, saí deste lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade. Mas ele pareceu aos seus genros como quem estava zombando.
Gn 19.15 E ao amanhecer os anjos apertavam com Ló, dizendo: levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que aqui estão, para que não pereças no castigo da cidade.
Gn 19.16 Ele, porém, se demorava; pelo que os homens pegaram-lhe pela mão a ele, à sua mulher, e às suas filhas, sendo-lhe misericordioso o Senhor. Assim o tiraram e o puseram fora da cidade.
Gn 19.17 Quando os tinham tirado para fora, disse um deles: Escapa-te, salva tua vida; não olhes para trás de ti, nem te detenhas em toda esta planície; escapa-te lá para o monte, para que não pereças.
Gn 19.18 Respondeu-lhe Ló: Ah, assim não, meu Senhor!
Gn 19.19 Eis que agora o teu servo tem achado graça aos teus olhos, e tens engrandecido a tua misericórdia que a mim me fizeste, salvando-me a vida; mas eu não posso escapar-me para o monte; não seja caso me apanhe antes este mal, e eu morra.
Gn 19.20 Eis ali perto aquela cidade, para a qual eu posso fugir, e é pequena. Permite que eu me escape para lá (porventura não é pequena?), e viverá a minha alma.
Gn 19.21 Disse-lhe: Quanto a isso também te hei atendido, para não subverter a cidade de que acabas de falar.
Gn 19.22 Apressa-te, escapa-te para lá; porque nada poderei fazer enquanto não tiveres ali chegado. Por isso se chamou o nome da cidade Zoar.
Gn 19.23 Tinha saído o sol sobre a terra, quando Ló entrou em Zoar.




[1] Bhagavad é uma variação de bhagavant, que em sânscrito significa sublime. Gîtâ (pronúncia-se guitá), que significa canção. Daí dizer-se Sublime Canção,  algumas vezes referida como a Canção do Senhor ou a Mensagem do Mestre Interior.
[2] Mahâ = grande; Bhârata= Índia.
[3] Terror; egoísmo.
[4] Terrível; a vontade espiritual.

terça-feira, 25 de junho de 2013

A GRANDE FRATERNIDADE BRANCA – POSSÍVEL ORÍGEM

 

 

 

Luiz Carlos Nogueira

nogueirablog@gmail.com

 

 

 

 

 

Tutmés III, também chamado pela forma helenizada de Tutmósis III, foi o sexto  faraó da XVIII dinastia egípcia, da época do Império Novo, que segundo os historiadores, herdou o trono ainda muito jovem,  quando estaria com mais ou menos 12 anos de idade. Assim Hatshepsut, a principal esposa e meia-irmã do seu falecido pai, portanto — a rainha, tornou-se regente do reinado egípcio, durante a menoridade de Tutmés.

Com a morte de Hatshepsut, por volta do ano 22 do reinado de Tutmés III, este já estaria então com 33 anos de idade, quando finalmente foi coroado, recebendo o nome de Menkheperré , que significa "Estável é a manifestação de ".

Assim Tutmés III passou a governar sozinho, inaugurando um período de glória para o Egito e ultrapassando as suas fronteiras, notabilizando-se por suas atividades militares e como construtor.

Em suas campanhas militares, Tutmés III expandiu o domínio egípcio até ao rio Eufrates, conforme consta nos "Anais" de Tutmés III, que se encontra registado nas paredes do santuário da barca em Karnak, pelo seu arquivista e escriba real Tianuni.
Tutmés III, também empreendeu uma expedição até  Mitanni depois de cruzar o rio Eufrates , estendendo suas conquistas até a região de Napata, no Sudão, estabelecendo contatos comerciais com reinos vizinhos.
Pelo que se deduz da informação que mandou gravar numa estela de Karnak — “Passei minha infância à sombra do grande templo de Amon”, é que ele teria passado a sua juventude estudando os mistérios da vida, nas escolas que funcionavam no templo. Conta-se que ele foi um amante da natureza, especialmente aficionado à botânica. Gostava das artes em cerâmica e se dedicava a escrever muito, pois que, era um literato por excelência. Os relatoso dos escribas contam que ele gostava de estudar os textos históricos do passado e tinha grande respeito pelos seus ancestrais e revelava-se um grande místico.
A partir do seu reinado, foi que os reis egípcios passaram a ser conhecidos como “faraós”, denominação egípcia traduzida do grego, que significava “per-hâa”, ou seja — “a grande casa”, porque Tutmés III considerava que um rei terreno era somente uma “casa”, ou seja, apenas um veículo no qual se manifestava o Rei Celestial.
Por suas qualidades místicas e sua admirável inteligência, Tutmés III foi conduzido aos portais iniciáticos, tendo, aos 12 anos recebido a Iniciação Régia, que ampliou-lhe os campos de conhecimento. Assim, percebendo que a sabedoria dos mestres, seus contemporâneos, estavam espalhados pelos quadrantes do seu reino, ele resolveu agrupar todos esses conhecimentos numa só Ordem, já que estavam difusos, mas conservados pela diferentes Escolas de Mistérios.
Foi assim que para abrigar seu Colégio de Sábios, Tutmés III ordenou a construção de um edifício próximo ao templo de Karnak, existente ainda nos dias atuais, denominado de “Akn-Ménou” (o que significa “monumento” ou “fundação”), para dar a idéia de estabilidade e duração. “Akh” pode ter o significado, no plural “Akhou” de “coisas ocultas” ou “Mistérios”, portanto, “Akh-Ménou” é o “Monumento destinado aos Mistérios”. Daí esse templo só poderia ter sido destinado a servi de sede para a GRANDE FRANTERNIDADE BRANCA.
O símbolo abaixo foi escolhido por Tutmés III (Selo de Tutmés II), para representar a Grande Fraternidade Branca. O círculo representava O Círculo dos Iniciados, e ponto dentro do círculo, o Centro Divino do qual emanou toda a criação (RA, o Sol). A coroa (MEN, a Realeza), o Escaravelho ou Kheper, que no Egito Antigo, eram considerados seres sagrados, usados como amuletos relacionados com a vida após a morte e a ressurreição. Também eram muito usados nas mumificações para proteger o morto no caminho para o além.




segunda-feira, 10 de junho de 2013

O DESEJO DA IMORTALIDADE - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA



 







Não recordo quem disse, que para o ser humano sentir-se realizado, deve concretizar três desejos: um filho, escrever um livro e plantar uma árvore.
São três modos, a seu alcance, para se perpetuar.

O jeito mais sublime, é sem dúvida, conceber a criança, carne de sua carne, a quem legue, nome e valores que acredita.

Mas nem sempre o filho perpetua a memória do gerador. Há quem despreze os pais, mormente se estes são de origem modesta; e os que aproveitam o casamento para se libertarem de sobrenomes “indesejados “.

O melhor meio de “permanecer”, após a morte física, é, a meu ver, escrever o livro. Nele deixa-se: o pensamento, reflexões e o estilo, que é um pouco da alma.

Infelizmente, o livro também morre. Morre nas estantes das bibliotecas, vítima de enfermidades de papel, ou esquecido como mono, manchado pela humidade, em escuros armazéns de livreiros.

Sei bem que pode haver reedições, mas isso acontece a poucos, aos que ascenderam ao estrelato; a maioria desaparece, comidos pelas traças e bichinhos indesejáveis.

Resta, finalmente, ao infeliz mortal, a árvore, já que esta permanece dezenas e até centenas de anos; e todas as primaveras se touca de graciosas flores e frutos, se for frutífera.

Mas a árvore não é eterna, e raras vezes, quem a observa, se lembra de quem a plantou e ajudou-a a crescer.

É humano o desejo de perpetuar-se, mas a melhor forma de o fazer, é a prática do bem, a dedicação, desinteressada, à causa humanitária.

Certo é que, também a prática do bem, a entrega ao próximo, não irá, por certo, perpetuar, o mortal. Decorrido, e não é necessário muitas gerações, não passará de pálida imagem em papel fotográfico, e permanecerá para os descendentes, como antepassado, quase desconhecido, do qual - mesmo para os que usufruam bens por ele deixado, - nem sequer conhecem o nome.

Assim é, porque este não é o nosso mundo. Somos meros peregrinos que caminhamos, diariamente, para a Vida, ainda que alguns pensem o contrário.





HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal




Matéria enviada pelo autor, por e.mail, para ser publicada – Confira-a no Blog Luso-Brasileiro “PAZ”, clicando aqui.
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segunda-feira, 3 de junho de 2013

NÃO DEIXES PARA A TARDE O QUE PODES FAZER PELA MANHÃ














Luiz Carlos Nogueira

















Há um livro muito interessante, que teria sido encontrado por volta do ano de 1747, no mosteiro do Lama do Tibete, em Lhasa, e publicado sob o título de: A Vos Confio[1], cujo autor é desconhecido, mas que é um repositório de conselhos úteis para que o ser humano trabalhe o seu caráter e aprimore o seu espírito.

Dessa obra recolhi os dizeres que constituem o título desta matéria, contido no capítulo que trata da aplicação ou da diligência, onde se aborda a fugacidade do tempo, dando ênfase ao momento presente, porque os dias passados esvaziaram-se para sempre e os que estão por vir, pode ser que não cheguem para nós, no estado presente do nosso ser. Portanto, esse capítulo exorta-nos a empregarmos o nosso presente estado, sem lamentarmos as perdas do passado, nem tampouco ansiarmos pelo que ainda vai acontecer ou que talvez não acontecerá, até porque não nos é dado saber o nosso próximo estado, mas apenas podemos agir no momento presente, de forma que estejamos dispostos para o que virá.

Só o aqui e o agora, o instante presente nos pertence. Mas cada estado futuro será conforme aquilo que criamos no presente. Daí o incitamento: “O que resolveres fazer, que o faça imediatamente. Não deixes para a tarde o que poder fazer pela manhã”.

O ócio produz carência e dor, mas quando se trabalha pelo Bem, haverá alegria e prazer. Portanto, ser aplicado ou diligente em nossos projetos, isso concorrerá para suprir ou pelo menos reduzir as necessidades. Só ao homem e à mulher laboriosos, cabem o triunfo e a prosperidade.

E segue o aconselhamento, dizendo que o indolente é uma carga para si mesmo, e suas horas se esvaem sem proveito, enquanto divaga e deambula sem saber para onde ir e o que fazer, sendo que os seus dias passam como uma sombra projetada de uma nuvem no céu, e não fica nenhuma recordação porque a sombra não deixa marcas depois que passa.

Assim fica o indolente com o corpo sem forças por não se exercitar. Embora deseje ação, não encontra mais forças para se movimentar. A mente se encontra como se estivesse na escuridão e por isso tem pensamentos confusos. Não consegue obter conhecimento porque não tem diligência.

Se lhe dá vontade de comer alguma castanha, não a satisfaz porque não gostaria de ter o trabalho que quebrar a casca. Por essa inércia preguiçosa, sua casa fica em desordem, e se tem empregados, estes cometem desperdícios que o ajudam a caminhar para a ruína; apercebe-se da situação, meneia sua cabeça como sinal de desaprovação, mas não toma nenhuma atitude. Dessa forma a ruína ocorrerá, sobrando-lhe somente o arrependimento e a vergonha da sua inação.

Questionamentos inúteis que produzem a inação, exemplificados como num dos contos budistas em A Doutrina de Buda[2], ilustram o presente tema:

“Suponhamos um homem trespassado por uma flecha envenenada e que seus parentes e amigos tenham resolvido chamar um cirurgião para retirar a seta e pensar a ferida.

Mas o ferido objetou dizendo: “Esperem um pouco. Antes que retirem a flecha, quero saber quem a atirou. Foi homem ou mulher? Foi algum nobre ou camponês? De que era feito o arco? O arco que atirou a flecha era grande ou pequeno? Era ele feito de madeira ou bambu? De que era feita a corda do arco? Era ela feita de fibra ou tripa? A seta era de rota ou junco? Que penas eram usadas? Antes que extraiam a seta, quero saber tudo a respeito dessas coisas.” Assim, que lhe poderá acontecer?

Antes que todas estas informações possam ser obtidas, seguramente, o veneno terá tempo de circular em todo o sistema e o homem poderá morrer. A primeira providencia a ser tomada é retirar a flecha, para que seu veneno não se espalhe.

O ensinamento de Buda esclarece aquilo que é importante saber e aquilo que não o é. Isto é, o Dharma de Buda orienta os homens a aprender aquilo que deveriam  aprender, a remover aquilo que deveriam remover, e dedicar-se em esclarecer aquilo que deve ser esclarecido.

Portanto, os homens deveriam primeiro discernir que questão é de primordial importância, que problema deve ser solucionado primeiro, que questão lhe é mais urgente. Para fazer tudo isso, devem primeiro treinar suas mentes, isto é, devem procurar o controle mental.”

[1] A VÓS CONFIO, Título Original: UNTO THEE I GRANT,  Revisado por Sri Ramatherio, Tradução: Ceslawa M. Nycz, F.R.C. Capa: Vilmar Lopes, coordenação e supervisão de Charles Vega Parucker, Grande Mestre da Ordem Rosacruz – AMORC, Editora Renes, Rio de Janeiro, 3ª Edição - Junho, 1988,

[2] A Doutrina de Buda, 3ª ed., 1982, da Fundação Educacional e Cultural Yehan Numata Mitutoyo Sul América Ltda. Av. João Carlos da Silva Borges, CEP 04726-002 1240, CX. Postal 4255, Santo Amaro, São Paulo-SP, Brasil  Tel: 5643-7755 Fax: 5641-3722.

sábado, 1 de junho de 2013

ORÍGENS ESOTÉRICAS DO JOGO DE XADREZ







Curiosidades Esotéricas - Xadrez: Origens Esotéricas

O xadrez é um jogo antiquíssimo, tem muitos milênios de existência, e por isso não é de se estranhar que estejam ligadas a ele lendas cuja veracidade é difícil de comprovar, devido à sua antigüidade. Para compreendê-lo, não é necessário ser um mestre no xadrez, basta simplesmente saber que o tabuleiro onde se joga está dividido em 64 casas, divididas igual e alternadamente em brancas e pretas.

Uma das lendas diz: O jogo de xadrez foi inventado na Índia. Quando o rei Cheram o conheceu ficou maravilhado do engenhoso que era esse jogo e da múltipla variedade de posições que nele são possíveis.

Ao se inteirar que o inventor era um de seus súditos, o rei manou chamá-lo com o objetivo de recompensá-lo pessoalmente por seu acertado invento. O inventor, de nome Seta, apresentou-se ante o soberano, vestindo-se com muita modéstia, e que vivia graças aos meios que lhe proporcionavan seus discípulos.



Seta, quero te recompensar dignamente pelo engenhoso jogo que inventaste, disse o rei. O sábio agradeceu, mas não aceitou a generosidade. Sou rico o bastante para cumprir qualquer desejo teu. Diz-me recompensa que desejas e eu te satisfarei. Seta continuou calado. Não sejas tímido, expressa teu desejo, não vacilarei em nada para satisfazê-lo.

Grande é a tua magnanimidade, ó soberano, porém concede-me um curto prazo para meditar sobre a resposta, e amanhã, depois de árduas reflexões comunicarei ao senhor a petição.

Quando ao dia seguinte Seta se apresentou de novo ante o trono, deixou o rei maravilhado por sua petição sem precedentes. Soberano, disse Seta, manda que me entreguem um grão de trigo pela primeira casa do tabuleiro de xadrez. Um simples grão de trigo?, contesto admirado o rei. Sim, soberano, e pela segunda casa ordene que me entreguem dois grãos, pela terceira quatro grãos, pela quarta oito, pela quinta dezesseis, pela sexta trinta e dois etc.

Basta, o rei interrompeu irritado, receberás el trigo correspondente às 64 casas do Tabuleiro de acordo com teu desejo: a cada casinha receberás uma dupla quantidade que pediste, porém deverás saber que tua petição é indigna de minha generosidade; ao me pedir tão mísera recompensa menosprezas irreverentemente minha benevolência. Em verdade, como sábio que és deverias Ter dado maior prova de respeito ante a bondade de teu soberano. Sai daqui, meus servos te darão esse saco de trigo que solicitaste.

Os matemáticos da corte trabalharam intensamente para calcular a recompensa de Seta, que ficou esperando na porta do palácio real. Somente ao amanhecer do outro dia o matemático chefe da corte solicitou audiência para apresentar ao rei um informe muito importante: Ó rei, calculamos escrupulosamente a quantidade de grãos que Seta deseja receber. Resulta uma cifra astronômica, absurdamente gigantesca. Seja qual for sua magnitude, interrompeu com altivez o rei, meus graneiros não empobrecerão meus depósitos, prometi dar a recompensa a Seta e portanto eu a entregarei. Soberano, agora não depende de tua vontade o cumprir semelhante desejo, em todos os teus graneiros não existe a quantidade de trigo que exige Seta. Tampouco existe nos graneiros de todo o reino, até mesmo os graneiros do mundo são insuficientes.

Se desejas entregar sem falta a recompensa prometida, ordena que todos os reinos da terra se convertam em lavouras, manda secar mares y oceanos, ordena fundir os gelos y as neves que cobrem os distantes desertos do norte, que todo o espaço seja totalmente semeado e se ordene entregar toda a colheita obtida a Seta. Somente então receberá sua recompensa. Diz-me qual é essa cifra tão monstruosa de grãos, disse o rei, reflexionando espantado. Ó soberano, são DEZOITO QUINTILHÕES, QUATROCENTOS E QUARENTA E SEIS QUATRILHÕES, SETECENTOS E SETANTA E QUATRO TRILHÕES, SETENTA E TRÊS BILHÕES, SETECENTOS E NOVE MILHÕES, CINQÜENTA E UM MIL E SEISCENTOS E QUINZE 18.446.744.073.709.051.615).

Ou seja, é o mesmo que 2 elevado à potência 64...

A recompensa do Inventor do Xadrez deverá ocupar um volume aproximado de 12.000 Km3. Se o graneiro tivesse 4 metros de altura e 10 de largura, seu comprimento teria que ter 300.000.000 de quilômetros, ou seja, o dobro da distância que separa a terra do sol. (trechos tomados do livro O Divertido Jogo das Matemáticas, de autoria de Perelman.)


ASPECTO ESOTÉRICO DO XADREZ

Símbolos das partes do tabuleiro

Representa em si o Jogo da Vida. A vida é um tabuleiro de xadrez, na qual cada um de nossos atos é uma jogada. Se nossas jogadas são boas, inteligentes e oportunas o resultado será o êxito, saúde e longevidade. Se pelo contrário nossas jogadas são feitas de má-fé, egoístas e inoportunas, o resultado será o fracasso, a enfermidade e a morte. Se analisamos numericamente a quantidade de casas num tabuleiro, encontraremos 64, que para efeitos cabalísticos nos dá um total de 10, o qual representa a Lei da Recorrência, a Repetição, a Retribuição, a Roda do Samsara, as forças evolutivas.

A quantidade de casas brancas é 32 (3 + 2 = 5), a lei do Dharma. Em linguagem mística da luz, quando nos iniciamos no tabuleiro da existência nos recebem as forças brancas, ou seja, os peões com suas forças brancas, ou seja, os peões brancos nos dão as boas-vindas, indicando que começamos a Evoluir. Como quer que nada na Natureza está extático, chega o momento em que se fracassa e caímos nas garras das forças involutivas. A quantidade de casas pretas é de 32 (3 + 2 = 5), a lei do Karma. Na linguagem mística das trevas, é a decadência, a disfunção e a morte.

O bem e o mal não existem. Uma coisa é boa quando nos convém e má quando não nos convém. O bem e o mal são uma questão de conveniências caprichosas da mente. O homem que inventou os fatídicos termos Bem e Mal foi um atlante chamado MAKARI KRONVERZYON, distinto membro da sociedade científica AKALDAN, situada na submergido continente atlante. Esse velho sábio jamais suspeitou do grave dano que causaria à humanidade com a invenção dessas suas duas palavrinhas.

Os Peões:

Quando enfocamos o jogo nos aspectos militares sobretudo nas cortes medievais, simbolizam os soldados do Rei, que é a base dos planos do peão para que avance, é um germe de debilidade que se cria.

Os oito peões são as oito Virtudes da Mãe Devi-Kundalini, que são: Compreensão, Vontade, Verbo, Reto pensar, Reto sentir, Reta maneira de ganhar a vida, que haja Paz e que haja Amor. Também representa o Arcano oito do Tarô (ou seja, o Padrão das Medidas): a Justiça, cada um de nós lutando contra os contratempos.

Os movimentos são muito limitados, as sombras do pecado desse Rei Interno de cada um de nós que nunca pecou, tu sabes.

As Torres:

Simbolizam o estado de Alerta Percepção e de Alerta Novidade, nos Grandes Mistérios davam ao neófito o Cinzel e o Martelo para que fosse polindo as duas colunas do Templo, a Branca e a Negra, ou melhor, a Dórica e a Jônica. Os Cimentos da torre na época medieval eram de pedra e quase todas as torres estavam feitas deste material, símbolo resplandecente de la Energia Sexual.

Os Cavalos:

Representam a Ousadia e o valor para eliminar o Medo, seus movimentos descrevem o esquadro r o compasso, tão importantes nos estudos maçônicos. Seus movimentos são em forma de L, que no sistema de numeração romana tem o valor de 50, que decompondo-se nos está indicando a Lei em Rigor.

Os Bispos:

Nas cortes medievais conheciam-se com o nome de Bispos e eram os que estavam mais próximos ao Rei; alegorizavam as Lanças, a Urânia-Vênus dos Gregos.

O Rei:

Representa a Sabeduria, nosso Real Ser, el V.M. Interno, a Estrela Interior que sempre nos sorri.

Todo o jogo do Xadrez consiste em colocar o rei em uma situação tal que não possa mover-se e então é quando se lhe dá a Morte, o Xeque-Mate. É sabido que terminada uma partida de xadrez se pode iniciar mais uma vez, segundo os acordos dos jogadores, porém o Rei segue sendo o Rei e este não muda, assim é nosso Real Ser. É o que foi, o que é e o que será.

Deve-se notar que alguns valores que temos dado às não são os valores clássicos, senão Esotéricos.

A Rainha:

Não poderia faltar no Tabuleiro da existência e no xadrez o elemento feminino, o princípio universal da vida, o qual resplandece em toda a Obra, o próprio Deus; o Rei desdobrado em Mulher, o Eterno Amor que flui e reflui em todo o criado.

Desde crianças pedimos suas ternuras porque Ela é a outra metade de nosso Ser e vice-versa.

Sem a Dama, a Rainha, em uma partida de xadrez, nos sentimos sem o poder supremo, estamos perdidos.

Se fazemos um estudo transcendental das diferentes culturas vemos como por trás da glória dos Grandes Homens Ilustres sempre havia uma Mulher, como a Sacerdotisa de Tebas, em meio de tochas falou às multidões, como a Sacerdotisa dos Templos de Mistérios. Reinou no Egito, como Vestal de Delfos, sob o nome de Pitonisa... Um grande Mestre disse: O Summum da Beleza é a Mulher, a Natureza, a Música, as Flores, uma Paisagem... uma criança nos comove, porém a mulher nos comove e nos atrai, nos inspira e nos provoca.

A liberdade de movimentos da Rainha, num tabuleiro de xadrez, é formidável, os valores fundamentais do xadrez são o Tempo, ou seja, a Rapidez, para realizar os planos, o espaço , o domínio do maior número de defeitos; se as jogadas no xadrez são bem feitas e com força suficiente, se o desenvolvimento e as circunstâncias foras maravilhosos, o resultado será a Vitória.

Na vida, o homem se enfrenta com inúmeros problemas, cada pessoa necessita saber como resolver cada um desses problemas; inteligentemente todo xadrezista sabe que toda solução está no próprio problema, sempre que haja a tranqüilidade e equilíbrio perfeitos entre a Mente, a Emoção e o Centro Motor.

No mundo existe uma enorme quantidade de pessoas a quem se lhe proporcionou elementos para triunfar na vida, porém carecem de hábitos e da capacidade para Raciocinar logicamente, porque podemos assegurar que todos os seres humanos somos pedras de xadrez no Tabuleiro da Vida; e sobre nós estão Seres Superiores que umas vezes dão apoio às pedras pretas e outras às brancas.

Cada um de nós está nestes momentos repetindo a mesma partida de sua vida passada, mais as conseqüências, boas ou más, sob os efeitos da Lei de Recorrência. Jogadores Inconscientes que não aprendemos a jogar inteligentemente e que nosso destino não o decide um só propósito senão milhares e milhares de agregados. psicológicos.

Todos os seres humanos sem um Ensinamento superior somos como uma partida de xadrez sem peões, curtos de inteligência e com muitas limitações, que ignoramos que dentro de nós terríveis possibilidades que devidamente desenvolvidas nos levariam à Vitória Final.

A Gnose pois nos convida mediante o jogo-ciência a ser verdadeiros jogadores inteligentes e conscientes, como também para mover dentro de Forças superiores ignotas, que farão de nós Homens reais e verdadeiros.

Síntese do Xadrez Esotérico na Prática

Trabalho Arcânico no Xadrez Esotérico

* Rei e a Rainha. Simbolizam o homem e a mulher trabalhando na Grande Obra, o Arcano AZF.

* Os Bispos são a Lança e a Gadanha, simbolizando desta maneira à Mãe Divina fabricando Corpos e desintegrando Defeitos.

* Os Cavalos. Simbolizando a força que vai-se adquirindo através do trabalho com a energia sexual transmutada, simboliza também a Inteligência, a amizade e o triunfo.

* As Torres simbolizam o Corpo Astral e o Mundo Mental. As saudações JÁKIN-BOAZ, que se faz à entrada de todo templo e que o homem e a mulher deve fazer no momento de ir ao trabalho sexual AZF.

* Os Peões. Indicando as 8 Virtudes da Kundalini e que devemos conquistar para poder ser aceitos por Devi Kundalini.

* O Tabuleiro. É o jogo da Vida e não sabemos se estamos jogando a última partida.

* Os Quadrados Pretos e Brancos. Que algumas vezes as pretas nos dão força e outras as brancas. Positivo e negativo. O equilíbrio em tudo.

* A palavra Xadrez (Nota do Tradutor: em espanhol AJEDREZ. A partir de agora, o Mestre Samael explica o significado das letras que compõem a palavra Ajedrez).


Simbolicamente vemos a Balança da Justiça Cósmica assim:


A letra A: a água, ou seja, o Karma.

A Z: o fogo, ou seja, Dharma.

A D: O equilíbrio que se deve ter em tudo e assim lograr realizar-nos.

Si decompomos mais as letras, vemos o seguinte:

A letra J: simboliza o Bastão dos Patriarcas.

A E: simboliza os Quatro Elementos da Natureza. A Esfinge do Egito milenar. O Verbo.

A R: O fogo Sagrado del Espírito Santo. A Mãe Divina Kundalini.


Autoria deste texto: V.M. Samael Aun Weor

Fonte: Esoterikha.com: http://www.esoterikha.com/gnose/curiosidades_xadrez.php (acessado dia 02/06/2013, às 00h07m, data e horário de Mato Grosso do Sul)

Obs: O presente texto foi transcrito mantendo-se a ortografia e as acentuações gráficas do original.