segunda-feira, 3 de junho de 2013

NÃO DEIXES PARA A TARDE O QUE PODES FAZER PELA MANHÃ














Luiz Carlos Nogueira

















Há um livro muito interessante, que teria sido encontrado por volta do ano de 1747, no mosteiro do Lama do Tibete, em Lhasa, e publicado sob o título de: A Vos Confio[1], cujo autor é desconhecido, mas que é um repositório de conselhos úteis para que o ser humano trabalhe o seu caráter e aprimore o seu espírito.

Dessa obra recolhi os dizeres que constituem o título desta matéria, contido no capítulo que trata da aplicação ou da diligência, onde se aborda a fugacidade do tempo, dando ênfase ao momento presente, porque os dias passados esvaziaram-se para sempre e os que estão por vir, pode ser que não cheguem para nós, no estado presente do nosso ser. Portanto, esse capítulo exorta-nos a empregarmos o nosso presente estado, sem lamentarmos as perdas do passado, nem tampouco ansiarmos pelo que ainda vai acontecer ou que talvez não acontecerá, até porque não nos é dado saber o nosso próximo estado, mas apenas podemos agir no momento presente, de forma que estejamos dispostos para o que virá.

Só o aqui e o agora, o instante presente nos pertence. Mas cada estado futuro será conforme aquilo que criamos no presente. Daí o incitamento: “O que resolveres fazer, que o faça imediatamente. Não deixes para a tarde o que poder fazer pela manhã”.

O ócio produz carência e dor, mas quando se trabalha pelo Bem, haverá alegria e prazer. Portanto, ser aplicado ou diligente em nossos projetos, isso concorrerá para suprir ou pelo menos reduzir as necessidades. Só ao homem e à mulher laboriosos, cabem o triunfo e a prosperidade.

E segue o aconselhamento, dizendo que o indolente é uma carga para si mesmo, e suas horas se esvaem sem proveito, enquanto divaga e deambula sem saber para onde ir e o que fazer, sendo que os seus dias passam como uma sombra projetada de uma nuvem no céu, e não fica nenhuma recordação porque a sombra não deixa marcas depois que passa.

Assim fica o indolente com o corpo sem forças por não se exercitar. Embora deseje ação, não encontra mais forças para se movimentar. A mente se encontra como se estivesse na escuridão e por isso tem pensamentos confusos. Não consegue obter conhecimento porque não tem diligência.

Se lhe dá vontade de comer alguma castanha, não a satisfaz porque não gostaria de ter o trabalho que quebrar a casca. Por essa inércia preguiçosa, sua casa fica em desordem, e se tem empregados, estes cometem desperdícios que o ajudam a caminhar para a ruína; apercebe-se da situação, meneia sua cabeça como sinal de desaprovação, mas não toma nenhuma atitude. Dessa forma a ruína ocorrerá, sobrando-lhe somente o arrependimento e a vergonha da sua inação.

Questionamentos inúteis que produzem a inação, exemplificados como num dos contos budistas em A Doutrina de Buda[2], ilustram o presente tema:

“Suponhamos um homem trespassado por uma flecha envenenada e que seus parentes e amigos tenham resolvido chamar um cirurgião para retirar a seta e pensar a ferida.

Mas o ferido objetou dizendo: “Esperem um pouco. Antes que retirem a flecha, quero saber quem a atirou. Foi homem ou mulher? Foi algum nobre ou camponês? De que era feito o arco? O arco que atirou a flecha era grande ou pequeno? Era ele feito de madeira ou bambu? De que era feita a corda do arco? Era ela feita de fibra ou tripa? A seta era de rota ou junco? Que penas eram usadas? Antes que extraiam a seta, quero saber tudo a respeito dessas coisas.” Assim, que lhe poderá acontecer?

Antes que todas estas informações possam ser obtidas, seguramente, o veneno terá tempo de circular em todo o sistema e o homem poderá morrer. A primeira providencia a ser tomada é retirar a flecha, para que seu veneno não se espalhe.

O ensinamento de Buda esclarece aquilo que é importante saber e aquilo que não o é. Isto é, o Dharma de Buda orienta os homens a aprender aquilo que deveriam  aprender, a remover aquilo que deveriam remover, e dedicar-se em esclarecer aquilo que deve ser esclarecido.

Portanto, os homens deveriam primeiro discernir que questão é de primordial importância, que problema deve ser solucionado primeiro, que questão lhe é mais urgente. Para fazer tudo isso, devem primeiro treinar suas mentes, isto é, devem procurar o controle mental.”

[1] A VÓS CONFIO, Título Original: UNTO THEE I GRANT,  Revisado por Sri Ramatherio, Tradução: Ceslawa M. Nycz, F.R.C. Capa: Vilmar Lopes, coordenação e supervisão de Charles Vega Parucker, Grande Mestre da Ordem Rosacruz – AMORC, Editora Renes, Rio de Janeiro, 3ª Edição - Junho, 1988,

[2] A Doutrina de Buda, 3ª ed., 1982, da Fundação Educacional e Cultural Yehan Numata Mitutoyo Sul América Ltda. Av. João Carlos da Silva Borges, CEP 04726-002 1240, CX. Postal 4255, Santo Amaro, São Paulo-SP, Brasil  Tel: 5643-7755 Fax: 5641-3722.

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