domingo, 30 de junho de 2013

O PACIFISMO E A NÃO-RESISTÊNCIA, ANALISADOS NO CONTEXTO ESPIRITUAL E RELIGIOSO












Luiz Carlos Nogueira






“Atravessei o inferno superei meus demônios, encontrei o céu e os anjos diziam: a batalha será sempre dentro de você (Rhenan Carvalho)

Gandhi teria dito algo parecido: “Os únicos demônios neste mundo são os que perambulam em nossos corações, e é aí que as nossas batalhas devem ser travadas.” (Fonte: Pensador.Info: http://pensador.uol.com.br/autor/gandhi/3/)

Mas a citação mais emblemática, é a que Gandhi teria dito:

Se o sangue for derramado, deixe que seja nosso sangue. Cultive a coragem silenciosa de morrer sem matar. Um homem vive livremente apenas quando está pronto para morrer, se necessário for, nas mãos de seu irmão, nunca matando-o.”  Frase atribuída a Gandhi. (Fonte: Pensador.Info: http://pensador.uol.com.br/autor/gandhi/3/)



Os conflitos existenciais internos e externos dos seres humanos, talvez exceto nos seus estados de extremo primitivismo, quando só agiam instintivamente, sempre estiveram presentes em suas vidas.

Na medida em que foram se espiritualizando foram adotando alguns demônios, constituindo assim, os sete pecados capitais.

Alguns exemplos, como a alegoria do “Bhagavad Gîtâ”[1], livro este considerado como a suprema mensagem de autoconhecimento e autorrealização, como sendo um legado do Oriente para o mundo. Trata-se do episódio da grande e antiga epopéia hindu, do célebre Mahâbhârata[2]. Trata-se, portanto, de um compêndio que trás a ideia da espiritualidade do hinduísmo. A filosofia que contém, é um conjunto das doutrinas de Patanjali, Kapila e dos Vedas.

No Bhagavad Gîtâ, Krishna transmite a Arjuna, os ensinamentos bramânicos, no que diz respeito ao dever próprio dos membros de cada casta, assim como os meios para se libertar dos ciclos de mortes e renascimentos.

Pois bem, conta-se nesse livro uma história (simbólica) que desenrola-se assim, com menos detalhes: Dhritarâshtra que havia se tornado rei em Hastinapura, na Índia Antiga, mas por ter perdido a visão, entregou o poder régio ao seu filho Duryôdhana, que o consentimento do pai, expulsou do seu reino os cinco filhos de Pându, que eram seus primos e que tentaram usurpar-lhe o trono. Mas depois de algum tempo, esses seus parentes usurpadores formaram um poderoso exército, voltando para tomar o poder.

A resistência iniciou-se sob o comando do velho general Bhishma[3], enquanto que os invasores tinha como comandante um guerreiro famoso chamado Bhima[4].

Assim é que a mensagem do Gitâ foi divulgada por causa da dificuldade que Arjuna impunha a sí, para cumprir com o seu dever de guerreiro, vez que uma guerra envolve destruição e morte. E a não violência ou Ahimsa, é dos princípios do Hinduismo, o mais fundamental, porque considera que todas as vidas, sejam elas humanas ou não, são sagradas.

De forma como veremos o memorável discurso entre o Senhor Supremo, Krishna, e Seu devoto, Arjuna, que ocorreu no campo de batalha, nas vésperas da guerra, conforme  está escrito no grande épico Mahaabharata.

No Gitâ, o Senhor Krishna concita Arjuna para que se erguesse e lutasse. Tal admoestação, possivelmente, gera um mal-entendido do princípio da não violência ou Ahimsa, se o fundamento da guerra do Mahabharata não estiver na mente

Todavia, o Gitâ trata da mais sagrada ciência metafísica, e transmite o conhecimento do Ser e responde a duas questões universais: Quem sou eu, e como eu posso conduzir uma vida pacífica e feliz neste mundo de dualidades. Por conseguinte torna-se de um conhecimento para o crescimento moral e espiritual, para a humanidade baseado nos princípios cardeais da religião Hindu.

O objetivo principal do Gitâ é ajudar as pessoas que estão lutando na escuridão da ignorância para cruzarem o oceano da vida (nascimentos e mortes repetidas), para atingirem a costa espiritual da liberação enquanto viventes e atuantes na sociedade.

O ensinamento central do Gitâ, conforme está na introdução dessa obra do Dr. Ramananda Prasad (American/ International Gita Society), traduzida por  Sriman Ojasvi dasa vyasa, “é a obtenção da liberdade ou da alegria, pelo cativeiro da ação da vida de cada um. Sempre se lembrem da glória e da grandeza do Criador e da ação eficiente de seus deveres, sem estar apegados ou afetados pelos seus resultados, mesmo que a obrigação demande, de vez em quando, na violência inevitável.

Algumas pessoas negligenciam ou desistem de suas responsabilidades na vida pela segurança de uma vida espiritual enquanto outras desculpam-se a si mesmos de uma pratica espiritual porque elas crêem que ela não possuem tempo. A mensagem do Senhor é para purificar todo o processo da vida em si mesma. Não importa o que uma pessoa faz ou pensa deverá realizar pensando na glória e na satisfação do Criador. Nenhum esforço ou custo é necessário para este processo. Faça as suas obrigações como um serviço para o Senhor e humanidade, e veja um único Deus em tudo, num estado de espírito. É necessário purificar o corpo, a mente e o intelecto, para conquistar um estado de espírito, disciplina pessoal, austeridade, penitência, boa conduta, serviço desapegado, práticas yóguicas, meditação, adoração, oração, rituais, e estudo das escrituras, assim como a companhia de pessoa santas, peregrinação, canto dos santos nomes do Senhor, e autoinquirição.Através do intelecto purificado deve-se estudar para abandonar a luxúria, a ira, a avareza, e estabelecer o controle sobre os seis sentidos (audição, tato, visão, gustação, olfato e mente). Deve-se sempre lembrar de que todos os trabalhos são feitos pela energia da natureza, e que ele o ela não são os agentes mas apenas um instrumento.

Deve-se aspirar o máximo de excelência em todas as tarefas, mas mantendo-se a equanimidade no sucesso ou no fracasso, no ganho ou na perda, na dor ou no prazer.
A ignorância do conhecimento metafísico é para a humanidade um grande predicamento. Uma escritura, sendo a voz da transcendência, não pode ser traduzida. A linguagem é incapaz e as traduções são defeituosas para claramente transmitir o conhecimento do Absoluto.”

Então vejamos, como sucedeu no discurso de Krishna. A batalha começou quando Bhishma, o comandante da resistência, deu o sinal tocando sua corneta. Aí foi que Arjuna pediu para Khrisna deixasse parar o carro de combate, num espaço entre os dois exércitos inimigos, para ver de perto quais as pessoas que tomavam parte da luta, e vendo que seus parentes e amigos, estavam tanto de um como de outro lado — horrorizou-se, por constatar que se tratava de uma guerra fratricida.  Assim disse a Krishna que preferia morrer inerme — sem se defender, do que matar seus parentes.

Krishna, porém, respondeu-lhe com um discurso filosófico, que ocupa a maior parte do Bhagavad Gîtâ, fazendo Arjuna ver a necessidade dessa guerra em que ele, por fim, alcançaria a absoluta vitória. E a narração é feita por Sanjaya, fiel escudeiro e servidor do Rei Cego — Dhritasâshtra.

Por conseguinte, é possível que o leitor fique também horrorizado em saber que Krisna — Deus, instruíra os guerreiros no campo de batalha e incentivara a guerra, assim como a Arjuna, seu devoto, a matar inclusive seus parentes que estavam ao lado da injustiça. Ora, ninguém quer morrer, portanto, é difícil ver a morte como algo bom, criado por Deus. Assim é que o significado da vida e da morte é o foco principal dos ensinamentos de Krishna, em que podemos aprender a atuar corretamente na Terra que é a escola da vida, e cada lição inicia-se com o nascimento e termina com morte, de forma que com o livre arbítrio podemos atuar a favor ou contra as leis de Deus, sujeitando-nos, porém, às leis do karma ou da ação e reação, que faz com que os malfeitores sofram os mesmos males que praticaram contra outros, seja nesta mesma vida, pelas doenças ou pelas mortes, diríamos, antecipadas, ou nas próximas vidas em que nascerem desafortunados. Ao contrário, aqueles que praticam o bem, recebem recompensas pela mesma lei do karma.

De tal sorte, Krishna ensina que se o mal não fosse castigado, ninguém entenderia o que é o mal; por isso disse ao Seu devoto Arjuna, que matasse os malfeitores que cometeram uma lista enorme de atrocidades contra a lei, a moral e todo o povo. Os que Por razões políticas, inclusive os amigos, parentes e mestres de Arjuna, se juntaram com o lado dos maus, não podiam obter perdão, até porque, falsos como eram, poderiam voltar a atentar contra o seu reino e sua vida

Ora, Arjuna era um guerreiro e irmão do herdeiro da coroa real da Índia, e tanto quanto seus quatro irmãos foi grande devoto da Suprema Personalidade de Deus — Krishna, que surgiu na Terra como seu primo, além do que foi reconhecido como o próprio Deus.

Não obstante devessem e tivessem querido evitar a violência de acordo com as leis de Deus, os ensinamentos védicos dizem que conforme a situação em determinados momentos da vida humana, e conforme sejam os agressores, torna-se necessário empregá-la; e segundo os preceitos védicos há seis classes de agressores que podem ser mortos de imediato, sem que isso acarrete o que chamamos de pecado:

1) o que dá veneno;
2) o que incendeia a casa de alguém;
3) o que ataca com armas mortais;
4) o que rouba as riquezas;
5) o que ocupa a terra de outro; e
6) o que rapta a esposa de outro.

Sabe-se que os guerreiros nos tempos védicos (kshatriyas) tinham por suas responsabilidades, protegerem os cidadãos dos bandidos e exploradores, sendo, no entanto, que guerra era e ainda é uma das coisas mais detestáveis e simboliza algo de mau que pode haver no mundo. Mas conforme esses ensinamentos, os devotos do Senhor Krishna não ficam em momento algum, sem o seu amparo. Por isso é que as suas imorredouras instruções passadas para Arjuna, também simbolizam as dificuldades que cada um de nós temos que enfrentar na luta pela vida neste mundo.

Portanto, as explicações de Krishna com vistas à situação da violência neste mundo,  tem o respeito de muitas pessoas célebres, tais como: Immanuel Kant, Arthur Schopenhauer, Wilhelm von Humboldt (ministro prussiano da educação, um lingüista brilhante e fundador da ciência da lingüística geral), bem como o Mahatma Gandhi (Mohandas Karamchand Gandhi), Swami Vivekananda e outros tantos.

Após essa introdução, vamos ao ponto central da questão que é o pacifismo sob o ponto de vista espiritual, ou seja, se se justifica os religiosos e os místicos, profundamente devotos, a prática do pacifismo ou da não-resistência, quando eventualmente se instala uma guerra e que tenham que se preparar para lutar.

No mundo ocidental, onde a maioria das religiões adota como sua Grande Luz — a Bíblia Sagrada, Velho Testamento, de imediato já encontramos o primeiro óbice  em Êxodo, que é o quinto mandamento das leis de Deus: "NÃO MATARÁS" (Ex 20,13).

Inobstante isso, o mesmo livro citado está permeado de relatos em que Deus e suas hostes cósmicas destruíram cidades, seus inimigos ou que os castigou pelo que Ele julgava como más ações. Tais relatos parecem contradizer as próprias ordens de Deus, deixando os fiéis de suas religiões, confusos.

Os religiosos costumam dizer que só Deus poder dispor das nossas vidas, porque Ele é o nosso Criador e não o ser humano. Por conseguinte o ser humano não pode destruir vidas, mas pode impedir a sobrevivência na forma ou na sua substância — matando.

Mas como matando? Em que circunstância poderia haver razões atenuantes?

Parece-me que a circunstância atenuante seria — a autodefesa, porque o ser humano foi dotado do instinto de preservação, de forma que consiste de uma ordem natural da força de vida, não autodeterminada, mas instilada pelo Criador para conservar a existência dos seres. Assim todos os seres viventes têm em si muitos atos inconscientes, graças aos quais possibilitam a sobrevivência e a conservação das espécies.

Se nós humanos deixássemos de exercer a autodefesa, em circunstâncias em somos obrigado matar para não morrer, de nada adiantaria o nosso ideal de evolução em todos os níveis. Os que se entregam ao sacrifício da própria vida por uma causa justa e nobre, tornando-se mártires, para evitar a morte de muitos, ao contrário dos suicidas — talvez, obtenham em seu favor algum crédito pelo heroísmo, num plano de existência além morte — o que não estou afirmando, mas apenas supondo, porque o próprio Jesus, O Cristo, nisso acreditou.

Porém, o que me parece um erro inconcebível, são aquelas lideranças religiosas, que já levaram no passado não tão distante, milhares de seus seguidores — ao suicídio coletivo.

Assim é que vejo sob essa mesma ótica, a realidade objetiva, da necessidade da preparação dos exércitos para a guerra, até porque ainda na atualidade se estabelecem em alguns países, regimes de governos opressores, despóticos e até atrozes, sob diversa bandeira, que abrem a necessidade do povo se libertar travando batalhas sangrentas.

Da mesma forma, os povos se mobilizam para a guerra, quando e se eventualmente forem atacados por outras nações, que invadem o seu território, destruindo as suas cidades, executando atos de violência, como matar membros da sua família, estuprar suas filhas e suas mulheres, mutilando seus filhos e praticando toda sorte de vandalismos. A reação diante de certas situações, penso, é um direito inalienável, do contrário que outra alternativa ofereceria um pacifista convicto da prática da não-resistência?

Nem toda resistência não-violenta obtém bons resultados, como já aconteceu na história do mundo. No regime nazista de Hitler a resistência não-violenta sequer foi possível de ser levada a efeito. Então cada situação é uma situação, não podendo ser generalizada.

Por exemplo, no caso da segregação racial na África do Sul[5], “O ANC e os grupos anti-apartheid aliaram-se e realizaram inicialmente a resistência não-violenta de encontro aos pró-segregação e defensores do apartheid dentro dos governo da África do Sul, veja em: Campanha do Desafio. Entretanto, eventos tais como o massacre de Sharpeville em (21 de março de 1960). Levou os ativistas da ANC conduzidos por Nelson Mandela a acreditar na necessidade de um movimento de resistência violento (ou armado). Mandela fundou o Umkhonto we Sizwe (a lança da nação). Realizou inicialmente atos de sabotagem mas expandiu-os mais tarde para uma guerra de guerrilha de encontro às forças de segurança da África do sul, incluindo o uso decarros-bombas. O Pan Africanist Congress (PAC) (Congresso PAN-Africano) e outros grupos realizaram atos violentos contra o governo.
A South African Truth and Reconciliation Commission (Comissão em pro da Verdade reconciliação da África do Sul) acusou todos os grupos anti-apartheid da matança de civils em atos violentos. A ala armada do PAC foi acusado de deliberadamente matar cidadãos brancos e pretos que cooperaram com o governo. O governo do Apartheid considerou todos os atos violentos anti-apartheid como atos de terrorismo.”

Outra questão envolvendo a não-resistência é registrada na Bíblia Sagrada, em Gênesis, 19: 1-23, que parece ter sugerido uma situação de tentativa de estupro, que deixa também os religiosos confusos, pois a narrativa é de que Ló teria recebido dois anjos em sua casa, em Sodoma, mas os homens da vizinhança exigiam-lhe para que lhos trouxessem, para conhecê-los. Ló, inicialmente teria tentado dissuadi-los daquela intenção, mas, como insistiam, Ló optou de certa forma pela não-resistência, porque rogou-lhes para que não fizessem mal aos seus hóspedes, oferecendo-lhes as suas duas filhas que ainda não haviam conhecido os homens, e que assim poderiam fazer delas o lhes fosse bom aos olhos.

O que não fica claro é se os moradores das vizinhanças estavam desejando sexualmente os dois anjos, ou na verdade, por algum motivo maligno, pretendiam estupra-los para que fossem humilhados.

Eis uma pergunta que cabe fazer: a não-resistência de Ló teria tido valor, se no final não tivesse sido salvo pelo anjos? Algum leitor não ofereceria resistência num caso análogo, e ainda optaria por entregar suas filhas à sanha dos estupradores? Ora! Convenhamos, isto está errado!

Para encerrar, penso que temos duas condições totalmente diferentes, quando se tem que matar outros seres humanos: a) A primeira, pelo simples espírito de beligerância em que se ataca injustamente a outrem, com o desejo de fazer mal, mesmo que haja derramamento de sangue; b) A segunda, que se trata de preparação para guerra, com objetivos claros de promover medida defensiva, de segurança e de preservação do maior números de vidas humanas.

No caso da segunda condição (b), trata-se de um dever de se autorpreservar, para que possamos prosseguir a nossa caminhada terrena, adquirindo conhecimentos e  experiências necessárias para prosseguirmos como espíritos encarnados, rumo ao que nos está reservado pelo Criador.


ADENDO – TEXTO EXTRAÍDO DA BÍBLIA SAGRADA – TRADUZIDA POR JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA

GÊNESIS 19
LÓ RECEBE OS DOIS ANJOS EM SUA CASA
Gn 19.1 À tarde chegaram os dois anjos a Sodoma. Ló estava sentado à porta de Sodoma e, vendo-os, levantou-se para os receber; prostrou-se com o rosto em terra,
Gn 19.2 e disse: Eis agora, meus senhores, entrai, peço-vos em casa de vosso servo, e passai nela a noite, e lavai os pés; de madrugada vos levantareis e ireis vosso caminho. Responderam eles: Não; antes na praça passaremos a noite.
Gn 19.3 Entretanto, Ló insistiu muito com eles, pelo que foram com ele e entraram em sua casa; e ele lhes deu um banquete, assando-lhes pães ázimos, e eles comeram.
Gn 19.4 Mas antes que se deitassem, cercaram a casa os homens da cidade, isto é, os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados;
Gn 19.5 e, chamando a Ló, perguntaram-lhe: Onde estão os homens que entraram esta noite em tua casa? Traze-os cá fora a nós, para que os conheçamos.
Gn 19.6 Então Ló saiu-lhes à porta, fechando-a atrás de si,
Gn 19.7 e disse: Meus irmãos, rogo-vos que não procedais tão perversamente;
Gn 19.8 eis aqui, tenho duas filhas que ainda não conheceram varão; eu vo-las trarei para fora, e lhes fareis como bem vos parecer: somente nada façais a estes homens, porquanto entraram debaixo da sombra do meu telhado.
Gn 19.9 Eles, porém, disseram: Sai daí. Disseram mais: Esse indivíduo, como estrangeiro veio aqui habitar, e quer se arvorar em juiz! Agora te faremos mais mal a ti do que a eles. E arremessaram-se sobre o homem, isto é, sobre Ló, e aproximavam-se para arrombar a porta.
Gn 19.10 Aqueles homens, porém, estendendo as mãos, fizeram Ló entrar para dentro da casa, e fecharam a porta;
Gn 19.11 e feriram de cegueira os que estavam do lado de fora, tanto pequenos como grandes, de maneira que cansaram de procurar a porta.
Gn 19.12 Então disseram os homens a Ló: Tens mais alguém aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos tens na cidade, tira-os para fora deste lugar;
Gn 19.13 porque nós vamos destruir este lugar, porquanto o seu clamor se tem avolumado diante do Senhor, e o Senhor nos enviou a destruí-lo.
Gn 19.14 Tendo saído Ló, falou com seus genros, que haviam de casar com suas filhas, e disse-lhes: Levantai-vos, saí deste lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade. Mas ele pareceu aos seus genros como quem estava zombando.
Gn 19.15 E ao amanhecer os anjos apertavam com Ló, dizendo: levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que aqui estão, para que não pereças no castigo da cidade.
Gn 19.16 Ele, porém, se demorava; pelo que os homens pegaram-lhe pela mão a ele, à sua mulher, e às suas filhas, sendo-lhe misericordioso o Senhor. Assim o tiraram e o puseram fora da cidade.
Gn 19.17 Quando os tinham tirado para fora, disse um deles: Escapa-te, salva tua vida; não olhes para trás de ti, nem te detenhas em toda esta planície; escapa-te lá para o monte, para que não pereças.
Gn 19.18 Respondeu-lhe Ló: Ah, assim não, meu Senhor!
Gn 19.19 Eis que agora o teu servo tem achado graça aos teus olhos, e tens engrandecido a tua misericórdia que a mim me fizeste, salvando-me a vida; mas eu não posso escapar-me para o monte; não seja caso me apanhe antes este mal, e eu morra.
Gn 19.20 Eis ali perto aquela cidade, para a qual eu posso fugir, e é pequena. Permite que eu me escape para lá (porventura não é pequena?), e viverá a minha alma.
Gn 19.21 Disse-lhe: Quanto a isso também te hei atendido, para não subverter a cidade de que acabas de falar.
Gn 19.22 Apressa-te, escapa-te para lá; porque nada poderei fazer enquanto não tiveres ali chegado. Por isso se chamou o nome da cidade Zoar.
Gn 19.23 Tinha saído o sol sobre a terra, quando Ló entrou em Zoar.




[1] Bhagavad é uma variação de bhagavant, que em sânscrito significa sublime. Gîtâ (pronúncia-se guitá), que significa canção. Daí dizer-se Sublime Canção,  algumas vezes referida como a Canção do Senhor ou a Mensagem do Mestre Interior.
[2] Mahâ = grande; Bhârata= Índia.
[3] Terror; egoísmo.
[4] Terrível; a vontade espiritual.

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