Luiz Carlos Nogueira
“Atravessei o inferno superei meus demônios,
encontrei o céu e os anjos diziam: a
batalha será sempre dentro de você” (Rhenan Carvalho)
Gandhi teria dito
algo parecido: “Os únicos demônios neste
mundo são os que perambulam em nossos
corações, e é aí que as nossas batalhas devem ser travadas.” (Fonte:
Pensador.Info: http://pensador.uol.com.br/autor/gandhi/3/)
Mas a citação mais emblemática, é a que
Gandhi teria dito:
“Se o
sangue for derramado, deixe que seja nosso sangue. Cultive a coragem
silenciosa de morrer sem matar. Um homem vive livremente apenas quando está
pronto para morrer, se necessário for,
nas mãos de seu irmão, nunca matando-o.” Frase atribuída a Gandhi. (Fonte:
Pensador.Info: http://pensador.uol.com.br/autor/gandhi/3/)
Os conflitos existenciais
internos e externos dos seres humanos, talvez exceto nos seus estados de extremo
primitivismo, quando só agiam instintivamente, sempre estiveram presentes em
suas vidas.
Na medida em que foram se
espiritualizando foram adotando alguns demônios, constituindo assim, os sete
pecados capitais.
Alguns exemplos, como a alegoria
do “Bhagavad Gîtâ”[1],
livro este considerado como a suprema mensagem de autoconhecimento e autorrealização,
como sendo um legado do Oriente para o mundo. Trata-se do episódio da grande e
antiga epopéia hindu, do célebre
Mahâbhârata[2].
Trata-se, portanto, de um compêndio que trás a ideia da espiritualidade do hinduísmo. A filosofia
que contém, é um conjunto das doutrinas de Patanjali, Kapila
e dos Vedas.
No Bhagavad Gîtâ, Krishna transmite a Arjuna, os ensinamentos
bramânicos, no que diz respeito ao dever próprio dos membros de cada casta,
assim como os meios para se libertar dos ciclos de mortes e renascimentos.
Pois bem, conta-se nesse livro
uma história (simbólica) que desenrola-se assim, com menos detalhes:
Dhritarâshtra que havia se tornado rei em Hastinapura, na Índia Antiga, mas por
ter perdido a visão, entregou o poder régio ao seu filho Duryôdhana, que o
consentimento do pai, expulsou do seu reino os cinco filhos de Pându, que eram
seus primos e que tentaram usurpar-lhe o trono. Mas depois de algum tempo, esses
seus parentes usurpadores formaram um poderoso exército, voltando para tomar o
poder.
A resistência iniciou-se sob o
comando do velho general Bhishma[3],
enquanto que os invasores tinha como comandante um guerreiro famoso chamado
Bhima[4].
Assim é que a mensagem do Gitâ foi divulgada por causa da
dificuldade que Arjuna impunha a sí, para cumprir com o seu dever de guerreiro,
vez que uma guerra envolve destruição e morte. E a não violência ou Ahimsa, é
dos princípios do Hinduismo, o mais fundamental, porque considera que todas as vidas, sejam elas humanas ou não, são sagradas.
De forma como veremos o memorável discurso entre o Senhor Supremo,
Krishna, e Seu devoto, Arjuna, que ocorreu no campo de batalha, nas vésperas da
guerra, conforme está escrito no grande
épico Mahaabharata.
No Gitâ, o Senhor Krishna concita Arjuna para que se
erguesse e lutasse. Tal admoestação, possivelmente, gera um mal-entendido do
princípio da não violência ou Ahimsa,
se o fundamento da guerra do Mahabharata não estiver na mente
Todavia, o Gitâ trata da mais sagrada ciência metafísica,
e transmite o conhecimento do Ser e responde a duas questões universais: Quem
sou eu, e como eu posso conduzir uma vida pacífica e feliz neste mundo de
dualidades. Por conseguinte torna-se de um conhecimento para o crescimento
moral e espiritual, para a humanidade baseado nos princípios cardeais da
religião Hindu.
O objetivo principal do Gitâ é ajudar as pessoas que estão
lutando na escuridão da ignorância para cruzarem o oceano da vida (nascimentos
e mortes repetidas), para atingirem a costa espiritual da liberação enquanto
viventes e atuantes na sociedade.
O ensinamento central do Gitâ, conforme está na introdução
dessa obra do Dr. Ramananda Prasad (American/ International Gita Society), traduzida
por Sriman Ojasvi dasa vyasa, “é a obtenção da liberdade ou da alegria,
pelo cativeiro da ação da vida de cada um. Sempre se lembrem da glória e da
grandeza do Criador e da ação eficiente de seus deveres, sem estar apegados ou
afetados pelos seus resultados, mesmo que a obrigação demande, de vez em
quando, na violência inevitável.
Algumas pessoas
negligenciam ou desistem de suas responsabilidades na vida pela segurança de
uma vida espiritual enquanto outras desculpam-se a si mesmos de uma pratica
espiritual porque elas crêem que ela não possuem tempo. A mensagem do Senhor é
para purificar todo o processo da vida em si mesma. Não importa o que uma
pessoa faz ou pensa deverá realizar pensando na glória e na satisfação do
Criador. Nenhum esforço ou custo é necessário para este processo. Faça as suas
obrigações como um serviço para o Senhor e humanidade, e veja um único Deus em
tudo, num estado de espírito. É necessário purificar o corpo, a mente e o
intelecto, para conquistar um estado de espírito, disciplina pessoal,
austeridade, penitência, boa conduta, serviço desapegado, práticas yóguicas,
meditação, adoração, oração, rituais, e estudo das escrituras, assim como a companhia
de pessoa santas, peregrinação, canto dos santos nomes do Senhor, e autoinquirição.Através
do intelecto purificado deve-se estudar para abandonar a luxúria, a ira, a
avareza, e estabelecer o controle sobre os seis sentidos (audição, tato, visão,
gustação, olfato e mente). Deve-se sempre lembrar de que todos os trabalhos são
feitos pela energia da natureza, e que ele o ela não são os agentes mas apenas
um instrumento.
Deve-se aspirar o
máximo de excelência em todas as tarefas, mas mantendo-se a equanimidade no
sucesso ou no fracasso, no ganho ou na perda, na dor ou no prazer.
A ignorância do
conhecimento metafísico é para a humanidade um grande predicamento. Uma
escritura, sendo a voz da transcendência, não pode ser traduzida. A linguagem é
incapaz e as traduções são defeituosas para claramente transmitir o conhecimento
do Absoluto.”
Então vejamos, como sucedeu no discurso de Krishna. A
batalha começou quando Bhishma, o comandante da resistência, deu o sinal
tocando sua corneta. Aí foi que Arjuna pediu para Khrisna deixasse parar o
carro de combate, num espaço entre os dois exércitos inimigos, para ver de
perto quais as pessoas que tomavam parte da luta, e vendo que seus parentes e
amigos, estavam tanto de um como de outro lado — horrorizou-se, por constatar
que se tratava de uma guerra fratricida.
Assim disse a Krishna que preferia
morrer inerme — sem se defender, do que matar seus parentes.
Krishna, porém, respondeu-lhe
com um discurso filosófico, que ocupa a maior parte do Bhagavad Gîtâ, fazendo
Arjuna ver a necessidade dessa guerra em que ele, por fim, alcançaria a
absoluta vitória. E a narração é feita por Sanjaya, fiel escudeiro e servidor
do Rei Cego — Dhritasâshtra.
Por conseguinte, é possível que o leitor fique também horrorizado
em saber que Krisna — Deus, instruíra os guerreiros no campo de batalha e
incentivara a guerra, assim como a Arjuna, seu devoto, a matar inclusive seus
parentes que estavam ao lado da injustiça. Ora, ninguém quer morrer, portanto,
é difícil ver a morte como algo bom, criado por Deus. Assim é que o significado
da vida e da morte é o foco principal dos ensinamentos de Krishna, em que
podemos aprender a atuar corretamente na Terra que é a escola da vida, e cada
lição inicia-se com o nascimento e termina com morte, de forma que com o livre
arbítrio podemos atuar a favor ou contra as leis de Deus, sujeitando-nos,
porém, às leis do karma ou da ação e reação, que faz com que os malfeitores
sofram os mesmos males que praticaram contra outros, seja nesta mesma vida,
pelas doenças ou pelas mortes, diríamos, antecipadas, ou nas próximas vidas em
que nascerem desafortunados. Ao contrário, aqueles que praticam o bem, recebem
recompensas pela mesma lei do karma.
De tal sorte, Krishna ensina que se o mal não fosse
castigado, ninguém entenderia o que é o mal; por isso disse ao Seu devoto
Arjuna, que matasse os malfeitores que cometeram uma lista enorme de
atrocidades contra a lei, a moral e todo o povo. Os que Por razões políticas,
inclusive os amigos, parentes e mestres de Arjuna, se juntaram com o lado dos maus,
não podiam obter perdão, até porque, falsos como eram, poderiam voltar a
atentar contra o seu reino e sua vida
Ora,
Arjuna era um guerreiro e irmão do herdeiro da coroa real da Índia, e tanto
quanto seus quatro irmãos foi grande devoto da Suprema Personalidade de Deus —
Krishna, que surgiu na Terra como seu primo, além do que foi reconhecido como o
próprio Deus.
Não obstante devessem e tivessem querido evitar a
violência de acordo com as leis de Deus, os ensinamentos védicos dizem que
conforme a situação em determinados momentos da vida humana, e conforme sejam
os agressores, torna-se necessário empregá-la; e segundo os preceitos védicos
há seis classes de agressores que podem ser mortos de imediato, sem que isso acarrete
o que chamamos de pecado:
1) o
que dá veneno;
2) o
que incendeia a casa de alguém;
3) o
que ataca com armas mortais;
4) o
que rouba as riquezas;
5) o
que ocupa a terra de outro; e
6) o
que rapta a esposa de outro.
Sabe-se que os guerreiros nos tempos védicos (kshatriyas)
tinham por suas responsabilidades, protegerem os cidadãos dos bandidos e
exploradores, sendo, no entanto, que guerra era e ainda é uma das coisas mais
detestáveis e simboliza algo de mau que pode haver no mundo. Mas conforme esses
ensinamentos, os devotos do Senhor Krishna não ficam em momento algum, sem o
seu amparo. Por isso é que as suas imorredouras instruções passadas para
Arjuna, também simbolizam as dificuldades que cada um de nós temos que
enfrentar na luta pela vida neste mundo.
Portanto, as explicações de Krishna com vistas à situação
da violência neste mundo, tem o respeito
de muitas pessoas célebres, tais como: Immanuel Kant, Arthur Schopenhauer,
Wilhelm
von Humboldt (ministro prussiano da educação, um lingüista brilhante e
fundador da ciência da lingüística geral), bem como o Mahatma Gandhi (Mohandas Karamchand Gandhi), Swami Vivekananda e
outros tantos.
Após essa introdução, vamos ao ponto central da questão
que é o pacifismo sob o ponto de vista espiritual, ou seja, se se justifica os
religiosos e os místicos, profundamente devotos, a prática do pacifismo ou da
não-resistência, quando eventualmente se instala uma guerra e que tenham que se
preparar para lutar.
No mundo ocidental, onde a maioria das religiões adota
como sua Grande Luz — a Bíblia Sagrada,
Velho Testamento, de imediato já encontramos o primeiro óbice em Êxodo, que é o quinto mandamento das leis
de Deus: "NÃO MATARÁS" (Ex 20,13).
Inobstante isso, o
mesmo livro citado está permeado de relatos em que Deus e suas hostes
cósmicas destruíram cidades, seus inimigos ou que os castigou pelo que Ele
julgava como más ações. Tais relatos parecem contradizer as próprias ordens de
Deus, deixando os fiéis de suas religiões, confusos.
Os religiosos costumam dizer que só Deus poder dispor das
nossas vidas, porque Ele é o nosso Criador e não o ser humano. Por conseguinte
o ser humano não pode destruir vidas, mas pode impedir a sobrevivência na forma
ou na sua substância — matando.
Mas como matando? Em que circunstância poderia haver
razões atenuantes?
Parece-me que a circunstância atenuante seria — a
autodefesa, porque o ser humano foi dotado do instinto de preservação, de forma
que consiste de uma ordem natural da força de vida, não autodeterminada, mas instilada
pelo Criador para conservar a existência dos seres. Assim todos os seres
viventes têm em si muitos atos inconscientes, graças aos quais possibilitam a
sobrevivência e a conservação das espécies.
Se nós humanos deixássemos de exercer a autodefesa, em
circunstâncias em somos obrigado matar para não morrer, de nada adiantaria o
nosso ideal de evolução em todos os níveis. Os que se entregam ao sacrifício da
própria vida por uma causa justa e nobre, tornando-se mártires, para evitar a
morte de muitos, ao contrário dos suicidas — talvez, obtenham em seu
favor algum crédito pelo heroísmo, num plano de existência além morte — o que
não estou afirmando, mas apenas supondo, porque o próprio Jesus, O Cristo,
nisso acreditou.
Porém, o que me parece um erro inconcebível, são aquelas
lideranças religiosas, que já levaram no passado não tão distante, milhares de
seus seguidores — ao suicídio coletivo.
Assim é que vejo sob essa mesma ótica, a realidade objetiva,
da necessidade da preparação dos exércitos para a guerra, até porque ainda na
atualidade se estabelecem em alguns países, regimes de governos opressores,
despóticos e até atrozes, sob diversa bandeira, que abrem a necessidade do povo
se libertar travando batalhas sangrentas.
Da mesma forma, os povos se mobilizam para a guerra,
quando e se eventualmente forem atacados por outras nações, que invadem o seu
território, destruindo as suas cidades, executando atos de violência, como
matar membros da sua família, estuprar suas filhas e suas mulheres, mutilando seus
filhos e praticando toda sorte de vandalismos. A reação diante de certas situações,
penso, é um direito inalienável, do contrário que outra alternativa ofereceria
um pacifista convicto da prática da não-resistência?
Nem toda resistência não-violenta obtém bons resultados,
como já aconteceu na história do mundo. No regime nazista de Hitler a
resistência não-violenta sequer foi possível de ser levada a efeito. Então cada
situação é uma situação, não podendo ser generalizada.
Por exemplo, no
caso da segregação racial na África do Sul[5], “O ANC e os grupos anti-apartheid aliaram-se
e realizaram inicialmente a resistência não-violenta de encontro aos pró-segregação
e defensores do apartheid dentro
dos governo da África do Sul, veja em: Campanha
do Desafio. Entretanto, eventos tais como o massacre de
Sharpeville em (21 de março de 1960).
Levou os ativistas da ANC conduzidos por Nelson Mandela a acreditar na necessidade de um movimento de
resistência violento
(ou armado). Mandela fundou o Umkhonto we Sizwe (a lança da nação). Realizou
inicialmente atos de sabotagem mas
expandiu-os mais tarde para uma guerra de guerrilha de encontro às forças de segurança da
África do sul, incluindo o uso decarros-bombas. O Pan Africanist Congress (PAC)
(Congresso PAN-Africano) e outros grupos realizaram atos violentos contra o
governo.
A South African
Truth and Reconciliation Commission (Comissão em pro da Verdade reconciliação
da África do Sul) acusou todos os grupos anti-apartheid da matança de civils em atos violentos. A ala armada do PAC
foi acusado de deliberadamente matar cidadãos brancos e
pretos que cooperaram com o governo. O governo do Apartheid considerou todos os
atos violentos anti-apartheid como atos de terrorismo.”
Outra questão envolvendo a não-resistência é registrada na
Bíblia Sagrada, em Gênesis, 19: 1-23, que parece ter sugerido uma situação de
tentativa de estupro, que deixa também os religiosos confusos, pois a narrativa
é de que Ló teria recebido dois anjos em sua casa, em Sodoma, mas os homens da
vizinhança exigiam-lhe para que lhos trouxessem, para conhecê-los. Ló,
inicialmente teria tentado dissuadi-los daquela intenção, mas, como insistiam,
Ló optou de certa forma pela não-resistência, porque rogou-lhes para que não
fizessem mal aos seus hóspedes, oferecendo-lhes as suas duas filhas que ainda
não haviam conhecido os homens, e que assim poderiam fazer delas o lhes fosse
bom aos olhos.
O que não fica claro é se os moradores das vizinhanças
estavam desejando sexualmente os dois anjos, ou na verdade, por algum motivo maligno,
pretendiam estupra-los para que fossem humilhados.
Eis uma pergunta que cabe fazer: a não-resistência de Ló
teria tido valor, se no final não tivesse sido salvo pelo anjos? Algum leitor
não ofereceria resistência num caso análogo, e ainda optaria por entregar suas
filhas à sanha dos estupradores? Ora! Convenhamos, isto está errado!
Para encerrar, penso que temos duas condições totalmente
diferentes, quando se tem que matar outros seres humanos: a) A primeira, pelo
simples espírito de beligerância em que se ataca injustamente a outrem, com o
desejo de fazer mal, mesmo que haja derramamento de sangue; b) A segunda, que
se trata de preparação para guerra, com objetivos claros de promover medida
defensiva, de segurança e de preservação do maior números de vidas humanas.
No caso da segunda condição (b), trata-se de um dever de
se autorpreservar, para que possamos prosseguir a nossa caminhada terrena,
adquirindo conhecimentos e experiências necessárias
para prosseguirmos como espíritos encarnados, rumo ao que nos está reservado
pelo Criador.
ADENDO – TEXTO EXTRAÍDO DA
BÍBLIA SAGRADA – TRADUZIDA POR JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA
GÊNESIS 19
LÓ RECEBE OS DOIS ANJOS EM
SUA CASA
Gn 19.1 À tarde chegaram os
dois anjos a Sodoma. Ló estava sentado à porta de Sodoma e, vendo-os,
levantou-se para os receber; prostrou-se com o rosto em terra,
Gn 19.2 e disse: Eis agora,
meus senhores, entrai, peço-vos em casa de vosso servo, e passai nela a noite, e
lavai os pés; de madrugada vos levantareis e ireis vosso caminho. Responderam
eles: Não; antes na praça passaremos a noite.
Gn 19.3 Entretanto, Ló insistiu
muito com eles, pelo que foram com ele e entraram em sua casa; e ele lhes deu
um banquete, assando-lhes pães ázimos, e eles comeram.
Gn 19.4 Mas antes que se
deitassem, cercaram a casa os homens da cidade, isto é, os homens de Sodoma,
tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados;
Gn 19.5 e, chamando a Ló,
perguntaram-lhe: Onde estão os homens que entraram esta noite em tua casa?
Traze-os cá fora a nós, para que os conheçamos.
Gn 19.6 Então Ló saiu-lhes à
porta, fechando-a atrás de si,
Gn 19.7 e disse: Meus irmãos,
rogo-vos que não procedais tão perversamente;
Gn 19.8 eis aqui, tenho duas
filhas que ainda não conheceram varão; eu vo-las trarei para fora, e lhes
fareis como bem vos parecer: somente nada façais a estes homens, porquanto
entraram debaixo da sombra do meu telhado.
Gn 19.9 Eles, porém, disseram:
Sai daí. Disseram mais: Esse indivíduo, como estrangeiro veio aqui habitar, e
quer se arvorar em juiz! Agora te faremos mais mal a ti do que a eles. E
arremessaram-se sobre o homem, isto é, sobre Ló, e aproximavam-se para arrombar
a porta.
Gn 19.10 Aqueles homens, porém,
estendendo as mãos, fizeram Ló entrar para dentro da casa, e fecharam a porta;
Gn 19.11 e feriram de cegueira
os que estavam do lado de fora, tanto pequenos como grandes, de maneira que
cansaram de procurar a porta.
Gn 19.12 Então disseram os
homens a Ló: Tens mais alguém aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e
todos quantos tens na cidade, tira-os para fora deste lugar;
Gn 19.13 porque nós vamos
destruir este lugar, porquanto o seu clamor se tem avolumado diante do Senhor,
e o Senhor nos enviou a destruí-lo.
Gn 19.14 Tendo saído Ló, falou
com seus genros, que haviam de casar com suas filhas, e disse-lhes:
Levantai-vos, saí deste lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade. Mas ele
pareceu aos seus genros como quem estava zombando.
Gn 19.15 E ao amanhecer os
anjos apertavam com Ló, dizendo: levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas
que aqui estão, para que não pereças no castigo da cidade.
Gn 19.16 Ele, porém, se
demorava; pelo que os homens pegaram-lhe pela mão a ele, à sua mulher, e às
suas filhas, sendo-lhe misericordioso o Senhor. Assim o tiraram e o puseram
fora da cidade.
Gn 19.17 Quando os tinham
tirado para fora, disse um deles: Escapa-te, salva tua vida; não olhes para
trás de ti, nem te detenhas em toda esta planície; escapa-te lá para o monte,
para que não pereças.
Gn 19.18 Respondeu-lhe Ló: Ah,
assim não, meu Senhor!
Gn 19.19 Eis que agora o teu
servo tem achado graça aos teus olhos, e tens engrandecido a tua misericórdia
que a mim me fizeste, salvando-me a vida; mas eu não posso escapar-me para o
monte; não seja caso me apanhe antes este mal, e eu morra.
Gn 19.20 Eis ali perto aquela
cidade, para a qual eu posso fugir, e é pequena. Permite que eu me escape para
lá (porventura não é pequena?), e viverá a minha alma.
Gn 19.21 Disse-lhe: Quanto a
isso também te hei atendido, para não subverter a cidade de que acabas de
falar.
Gn 19.22 Apressa-te, escapa-te
para lá; porque nada poderei fazer enquanto não tiveres ali chegado. Por isso
se chamou o nome da cidade Zoar.
Gn 19.23 Tinha saído o sol
sobre a terra, quando Ló entrou em Zoar.
[1]
Bhagavad é uma variação de bhagavant, que em sânscrito significa sublime.
Gîtâ (pronúncia-se guitá), que significa canção. Daí dizer-se Sublime
Canção, algumas vezes referida como
a Canção do Senhor ou a Mensagem do Mestre Interior.
[2] Mahâ =
grande; Bhârata= Índia.
[3] Terror;
egoísmo.
[4]
Terrível; a vontade espiritual.
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