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Recentemente, algumas observações astronômicas têm chamado a
atenção dos cientistas para o comportamento do Universo. Os
modelos teóricos não explicam tais evidências o que tem
levado ao surgimento de novas teorias. Neste artigo
comparamos algumas destas evidências experimentais com uma
afirmativa, feita pelos espíritos, na questão número 27 do
Livro dos Espíritos. Os espíritos,
ao caracterizarem o princípio material elementar do
Universo, ou o Fluido Universal (FU), mencionam uma de suas
propriedades que poderia, ao nosso ver, trazer luz ao
referido problema que, nas últimas duas décadas, tem
preocupado os cientistas. Apresentaremos um breve histórico
sobre a origem dos modelos cosmológicos modernos mencionando
os fatos que chamaram a atenção para o problema, e
discutiremos a afirmativa dos espíritos.
PALAVRAS–CHAVE:
Fluido universal; fluido cósmico; elemento material;
cosmologia; constante cosmológica; efeito Casimir;
Quem
poderia imaginar que uma despretensiosa afirmativa dos
espíritos, feita há quase 150 anos, pudesse ser considerada
como uma chave para solucionar um problema
atual da Cosmologia ? Estamos falando da questão número 27
do Livro dos Espíritos [1,2]. Nesta
questão, Kardec pergunta se haveria dois elementos gerais no
Universo (espírito e matéria) ao que os espíritos respondem
afirmativamente, acrescentando-se “...acima de tudo Deus, o
criador, o pai de todas as coisas”[2]. A afirmativa que nos
chamou atenção para este artigo é a última frase desta
resposta: “Esse fluido universal, ou primitivo, ou
elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é
o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado
de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade
lhe dá”[2](Grifos nossos.). Voltaremos a ela após
apresentarmos o problema atual que a Cosmologia ainda não
resolveu.
Hoje em dia
a concepção que fazemos do Universo é bem diferente da de
séculos atrás. Acreditava-se ser a Terra o centro do
Universo e que os astros, fixos em um abóbada rígida, o
firmamento, se moviam de acordo com o movimento deste.
Inclusive os gregos acreditavam que havia um quinto
elemento1 que os mantinha presos ao céu[4]. Muitos
astrônomos, cuja função básica era a de observar e mapear
estes objetos celestes, começaram a perceber que este modelo
de descrição da realidade falhava em sua principal função:
explicar os dados obtidos pela observação. Para uma revisão
histórica dos conceitos e mitos antigos sobre a criação e o
Universo citamos o livro da referência [6].
A Ciência,
hoje, desenvolveu-se bastante a ponto de nos fornecer uma
idéia melhor sobre o Universo. Os livros da referência [7] e
[8] trazem uma discussão acessível sobre os atuais modelos
cosmológicos. Sabemos, por exemplo, que o nosso planeta,
relativamente ao universo, se compara a um minúsculo grão de
areia e que o nosso sistema solar é dos mais simples.
Existem milhares e milhares de galáxias, cada uma contendo
bilhões de sistemas solares, cada um contendo seus planetas.
Conforme discutido no Evangelho Segundo Espiritismo[9] no
capítulo III “Há muitas moradas na casa de meu Pai”, a
grandeza do Universo não deixa dúvida quanto à existência de
humanidades irmãs habitando outros orbes. Segundo a Ciência,
o Universo teria em torno de 12 a 15 bilhões de anos, mas
isto ainda não é uma informação definitiva conforme veremos
a seguir.
A Ciência,
ao contrário do que se imagina, às vezes, não tem a palavra
final sobre um determinado assunto. Vemos todos os dias
novos medicamentos e tratamentos sendo utilizados em lugar
de antigos que foram considerados ultrapassados. Vemos
ainda, novos experimentos levando a Ciência a novos
paradigmas sobre a realidade, como aconteceu com o
surgimento da Física Quântica. E, apesar do conhecimento que
temos do Universo que nos rodeia, existem questões em aberto
que desafiam os cientistas nos dias de hoje. Pretendemos
discutir algumas que nos parecem estar ligadas à afirmativa
feita pelos espíritos na questão número 27, citada no
primeiro parágrafo. Antecipando as conclusões, desejamos
estimular e incentivar aos espíritas que, porventura,
estudem Cosmologia a pensarem na hipótese, formulada pelos
espíritos, como um caminho para encontrar-se uma teoria que
resolvesse tais problemas.
Assim
sendo, este artigo discutirá a questão na seguinte ordem. Na
seção II pretendemos fazer um breve histórico sobre a origem
do problema que incomoda os cientistas na atualidade, bem
como mencionar as evidências experimentais que o suportam.
Na seção III reescreveremos as questões número 27, 29 e 36
do Livro dos Espíritos mostrando como elas se ligam ao
problema. Na seção IV nós discutiremos o valor científico da
afirmativa dos espíritos e o cuidado que nós, espíritas,
devemos ter na divulgação destas idéias. Na seção V nós
resumiremos as principais conclusões.
O ponto
inicial do problema que a Ciência está tentando resolver é a
chamada equação de Einstein para todo o Universo. Não é
importante para nós, aqui, analisarmos esta equação2, mas
apenas um termo que Einstein teve que adicionar a ela, a
chamada Constante Cosmológica.
Einstein
assim o fez porque percebeu que sua equação tinha como
solução um Universo dinâmico, sendo que a idéia aceita na
época era de um Universo estático (entre as décadas de 1910
e 1920). Porém, anos depois, um pesquisador chamado Hubble
descobriu, através de observações astronômicas, que o
Universo estava se expandindo, e não era estático como se
pensava. Einstein, então, resolveu tirar de suas equações a
constante cosmológica que continha as correções para que o
Universo fosse estático, com um sentimento de desapontamento
consigo mesmo por tê-la proposto antes. O que Einstein não
poderia imaginar era que a sua constante cosmológica teria
que ser, novamente, considerada para dar conta de explicar
as posteriores observações astronômicas.
Que o
Universo está se expandindo, isto já é do conhecimento de
todos os cientistas desde há muito tempo. Porém ainda não se
sabia a que taxa isto está acontecendo. Esta informação é
importante, por exemplo, para se estimar a idade do
Universo. Um problema conhecido como A Crise da Idade[4,10],
surgido na década de 1990, se refere aos primeiros cálculos
e estimativas da sua idade. Os melhores cálculos, usando-se
as equações de Einstein sem a constante cosmológica,
resultavam num Universo com, aproximadamente, 10 bilhões de
anos.
Isto estava
em franco desacordo com as observações astronômicas que
detectaram objetos a 15 bilhões de anos-luz 3 de distância da
Terra. No entanto, foi uma outra evidência recente que veio
colocar mais dúvida nesta questão[11]. Alguns pesquisadores
chegaram a conclusão de que o nosso Universo estaria se
expandindo numa taxa maior do que no passado. Isso
complica a 2 O artigo da referência [3] contém uma revisão
bastante técnica do assunto, caso seja de interesse do
leitor.
3 Um
ano-luz corresponde a distância percorrida por um raio de
luz no intervalo de tempo de um ano. Isto corresponde a uma
distância de 9460.8 bilhões de km.
situação da
teoria necessitando, ainda mais, a presença da constante
cosmológica nas equações de Einstein para poder-se explicar
estes dados. A quantidade de matéria que existe no Universo
não é, portanto, suficiente para explicar nem a sua idade
nem, muito menos, a sua taxa de expansão.
A questão
seguinte foi descobrir o que significaria, em termos
físicos, ou reais, a existência desta constante cosmológica.
Os cientistas, analisando as equações de Einstein, chegaram
a conclusão de que ela representaria algum tipo de matéria
ou energia, presente no Universo, que teria como efeito
causar uma repulsão gravitacional. Isto nunca foi
observado na natureza. Todos os objetos materiais conhecidos
se atraem devido a força gravitacional.
Mas, a
discussão fica ainda mais complicada com a descoberta do
chamado Vácuo Quântico. Segundo a Física Quântica, o
aparente vácuo ou vazio de matéria, na verdade, não existe
absolutamente. O chamado Princípio de Incerteza de
Heisenberg prevê que, a todo o momento, partículas sejam
criadas, do nada, e sejam destruídas logo em seguida após um
intervalo de tempo muito curto. Os cientistas, então,
resolveram calcular a energia total destes fenômenos que
ocorrem no vácuo. Eles chegaram a duas conclusões[10]
surpreendentes: 1) que esta energia é de uma intensidade
quase infinita, isto é, muito maior que toda a quantidade de
energia e matéria usuais, quando somada a sua contribuição
em todo o Universo; 2) O seu efeito seria repulsivo, isto é,
ela agiria como se fosse algo que repelisse a matéria
gravitacionalmente. A segunda conclusão satisfaz a
necessidade de algo que tivesse o efeito de repulsão
gravitacional da matéria. Porém, a primeira conclusão diz
que, se isso for verdade e se não existir nenhum outro
fator, o Universo iria se expandir tão rapidamente que, por
exemplo, jamais o núcleo de um átomo se formaria, pois esta
expansão levaria as partículas que o constituiriam a
distâncias muito grandes, muito mais rápido do que a atuação
da força forte que normalmente as mantém juntas.
Esta é a
maior discrepância entre teoria e realidade conhecida até
hoje. Em termos da constante cosmológica, os efeitos do
vácuo quântico levariam-na a um valor 120 ordens de grandeza
maior (o número 1 seguido de 120 zeros) do que os cientistas
estimaram segundo as observações astronômicas. De modo a
percebermos o objetivo deste artigo, vamos reescrever este
problema da seguinte forma: o efeito da energia do vácuo
quântico seria o de fazer com que a matéria
estivesse
num perpétuo estado de separação.
Esta expressão não nos é familiar?
Kardec
dizia no ítem VII da Introdução do Livro dos Espíritos[1]
que “Na ausência dos fatos, a dúvida é a opinião do homem
prudente”. Isto mostra o valor que Kardec atribuiu aos
fatos, valor este que a Ciência considera como princípio
básico. Constituem, portanto, fatos os seguintes
eventos:
- É fato
comprovado que o Universo está se expandindo a uma taxa
maior agora do que no passado[11]. Isto é, a expansão do
Universo está se acelerando.
- É fato,
comprovado experimentalmente, um efeito cientificamente
conhecido como efeito Casimir[12]: quando se
aproximam duas placas metálicas muito perto uma da outra, no
vácuo, surge entre elas uma força de atração que só é
explicada devido ao fenômeno de criação e destruição de
partículas no vácuo, conforme explicado acima. Portanto, os
efeitos do vácuo quântico são reais. Porém, os cientistas
tentam explicar o problema sugerindo que o cálculo da
energia total do vácuo tenha sido feito de maneira errada e
que alguma propriedade natural do Universo, ainda não
descoberta, poderia anular ou compensar o seu valor. É aí
que entraria a hipótese espírita. Voltaremos nela adiante.
Existe, também, uma proposta teórica da existência de uma
energia sutil chamada Energia Escura. A palavra
“escura”, escrita ou falada, não tem aqui a conotação moral
como utilizada em Espiritismo. Por “escura” os cientistas
querem dizer sobre tudo o que não interage com a luz ou com
outra radiação eletromagnética, de modo que não se pode
perceber a sua existência simplesmente olhando-se para o céu
com os telescópios. Como exemplo, os cientistas chegaram à
conclusão, por vias indiretas, de que existe uma matéria,
que eles consideram “escura”, que tem natureza diferente da
matéria usual que conhecemos. Neste caso, a diferença entre
essa matéria escura e a referida energia escura é o fato de
que a primeira se comporta como a matéria comum com relação
a força gravitacional, isto é, a matéria escura é atraída
pela matéria em geral. Já a energia escura teria um
comportamento contrário repelindo a matéria. Ela, portanto,
segundo os cientistas, seria responsável pelo efeito de
expansão do Universo. Alguns pesquisadores propuseram que
ela forme um campo quântico batizado de
quintessência[4] devido à sua pequena densidade. Na
figura 1 mostramos a percentagem de cada tipo de energia e
matéria do Universo necessária para que as observações
astronômicas possam ser entendidas.
É
importante enfatizar que apesar de ser o principal
ingrediente do Universo, a energia escura, por ter densidade
bem pequena, é extremamente rarefeita. Por esta razão,
recentemente, Thiesen[5] propôs que este campo de
quintessência ou energia escura seja o Fluido Universal (FU).
Discordamos da proposta pela simples razão de que a energia
escura tem como efeito repelir, afastar, fazer com que a
matéria se afaste e se divida mais e mais. Segundo os
espíritos, na questão número 27 do Livro dos Espíritos,
conforme citado acima e transcrito logo abaixo, um dos
efeitos do FU é fazer com que a matéria não esteja em
estado de divisão.
Figura
1: Os ingredientes do Universo em sua constituição
aproximada.
O principal deles é a energia escura.
Figura adaptada da referência [4] III Solução
espírita Nesta seção pretendemos transcrever
os principais trechos de algumas questões do
Livro dos Espíritos[2] que consideramos
relevantes neste estudo e, em seguida
comentá-las em relação ao que foi exposto até
aqui.
“27.
Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e
o Espírito ?
- Sim e
acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas.
Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo
o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento
material se tem que juntar o fluido universal, que
desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a
matéria propriamente dita, por demais grosseira para que
o espírito possa exercer ação sobre ela.
Embora,
de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo como
elemento material, ele se distingue deste por
propriedades especiais. Se o fluido universal fosse
positivamente matéria, razão não haveria para que o
espírito também não o fosse. Está colocado entre o
Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria, e
susceptível, pelas suas inumeráveis combinações com esta
e sob a ação do espírito, de produzir a infinita
variedade de coisas de que apenas conheceis uma parte
mínima.
Esse
fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o
agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o
qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e
nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.”(Grifos
nossos).
“29.
A ponderabilidade é um atributo essencial da matéria ?
- Da
matéria como a entendeis, sim; não, porém, da matéria
considerada como fluido universal. A matéria etérea e
sutil que constitui esse fluido lhe é imponderável. Nem
por isso, entretanto, deixa de ser o princípio da vossa
matéria pesada.”
“36.
O vácuo absoluto existe em alguma parte no Espaço
Universal ?
- Não, não há o vácuo. O que te
parece vazio está ocupado por matéria que te escapa aos
sentidos e aos instrumentos.”
As questões
de número 29 e 36 mostram concordância com relação à questão
da energia escura e do vácuo quântico, respectivamente.
Para que
fique bem claro que a afirmativa dos espíritos representaria
uma proposta viável de solução para os problemas em
cosmologia vamos reescrever, uma sobre a outra as
afirmativas espírita e do problema do vácuo quântico,
respectivamente:
____________________________________________
ESSE FLUIDO UNIVERSAL, OU
PRIMITIVO, OU ELEMENTAR, SENDO O AGENTE DE QUE O
ESPÍRITO SE UTILIZA, É O PRINCÍPIO SEM O QUAL A
MATÉRIA ESTARIA EM PERPÉTUO ESTADO DE DIVISÃO E
NUNCA ADQUIRIRIA AS QUALIDADES QUE A GRAVIDADE LHE DÁ.
____________________________________________
O
EFEITO DA ENERGIA DO VÁCUO SERIA O DE FAZER COM QUE A
MATÉRIA ESTIVESSE NUM PERPÉTUO ESTADO DE SEPARAÇÃO.
____________________________________________
Portanto,
as flutuações do vácuo fariam o Universo se expandir de modo
tão rápido que as partículas elementares que constituem a
matéria nunca se juntariam para formar os corpos e
substâncias e, por sua vez, a matéria nunca apresentaria as
características que a gravidade lhes dá, quais sejam a da
atração entre os corpos, a formação dos corpos celestes,
etc. Por outro lado, como a realidade mostra que o Universo
não está se expandindo tão rapidamente assim, então algo
teve que anular o efeito do vácuo quântico. O que
propomos é que os cientistas considerem a proposta feita
pelos espíritos de que algo existe no Universo e que
esse “algo” esteja anulando os efeitos do vácuo quântico.
Esse “algo” seria o FU.
IV - Cuidados na divulgação
Vimos como
uma afirmativa feita pelos espíritos na questão número 27 do
Livro dos Espíritos pode levar a uma
grande contribuição científica na área de Cosmologia. Nesta
seção gostaríamos de tecer alguns comentários sobre o
cuidado que nós, espíritas, devemos ter quando relacionamos
os ensinos espíritas aos resultados da Ciência ou
vice-versa.
Primeiramente é importante dizer que o presente estudo não
se trata de afirmar que “a Ciência está confirmando o
Espiritismo”. Na verdade ela não está preocupada com a nossa
doutrina, mas sim em tentar descobrir as leis que estão por
trás de todos os fenômenos naturais.
Neste
artigo, descrevemos alguns destes fenômenos, de magnitude
cosmológica, que ainda não foram completamente explicados.
Nosso esforço foi o de mostrar que uma afirmativa dos
espíritos pode levar a uma solução deste problema. Apesar
disto ter um grande valor científico, cabe aos físicos e
astrônomos que, porventura, sejam espíritas desenvolverem a
idéia para dizer, finalmente, se esta hipótese realmente
contribui para a questão.
O problema
não se resolve ao, meramente, comparar a afirmativa dos
espíritos com a problemática da cosmologia moderna. Estamos,
na verdade, criando uma forte motivação para que isto seja
pesquisado de maneira séria por quem entende do assunto,
isto é, um pesquisador com experiência na área de Física e
Cosmologia, que seja espírita ou, pelo menos, simpatizante
de nossa doutrina. Isto pois, quando tratamos de Ciência,
todo o rigor é mais do que necessário para que tenhamos
um resultado amplamente aceito pela comunidade científica. A
análise deste assunto por parte de um especialista é de
extrema importância pois ele será o único capaz de
traduzir a idéia espírita na linguagem técnica da Ciência.
Cabe,
ainda, ressaltar que a referida afirmativa dos espíritos
possui um outro valor científico que, infelizmente, apenas
nós espíritas podemos reconhecer. É o fato de que uma
afirmativa publicada há quase 150 anos poder estar ligada a
um problema que somente nas últimas duas décadas tem
preocupado os cientistas. Isso mostra, simplesmente, a
superioridade dos espíritos que trabalharam com Allan Kardec
na codificação da Doutrina Espírita, o que nos faz sentir
mais fé e confiança nos seus ensinamentos.
Neste
artigo comparamos uma afirmativa feita pelos espíritos na
questão número 27 do Livro dos Espíritos
com um problema para o qual os físicos e astrônomos ainda
não encontraram solução. Os espíritos afirmaram que o FU
seria responsável por não permitir que a matéria estivesse
num perpétuo estado de divisão. Explicamos que a energia do
vácuo quântico seria responsável por esse estado de divisão
e propomos, de modo diferente dos cientistas e de acordo com
os espíritos, a existência de um campo ou energia no
Universo que anule ou compense este efeito. Esta proposta
nada mais é do que a influência do FU sobre o efeito de
divisão que o vácuo quântico geraria sobre toda a matéria.
Incentivamos o pesquisador espírita, especialmente o que
possua formação profissional nas áreas em questão, a
investigar esta hipótese dentro dos métodos e linguagem
científicos de modo a trazer uma efetiva contribuição a este
campo do conhecimento.
Discutimos
os valores científicos desta proposta chamando a atenção do
leitor espírita para a maneira de encará-la de modo a
evitarem-se precipitações que tragam descrédito para o
movimento espírita.
É
importante lembrar que existem outras teorias que tentam
descrever o Universo. Os livros das referências [7,8] falam
sobre isso. Por exemplo, existe a chamada teoria das
supercordas e variações desta teoria que foram
demonstradas serem equivalentes e pertencentes a uma única
teoria maior, ainda não descoberta, que os cientistas
batizaram de Teoria M. Talvez esta teoria,
considerada como a teoria de tudo, possa resolver os
problemas expostos neste artigo através de outras
explicações. Um exemplo mais concreto é o recente artigo
intitulado “Holografy Stabilizes the Vacuum
Energy” (Holografia estabiliza a energia do
vácuo)[13] que propõe que uma dada propriedade chamada
Holografia Gravitacional teria como conseqüência a
diminuição do efeito de divisão da matéria que o vácuo
quântico geraria. Uma análise deste artigo para ver o que
ele poderia ter a ver com o FU escaparia do nosso objetivo
neste artigo mas mereceria ser feito numa futura publicação.
Por tudo
isso consideramos que os pesquisadores da área são os únicos
a poderem avaliar de modo mais seguro a hipótese do FU como
solução para os problemas cosmológicos.
Por fim,
manifestamos nosso entusiasmo devido ao fato de que este
ensinamento dos espíritos foi publicado há quase 150 anos
atrás, bem antes de Einstein (que é o pai das teorias
cosmológicas modernas) nascer. Isso mostra a sabedoria dos
espíritos que trouxeram ao mundo os seus ensinamentos e nos
enche de fé e confiança nesta doutrina que adotamos por
filosofia de vida.
* * *
[1] A. Kardec, O Livro dos Espíritos, Editora Edições
FEESP, 9a Edição, (1997).
[2] A. Kardec, O Livro dos Espíritos, Editora FEB,
76a Edição, (1995).
[3] S. Weinberg, Reviews of Modern Physics, 61, p. 1
(1989).
[4] J. P. Ostriker e P. J. Steinhardt, Scientific American,
284, p. 46 (2001).
[5] S. Thielsen, Reformador, 2082, p.11 (2002).
[6] M. Gleiser, A Dança do Universo: Dos Mitos da Criação
ao Big–Bang, Editora Companhia das Letras, (1997).
[7] S. Hawking, O Universo Numa Casca de Nóz, Editora
Mandarim, 2a Edição, (2002).
[8] M. Kaku, Hiperespaço, Editora Rocco LTDA, 1a
Edição, (2000).
[9] A. Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo,
Editora EME, 1a Edição, (1996).
[10] L. M. Krauss, Scientific American, 280, p. 35
(1999).
[11] C. J. Hogan, R. P. Kirshner e N. B. Suntzeff,
Scientific American, 280 p. 28 (1999).
[12] G. J. Maclay, H. Fearn e P. W. Milanni, European
Journal of Physics, 22, p. 463 (2001).
Para uma revisão histórica do efeito Casimir o leitor é
referido à: D. L. Andrews e L. C. D. Romero, European
Journal of Physics, 22, p. 447 (2001).
[13] S. Thomas,
Physical Review Letters, 89, p.
081301 (2002).
Artigo publicado na Revista
FidelidadESPÍRITA
Novembro 2003
O autor gostaria de agradecer ao Prof. Sylvio Dionysio
de Souza, à Profa. Maristela Olzon de Souza e ao Prof.
Silvio S. Chibeni pela leitura crítica deste compuscrito
e por valiosas sugestões e discussões.
TITLE AND ABSTRACT IN ENGLISH
The universal fluid and the cosmological theories Abstract
Some recent astronomic observations have brought new
insights about the behavior of the universe. The usual
cosmological theories do not explain these observations
suggesting new ideas. In this paper we compare the
consequences of these observations with an affirmative made
by the spirits in the 27th question of the Spirit’s Book.
Following the spirits, one of the properties of the
universal fluid could, in my point of view, be a key for the
solution of the new question about the universe. We present
a brief historic about the origin of the cosmological models
and the facts that could confirm my proposal.
KEYWORDS:
Universal fluid; Material element; Cosmology; Cosmological
constant; Casimir’s effect.
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