segunda-feira, 9 de julho de 2012

Dádiva - Por (*) João Bosco Leal


6 de julho de 2012 


Em uma palestra que vi na internet, um fotógrafo revela como, durante quatro horas por dia e sete dias por semana, acompanhou fotograficamente uma flor desde seu nascimento, e como isso o fez perceber o quanto deveria ser grato por cada segundo vivido.

Enquanto falava, na parede atrás eram projetadas as imagens dos delicadíssimos movimentos das plantas, de gotas de águas que sobre elas caíram, o aparecimento de suas cores, a abertura de cada pétala até sua total exposição, amadurecimento, polinização por abelhas.

Lembrou sua plateia de que 80% de tudo o que sabemos chega ao nosso conhecimento através dos olhos, mas poucos são os que realmente enxergam o que olham à sua volta.

Com imagens e exemplos maravilhosos a palestra realmente chama a atenção para como, diariamente desprezando maravilhosos acontecimentos, passamos pela vida sem vivê-la e como somos ingratos por não estarmos constantemente agradecendo pela benção que é viver.

Quantas vezes ao acordar e começarmos um novo dia, olhamos para o sol nascendo e observamos a diferença de seus raios em relação ao dia anterior, o tempo mais aberto ou fechado, seco ou úmido, chovendo ou não, calor ou frio? Parece bobagem, mas jamais existiu ou existirá um momento como aquele, único, com milhares de variações de luminosidade, intensidade, umidade, cores e temperaturas.

O formato, a posição, as cores e a velocidade das nuvens variam milhões de vezes durante um único dia, e raras são as pessoas que em alguma oportunidade pensaram sobre isso, pois a maioria imagina que isso é uma enorme bobagem, que não existe nenhuma importância nesse fato.

Realmente, o formato das nuvens teoricamente em nada mudará sua vida, mas através de sua densidade, cor e velocidade é que a ciência consegue obter dados que, em conjunto com outras informações, permitem determinar a temperatura e as precipitações ou não nos próximos dias, o que influenciará significativamente o plantio, o desenvolvimento e a colheita de todos os alimentos que necessita para sua sobrevivência e comprova o quanto somos conectados e integrados a tudo o que está à nossa volta, principalmente a natureza.

Além das informações visuais, nosso cérebro recebe milhares de outras, de fontes diversas, como a diferença de temperatura climática, entre a água ou um objeto quente ou frio, o som do vento nas árvores ou o cheiro emanado da terra quando chove e a reação a qualquer dessas informações provoca um sentimento único, que faz com que em cada segundo de nossa vida tenhamos uma situação, história, que jamais se repetirá.

Nas observações feitas com os olhos e registradas em fotografias, podemos notar como o orvalho provocado por uma queda de água em um rio, nunca foi e jamais será igual, pois dependendo da intensidade do vento que o sopra, muda a cada instante, assim como o arco íris que jamais teve ou terá a mesma espessura, tamanho, tonalidade das cores ou estará no mesmo local.

Os olhos, as mais perfeitas máquinas fotográficas que existem, não utilizam filmes ou imagens digitais registradas em megapixels, mas exigem uma mente aberta para a recepção e processamento de suas informações, que serão entendidas de forma totalmente distintas por cada ser humano e, quando passamos a enxergar cada um desses detalhes, somos levados a refletir sobre aspectos que podem alterar significativamente nosso modo de ver e entender tudo o que vivemos.

Abra sua mente para as informações recebidas e perceba como, a cada segundo, deve ser grato pela maravilhosa dádiva que é sua vida.

(*) João Bosco Leal - jornalista, reg. MTE nº 1019/MS, escritor, articulista político, produtor rural e palestrante sobre assuntos ligados ao agronegócio e conflitos agrários.

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