sábado, 7 de julho de 2012

A CONVICÇÃO DOS ANTIGOS EGÍPICIOS SOBRE A CONTINUIDADE DA VIDA "POST MORTEM" E O JULGAMENTO DE OSÍRIS














Luiz Carlos Nogueira









Segundo Curuppumullage Jinarajadasa[i]: “Talvez seja na antiga religião do Egito que vamos encontrar as mais extraordinárias ideias - extraordinárias para os cristãos - acerca da morte”, pois, no Antigo Egito as pessoas tinham muita convicção da existência da vida além túmulo. Tanto que era costume desde muito cedo prepararem seus túmulos para serem colocados quando morressem.


Também, se fossem pessoas de muitos recursos financeiros, providenciavam para que fossem gravados nas paredes dos seus túmulos, os principais registros que costumavam colecionar, a respeito dos acontecimentos que consideravam importantes durante suas existências terrenas. E era comum entre as pessoas mais instruídas, se iniciarem em cerimônias através das quais pudessem obter noções da vida post mortem.


Jinarajadasa dá como possível, a informação de que alguns ensinamentos místicos adotados num determinado grau da Maçonaria, teriam sido transcritos ou adaptados do Livro dos Mortos do Antigo Egito, cujos determinados capítulos foram encontrados em cada múmia em seus sarcófagos. Por exemplo, com a múmia Ani, existente no Museu de Londres, foi encontrado um papiro contendo vários capítulos e ilustrações desse livro, no qual contém representações de cerimoniais para serem realizados depois da morte de um egípcio (ou egípcia). Na referida cerimônia a personalidade-alma da pessoa morta era conduzida pelo deus Anúbis, para ser submetida ao julgamento do deus Osíris.


O julgamento consistia de colocar num prato de uma balança, um pequeno jarro simbolizando o coração do julgando; e, no outro prato, uma pena simbolizando a Verdade, de tal sorte que se os pratos da balança permanecessem na posição horizontal, a personalidade-alma da pessoa em julgamento estaria livre para viver no além-túmulo com os outros também considerados bem-aventurados. Mas, se no julgamento, a pena da Verdade eleva-se e o coração da personalidade-alma baixa na balança, ela é condenada e lançada à boca de um monstro, descrito na cena, para que ela pereça completamente e seja aniquilada. O deus Toth que ficava com uma tabuleta, perto da balança, na qual deveria escrever o julgamento.



Havia, antes do julgamento, um momento solene em que a personalidade-alma devia proferir a chamada “Confissão a Maat"[ii], cuja fórmula era a seguinte:


Confissão a Maat

“Glória a Ti, Ó Grande Deus, Mestre de toda Verdade! Venho à Tua presença,  
Ó meu Deus, para diante de Ti tomar consciência de Teus decretos.  
Eu Te conheço e comungo contigo e com Tuas Quarenta e Duas leis que habitam contigo nesta Câmara de Maat...
E nessa verdade que venho comungar contigo, e Maat está em meu pensamento e em minha alma. 
 Por ti destruí a maldade. 
Não fiz nenhum mal à humanidade. 
Não oprimi os membros de minha família. 
Não forjei o mal em lugar da Justiça e da Verdade. 
Não convivi com homens indignos. 
Não pedi para ser considerado o primeiro. 
Não obriguei pessoa alguma a um trabalho excessivo em meu favor. 
Não apresentei meu nome para ser objeto de honrarias. 
Não espoliei os pobres tomando seus bens. 
Não fiz homem algum passar fome. 
Não fiz ninguém chorar. 
Não infligi qualquer sofrimento a um homem ou animal. 
Não espoliei nenhum templo de suas oblações. 
Não adulterei nenhum padrão de medida. 
Não invadi os terrenos de outros. 
Não roubei terras. 
Não adulterei os pesos da balança para enganar o vendedor. 
Não falsifiquei a indicação do ponteiro para enganar o comprador. 
Não tirei o leite da boca das crianças.
Não desviei a água de onde ela devia correr. 
Não apaguei a chama quando ela devia queimar. 
Não repeli Deus em Suas manifestações.” 
 “Sou puro! Sou puro! Sou puro! 
Minha pureza é a pureza da Divindade do Templo Sagrado. 
Por isso o mal não me acometerá neste mundo, eis que conheço as leis de Deus que são Deus. Cro-Maat!”



[i] Os Sete Véus Sobre a Consciência; traduzido pela equipe do “Serviço de Divulgação Teosófica da Sociedade Teosófica no Brasil”, Editado pela Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Gráfica Editora Esperanto, RJ, 1952.

[ii] Maat: Palavra egípcia que significa verdade. O Símbolo Maat era uma pena. Cro-Maat significa “A verdade se manifestará”, ou “Assim seja”. A Confissão a Maat foi extraída da confissão que era feita na Câmara de Maat, nos Templos Egípcios de Iniciação, e que se encontra no Livro dos Mortos do Antigo Egito. (Glossário Rosacruz, 1ª Ed. 1967, preparada por Ruth Phelps, bibliotecária de pesquisa da Amorc)

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