Adaptação:
Luiz Carlos Nogueira
Era uma vez um boneco de sal, cujo maior
desejo era conhecer o mar. Certo dia, pôs-se a caminho, com a finalidade
realizar esse seu desideratum. Em
sua viagem, atravessou desertos, campos e matas, planícies e
montanhas, até que chegou ao mar, de um azul fascinante, majestoso pela sua
imensidão e pelo brilho ofuscante ao meio-dia, encerrando em si misteriosa presença.
O boneco ficou ali extasiado.
Anoiteceu e um novo dia surgiu com uma brisa acariciando as águas, que
respondia aos ainda tímidos raios do sol, produzindo uns poucos reflexos que
aumentavam à medida que o astro rei se elevava para cumprir o seu papel. Mas o
boneco, nada podia compreender ali extático à margem. Finalmente encheu-se de
coragem e perguntou ao mar:
-
Diga-me,
quem és tu, grandioso espetáculo?
-
Sou
o mar! Respondeu-lhe.
-
Sim,
mas o que é o mar?
-
Sou
eu! Disse-lhe o mar
-
Ainda
assim eu não entendo! Falou-lhe o boneco.
-
E o
que posso fazer para compreendê-lo?
-
Simplesmente,
toca-me!
Então
o boneco, um tanto vacilante, levou o seu pé às águas do mar — tocando-o com
leveza. Naquele instante, sentiu uma
estranha sensação, de como por mágica, começava a compreender alguma coisa. Mas
para seu espanto, ao retirar o pé, percebeu que os dedos haviam sumido.
Assustado disse o boneco:
-
O
que você me fez? Onde estão os meus dedos?
-
Ora,
disse o mar, por que você se queixa? Você, simplesmente ofereceu algo de si
para poder me compreender. E não era isso o que queria?
-
Sim,
sim, mas... disse o boneco refletindo um instante... Depois disso, resoluto e
sem medo avançou para o mar, que foi lhe envolvendo. E cada passo que dava, o
boneco perdia parte de si, mas ao mesmo tempo tinha a impressão de compreender
o mar cada vez mais. E continuava repetindo a pergunta para si mesmo:
-
O
que é o mar?
Finalmente
uma última onda absorveu o que restava do boneco. Mas à medida que ia se
diluindo começava a compreender cada vez mais. E quando totalmente dissolvido,
o boneco se tornou também — o mar. Foi quando o boneco deu a resposta à sua
própria indagação: “O Mar Sou Eu”
O
que esta parábola quer mostrar, é que o boneco de sal só começou a compreender
o mar, na medida em que despojava do seu ego, ou como queiram, do seu eu, ou
seja, dando alguma coisa de si mesmo. De tal maneira, nós humanos só podemos
alcançar e identificarmo-nos com Deus, se procedermos da mesma forma. Eis o casamento alquímico, que ocorre no fenômeno morte — quando
mergulhamos no Absoluto — Deus.
CONCORDÂNCIAS BÍBLICAS (*)
VELHO TESTAMENTO:
ECLESIASTES
12
LEMBRA-TE DO TEU CRIADOR
“Ec
12.1 Lembra-te
também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias,
e cheguem os anos em que dirás: Não tenho prazer neles;”
“Ec
12.2 antes que se
escureçam o sol e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens
depois da chuva;”
“Ec
12.3 no dia em que
tremerem os guardas da casa, e se curvarem os homens fortes, e cessarem os
moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas,”
“Ec
12.4 e as portas da
rua se fecharem; quando for baixo o ruído da moedura, e nos levantarmos à voz
das aves, e todas as filhas da música ficarem abatidas;”
“Ec
12.5 como também
quando temerem o que é alto, e houver espantos no caminho; e florescer a
amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e falhar o desejo; porque o homem se vai à sua casa eterna, e os pranteadores andarão
rodeando pela praça;”
“Ec
12.6 antes que se
rompa a cadeia de prata, ou se quebre o copo de ouro, ou se despedace o cântaro
junto à fonte, ou se desfaça a roda junto à cisterna,”
“Ec
12.7 e o pó volte
para a terra como o era, e o espírito
volte a Deus que o deu.”
“Ec
12.8 Vaidade
de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade.”
“Ec
12.9 Além de ser
sábio, o pregador também ensinou ao povo o conhecimento, meditando, e
estudando, e pondo em ordem muitos provérbios.”
NOVO
TESTAMENTO:
O DISCURSO DE PAULO NO AREÓPAGO (Atos dos Apóstolos)
“At
17.27 para que
buscassem a Deus, se porventura,
tateando, o pudessem achar, o qual, todavia, não está longe de cada um de nós;”
“At
17.28 porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram:
Pois dele também somos geração.”
(*) Trouxe referências da Bíblia Sagrada, porque o povo ocidental é
na sua grande maioria, cristão.
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