quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A parábola do boneco de sal










Adaptação: Luiz Carlos Nogueira









        
         Era uma vez um boneco de sal, cujo maior desejo era conhecer o mar. Certo dia, pôs-se a caminho, com a finalidade realizar esse seu desideratum. Em sua  viagem, atravessou  desertos, campos e matas, planícies e montanhas, até que chegou ao mar, de um azul fascinante, majestoso pela sua imensidão e pelo brilho ofuscante ao meio-dia,  encerrando em si misteriosa presença.

             O boneco ficou ali extasiado. Anoiteceu e um novo dia surgiu com uma brisa acariciando as águas, que respondia aos ainda tímidos raios do sol, produzindo uns poucos reflexos que aumentavam à medida que o astro rei se elevava para cumprir o seu papel. Mas o boneco, nada podia compreender ali extático à margem. Finalmente encheu-se de coragem e perguntou ao mar:
        

-         Diga-me, quem és tu, grandioso espetáculo?
-         Sou o mar! Respondeu-lhe.
-         Sim, mas o que é o mar?
-         Sou eu! Disse-lhe o mar
-         Ainda assim eu não entendo! Falou-lhe o boneco.
-         E o que posso fazer para compreendê-lo?
-         Simplesmente, toca-me!

Então o boneco, um tanto vacilante, levou o seu pé às águas do mar — tocando-o com leveza.  Naquele instante, sentiu uma estranha sensação, de como por mágica, começava a compreender alguma coisa. Mas para seu espanto, ao retirar o pé, percebeu que os dedos haviam sumido. Assustado disse o boneco:

-         O que você me fez? Onde estão os meus dedos?
-         Ora, disse o mar, por que você se queixa? Você, simplesmente ofereceu algo de si para poder me compreender. E não era isso o que queria?
-         Sim, sim, mas... disse o boneco refletindo um instante... Depois disso, resoluto e sem medo avançou para o mar, que foi lhe envolvendo. E cada passo que dava, o boneco perdia parte de si, mas ao mesmo tempo tinha a impressão de compreender o mar cada vez mais. E continuava repetindo a pergunta para si mesmo:
-         O que é o mar?

Finalmente uma última onda absorveu o que restava do boneco. Mas à medida que ia se diluindo começava a compreender cada vez mais. E quando totalmente dissolvido, o boneco se tornou também — o mar. Foi quando o boneco deu a resposta à sua própria indagação: “O Mar Sou Eu”

O que esta parábola quer mostrar, é que o boneco de sal só começou a compreender o mar, na medida em que despojava do seu ego, ou como queiram, do seu eu, ou seja, dando alguma coisa de si mesmo. De tal maneira, nós humanos só podemos alcançar e identificarmo-nos com Deus, se procedermos da mesma forma. Eis o casamento alquímico, que ocorre no fenômeno morte — quando mergulhamos no Absoluto — Deus.



CONCORDÂNCIAS BÍBLICAS (*)


          VELHO TESTAMENTO:


ECLESIASTES 12


LEMBRA-TE DO TEU CRIADOR


“Ec 12.1 Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos em que dirás: Não tenho prazer neles;”

“Ec 12.2 antes que se escureçam o sol e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva;”

“Ec 12.3 no dia em que tremerem os guardas da casa, e se curvarem os homens fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas,”

“Ec 12.4 e as portas da rua se fecharem; quando for baixo o ruído da moedura, e nos levantarmos à voz das aves, e todas as filhas da música ficarem abatidas;”

“Ec 12.5 como também quando temerem o que é alto, e houver espantos no caminho; e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e falhar o desejo; porque o homem se vai à sua casa eterna, e os pranteadores andarão rodeando pela praça;”

“Ec 12.6 antes que se rompa a cadeia de prata, ou se quebre o copo de ouro, ou se despedace o cântaro junto à fonte, ou se desfaça a roda junto à cisterna,”

“Ec 12.7 e o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que o deu.”

“Ec 12.8 Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade.

“Ec 12.9 Além de ser sábio, o pregador também ensinou ao povo o conhecimento, meditando, e estudando, e pondo em ordem muitos provérbios.”




NOVO TESTAMENTO:

O DISCURSO DE PAULO NO AREÓPAGO (Atos dos Apóstolos)

“At 17.27 para que buscassem a Deus, se porventura, tateando, o pudessem achar, o qual, todavia, não está longe de cada um de nós;”

“At 17.28 porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois dele também somos geração.”


(*) Trouxe referências da Bíblia Sagrada, porque o povo ocidental é na sua grande maioria, cristão.


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