segunda-feira, 13 de agosto de 2012

MOISÉS COM O SEU POVO NO DESERTO - O MANÁ , A CARNE E A ÁGUA EXTRAÍDA DA ROCHA



 










Luiz Carlos Nogueira





   





Na Bíblia Sagrada, em Êxodo, nos capítulos 16 e 17, onde se narra a história de Moisés, quando este se encontrava com o seu povo no deserto, depois de haver deixado o Egito em busca da terra prometida, começaram a faltar víveres , logo surgiram os murmúrios contra Moisés e Araão: “Êx.16:2: E toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão no deserto.” “Ex.16:3: Pois os filhos de Israel lhes disseram: Quem nos dera que tivéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! porque nos tendes tirado para este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão.”.

Por causa disso, Deus teria dito: “Ex.16:4: Então disse o Senhor a Moisés: Eis que vos farei chover pão do céu; e sairá o povo e colherá diariamente a porção para cada dia, para que eu o prove se anda em minha lei ou não.

E então Moisés teria completado, dizendo: “Ex. 16:7: e amanhã vereis a glória do Senhor, porquanto ele ouviu as vossas murmurações contra o Senhor; e quem somos nós, para que murmureis contra nós?”; 16:8: Disse mais Moisés: Isso será quando o Senhor à tarde vos der carne para comer, e pela manhã pão a fartar, porquanto o Senhor ouve as vossas murmurações, com que murmurais contra ele; e quem somos nós? As vossas murmurações não são contra nós, mas sim contra o Senhor.”


E assim Deus teria mandado o maná, conforme está em Êxodo:

16.13 E aconteceu que à tarde subiram codornizes, e cobriram o arraial; e pela manhã havia uma camada de orvalho ao redor do arraial.”

“16.14 Quando desapareceu a camada de orvalho, eis que sobre a superfície do deserto estava uma coisa miúda, semelhante a escamas, coisa miúda como a geada sobre a terra.”

“16.15 E, vendo-a os filhos de Israel, disseram uns aos outros: Que é isto? porque não sabiam o que era. Então lhes disse Moisés: Este é o pão que o Senhor vos deu para comer”

A explicação desse dito milagre, é dada por alguns pesquisadores e historiadores, como por exemplo, Werner Keller, em seu livro “E a Bíblia Tinha Razão” (Melhoramentos, 10ª Ed., São Paulo, 1974). Vejamos um trecho desse livro, no qual o autor explica o que é o maná:


"Em todos os vales em volta do monte Sinai encontra-se até hoje o pão do céu, que os monges e os árabes apanham, conservam e vendem aos peregrinos e aos estrangeiros que por aqui aparecem", escreve no ano de 1483 o decano de Mogúncia, Breitenbach, sobre sua peregrinação ao Sinai. "O dito pão do céu cai pela manhã, ao amanhecer, exatamente como o orvalho ou a geada, e pende como gotas na erva, nas pedras e nos ramos das árvores. É doce como o mel e gruda aos dentes quando se come, e nós compramos algumas partes."

Em 1823 o botânico alemão G. Ehrenberg publicou uma notícia [1] que seus próprios colegas receberam com grande ceticismo. Com efeito, sua declaração era algo verdadeiramente extraordinário: dizia ele que o famoso maná não era outra coisa senão uma secreção das árvores e arbustos da tamargueira, quando picados por uma espécie de cochonilha característica do Sinai.



Cem anos mais tarde, houve uma verdadeira expedição em busca do maná. O botânico Friedrich Simon Bodenheimer e Oskar Theodor, da Universidade Hebraica de Jerusalém, seguiram para a península do Sinai a fim de esclarecerem finalmente a tão debatida questão do fenômeno do maná. Durante vários meses, os dois cientistas exploraram extensamente os vales secos e os oásis em volta do monte Sinai. Seu comunicado causou sensação. Eles não só haviam trazido a primeira fotografia do maná, não só os resultados de suas pesquisas confirmavam as declarações de Breitenbach e Ehrenberg, como mostravam também o realismo com que a Bíblia descrevia a peregrinação dos filhos de Israel pelo deserto.


Sem a cochonilha mencionada pela primeira vez por Ehrenberg, não haveria, com efeito, maná. Esses pequenos insetos vivem sobretudo nas mencionadas tamargueiras, nativas do Sinai, que pertencem às acácias. Essas árvores exsudam uma secreção resinosa característica que, segundo os dados de Bodenheimer, tem a forma e o tamanho da semente do coentro. Ao cair é branca e só depois de ficar muito tempo no solo adquire uma cor pardo-amarelada. Naturalmente, os dois pesquisadores não iam deixar também de provar o maná. "O gosto dos grãozinhos cristalizados do maná é de uma doçura característica", diz Bodenheimer. "A coisa a que mais se pode comparar é ao açúcar de mel, produto do mel de abelha velho." "Era como a semente de coentro, branco", diz a Bíblia, "e o seu sabor como o da farinha amassada com mel" (Êxodo 16.31).

Os resultados da expedição confirmaram igualmente o resto da descrição bíblica do maná. "Cada um, pois, colhia pela manhã quanto podia bastar para seu alimento; e, quando o sol fazia sentir seus ardores, der­retia-se" (Êxodo 16.21). Da mesma forma, os beduínos da península do Sinai ainda hoje se apressam a apanhar todas as manhãs seu "mann es­sama", isto é, o "maná do céu", porque as formigas são concorrentes ávidas. "Mas estas só começam sua atividade quando o solo atinge uma temperatura de vinte e um graus centígrados", diz o comunicado da expe­dição. "Isso ocorre por volta das oito e meia da manhã. Até então os animalículos estão ainda entorpecidos." Tão logo as formigas ficam ágeis, desa­parece o maná. Devia ser isso o que o cronista bíblico queria dizer ao falar que ele se derrete. Os beduínos têm sempre o cuidado de guardar o maná num pote fechado, pois do contrário as formigas caem sobre ele. O mesmo aconteceu durante a peregrinação dos israelitas sob a direção de Moisés: "E alguns conservaram até de manhã, e ele começou a ferver em vermes e apodreceu..." (Êxodo 16.20).

A ocorrência do maná depende de uma chuva de inverno favorável e é diferente de ano para ano. Nos anos bons, os beduínos do Sinai recolhem até um quilo e meio por homem cada manhã. Uma porção respeitável que chega perfeitamente para satisfazer um adulto. Assim foi que Moisés pôde ordenar aos filhos de Israel: "Cada um colha dele quanto baste para seu alimento" (Êxodo 16.16).

Os beduínos fazem das gotas de maná uma massa muito apreciada e rica em vitaminas, que usam como complemento de sua alimentação fre­qüentemente monótona. O maná é até um artigo de exportação e — bem conservado — uma excelente "ração de reserva", pois conserva-se por tempo indefinido.”


"E Moisés disse a Arão: Toma um vaso, e mete nele maná quanto pode conter um gômer, e põe-no diante do Senhor para se conservar pelas vossas gerações" (Êxodo 16.33).

"E os filhos de Israel comeram maná durante quarenta anos, até che­garem a um país habitado; com essa comida se alimentaram até chegarem aos confins do país de Canaã" (Êxodo 16.35).


Deus teria mandado a carne, conforme explica o citado autor:







                                                Figura 20 - Captura de codornizes na margem do Nilo.



“Aconteceu, pois, de tarde virem codornizes, que cobriram os acam­pamentos; e pela manhã havia uma camada de orvalho em volta dos acam­pamentos. E tendo coberto a superfície da terra, apareceu no deserto uma coisa miúda, e como pisada num almofariz, à semelhança de geada sobre a terra. Tendo visto isso os filhos de Israel, disseram entre si: Manhu? (que é isto?). Porque não sabiam o que era, e Moisés disse-lhes este é o pão que o Senhor vos dá para comer (Êxodo 16.13 a 15).”

“Repetidamente tem-se discutido com mais ou menos base a questão das codornizes e do maná. Quanto ceticismo têm provocado! A Bíblia fala de coisas maravilhosas e inexplicáveis. Mas codornizes e maná são inteira­mente naturais. Basta consultar um naturalista ou os naturais da terra, que ainda hoje podem observar o mesmo fenômeno.
A saída de Israel do Egito começou na primavera, a época das grandes migrações das aves. Partindo da África, que no verão se torna insuporta­velmente quente e seca, as aves seguem, desde tempos imemoriais, duas rotas para a Europa: uma pela extremidade ocidental da África, para a Espanha, e a outra pela região oriental do Mediterrâneo, para os Balcãs. Entre essas aves encontram-se codornizes, que nos meses da primavera voam por cima das águas do mar Vermelho, que têm de atravessar em sua rota para leste. Cansadas do grande vôo, deixam-se cair nas planícies da costa a fim de recobrarem forças para a viagem por cima dos altos montes até o Mediterrâneo. Flávio Josefo (Ant., III, 1.5) relata uma experiência semelhante, e ainda em nossos dias os beduínos dessa região apanham com a mão, na primavera e no outono, as codornizes exaustas.”


E finalmente, Moisés extrai água das rochas:


[...] "não havia água de beber para o povo" (Êxodo 17.1). Nessa aflição Moisés teve de tomar da sua vara e ferir um rochedo para fazer brotar água (Êxodo 17.6), o que é conside­rado completamente inconcebível pelos céticos e por outros, embora, tam­bém nesse caso, a Bíblia apenas descreva um fato natural.

O Major C. S. Jarvis, governador britânico do território do Sinai na década de 30, comprovou isso pessoalmente. Escreve ele [2]:

"Moisés ferindo o rochedo em Rafidim e fazendo brotar água parece um verdadeiro milagre, mas este cronista viu com os próprios olhos um fato semelhante. Alguns membros do corpo de camelos do Sinai haviam feito uma parada num vale seco e dispunham-se a cavar a areia grossa que se amontoara ao fundo da parede rochosa. Queriam atingir a água que se filtrava lentamente através da rocha calcária. Os homens trabalhavam len­tamente, e então o sargento de cor Bash Shawish disse:

'Vamos logo com isso!'

Tomou então a pá das mãos de um dos homens e começou a cavar com grande ímpeto, como costumam fazer os sargentos em todo o mundo quando querem mostrar aos seus comandados o que eles são capazes de fazer, mas que não tencionam fazer durante mais de dois minutos. Um de seus golpes atingiu a rocha. A superfície lisa e dura que se forma sempre sobre a pedra calcária exposta ao tempo rompeu-se e caiu. Com isso ficou exposta a rocha mole embaixo, e de seus poros brotou um grande jorro de água. Os sudaneses, que estão bem a par dos fatos dos profetas, embora não sejam especialmente respeitosos com eles, aclamaram o sargento exclamando:

'Olhem o profeta Moisés!'
Isto é uma explicação muito esclarecedora do que deve ter ocorrido com Moisés quando golpeou o rochedo em Rafidim."

3 comentários:

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  3. Porque as pessoas desejam "Efeitos Especiais" na atuação de Deus? Vamos por partes (assim também dizia Jack, o estripador). Sabemos que a Bíblia é cheia de alegorias. Os nossos irmãos gaúchos tem a fama de aumentar um pouco os acontecimento. Muito famosos por suas façanhas, algumas verdadeiras (caso contrário, aquela parte da fronteira no sul não seria brasileira). Outras nem tanto. Se tivesse lutado com dois e vencido, posteriormente a descrição seria que venceu seis. Assim é na Bíblia. Segundo algumas leituras, descobri que a palavra vermelho e juncos ou caniços o mesmo som. E existe o lago ou mar de caniços. Esse lago, quando o vento sopra, as águas sobem para um lado e baixam em outro. Isso acontece até hoje.
    Como vamos por partes, atentem que em Exodus,15:22, diz que Moisés, após atravessar o Mar Vermelho, saiu no deserto de Sur ou Ur, cada versão bíblica com algumas alterações (tradutore traditore). Sabe que esse deserto está muito acima do Mar Vermelho, mas ao lado do Lago de Caniços. Sairia em no deserto de Ur por teleporte?
    Acontece que novamente quem escreveu colocou alegorias e "Efeitos Especiais". Por que não poderia ter uma força divina extraordinária mas natural atuando? Isto é, que emitisse uma ventania tremenda? É claro que o povo judeu deve ter enlameado os pés. Mas, na alegoria, não se molhou nem um pouquinho. Esses e outros fenômenos não diminuem mas engrandecem o Grande Arquiteto do Universo. Não pensemos que tentar entender os fenômenos bíblicos diminuem a grandesa do Pai. Só procuramos retirar os "Efeitos Especiais". Aos que acham que uma manifestação divina tem que vir com arrepius no corpo, vozes no céu, eu deixo uma frase de Telhard Chardan: "Quanto mais espiritualizo a matéria, mais materializo a minha convicção em Deus." É extremamente interessante esse tipo pesquisa. Parabéns

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