terça-feira, 28 de agosto de 2012

A RESPEITO DA SOBREVIVÊNCIA DA ALMA APÓS A MORTE E A ESCADA MÍSTICA DE JACÓ – UM ENFOQUE DIFERENTE







              Escada Mística – imagem #82669319 livre de direitos autorais - ID: 82669319                     












Luiz Carlos Nogueira
















Nos primeiros séculos da Era Cristã, Dionísio O Areopagita teria escrito o livro denominado Hierarquia Celeste (O abade Darboy, que foi arcebispo de Paris, traduziu o livro do grego em 1845), em que diz: “Tudo vem de Deus e volta para Deus, as realidades e a ciência que possuímos... Ora, entre a unidade, princípio e fim ulterior de tudo, e as criaturas que não têm em si a sua razão nem o seu termo, há um meio que é simultaneamente ciência e ação, conhecimento e energia, e que, expressão misteriosa da bondade incriada, nos permite conhecê-la, amá-la e imitá-la. Esse meio é a Hierarquia Celeste.”

Dionísio traz nessa obra, o conceito da divina emanação e refere-se à Escada Celeste que vem de Deus, sendo que os seus degraus seriam os conhecimentos divinos. Tais degraus são hierarquizados e descem em grupos de três, e que por isso nos afasta cada vez mais da suas origens. Mas a personalidade alma do ser humano, por meio dessas manifestações dos conhecimentos disponibilizados por Deus, pode se elevar à união mística final, com Ele.

No Velho Testamento, já podemos encontrar muito antes, esse conceito traduzido na Escada Mística de Jacó, pois está escrito em Gênesis: “28.12 Então sonhou: estava posta sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela; 28.13 por cima dela estava o Senhor, que disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra em que estás deitado, eu a darei a ti e à tua descendência;”

Assim, a Escada Mística vista no sonho, por Jacó, simboliza os ciclos involutivos e evolutivos da vida humana, que se perpetuam num fluxo e refluxo, pelos nascimentos e mortes, que se desdobram em hierarquias de seres, potestades e mundos, constituindo as raças e os reinos da vida. Essa alegoria é interpretada pela Maçonaria, como sendo degraus das virtudes necessárias para o aperfeiçoamento da cada ser humano, sendo que as principais são: fé, esperança e a caridade, representadas pela cruz (fé), a âncora (esperança) e o cálice (caridade).

Tanto a teologia cristã quanto a hebraica, segundo temos informação, não atribui nenhuma realidade consciente à alma, ou seja, a alma não tem consciência de si mesma antes de nascer no corpo físico, portanto, significa dizer que ela é apenas uma realidade informe antes do nascimento no plano terrestre.

Dessa forma é que a maioria das religiões afirma que a alma não possui substância ou um caráter definido, ou seja, ela só passa a ter identidade após estar residindo num corpo físico, através do qual, colhe sentimentos, emoções e valores morais.

Ralph Maxwell Lewis [1] , ex-Imperator da Antiga e Mística Ordem Ordem Rosae Crucis – Amorc, afirmava que “O eu não sobrevive à morte, da forma pela qual comumente a concebemos, mas isto não impede nossa unidade com o Cósmico. De um modo geral, concebemos Deus como realidade absoluta e universal quer a tudo permeia e, assim sendo, o ser humano tem oportunidades maiores de compreender essa unidade enquanto vivo, enquanto existirem o aqui e o agora. A própria lei do contraste tornaria possível a compreensão desse fato, pois aqui na Terra, como seres transitórios, ficamos cônscios de nosso relacionamento com o Cósmico como um todo. Afinal de contas, só um tolo poderia pensar a respeito de si mesmo na qualidade de ser auto-suficiente e representante de toda a realidade; os inteligentes se sentem impressionados ante a onipotente infinidade dessa existência que é alheia a si mesmos”
“Suponhamos que o eu pudesse fundir-se completamente à Realidade Cósmica; em tais circunstâncias, o ser mortal perderia a compreensão de seu eu — pois o contraste entre o eu e o que transcende deixaria de existir (não é pela aparente ausência da luz que a compreendemos?). À medida que o ser humano vai compreendendo sua existência como ser transitório, também assim o divino passará a compreender-se a si mesmo no ser humano, em virtude do respeito reverente àquele por este. Os dois vértices do triângulo do ser humano — a substância vital e a substância molecular — é que provocam a compreensão do que seja o eu: constroem a consciência, como já afirmamos em capítulo precedente.”
“Esses mesmo dois vértices, ou essas duas condições em si mesmas, se assim se desejar dizer, através da consciência estimulam a compreensão da realidade maior, a cósmica; quando esses dois vértices ou essas duas propriedades da natureza humana se dissociam, a compreensão deixa de existir. No entanto, o corpo e a força vital, as propriedades essenciais, como duas fontes de energia não deixam de existit.”
“Não possuímos, então, nenhuma prova da imortalidade? Questionemo-nos com franqueza: por que existem preocupação e toda a especulação a respeito de nossa imortalidade?”
“De início, observemos o que é eterno a nosso redor: aí existe a persistência dessa realidade, desse ser, a respeito da qual a filosofia se manifesta há séculos. Há indestrutibilidade da matéria, que a ciência moderna comprova. Todas as coisas percebidas têm uma subjacente energia através da qual miríades de coisas nascem e serão. Em cada coisa há, também, uma continuidade de vontade, como Schoppenhauer afirmara — é o desejo motivador pelo qual a energia se materializa, isto é, assume as formas que são discerníveis por nossos sentidos. Essa consciência do próprio ser, a vontade de ser, não será a imortalidade? Não é ela a essência fundamental de todas as coisas?”
“Existe, outrossim, uma consciência que sobrevive mas que não tem afinidade ou se mantém fiel a qualquer forma em particular, pois não está confinada nem se prende a qualquer substância. O carvão, ao queimar-se, emite, por conseqüência, fumaça; dele também vem o calor que aquece, o gás e, por fim, as impalpáveis cinzas. A consciência de ser persiste em cada uma dessas manifestações, mas não é jamais imortal em uma única forma ou expressão; toda a forma é transitória, até mesmo o ego humano e a identidade do eu. Seria futilidade esperar que qualquer coisa sobrevivesse em sua forma ou se opusesse à função de sua própria natureza cósmica.”
“A vida e a consciência podem ser imortais, no sentido de que participam de um modelo maior que sentimos existir aqui na Terra, conceito agasalhado nos círculos científicos modernos mais adiantados. Essa concepção se aproxima bastante da metafísica rosacruz e da moderna metafísica de Samuel Alexandre”
“Sir James Jeans recentemente afirmou: ‘Quando nos vemos a nós mesmo, no espaço e no tempo, nossas consciências são obviamente individualidades isoladas de um quebra-cabeça. Mas quando transcendemos o espaço e o tempo, elas se podem constituir os integrantes da contínua e singular corrente da vida. Tal como a luz e a eletricidade, assim poderá ser a vida. Como seres, individualmente, vivemos uma existência no tempo e no espaço, mas numa realidade mais profunda, além do tempo e do espaço, podemos todos integrar um único corpo’”
“Tenhamos sempre na lembrança o fato de que, aqui na Terra, o ego e a personalidade humanos devem ser imortalizados e esta é uma tarefa que não refoge às possibilidades humanas. A inteligência é fruto da unidade do ser consciente do indivíduo. Deve e pode ser imortalizada aqui na Terra por progressivas realizações. Cada aspiração nobre, cada novo progresso que amplie a visão do ser humano e o tire da selvajaria constituem uma imortalização de sua expressão. Cada filósofo ou moralista, pelos conceitos que formularam no sentido de esclarecer os seres humanos, imortalizaram a humanidade aqui na Terra. Todos os idealismos que perseveram, embora tenham mudado a forma com o correr dos séculos e através dos quais o ser humano espera progredir mental, espiritual e fisicamente, constituem uma maneira de imortalizá-lo na Terra, porquanto é fruto do eu.”
“Somos propensos, por nossas próprias características, a pensar em termo de individualidade, principalmente, mas a imortalidade também pode ser construída num sentido coletivo, uma vez que o homem, como espécie, é mais importante que qualquer indivíduo. A partir dessa concepção, o eu pessoal submerge então no esforço e no desenvolvimento coletivo de todas as espécies.”
“O indivíduo continuará a viver, não mais como consciência pessoal o entidade isolada, mas como partícipe de toda motivação que ele e milhões de outras criaturas, durante a existência, conferem a toda corrente da vida humana.”
“Neste sentido, a morte elimina a consciência pessoal a que chamamos eu pessoal”
“Os pensamentos e a influência pessoais, não importa quão ínfimos possam ser como parte de uma sociedade, muito contribuem para a consciência unificada, o eu coletivo da humanidade. A personalidade da sociedade constitui ao mesmo tempo obra e imortalização de multidões de seres isolados, dos quais através dos séculos se vem compondo”.
“Jamais lamentamos, por exemplo, a perda de inteligências isoladas existentes em cada célula dos milhões de desconhecidos que a todo ano perecem, a fim de dar existência e fazer funcionar nossos seres integrados físico e mental, pois compreendemos que completaram sua obra e imortalizaram-se por sua participação, em determinado momento, na sobrevivência de todo o nosso ser.”
“A vontade de perpetuar o eu individual, compenetremo-nos disso, é apenas o desejo de glorificar o particular, muito mais que o desenvolvimento da vida a qual o eu isolado constitui somente uma parcela.”


Nota: Este artigo tem por objetivo somente informar ao leitor, e não de criar polêmicas em torno do assunto, porquanto cada pessoa é livre para escolher no que acreditar.


Para quem desejar conhecer a Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis – AMORC, acesse o seu site oficial, clicando neste link: http://www.amorc.org.br/


[1] Lewis, Ralph Maxwell, O Interlúdio Consciente, Biblioteca Rosacruz, Vol. X, 6ª Ed., Coordenação: Maria A.Moura, Editora Renes, Rio de Janeiro, 1974

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