Luiz Carlos Nogueira
Nos primeiros séculos da Era Cristã,
Dionísio
O Areopagita teria escrito o livro denominado Hierarquia Celeste (O abade Darboy, que foi arcebispo de Paris, traduziu o
livro do grego em 1845), em que diz: “Tudo
vem de Deus e volta para Deus, as realidades e a ciência que possuímos... Ora,
entre a unidade, princípio e fim ulterior de tudo, e as criaturas que não têm
em si a sua razão nem o seu termo, há um meio que é simultaneamente ciência e
ação, conhecimento e energia, e que, expressão misteriosa da bondade incriada,
nos permite conhecê-la, amá-la e imitá-la. Esse meio é a Hierarquia Celeste.”
Dionísio traz nessa obra, o
conceito da divina emanação e refere-se à Escada Celeste que vem de Deus, sendo
que os seus degraus seriam os conhecimentos divinos. Tais degraus são
hierarquizados e descem em grupos de três, e que por isso nos afasta cada vez
mais da suas origens. Mas a personalidade alma do ser humano, por meio dessas
manifestações dos conhecimentos disponibilizados por Deus, pode se elevar à
união mística final, com Ele.
No Velho Testamento, já podemos encontrar muito antes,
esse conceito traduzido na Escada Mística de Jacó, pois está escrito em Gênesis: “28.12
Então sonhou: estava posta sobre a terra uma escada, cujo topo
chegava ao céu; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela; 28.13 por cima dela estava o
Senhor, que disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão teu pai, e o Deus de
Isaque; esta terra em que estás deitado, eu a darei a ti e à tua descendência;”
Assim, a Escada Mística vista no sonho, por Jacó,
simboliza os ciclos involutivos e evolutivos da vida humana, que se perpetuam
num fluxo e refluxo, pelos nascimentos e mortes, que se desdobram em
hierarquias de seres, potestades e mundos, constituindo as raças e os reinos da
vida. Essa alegoria é interpretada pela Maçonaria, como sendo degraus das
virtudes necessárias para o aperfeiçoamento da cada ser humano, sendo que as
principais são: fé, esperança e a caridade, representadas pela cruz (fé), a
âncora (esperança) e o cálice (caridade).
Tanto a teologia cristã quanto a
hebraica, segundo temos informação, não atribui nenhuma realidade consciente à
alma, ou seja, a alma não tem consciência de si mesma antes de nascer no corpo
físico, portanto, significa dizer que ela é apenas uma realidade informe antes
do nascimento no plano terrestre.
Dessa forma é que a maioria das
religiões afirma que a alma não possui substância ou um caráter definido, ou
seja, ela só passa a ter identidade após estar residindo num corpo físico,
através do qual, colhe sentimentos, emoções e valores morais.
Ralph Maxwell Lewis
[1] ,
ex-Imperator da Antiga e Mística Ordem Ordem Rosae Crucis – Amorc, afirmava que
“O eu não sobrevive à morte, da forma
pela qual comumente a concebemos, mas isto não impede nossa unidade com o
Cósmico. De um modo geral, concebemos Deus como realidade absoluta e universal
quer a tudo permeia e, assim sendo, o ser humano tem oportunidades maiores de
compreender essa unidade enquanto vivo, enquanto existirem o aqui e o agora. A
própria lei do contraste tornaria possível a compreensão desse fato, pois aqui
na Terra, como seres transitórios, ficamos cônscios de nosso relacionamento com
o Cósmico como um todo. Afinal de contas, só um tolo poderia pensar a respeito
de si mesmo na qualidade de ser auto-suficiente e representante de toda a
realidade; os inteligentes se sentem impressionados ante a onipotente
infinidade dessa existência que é alheia a si mesmos”
“Suponhamos que o eu pudesse fundir-se completamente à Realidade
Cósmica; em tais circunstâncias, o ser mortal perderia a compreensão de seu eu
— pois o contraste entre o eu e o que transcende deixaria de existir (não é
pela aparente ausência da luz que a compreendemos?). À medida que o ser humano
vai compreendendo sua existência como ser transitório, também assim o divino
passará a compreender-se a si mesmo no ser humano, em virtude do respeito
reverente àquele por este. Os dois vértices do triângulo do ser humano — a
substância vital e a substância molecular — é que provocam a compreensão do que
seja o eu: constroem a consciência, como já afirmamos em capítulo precedente.”
“Esses mesmo dois vértices, ou essas duas condições em si mesmas, se
assim se desejar dizer, através da consciência estimulam a compreensão da
realidade maior, a cósmica; quando esses dois vértices ou essas duas
propriedades da natureza humana se dissociam, a compreensão deixa de existir.
No entanto, o corpo e a força vital, as propriedades essenciais, como duas
fontes de energia não deixam de existit.”
“Não possuímos, então, nenhuma prova da imortalidade? Questionemo-nos
com franqueza: por que existem preocupação e toda a especulação a respeito de
nossa imortalidade?”
“De início, observemos o que é eterno a nosso redor: aí existe a
persistência dessa realidade, desse ser, a respeito da qual a filosofia se
manifesta há séculos. Há indestrutibilidade da matéria, que a ciência moderna
comprova. Todas as coisas percebidas têm uma subjacente energia através da qual
miríades de coisas nascem e serão. Em cada coisa há, também, uma continuidade
de vontade, como Schoppenhauer afirmara — é o desejo motivador pelo qual a
energia se materializa, isto é, assume as formas que são discerníveis por
nossos sentidos. Essa consciência do próprio ser, a vontade de ser, não será a
imortalidade? Não é ela a essência fundamental de todas as coisas?”
“Existe, outrossim, uma consciência que sobrevive mas que não tem
afinidade ou se mantém fiel a qualquer forma em particular, pois não está
confinada nem se prende a qualquer substância. O carvão, ao queimar-se, emite,
por conseqüência, fumaça; dele também vem o calor que aquece, o gás e, por fim,
as impalpáveis cinzas. A consciência de ser persiste em cada uma dessas
manifestações, mas não é jamais imortal em uma única forma ou expressão; toda a
forma é transitória, até mesmo o ego humano e a identidade do eu. Seria
futilidade esperar que qualquer coisa sobrevivesse em sua forma ou se opusesse
à função de sua própria natureza cósmica.”
“A vida e a consciência podem ser imortais, no sentido de que
participam de um modelo maior que sentimos existir aqui na Terra, conceito
agasalhado nos círculos científicos modernos mais adiantados. Essa concepção se
aproxima bastante da metafísica rosacruz e da moderna metafísica de Samuel
Alexandre”
“Sir James Jeans recentemente afirmou: ‘Quando nos vemos a nós mesmo,
no espaço e no tempo, nossas consciências são obviamente individualidades
isoladas de um quebra-cabeça. Mas quando transcendemos o espaço e o tempo, elas
se podem constituir os integrantes da contínua e singular corrente da vida. Tal
como a luz e a eletricidade, assim poderá ser a vida. Como seres,
individualmente, vivemos uma existência no tempo e no espaço, mas numa
realidade mais profunda, além do tempo e do espaço, podemos todos integrar um
único corpo’”
“Tenhamos sempre na lembrança o fato de que, aqui na Terra, o ego e a
personalidade humanos devem ser imortalizados e esta é uma tarefa que não
refoge às possibilidades humanas. A inteligência é fruto da unidade do ser
consciente do indivíduo. Deve e pode ser imortalizada aqui na Terra por
progressivas realizações. Cada aspiração nobre, cada novo progresso que amplie
a visão do ser humano e o tire da selvajaria constituem uma imortalização de
sua expressão. Cada filósofo ou moralista, pelos conceitos que formularam no
sentido de esclarecer os seres humanos, imortalizaram a humanidade aqui na
Terra. Todos os idealismos que perseveram, embora tenham mudado a forma com o
correr dos séculos e através dos quais o ser humano espera progredir mental,
espiritual e fisicamente, constituem uma maneira de imortalizá-lo na Terra,
porquanto é fruto do eu.”
“Somos propensos, por nossas próprias características, a pensar em
termo de individualidade, principalmente, mas a imortalidade também pode ser
construída num sentido coletivo, uma vez que o homem, como espécie, é mais
importante que qualquer indivíduo. A partir dessa concepção, o eu pessoal
submerge então no esforço e no desenvolvimento coletivo de todas as espécies.”
“O indivíduo continuará a viver, não mais como consciência pessoal o
entidade isolada, mas como partícipe de toda motivação que ele e milhões de
outras criaturas, durante a existência, conferem a toda corrente da vida
humana.”
“Neste sentido, a morte elimina a consciência pessoal a que chamamos eu
pessoal”
“Os pensamentos e a influência pessoais, não importa quão ínfimos
possam ser como parte de uma sociedade, muito contribuem para a consciência
unificada, o eu coletivo da humanidade. A personalidade da sociedade constitui
ao mesmo tempo obra e imortalização de multidões de seres isolados, dos quais
através dos séculos se vem compondo”.
“Jamais lamentamos, por exemplo, a perda de inteligências isoladas
existentes em cada célula dos milhões de desconhecidos que a todo ano perecem,
a fim de dar existência e fazer funcionar nossos seres integrados físico e
mental, pois compreendemos que completaram sua obra e imortalizaram-se por sua
participação, em determinado momento, na sobrevivência de todo o nosso ser.”
“A vontade de perpetuar o eu individual, compenetremo-nos disso, é
apenas o desejo de glorificar o particular, muito mais que o desenvolvimento da
vida a qual o eu isolado constitui somente uma parcela.”
Nota: Este artigo tem por objetivo somente informar ao leitor, e
não de criar polêmicas em torno do assunto, porquanto cada pessoa é livre para
escolher no que acreditar.
Para quem desejar conhecer a Antiga e Mística Ordem Rosae
Crucis – AMORC, acesse o seu site oficial, clicando neste link: http://www.amorc.org.br/
[1] Lewis,
Ralph Maxwell, O Interlúdio Consciente, Biblioteca Rosacruz, Vol. X, 6ª Ed.,
Coordenação: Maria A.Moura, Editora Renes, Rio de Janeiro, 1974
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